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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Andamento de bola parada

Líderes invictos e isolados na I Liga, com 10 bons resultados em 10 jornadas, e numa posição de apuramento para os 1/8 da Champions a 2 jornadas do final da fase de grupos? Perfeito. Se a lei da Champions diz que o apuramento se consegue com três vitórias em casa e um ponto fora, a equipa sabe o que fazer nos restantes jogos, ainda que a vitória sobre o Leipzig tenha voltado a expor o quão difícil será essa tarefa - bastou a lesão de um avançado para obrigar Sérgio Conceição a mudar o esquema de jogo. Felizmente, as bolas paradas abriram o caminho para a vitória, sendo de realçar que o FC Porto faz quatro golos dessa forma ao Leipzig, além de um tipo de golo que raramente acontece na I Liga (defesa adversária subida e espaço de 45 metros para a bola em profundidade). 

Agora o Belenenses. Istambul pode esperar. 




Danilo Pereira (+) - No seu centésimo jogo pelo FC Porto, a sua presença na grande área adversária foi decisiva. Esteve na jogada do 1x0 e fez ele próprio o 2x1, o que por si só já faz dele o homem do jogo. Defensivamente esteve quase impecável - perdeu apenas um lance de cabeça e um corte sobre Keita, sem prejuízos para a vantagem no marcador. O 4x4x2 continua a ser algo novo e difícil para um médio-defensivo que é dos melhores da Europa em 4x3x3, mas Danilo cumpriu e brilhou. Novamente.

Héctor Herrera (+) - O passe e a posse de bola é um problema para o FC Porto nesta Champions (já lá vamos), mas ninguém pensa nisso quando se pensa em Herrera. Tem jogado neste 4x4x2 por ser mais direto no seu jogo, ataca os espaços livres, pressiona, ajuda Danilo na missão defensiva e chega ele próprio várias vezes à grande área adversária. Com ou sem bola, Herrera é uma constante unidade de combate. Está novamente num bom momento e tem sido essencial no combate à inferioridade numérica no meio-campo.


Os laterais (+) - Apesar de o golo de Werner ter entrado num espaço proibido (entre o lateral e o central), Ricardo Pereira e Alex Telles voltaram a ser postos à prova e a rubricar boas exibições. Enquanto na I Liga jogam sobretudo no meio-campo adversário, na Champions têm menos liberdade para subir, mas ainda assim Ricardo e Alex chegaram várias vezes à linha de fundo e criaram seis situações de finalização. Foram os dois jogadores com mais ações com bola do lado do FC Porto. Essenciais no bloqueio do jogo exterior do Leipzig na segunda parte.

Um dia de folga (+) - Dois médios a marcar e o terceiro golo marcado por um lateral/médio-ala saído do banco. Ainda que Aboubakar tenha feito a assistência para o 3x1, é refrescante ver o FC Porto fazer golos e vencer jogos sem a marca goleadora do habitual trio africano. Não que não ver golos de Brahimi, Aboubakar ou Marega seja positivo, mas é sempre bom ver diversidade de goleadores no plantel e saber que, no dia em que os avançados falham, há mais jogadores prontos a encontrar a baliza. 




Alergia à bola (-) - Sérgio Conceição nunca escondeu que pretende impor no FC Porto um estilo de jogo mais direto, acutilante, agressivo, sempre na procura de atalhos para a baliza. E conseguiu, mas sem deixar de ser autoritário na gestão das partidas. O FC Porto é a equipa da I Liga que mais tempo joga do meio-campo para a frente, controla os jogos com bola e tenta circulá-la em toda a largura do campo. Na Champions isso não acontece. Diferentes adversários obrigam a diferentes estratégias, mas há que refletir sobre o facto de o FC Porto ser a segunda equipa que menos circula a bola na Champions (pior só o APOEL) e ser a quarta que mais passes falha (curiosamente, Mónaco e Besiktas estão no mesmo top, o que mostra que isso tem sido uma tendência neste grupo).

O FC Porto foi eficaz nas bolas paradas e soube suster as ameaças do Leipzig (José Sá só teve que fazer duas defesas), mas tem tido dificuldade em relacionar-se com a bola na Champions. Ter sido obrigado a mudar de esquema de jogo a frio não ajuda, mas permitir ao adversário ter tanto tempo a bola pode tornar-se complicado se o poderio dos adversários aumentar. E se o FC Porto tiver de facto de passar a jogar em 4x3x3, devido à ausência de Marega, não será possível jogar tantas vezes em profundidade e a tentar explorar a sua dimensão física pelo lado direito. A rever, até porque em breve haverá visita à Turquia e receções a Benfica e Mónaco. 

Do Dragão leva-se o bom resultado e o moral novamente reforçado. Agora importa vencer o Belenenses, antes da pausa para as seleções, que poderá ser útil para recuperar alguns jogadores. 

3 comentários:

  1. A tal alergia à bola, também se deve (e muito!) à qualidade de TODOS os adversários do grupo e nós, sem vergonha nenhuma, termos um plantel pouco dado a habilidades com bola. Jogamos com o que temos e esperemos que dê até ao final.

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  2. esperemos que o tiquinho recupere rápido e volte em força, precisamos como de pão para a boca...

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  3. no essencial concordo, mas as lesoes musculares ja sao tres, o que significa ou mau aquecimento ou uma opreparaçao deiciente para a intensidade de jogo pedida. Contra o belem provavelmente sera o 4 3 3 , oliver a jogar, tem de ser reys a jogar porque o belem tem jogadores altos, corona nao tem cabedal para mais de 50 minutos de alta intensidade. Galeno e um jogador de contra ataque, e paciencia começa a ter ritmo so que no porto nao teria os minutos que tem no setubal, esse e o problema, LUIZAO seria uma boa chamada mas prontos.

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De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.