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terça-feira, 18 de novembro de 2014

O impacto mensal da banca

A bola só vai voltar a rolar a 25 de Novembro. Até lá vai-se desfrutando tanto quanto possível dos nossos internacionais, com Brahimi, Aboubakar e Quaresma, sobretudo estes três, novamente em destaque nas Seleções. Como não chega para matar o bichinho, aproveite-se o hiato para recuperar o R&C de 2013-14 e observar qual tem sido o impacto nas contas da SAD em relação às suas obrigações com a banca.

Já se fez um ponto de situação de quais seriam as obrigações até ao final de 2016. Uma situação que já registou alterações, com a renegociação do maior empréstimo com o BES, que passa a envolver Danilo, já abordado aqui E desde então surgiu a confirmação do fim do financiamento da PT e de que o Novo Banco não vai fechar a torneira, mas vai passar a ser mais rigoroso quanto ao número de furos nos copos em que despeja água.

12,7M€ para a banca em
2013-14
Qual é a SAD com a maior dívida financeira? Benfica. E a SAD com a menor dívida financeira? FC Porto. Qual a SAD que mais pagou em juros/comissões/serviços bancários em 2013-14? Benfica. E a SAD que menos pagou? Sporting.

Dito isto, os números de 2013-14. O Benfica, que tem o maior orçamento do futebol português (gastou mais 13,9M€ que o FC Porto na última época, ultrapassando os 109M€), teve custos financeiros de 23,7M€, quase 2M€/mês. O FC Porto teve custos de 12,7M€, ou seja, pouco mais de 1M€/mês. Já o Sporting, num patamar inferior, teve custos de 6,5M€, pouco mais de 500 mil euros/mês.

Quanto ao endividamento bruto, e seguindo as contas consolidadas que envolvem as várias empresas dos respectivos grupos, o Benfica deve em empréstimos 318M€. Mais do dobro do FC Porto, perto de 150M€. Quanto ao Sporting, cuja dimensão financeira e desportiva da SAD não é comparável à de Benfica e FC Porto (só mesmo no endividamento), mas inclui-se para avaliar o ramalhete dos 3 grandes, a dívida financeira supera os 180M€

O FC Porto tem a dívida menor (não confundir a relação activo/passivo, não é isso que está em análise), mas o mais importante não é só o valor, mas sim a capacidade de liquidação. Em Portugal, os clubes/SAD não são auto-suficientes sem mais valias. Nem o Sporting, com o cinto apertado, conseguiu ser auto-suficiente em 2013-14. Portanto os 3 grandes vão continuar a ter que vender jogadores anualmente - Benfica e FC Porto mais, Sporting menos (o Sporting só vendeu um jogador em toda a sua história acima dos 13M€, e para fazer a segunda maior venda teve que transferir o seu capitão para o FC Porto, por isso não constitui surpresa - não é só política de contenção, é incapacidade de chegar a outro patamar).

Independentemente da questão das mais-valias, importa avaliar qual tem sido a capacidade do FC Porto na relação pagamento à banca vs. receitas operacionais. E chega-se à conclusão que o FC Porto tem a SAD que melhor consegue cumprir as suas obrigações com a banca na relação com os rendimentos operacionais. Em 2013-14, 17,49% dos rendimentos de FC Porto foram destinados ao pagamento de juros/comissões/serviços bancários. Quanto ao Sporting, foi de 18,41%. O Benfica está mais acima, com 22,57%.

Isto demonstra que o FC Porto tem a SAD com maior capacidade para cumprir as suas obrigações bancárias, e recorda-se aqui a operação Mangala-Danilo-BES. Mas estar melhor do que os outros não significa necessariamente estar bem. O FC Porto deve ter sempre como ponto de referência não o estar melhor do que Benfica e Sporting, mas sim melhorar a sua própria situação.

Isto para recuar até 2010-11, época em que o FC Porto ganhou a Liga Europa. Na altura, os custos com a banca foram de 7,4M€, para receitas operacionais de 89,815M€, isto é, 8,23%. Ou seja, no espaço de 3 anos o impacto nas contas da SAD na relação custos com banca vs. receitas operacionais aumentou 9,26%.

Mais recentemente, em 2012, os custos eram de 11,04M€, face a proveitos de 72,184M€. Um peso de 15,29% nas receitas operacionais. Esta percentagem tem vindo a subir nos últimos anos e, seguindo o que foi anunciado na apresentação do R&C, o FC Porto terá que procurar parceiros alternativos. Pois a renegociação de dívida alivia os problemas a curto prazo, mas a factura chega mais tarde e reforçada.

Para 2014-15, o FC Porto prevê proveitos operacionais de 89,22M€, que incluem uma receita extraordinária na Champions e que assim chegam quase aos números de 2010-11. Mas desta vez o impacto da banca não será 8,23%. Será no mínimo o dobro. E se não há capacidade para aumentar as receitas operacionais, o que provoca uma maior necessidade de recurso à banca, então há que reduzir e disciplinar os custos.

Nada que a SAD já não saiba, mas cuja importância vale sempre a pena reforçar.

14 comentários:

  1. "o Sporting só vendeu um jogador em toda a sua história acima dos 13M€ "

    O Nani não foi por 25M, o CR7 por 15M e Moutinho (11+3M) ? Não tenho a certeza, por isso estou a perguntar.

    Continuação de um excelente trabalho.

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    1. O Ronaldo saiu por 8,25M€. No caso do João Moutinho não apliquei a mais-valia, pois foi gerada depois da venda e não no momento da venda, mas sim, são 11+3,5M€.

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    2. Onde foi buscar esse valor do Ronaldo? Segundo este site o Ronaldo custou 17,35 milhoes de Euros. http://www.tvi24.iol.pt/lembra-se-quanto-custou-cristiano-ronaldo-ao-m-united

      Continuação de um excelente trabalho!!

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    3. Agora retire os 35% que o Sporting vendeu ao fundo do BES por pouco mais de 600 mil euros e os 10% que a Gestifute tinha do passe.

      Ou então pode simplesmente ler os R&C em vez de sites que nada sabem.

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    1. Obrigado, TAS. Não se esqueça de anunciar que agora é possível fazer empréstimos e financiamentos sem qualquer taxa de juro ou variável. Vai-me dar jeito para a prestação da casa.

      Vai na volta e o FC Porto se calhar nem precisava de pagar estes 12,7M€ este ano. Era só rasgar o contrato com o BES.

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  3. Eu tenho de pedir desculpa pelo meu atrevimento, mas embora o texto esteja formalmente correcto do ponto de vista matemático poderá leva as pessoas mais incautas e com menos conhecimentos a perceber que os resultados do FCP estão bem apenas porque uma única rubrica está melhor quando comparada com os mais directos competidores. Nada mais falso.

    Os bancos constituem apenas uma rubrica, são apenas um dos muitos fornecedores de serviços das SAD a quem estas devem. Restringir a análise à relação com os bancos é perigoso pois essa relação está muito mais dependente da capacidade geral da empresa de cumprir as suas obrigações do que com o montante total dos juros. Se olharmos para essa capacidade geral, ela não está de modo algum garantida no caso do FCP.
    Se verificarmos, por exemplo, a relação entre os custos de pessoal e os FSE em relação aos proveitos operacionais a imagem que surge é alarmante! Mesmo em relação aos outros clubes.

    Só mais uma coisa. Os orçamentos das empresas privadas medem-se pelos proveitos e não pelos custos. Quem mede os orçamentos pelos custos é o Estado e o funcionalismo público, porque dáãoos proveitos como um dado adquirido (que não é).

    Assim, afirmar que o orçamento do FCP apenas é inferior ao do Benfica em 13,9M é uma falácia e não corresponde à verdade. Temos de fazer a medição pelos proveitos pois é disso que está dependente a sobrevivência das empresas e aí a diferença é substancialmente maior. Obrigado.

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    1. Ninguém que leia este espaço regularmente vai confundir a análise de uma rubrica com a análise de um R&C. Já para não falar que a relação custos com pessoal vs. FSE já foi esmiuçada anteriormente aqui.

      Em relação à questão do orçamento, isso já é um problema semântico. Independentemente das receitas que são geradas, cada SAD orçamenta determinados gastos para a temporada. E o facto é que o Benfica foi/é o clube que gasta mais.

      Que gera mais receitas, é um facto, mas não é isso que está em causa. A má interpretação da palavra orçamento é que leva a que se escrevam barbaridades como isto, por exemplo: http://relvado.sapo.pt/diversos/menos-488-milhoes-euros-no-futebol-profissional-472009.

      Em planeta algum o orçamento do Benfica seria menos de metade do que o do FC Porto, e o problema é que a interpretação semântica da palavra orçamento dá para várias versões, o que leva a que muitos escolham a que convém.

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    2. Li o link que forneceu e realmente é de bradar aos céus. Mas não é um erro de semântica mas sim a falta de noção de jornalistas ignorantes que confundem os orçamentos das várias empresas que constituem o grupo, neste caso o Benfica Clube e os orçamentos consolidados do FCP que é o que falamos aqui. É como comparar maçãs com peras.

      A questão dos orçamentos nunca pode ser uma questão de semântica. Os orçamentos têm regras pelos quais se regem e esses são sempre os proveitos, porque é a partir destes que se devem orçamentar os custos. De outro modo podemos acabar o ano com surpresas desagradáveis.

      Quando se diz que uma empresa A tem um orçamento de 90 Milhões estamos a referir sempre os proveitos porque é por eles que se mede o tamanho de uma empresa e nunca os custos que poderão ser de 40M, 60M, 100M ou até mesmo 200M. Obrigado.

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  4. Mais do que o valor em si o que é problemático é que se continua a caminhar para o aumento da divida e com isso para o aumento dos juros o sporting já conseguiu começar a inverter a situação....

    Já agora a contabilização tem incluídos os juros dos empréstimos obrigacionistas?

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  5. O modelo até pode ser insustentável, mas é o próprio modelo que o mantém vivo, qual bola de neve a descer a montanha.

    O sistema financeiro actual beneficia quem tem crédito e quem obtém mais crédito. Mesmo que tenham capital suficiente para o negócio que pretendem, vale a pena recorrer ao crédito. Esta é a triste verdade.
    A SAD do Porto funciona também por estes meios. Qual drogado, que se mantém melhor depois da dose do que sem ela, aumenta ou, no mínimo, mantém os valores que tem de forma a não entrar em colapso. O crescimento duma empresa é avaliado pela gestão de recursos e capacidade de gerar receita. Uma empresa que entre em contenção de custos, e que não precise de gerar rendimentos tão elevados (mesmo que no caso do FC Porto, sejam voláteis e variáveis como são a venda de activos), envia para o mercado uma mensagem de recessão e quebra - a bola de neve a abrandar e um sol forte lá em cima - ao qual o mercado responde com menos interesse e com cautela, o que faz com que essa empresa perca valor. E isso afecta todas as rubricas, o que teria efeitos prejudiciais nas receitas, "fixas" e variáveis. Isso acabaria por ser mais prejudicial uma empresa como a SAD que até brinca com a falência técnica ao cêntimo, do que uma dívida maior.


    A mim preocupa-me mais a displicência da direcção. Constroem-se bons plantéis ao longo dos anos, até que a própria direcção começa a crer na falácia que diz "no Porto, qualquer um é campeão". E aí acontece o que aconteceu na época passada: más contratações, contratações a favor, gastos desnecessários apenas para manter a máquina a funcionar no tal patamar que não é recomendável descer, que resultou numa época para esquecer - ou para lembrar.
    Este ano, voltaram a acordar. Pelo menos na intenção de voltar a contruir um bom plantel. Os custos operacionais dispararam, obviamente. A diferença entre ter um Brahimi ou um Licá não se vê só dentro de campo, também se nota na contabilidade. Que se aproveite a qualidade que existe agora como um novo patamar. Não um financeiro, mas um desportivo. O desafio deveria ser manter esta qualidade todos os anos, reduzindo progressivamente os custos de a ter.


    AA

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  6. Creio que no proximo ano seria o ideal comecar a arrumar a casa. Gostava de ver um ano zero no dragão.

    Um ano em que ganhássemos o campeonato e fizessemos uma boa Champions (oitavos) com um tecto de investimento maximo de 10M (nao incluo possibilidade de tello e casemiro) e com vendas na ordem dos 80M

    O plantel actual permitiria isto pois apenas Danilo teria de ser substituído com recurso ao mercado.

    Saidas de Jackson (35M) e Danilo (30M).

    Regresso de Ghilas. Compra de Andre Andre (herrera não pode ser o único medio de ligação da equipa)

    Entre os emprestados e B dou a palavra a lopetegui mas não faltam oportunidades de encaixe/aproveitamento:

    C.Eduardo, Josué, Walter, Kleber, Lichnovsky, Tozé, Otávio, Ivo, Rafa, Campana, Podstawski, Mikel, Sergio Oliveira, Kayembe, Tiago Rodrigues... Uma equipa da liga atacava o 3o lugar com este elenco.

    Sou apologista dos riscos tomados pela SAD mas a situação esta a atingir níveis insuportáveis. É preciso emagrecer o numero de atletas que pertencem ao clube. Entre encaixes e redução da massa salarial conseguiamos não só estar mais em linha com o FFP mas dar uma estalada nesta comunicação social que parece reduzir o nosso sucesso a um maior investimento que os rivais.

    Como adepto nada me daria mais prazer do que vencer de maneira eficiente do ponto de vista financeiro.

    Plantel:
    GR: Andres, Fabiano, Gudino (B)
    DD: Contratação, Ricardo Pereira
    DC: Maicon, Indi, Reyes, Lichnovsky (B)
    DE: Alex, Angel
    MDF: Neves, Mikel
    MC: Herrera, Andre Andre
    MCO: Quintero, Evandro, Otávio (opção para ala)
    Ext: Brahimi, Tello, Ivo
    Ava: Aboubakar, Ghilas, Silva (B)

    Aceito a continuação de Casemiro ou novo MDF apesar de não ser fã do mesmo.
    Aceito também um extremo de créditos mais firmados para render quaresma (fim contrato) mas vejo Ivo pronto a entrar em jogos a doer.

    Plantel que pode parecer curto tendo em conta a fartura desmesurada deste ano mas que sinto ser mais do que suficiente para as competições que nos deviam interessar: Champions, Campeonato e Taça de Portugal.

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  7. Li isto em qualquer lado e é bem verdade (sobretudo para um analfabeto financeiro-económico como eu); antes havia os treinadores de bancada, agora existem os dirigentes de bancada!
    Não, não é uma critica, mas sim um elogio em ver que há portistas (nos quais infelizmente não me incluo) que conseguem olhar para além da bola!!!!

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  8. Há muitos, a única crítica possível de ser-lhes feita é a de não marcarem presença nas Assembleias Gerais do Clube. Não sou accionista, mas guardo todos os relatórios desde 1997. No que se refere ao clube, apenas os tenho desde 1999, mas também o faço.

    Entendo que é a minha obrigação, como sócio do FC Porto, procurar a informação, no minimo lê-la, no minimo tornar a lê-a, no minimo procurar quem me explique o que não sei, no minimo querer saber as contas pelo geral, do meu clube, não ficando nunca satisfeito com o que me é transmitido pela comunicação social, que considero que não faz esse trabalho, em absoluto. Não são jornalistas, não veiculam informação, ponto final.

    Se eles não o fazem, se somos sócios do FC Porto, quem o vai fazer por nós? O TdD tem qualidade e know-how para explicar tudo de forma clara, demorando se for preciso.

    Mas o seu excelent trabalho não isenta os sócios de pensar pela própria cabeça, muito menos de participarem nas Assembleias Gerais, que todos os anos lhes permitem analisar e votar as contas do Clube.

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De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.