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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Uma equipa

Foi o melhor e mais consistente jogo da temporada. Quem faz um hat-trick na estreia a titular no campeonato, aos 19 anos, centra naturalmente todas as atenções, mas pela primeira vez esta época vimos um FC Porto organizado, a controlar e dominar o jogo, a potenciar as suas individualidades e a revelar entendimento em todas as fases do jogo. Uma equipa que sabia o que estava a fazer e que sabia como o fazer. Vimos uma equipa.

Foi um bom jogo, o melhor da época e primeiro verdadeiramente categórico. Mas foi apenas um jogo, e basta um deslize antes do jogo com o Benfica para os seus efeitos ruírem. Que a lei 360 que teu pautado o FC Porto sempre que há uma boa exibição não se repita.

Porque o futebol tem destas coisas, é bem recordar o que aconteceu a 17 de Abril. O FC Porto ganhou também por 4x0 a este mesmo Nacional, no Estádio do Dragão, duas semanas depois de «bater no fundo» contra o Tondela. O presidente reagiu assim a esta vitória:

«Ontem a equipa mostrou o espírito que todos queremos e que pedi aos jogadores que assumissem. A exibição que fizeram, com cinco portugueses, alguns deles vindos das camadas jovens – e depois de ver o que esta a fazer a equipa B – foi um acordar. Não que os jogadores não tivessem vontade ou alma, mas às vezes é preciso acordá-las, sensibilizá-las e responsabilizá-las (...) Foi isso que ontem fez, entendendo que era um ponto de viragem. Qualquer individuo que não tivesse visto o passado recente diria que era uma equipa à Porto», disse o presidente, considerando o Nacional «uma boa equipa da liga», com um «bom treinador» e considerando que o FC Porto já tinha saído «do fundo».

Duas semanas depois, o FC Porto perde com o Sporting em casa e todos se esquecem desses 4x0 ao Nacional. O futebol tem memória curta, mas tem também um toque de ejaculação precoce. Por isso, cabecinha e pézinhos no chão. Os problemas que o FC Porto tinha antes do jogo continuam a ser hoje exatamente os mesmos. A diferença é que a equipa mostrou soluções que ainda não tinha mostrado.





Pressão constante (+) - O FC Porto entrou em campo a pressionar na saída do Nacional. Fez o 1x0. Que continuou a fazer? A pressionar. Fez o 2x0. Que continuou a fazer? A pressionar. Fez o 3x0. Que continuou a fazer? A pressionar. Regressou dos balneários, e o que continuou a fazer? A pressionar. Pela primeira vez em longas semanas, o FC Porto assumiu-se como equipa grande em campo, reclamando sempre a posse de bola, não deixando o Nacional construir e sendo capaz de controlar o jogo com bola, em vez de recuar as suas linhas e fechar o meio-campo. O que acontece quando o FC Porto não se encolhe depois do 1x0? Aparecem golos. Dois, três, quatro, com a equipa finalmente a saber meter gente em zonas de finalização. O FC Porto soube controlar o jogo com bola e o Nacional acaba o jogo sem rematar à baliza. Não se pode pedir mais, porque não há mais para pedir, a não ser mais do mesmo.

Uma equipa (+) - André Silva e Diogo Jota a rasgar a defesa do Nacional, com constantes movimentações e a terem várias ocasiões para marcar. Otávio e Óliver a jogarem e fazer jogar, a oferecerem soluções de passe, a aguentarem a bola em zonas próximas da grande área e a servirem os colegas. Herrera a transportar jogo e a assegurar o pulmão no meio-campo. Danilo Pereira a segurar a retaguarda com a dimensão física que o FC Porto deixa de ter com esta estratégia. Layún (mais) e Alex Telles a darem profundidade e a acelerarem o jogo a partir dos flancos. Marcano e Felipe simultaneamente atentos à profundidade e a conseguirem impedir que os avançados do Nacional levassem perigo à baliza do espectador Casillas. 11 jogadores em campo, cada um com o seu papel e cada um a cumpri-lo bem. É difícil? É. Ontem pareceu fácil.

Diogo Jota (+) - Pois é. A sua chegada ao FC Porto só peca por tardia. Jota, um pequeno Griezmann, tem uma capacidade fora do comum em jogar orientado para a baliza e com muita objetividade quando se aproxima da grande área. Apesar da excelente tabela no lance do 1x0, Jota quando recebe a bola procura sobretudo a baliza, tendo uma capacidade fora do comum de procurar o melhor espaço para rematar. Fez três golos e provocou um silêncio mórbido em todos os que andavam revoltados por - citando - um lampião vir para o FC Porto emprestado pelo Patético de Madrid, só para fazer um frete ao Mendes. Se assim é, venham mais, por favor. Mau, só não terem ido buscá-lo quando estava no Paços.


Outros destaques (+) - André Silva, mesmo mantendo uma capacidade abaixo da média no 1x1 (o PJE visava precisamente aperfeiçoar este tipo de movimentos), marcou e deu a marcar, desgastou e arrastou a defesa, teve presença física na grande área e fez um bom jogo. Tem que aprender a definir melhor perto da grande área. Otávio e Óliver mostraram como é possível manter uma equipa equilibrada taticamente e um meio-campo pressionante e aguerrido, enquanto se assegura jogadores criativos e capazes de fazer a diferença em campo (Óliver melhor no 4-3-3, mas também adequado e bem no 4-4-2). Herrera, embora tenha perdido alguns lances na dimensão física no meio-campo, conseguiu libertar e transportar jogo para zonas mais adiantadas. Danilo voltou a fazer uma exibição impecável, mantendo o nível exibicional, e Layún foi a habitual constante de dinâmica e perigo pelo lado direito, com a agradável nota de se estar a adaptar melhor do que o esperado quando vai para zonas anteriores (para um destro, não é fácil fazê-lo pelo lado direito). Saúde-se o regresso de Maxi Pereira, mas com Layún a jogar assim ou Maxi o empurra para o lado esquerdo, ou vai continuar sentado nos próximos jogos. 

Nos últimos 20 minutos, Nuno Espírito Santo, já com o resultado feito, voltou a mudar o esquema tático, desta vez um 4x3x3 com Layún adiantado no corredor (e que funcionou bem, diga-se). Experiências quando o jogo está controlado e o FC Porto está a vencer por 4x0, aí sim, não magoam ninguém. Mas a maneira como o FC Porto jogou ontem contra o Nacional não deixa dúvidas quanto à fórmula em que o FC Porto terá que apostar para as próximas semanas. Alguém um dia disse que «em equipa que ganha não se mexe». Uma expressão infeliz. Mas em equipa que ganha e joga bem, aí sim, não se mexe. Não mexe!

22 comentários:

  1. De facto foi o jogo mais conseguido esta época pelo FCP. Corrigir falhas na saída de bola na defesa e não há mais nada a apontar.
    Entusiasmou e ficamos à espera de mais jogos com exibições destas!
    Globalmente estão todos de parabéns!!

    Foi uma pena e um erro grave (do departamento de scouting ou de quem tem a palavra final??) o Diogo Jota não ter vindo directamente do Paços de Ferreira para o FCP, ainda por cima quando a maioria dos adeptos já lhe vaticinava um grande futuro...

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    1. Sendo impossível o Porto nao conhecer o jogador, antes de este ser "absorvido" pelo polvo Jorge Mendes, é óbvio que interesses extra-futebol (e extra-FCP que abundam no ... FCP), impediram a sua contratacao. E agora se quisermos ficar com ele, sao 16 milhoes...

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    2. São 16 ou 22? Fiquei sem perceber qual a opção de compra do jogador... Sem fazer juízos antecipadamente quem investe em Corona o que investiu, mediante uma época de afirmação como titular na nossa liga (o Porto não é o Twente) os 16 podem não ser uma loucura tão grande assim.

      Griezmann é realmente o melhor paralelo que se encontra para descrever o ex-castor.

      Já o francês tinha um avô de Paços de Ferreira... De boa terra só podia vir boa gente.

      A sua lucidez e frieza na grande área são características difíceis de encontrar no futebol moderno. O resto... Pode ser trabalhado.

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    3. e quantos diogos jotas noa andaram perdidos por portugal, noutros escalões e noutras divisões?

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  2. ok, vi o mesmo. Layun podia fazer de herrera, jota vale os 22M.

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  3. No início d jogo pensei que o porto fosse jogar num 4-3-3, com a entrada de jota na equipa e que o oliver fosse encostar para uma das alas. Por acaso, quando defendiam era mais ou menos assim que a equipa estava desenhada. Quando atacavam, Otavio ia para zonas mais centrais, para quase um 10, Oliver e Herrera davam apoio e o Jota ia mais para frente enquanto o André Silva fazia movimentações a abria espaços. Tirando aquele falhanço em frente à baliza acho que o André Silva até fez um bom jogo. Acho que ele tem que treinar mais remates ao primeiro toque. Inventa muito quando ta sobre pressão. Mas a minha dúvida é, se este 4-1-3-2 veio para ficar, ou se é uma tática hibrida, que defende num 4-3-3 e depois se transforma ao atacar, ou se essa transformação se deveu a uma anarquia tactica que baralhou o Nacional? Porque das duas uma, ou o porto finalmente está a entrar nas novas rotinas do NES e percebe-se melhor o que ele pretende, ou não vamos voltar a ter um jogo assim.

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    1. O NES ta farto de esclarecer isso! Já pareces a CS que pensa que é so uma simples tática que faz um sistema de jogo!
      abraço

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  4. Só podem jogar 11, mas é uma pena ver Ruben Neves - está mais agressivo - com categoria para jogar naquele meio campo e os outros não deixarem, igualmente pelo excelente nivel que possuem.

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    1. danilo, rúben neves e octávio, ou oliver deveria ser o meio campo do fcp esta época!

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  5. Só um jogo em que as coisas correram bem, e nao sei qual a % de demérito do Nacional; venham mais para tirar-mos conclusoes. Quanto ao Maxi, penso que o lugar é dele e o Layun vai subir no terreno.

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    1. o layun pode passar para a esquerda, porque o outro rapaz é muito fraquinho. qualquer jogador que lhe apareça pela frente, cruza à vontade.

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  6. Dentro das 4 linhas, o mal do FC Porto nestes últimos anos é fácil de identificar;

    - Não atacar o resultado desde o primeiro minuto dando partes de avanço aos adversários. Adversários estes, que se moralizam e se fecham ainda mais na segunda parte, com muito anti-jogo à mistura conseguem dar 2 pontos ao "patrão de Lisboa".

    - Acomodarem-se com o 1-0. Quase todos os adversários do FC Porto "adoram" este resultado, pois num canto ou numa bola parada conseguem empatar o jogo deixando o FC Porto sem tempo para reagir. Sabendo como é fácil "arranjar" bolas paradas e pénaltis contra o FC Porto, parar no 1-0 é um risco que não podemos correr.

    Que se poupem jogadores em momentos apertados do calendário é uma coisa, mas consentir que os 11 em campo não deem tudo durante os 90 minutos a pensar em futuros encontros não é admissível nem deveria ser permitido a quem leva o nosso símbolo ao peito.

    Curiosamente contra o Nacional, os 2 pontos que referi foram contrariados e não só ganhamos, como goleámos e jogamos bom futebol.

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    1. falta um pequeno grande pormenor, a condição física dos jogadores é fraca.

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  7. Se a juventude portista não se deslumbrasse e começasse a brincar, em vez de 0-4 teriam sido 0-6 ou 7 e hoje o Redcord já não colocaria na Capa que o SLV tem o melhor ataque !!!

    É nisso que pecamos sempre. Contentamos-nos com pouco. os outros são profissionais e se estiverem a golear por 8-0 querem marcar o 9 o 10... no FCP desligam logo motor e tiram o pé do acelerador, esquecendo que esses golos podem vir a fazer a falta e já não dariam azo a que no Redcord fizessem Capas e Manchetes de engana pardais !!

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    1. Ãh...? Uma equipa estar a ganhar por 3-0, 4-0 é mais que suficiente para controlar o jogo para que é que se vai estar a "matar" ainda mais para marcar 7 ou 8? Só por causa de estatísticas ou de capas de jornais? Realmente ficarmos contentes com uma goleada de 4-0 é contentarmo-nos com pouco, lol, é cada uma que se lê por aqui.

      Já agora gostava de saber no que é que esses golos podem vir a fazer falta. Desempate na classificação? É que realmente é mais importante e lógico marcar 10 golos por jogo a pensar nisso do que marcar 4 e poupar os jogadores para os próximos jogos.

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    2. a juventude portista é a única coisa que nos dá esperança, porque o que veio de fora, lamentavelmente é de fraca qualidade.
      pena que alguma dessa juventude portista não tenha sido aproveitada já esta época, e andam por aí emprestados, para que os comissionistas da sad soltem uns milhões por belgas de qualidade duvidosa, brasileiros que nada acrescentam, espanhóis em fim de carreira ou de clubes da segunda liga, e similares.
      os nossos putos são o melhor que temos nos nossos quadros, e que se promovam mais, porque o futuro do clube tem de passar por aqui, formação e promoção de talento.

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    3. À muito tempo que os teus comentários são contraditórios.
      Os espanhóis que falas organizam o meio campo e estabilizam a defesa, os brasileiros brilham na ala depois de um tempo certo emprestados.
      Contigo a fazer a equipa tinhamos jogadores do nacional e rio ave no onze a lutar pelo lugar na uefa. Mentaliza te que o futebol não é fm, e que as coisas que consegues no fm qualquer pessoa as consegue.

      Temos que condenar esta manifestação de Portismo, porque é tudo menos Portismo, e vai se apagando aos mais fracos, daí a nossa massa adepta estar como está, é por causa dos brunos desta vida.

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  8. Eu por acaso até acho que Layun vai empurrar o Herrera e será o 4º elemento do meio campo. Finalmente vamos ver o FCP a jogar como equipa grande com 2 avançados!!

    Pedro

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  9. bom resultado, e muito importante antes da patética paragem para as seleções, e depois de umas exibições e resultados fracos.

    apesar dos 4-0, pareceu-me que o fraquinho nacional teve demasiada liberdade, não me parece que pressionamos assim tanto, a nossa defesa esteve muito recuada em períodos largos do jogo, e o meio campo tem de ter rúben neves no lugar de herrera, que falha mais passes do que acerta. e não me parece que tenha assim tanto pulmão como o autor do post descreve. quantas bolas recuperou?
    o nacional teve mais cantos que o fcp, alguns por charutos inconsequentes da defesa, principalmente o fraquinho e inconsistente marcano, e isto contra uma equipa mais matreira, e tendo em consideração que temos um guarda redes nulo, pode custar-nos caro.

    espectacular diogo jota, finaliza rápido e de primeira sem muita cerimónia.
    o andré silva tem de melhorar este aspecto. tem de haver treino de finalização, para o jogador do plantel com mais potencial. parece-me que encontramos a dupla de ataque perfeita para o plantel que temos.

    depois do empate do sporting, esta vitória é moralizadora, até pelos números, no campo mais irritante de todo o campeonato, em que normalmente temos muitas dificuldades.
    a equipa técnica e jogadores têm de aproveitar este resultado nesse sentido.
    espero que seja consistente e que nuno não invente, com as suas rotações ao estilo luis enrique...

    nota para a incrível falta de isenção do comentador do jogo, que em qualquer remate do nacional mesmo passando a kms da baliza do fcp, se entusiasmava como querendo forçosamente o golo do nacional, que mete nojo.
    o clube tem de reagir a estas coisas de forma agressiva na defesa dos interesses da instituição. a imprensa em portugal é patética. não nos podemos calar, e como adeptos podemos dar uma ajuda através das redes sociais, entupir os twitters e facebook, etc de quem faz estas transmissões e ameaçar boicotar esta merda. até porque alguns de nós são certamente clientes que pagam para ter este serviço vergonhoso.

    ps - era assim tão difícil entender que o adrian lopez não tem lugar na equipa? de titular na champions para a bancada contra o nacional, algo cheira muito mal ó mister! e o avançado belga, já andamos à procura de clube para emprestar em janeiro?

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    1. Quando os "portistas" dizem que o alex telles é fraco, quando é o jogador mais consistente da equipa está tudo dito.
      Tenho mesmo medo a estas ideias, juro que temo pelo futuro do meu clube, se esta massa adepta crescer muito.

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  10. "Em equipa que ganha não se mexe" é uma frase de um tempo em que as equipas jogavam todas chuto para a frente, hoje o futebol é mais versátil e convém ter várias soluções preparadas.

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De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.