Três pontos que foram simultaneamente o mais importante, o melhor e a única coisa boa no jogo de ontem. Não havia margem para falhar e, no final, a equipa não falhou. Em três jogos na Grande Lisboa, o FC Porto de Peseiro saca 9 pontos. Mas a próxima jornada, em Braga, vai definir muito do papel que o FC Porto ainda poderá ter na luta pelo título. Até lá há um apuramento para o final da Taça para confirmar, mas a 25ª jornada tem que ser tratada como uma verdadeira final para o FC Porto.
Brahimi (+) - Decisivo e de regresso às grandes exibições. Além de ter feito um golo, foi sempre o mais perigoso e rematador da equipa (4 remates, 2 à baliza). E mesmo sem nunca abdicar das voltinhas, acertou em todas as tentativas de drible perante a linha defensiva (5/5), além de ter conseguido levar a melhor em 8 de 12 duelos individuais. Pelo meio ainda esteve perto do 3x0 e fez um passe para golo que não teve seguimento.
Suk (+) - Ganhou o lugar a Aboubakar e voltou a distinguir-se pela pressão agressiva e constante que faz sobre os defesas adversários. Não é mais eficaz do que Aboubakar nem garante mais golos (Aboubakar marca a cada 158 minutos, Suk para já tem média de um golo a cada 247 minutos), mas Suk tem a desvantagem de só ter chegado no mercado de inverno. Está a surpreender pela positiva no jogo aéreo: além de ter uma boa capacidade de antecipação, tem um gesto técnico interessante no cabeceamento. Destaque para a exibição completa de Herrera na primeira hora de jogo, até o meio-campo rebentar por completo (a saída de André André já tardava), e para mais um jogo limpo de Marcano.
A exibição (-) - Estar a ganhar por 2x0, após ter feito apenas um remate à baliza, é algo que não acontecerá muitas vezes. Mas nem assim o FC Porto partiu para uma exibição tranquila, em que evidenciasse clara superioridade sobre o Belenenses. A primeira parte já tinha sido equilibrada: 5 remates para cada equipa e 51% de posse para o FC Porto. A segunda não mudou. O Belenenses acaba o jogo com 11 remates (3 à baliza), tantos quanto o FC Porto. Acaba o jogo com 55% de posse de bola, ou seja, o FC Porto não controlou o jogo com bola na segunda parte e perdeu o meio-campo. O Belenenses teve a mesma eficácia de passe: 76%. E o Belenenses fez oito passes para zonas de perigo, contra sete do FC Porto, além de ter conseguido ganhar mais duelos individuais (51-45). Se o remate de Carlos Martins ao poste tabelasse para dentro e se Tonel não tivesse tido aquela infelicidade, poderíamos estar com um estado de humor bem diferente. No plano individual, ainda não se viu Jesús Corona em 2016. Não é fácil, logo na primeira época de FC Porto, falhar a pré-época e apanhar dois treinadores com estilos completamente diferentes.
Capela ou agressividade a mais? (-/+) - Do 8 ao 80. Contra o Moreirense, o FC Porto pareceu uma equipa de anjinhos: só fez uma falta nos primeiros 75 minutos, o recorde de uma equipa da liga nesta época. Contra o Belenenses, a equipa mudou por completo: 14 faltas ao intervalo, 24 no final do jogo. O Belenenses acabou com apenas 10. Não é que o FC Porto tenha sido assim tão mais agressivo: este fenómeno começa na facilidade de João Capela em marcar faltas contra o FC Porto. Por outro lado, o facto de o FC Porto ter permitido que o Belenenses tivesse sempre a iniciativa de jogo com bola, sobretudo na segunda parte, obriga a equipa a cometer mais faltas perto da sua grande área. E Carlos Martins quase o aproveitava. É essencial não só pressionar como cometer as faltas mais à frente.
Dentro das expetativas |
Peseiro utiliza-o há 7 jogos consecutivos, o que até pode indicar que vê alguma coisa nele - ou simplesmente sente que não tem melhor no plantel. Mas não foi ele o responsável pela sua contratação, e seria bom ouvir o responsável pela sua aquisição. Por uma simples razão: se Marega der jogador no FC Porto, quem o foi buscar merece uma estátua, pois conseguiu de facto ver o que mais ninguém viu. Não foi o único, pois quando O Tribunal do Dragão escreveu que se tratava de uma má contratação não faltaram adeptos, nas caixas de comentários, a dizer o contrário. Mas não foi nenhum desses adeptos que decidiu investir 4M€ nele. Se Marega der jogador, saia uma estátua para quem o for buscar; se não der, quem o foi buscar por aquele preço que se explique. Afinal, numa equipa cujo orçamento para esta época ronda os 150M€, ver o quarteto defensivo (Maxi, Chidozie, Marcano, Ángel) e o trio de ataque (Marega, Suk e Varela) com que o FC Porto terminou o jogo dá muito que refletir.