«Se perguntarem a qualquer treinador que tenha passado pelo FC Porto qual é a pior fase da época, todos vão dizer o mesmo: «Antes do Natal». Todos os anos é o mesmo. Os jogadores têm sempre pressa em ir ver as famílias, sobretudo os Sul-americanos, há sempre grande insistência para marcar as férias atempadamente e nesta época a concentração e condição física (depois das festas) baixa sempre. E cá estaremos para ver a disposição com que vão jogar na Taça da Liga na véspera do Réveillon.»
Só Quaresma repetiu a titularidade em relação ao último jogo. A disposição para uma competição que o próprio presidente do FC Porto desvaloriza nunca seria a maior, muito menos numa época festiva. O resultado: uma vitória justa e importante na perspectiva de apuramento. Em nada brilhante, mas justa.
O que mais se destaca: é uma competição onde em 2014-15 os 3 pontos são mais importantes do que lançar uma promessa da equipa B. Lopetegui não era obrigado a lançar nenhum jogador da equipa B. É a posição que defendo para esta competição, mas a aposta na formação deve ser uma política primeiro da SAD e só depois do treinador. O treinador já fez muito por ela, a ponto de hoje os adeptos do FC Porto poderem acreditar, sem qualquer dúvida, que ter um menino de 17 anos a titular é uma ideia melhor do que um tipo do Real Madrid.
O FC Porto tem um plantel com enorme profundidade. Tem dois jogadores por posição, muitos deles que mesmo sendo suplentes implicaram um grande investimento. Há o 11 base, a segunda linha e só depois a equipa B. A equipa B não é a segunda linha do FC Porto, e não há treinador que faça com que a equipa B ultrapasse a segunda linha da equipa A.
Um exemplo, mesmo sabendo que as palavras deste indivíduo são pobres em substância, veracidade e importância. O Sporting ameaçou aqui, palavra por palavra, que ia passar a jogar com jogadores «oriundos dos seus escalões juniores e juvenis» caso não reentrasse na Taça da Liga no Caso do Atraso. De Bruno de Carvalho já se sabe que está disposto a tudo para ganhar fora de campo, até mesmo em mentir em nome da instituição Sporting Clube de Portugal. Mas não deixa de ser curioso que o Sporting tenha entrado em campo na estreia na Taça da Liga com 8/9 jogadores do plantel principal, mesmo tendo garantido que ia jogar com juniores e juvenis. Não há romantismo que leve um jogador da equipa B ou dos Sub-19 a passar à frente de um suplente da equipa A. São raros os casos.
É normal que Lopetegui faça uso da segunda linha e que sejam poucos os da equipa B com espaço competitivo, mesmo na Taça da Liga. Haverá sempre oportunidade para lançar um ou outro jogador nos jogos em casa, mas não peçam ao treinador que assuma aquilo que a SAD nunca assumiu. Não concordo com a visão dada a esta competição, mas se Lopetegui e a SAD entendem que a competição, mesmo não sendo uma prioridade, é para ganhar, e que 3 pontos são mais importantes do que lançar 3 jovens, assim seja. Suba a exigência para com os resultados.
Ricardo (+) - Quando Danilo sair, todos ficaremos tristes. Mas ninguém terá motivos para ficar preocupado. Não é preciso estourar 8 ou 10 milhões num substituto. Ricardo tem tudo: contratação a baixo custo, português (importante nas inscrições), identificado com Clube e País, qualidade (o mais importante), margem de progressão, atitude e comportamento digno de um profissional do FC Porto. Podia ser mais um jovem de 21 anos a pensar em enfrascar-se amanhã, mas resolveu ser o melhor em campo e mostrar uma vez mais o animal de competição que é.
Aboubakar (+) - Gif da vírgula+cruzamento de letra? Além de todo o potencial que tem, tem algo que não se aprende: faro de golo. Meia oportunidade, um golo. Ainda deve em quase tudo em relação a Jackson (excepto no um-para-um), mas é o protótipo perfeito de avançado completo, que vai perfeitamente poder assumir o papel de sucessor. Para já, que (não) se conforme com o papel de alternativa. Boa sorte para a CAN, e volta rápido.
Outras notas (+) - Bom jogo de Ángel. Equilibrado, cruza muito bem e aproveitou bem os movimentos interiores de Ádrian. Reyes: estás proibido de ser refém do preço da tua contratação ou de qualquer tipo de anorexia. A partir de hoje, tu fazes parte da galeria de capitães do FC Porto. Uma honra ao alcance de poucos. E não tenho dúvidas que com o tempo mostrarás que a mereces. Ádrian: um dos melhores jogos pelo FC Porto. E isto não é um elogio, porque o nível exibido tem sido manifestamente baixo. Só um comentário: quando a bola bate no poste, nesta casa não se fica a abanar a cabeça; abanar a cabeça só em resposta aos que nos dizem que não somos capazes. Tu és capaz, e a bola há-de entrar.
Miro (-) - Não temos visto Casemiro. Temos visto apenas o Miro. Meio jogador, uma metade que tem deixado muito a desejar. Passes absurdos, mau posicionamento, lento a executar e fraco em todas as acções no meio-campo. Nem os vassalos da Marca ou do As conseguiam ver algo de bom nesta exibição. Acorda, Casemiro, porque o Miro não chega.
Meio-campo (-) - A mesma crítica. Casemiro não foi a causa do mau funcionamento do meio-campo, foi parte dela. Evandro e Quintero não aproveitaram a oportunidade. O FC Porto continua fraco no jogo interior e desta vez nem Quintero, normalmente o jogador mais forte entre-linhas, conseguiu resolver esse problema. Sobretudo porque baixava demasiado no início de construção, e insisto que o FC Porto perde criatividade e virtude se o jogador mais tecnicista é obrigado a baixar para a primeira linha de construção. Assim não funciona e continuaremos a depender em demasia das subidas dos laterais. Não há memória de uma equipa grande bem sucedida sem ser forte no jogo interior. E mister, treinar os cantos: apenas 3 golos desta forma até ao momento. Temos sido piores a defender do que a atacar nos cantos. Atípico e preocupante.