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domingo, 4 de março de 2018

Estofo

Um pouco de contexto. Do meio-campo para a frente, a equipa do FC Porto era composta por quatro jogadores que, num passado recente, estavam dispensados/emprestados (Sérgio, Otávio, Marega e Gonçalo), o maior mal-amado desde Silvestre Varela (Herrera) e um jogador que estava afastado das opções no início da última época (Brahimi). 

Nos 11 titulares não estavam dois dos melhores laterais a nível europeu nesta época (Ricardo e Alex), o melhor médio da Liga (Danilo) e o melhor marcador do FC Porto (Aboubakar) entre todas as provas. No setor defensivo, espaço para três trintões em final de contrato e um miúdo de 18 anos a fazer a estreia em clássicos. 

O resultado foi uma demonstração de estofo, pragmatismo e superação, que aproxima o FC Porto de um sonho que o trabalho de Sérgio Conceição e do plantel pode tornar realidade. São 67 pontos em 25 jornadas. Nem José Mourinho, nem Jesualdo Ferreira, nem Vítor Pereira conseguiram mais em todas as épocas em que foram campeões, só para dar os exemplos mais recentes. Juntem a isso, a nível global, o terceiro ataque mais concretizador da Europa, só atrás de PSG e City. Uns com milhões, Cavanis, Neymares e Agüeros, outros com jogadores recuperados da lista de dispensas. 


Era essencial vencer, para arrumar o Sporting das contas do título e não permitir que o Benfica passasse a depender de si próprio, mas esta é uma ameaça que se mantém: basta escorregar numa única jornada para dar ao rival essa oportunidade. A margem de erro não é curta - é quase inexistente. Bem a postura de Sérgio Conceição nesse sentido.

O calendário pode tornar-se uma coisa muito subjetiva - vão ver, na reta final do Campeonato, equipas do fundo da tabela tirar pontos a equipas dos lugares europeus -, mas é verdade que a agenda do Benfica é teoricamente mais simpática do que a do FC Porto, que terá pela frente 7 jogos fora de casa (a contar com Liverpool e Alvalade) e apenas quatro em casa até ao final da temporada. E a onda de lesões no plantel promete não ajudar. 

A visita ao Liverpool serve apenas para cumprir calendário e tentar evitar estragos maiores na eliminatória (em 18 visitas a Inglaterra, o FC Porto perdeu 16 e empatou duas, em cima do minuto 90, em Manchester - por isso dificilmente a história mudará contra um adversário que nos deu 5 na primeira mão), mas a ida a Paços de Ferreira e a receção ao Boavista revelam-se importantíssimas antes da pausa de 15 dias para as seleções, que pode permitir a recuperação de alguns atletas. 




Estofo (+) - Não foi o melhor jogo do FC Porto desta época. E nenhum dos atletas que esteve em campo fez a sua melhor exibição da temporada. Mas os 90 minutos revelaram algo mais: estofo. Tudo começa nas condicionantes para esta partida - a ausência de vários titulares, atletas juntos a fazer o seu primeiro Clássico e a certeza de que o Sporting ia dar tudo neste jogo. O FC Porto aguentou e deu ao jogo aquilo que o jogo lhe pediu. Atacar quando o resultado o pedia, defender quando o Sporting apertava e tentar explorar as saídas rápidas quando se abria a janela de oportunidade - e aqui, uma vez mais, Sérgio Conceição muito bem a realçar que poderia ter sido feito melhor para matar o jogo.

Brahimi e Otávio passaram mais tempo a fechar o corredor do que a procurar atacar e, defensivamente, a equipa esteve quase sempre prática e limpa a afastar o perigo - tirando o lapso de Marcano, aos 20 minutos, o setor mais recuado esteve quase irrepreensível. Além disso, depois de sofrer o 1x1 a fechar a primeira parte, a equipa deu uma boa resposta com uma entrada forte e determinada em recuperar rapidamente a vantagem. O FC Porto foi forte quando tinha que ser - na procura da vantagem - e, depois, não se inibiu em defender com tudo. 

Iker Casillas (+) - Era mais ou menos expectável, mas ficámos a saber, pela voz do diretor de comunicação do FC Porto (que, tendo sido jornalista, sabe que quando não quer que algo seja tornado público convém esclarecer que se trata de uma conversa em off), que Casillas vai sair no fim da época. E, cintando, «quando o contrato terminar, vamos logo ter uma folga de alguns milhões de euros anuais». Pois vamos, mas também há um risco de se abrir um buraco na baliza, tamanha que tem sido a preponderância de Iker Casillas, sobretudo nos Clássicos. 

A defesa a remate de Montero, aos 85 minutos, é daquelas que seguram um Campeonato. Uma defesa, uma vitória. Naquele lance Casillas impede, simultaneamente, que o Sporting reentre na luta pelo título e que o Benfica passe a depender de si próprio, enquanto segurou a sexta vitória consecutiva do FC Porto. Com Casillas nas balizas nacionais o FC Porto não perde um jogo desde Agosto de 2016. Vai deixar saudades, e oxalá deixe como o campeão que merece.


Héctor Herrera (+) - Quando Rui Patrício afastou a bola e esta sobrou para Herrera, a tentação seria tentar metê-la rapidamente na grande área. Mas não. Herrera esperou, combinou com Maxi, permitiu a reorganização da equipa e cruzou num momento em que há seis jogadores do FC Porto prontos para atacar a grande área. Marcano fez o golo. Foi o ponto de alto de mais uma exibição todo-o-terreno de Herrera. Foi o jogador com mais ações com bola (57), venceu 12 dos 15 duelos que disputou, recuperou 6 vezes a bola e teve 8 ações defensivas. 

Brahimi resolveu (+/-) - É necessário realçá-lo, tantas que foram as vezes que O Tribunal do Dragão escrevia que só faltava algo a Brahimi: ser decisivo num Clássico. E ao 16º jogo contra Benfica ou Sporting, o argelino finalmente apareceu para resolver, com a calma e classe que o momento recomendava: pentear a bola antes de a colocar fora do alcance de Rui Patrício. Foi um jogo muito difícil para Brahimi - bem como para Otávio, Marega e Gonçalo (que serviu o argelino para o 2x1) -, ele que perdeu a bola antes do golo do empate, não fez nenhum passe para finalização e teve apenas um drible, mas na única ocasião que teve para rematar resolveu um Clássico. Já esteve em 14 golos na I Liga - está a uma intervenção de igualar a melhor temporada da carreira. 




Definir e resolver (-) - Sérgio Conceição admitiu-o sem problemas: o FC Porto não explorou da melhor forma alguns momentos de superioridade numérica e em que podia ter definido melhor. Isto começa no case-study de Marega, que uma vez mais esteve sempre no sítio certo para dispor das melhores ocasiões de golo. Mas nas receções a Sporting e Benfica dispôs de 7 ocasiões flagrantes de golo (isto é, apenas com o guarda-redes entre ele e a baliza ) e falhou todas, mesmo entre o azar de ver uma bola bater no poste e Ruiz ou Battaglia chegarem onde Rui Patrício já não chegaria.

Mas o dado mais negativo acabou por ser a entrada de um Corona completamente a leste, a complicar e a decidir mal. O mexicano entrou num bom momento - fresco, Sporting mais subido, com possibilidade de explorar várias situações de 1x1 e com espaço nas costas da defesa -, mas decidiu quase sempre mal. Um toque interessante de calcanhar e, de resto, uma enxurrada de más decisões e de displicência. Com a lesão de Marega pode ter a derradeira oportunidade para mostrar serviço. Corona não pode ser um André Carrillo - aquele tipo de jogador que sabemos que tem talento, mas depois chegamos à conclusão de que estamos há 5 ou 6 épocas à espera que exploda, até chegar à conclusão de que o rapaz não está mesmo para aí virado. 

Segue-se então a visita a Liverpool, para cumprir calendário e tentar evitar números mais expressivos na eliminatória - o Liverpool visita o Man. United no sábado, por isso também é possível que rode algumas unidades, ainda que deslocações a Inglaterra sejam historicamente sinónimo de derrota para o FC Porto. As atenções devem ser centradas em Paços de Ferreira e a recente visita do Benfica à capital do móvel só deve servir de aviso para as dificuldades que o adversário poderá apresentar. Não esquecendo que o FC Porto, há três meses, chegou a desperdiçar um 2x0 na Mata Real.


Terminando com aquela que pode ser a imagem mais marcante da época:

5 comentários:

  1. tudo verdade mas........podiamos ter perdido o jogo nos ultimos minutos porque nao sabemos jogar sem ser a correr, correr, correr, quando abrandamos falta nos um jogador pelo menos que temporize. que arrefeça, mas......SC nao quer esse jogador ou esse tipo de jogadores. No entanto continuamos na equipa com equivocos como o hernani, corona, andre2, o otavio esta a caminhar para isso, nao se percebe quando tinhamos varela, galeno e temos ate luyizao. E osorio ? tera SC medo de meter osorio que sabe se entra dificilmente consegue tira lo com justeza? Ontem com um bocadinho de azar e tinhamos apanhado 3 ou 4 como conytra o liverpool bastava que os jogadores do sporting fossem de maior classe. Quanto a Marega e mais do mesmo contra equipas com joigadores com a mesma capacidade fisica e melhores tecnicamente tem grandes dificuldades em marcar e como nao e efetivamente dotado tecnicamente começa a enervar se e prontos, no entanto poderia ter sido evitada a seu rasganço se SC e o banco do porto estivesses atentos ja que ja pelo menos aos 79 minutos ele andava agarrado a perna, desleixo de SC que tem de aprender a nao ser teimoso, treinar um plano B com maior posse para asegurar resultados e poder ganhar por um. Basta lembrar o braga que com ele perdeu uma final de taça a gan har por dois e com mais um em campo exatamente pela vertigem do jogo que tenta praticar e que falha no segurar jogos. Quanto ao benfica , se nos escorregarmos, o mesmo se aplica a eles, depois nem sei porque nao se pede a inbvestigaçao a equipa do maritimo que aos 26 minutos ja perdia por tres, e ja agora o estoril levou do braga seis sinceramente nao entendo porque razao o porto nao poderia fazer isso nas calmas. Temos de ganhar os jogos todos mesmo o da luz que penso nao sera dificil ganhar, AGORA DEVEMOS CONTINUAR A DENUNCIAR QUE NAO FORA ARBITRAGENS TENDENCIOSAS ESSE MESMO BENFICA ESTARIA A 11 OU 12 POBNTOS E DISTANCIA E PORTANTO FORA DO TITULO, SO AINDA ESTRABUCHA PELAS AJUDAS ESCANDALOSAS DE ARBITROS AO VIVO E EM DIRETO.

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  2. ah ja agora casillas, grandissimo gredes, obvio que vai sair era logico, nos temos ja substituto, O DIOGO COSTA, muitissimo superior ao SA, nem sera pensar muuito mais no assunto basta ser serio.

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  3. Gostei bastante tambem do Diogo dalot neste jogo

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  4. Só uma nota para quando dizes que nenhum atleta fez o melhor jogo da época... arrisco-me a dizer que o Casillas fez, de facto, o seu melhor jogo da época :)

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  5. Boas...
    Desde já, imagem incrível essa do coração...

    Vou dizer algo que espero não me arrepender. Se o FCP ganhar os próximos 2 jogos do campeonato, então temos campeão.

    O FCP em Paços de Ferreira irá ter um desafio incrível e prevejo já o Veríssimo como árbitro. Não nos podemos esquecer das dificuldades que o hiper-mega-super Benfica teve na Mata Real e convém não esquecer que Herrera não estará presente (será desta Oliver?).

    Mais do que nunca o Mar Azul tem de invadir a Mata Real... Mais do que nunca a equipa vai precisar de nós.. Eles vão tentar de tudo (denúncias anônimas etc e tal) para nos tirar o que tanto os custou a conquistar...

    Somos PORTO...

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De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.