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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Envolvência

A Supertaça voltou a casa, e já deixava saudades. Este é, por razões óbvias, um troféu especial para o FC Porto, não só por ter mais troféus do que todos os outros clubes juntos e ter estado em 30 das 40 finais, mas também porque conquistar a Supertaça significa, muitas vezes, ter uma injeção anímica e de confiança para a longa época que se segue. 


O jogo frente ao Desp. Aves foi um exemplo dos calafrios que o FC Porto vai certamente encontrar muitas vezes no Campeonato, numa altura em que o plantel às ordens de Sérgio Conceição não é, continua a não ser, mais forte do que o da última época. Um jogo no arranque da época não dá atestados de garantias ou insuficiências, mas todos saíram de Aveiro com sentimento de dever cumprido e com a 21ª Supertaça. 





Envolvência (+) - A palavra que define a vitória do FC Porto. Na fase inicial da partida, regressámos às inconsequentes bicadas para a frente (já lá vamos). O golo do Aves obrigou a equipa a acordar e a organizar as suas ideias e os três golos são exemplos perfeitos daquilo que deve ser o futebol da equipa para esta época: envolvência do setor intermédio no processo ofensivo, jogo interior, circulação a toques curtos e transporte.

Primeiro, com Alex Telles no apoio, Brahimi leva a bola até à tabela com Aboubakar, explora o espaço interior e faz golo; no 2-1, é Maxi Pereira, em combinação com Otávio (também a desequilibrar por dentro), a fazer a diferença numa jogada a toque curto; e o lance que mata o jogo nasce do mesmo princípio, com Óliver a ir buscar jogo à linha, apoiando Maxi, e Corona a situar-se na zona central.

Semelhanças? Três golos em que não foi preciso uma bicada para a frente, à espera que alguém apanhasse a bola num espaço que não existia nas costas da defesa do Desportivo das Aves. A velocidade e o jogo direto terão a sua importância e espaço ao longo da época, mas contra os Aves deste Campeonato recomenda-se esta forma de jogar.

Maxi Pereira (+) - Uma boa forma de corresponder à renovação de contrato que, diga-se, esteve longe de ser unânime no universo portista e que talvez nem teria acontecido se Diogo Dalot não tivesse saído. Mas a experiência, inteligência e o espírito competitivo de Maxi Pereira são mais-valias importantes no plantel. Equilibrado a atacar e a defender, procurou sempre apoios curtos com Otávio e foi dessa forma que chegou ao golo da reviravolta. As pernas pesam, e Maxi provavelmente alternará várias vezes a titularidade ao longo da época, mas enquanto estiver em campo é uma garantia de empenho. Não há portista que não goste.

Jesús Corona (+) - Quando Brahimi dava sinais de ter que sair por lesão, Sérgio Conceição começa por mandar Soares aquecer. Era um péssimo sinal para Corona - ver o treinado preferir um ponta-de-lança a um extremo perante a ausência do argelino. Mas Sérgio Conceição mudou de ideias e em boa hora, com Corona a fazer uma segunda parte de grande qualidade. Bom enquadramento com a baliza e a grande área, bem a proteger a bola e a definir os lances e a conseguir fazer um bom golo. Não será um exagero afirmar que a segunda parte em Aveiro foi melhor que qualquer jogo que tenha feito este ano até à data. Agora a eterna questão: conseguirá Corona fazer dois bons jogos seguidos? O mexicano bem precisa, e o FC Porto também. 

Outros destaques (+) - Herrera voltou a ter que trabalhar por dois no meio-campo e fê-lo com distinção. Teve ordens para não avançar muito para zonas de finalização e proteger a retaguarda da equipa, funcionando como pêndulo e referência no eixo do meio-campo. Brahimi, apesar da lesão, foi a tempo de ajudar a desbloquear o jogo e a entrada de Óliver em campo voltou a ser sinónimo do período de melhor qualidade e controlo no jogo. Palavra para a estreia de Diogo Leite, que ganhou o lugar nesta pré-época e vai obrigar Mbemba e Militão a terem que correr atrás do lugar. 





Os eternos balões (-) - Não havia Marega no ataque, o que poderia desde logo significar que o FC Porto procuraria outras soluções na sua construção. Mas não foi isso que a fase inicial da partida demonstrou. A equipa voltou à fórmula tantas vezes usada na última época e não raras vezes vimos a bola ir desde o defesa à linha de fundo. Não funciona, por duas razões: Brahimi, Otávio ou até André Pereira não são jogadores para irem ganhar metros nas costas da defesa; e o Aves, como tantas equipas no Campeonato, não vai conceder espaço suficiente para que o FC Porto possa jogar desta forma. Na Champions é uma coisa, no Campeonato outra.

Cada bola longa para as costas da defesa do Aves foi sinónimo de perda de posse e, conforme já foi defendido, os três golos do FC Porto nascem de momentos em que a equipa preocupa-se mais em transportar a bola, com tabelas e circulação, e menos em tentar ganhar em velocidade e passes longos. Sobretudo num contexto de Campeonato português, é importante ter a paciência e a capacidade para jogar desta forma.

O primeiro objetivo da época está cumprido. Mas porque a partir de setembro será inútil dizê-lo, não custa repetir: as vitórias no arranque de época devem ser celebradas, mas não podem servir de maquilhagem face às necessidades do plantel. Não custa lembrar aquela que havia sido a última Supertaça do FC Porto, ganha em 2013, e da qual muitos saíram a pensar que ia ser Licá e mais 10. Não basta pensar no Aves, no Chaves ou no Belenenses: há que pensar nos clássicos, na Champions, nas pausas internacionais, nas lesões, nos castigos, na óbvia sobrecarga de jogos. Sérgio Conceição precisa de mais soluções e o pior que poderia acontecer seria chegar ao início de setembro e ouvi-lo dizer «reforços são os que cá estão». 

6 comentários:

  1. Excelente análise. Fica por ver o que vai ser feito pela SAD... Uma equipa como o Porto onde não temos um extremo no banco conpetente (o Hernani nem vale a pena comentar) onde não temos um substituto para o telles, onde o brahimi é o único "mágico" e o aboubakar e o Soares a frente não dão as garantias que como Portista que vi falcões, hulks, Jackson's a jogar davam... E por último uma equipa que dependeu fortemente do Marega para ser campeã ( o que por muito que se diga é algo que dá que pensar ver o Porto a depender de um jogador como o Marega) que agora o vê a forçar a saída..

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  2. Boas.
    Temos um plantel no máximo semelhante ao do ano passado. A defesa não tem o mesmo entrosamento, houve muitas saídas. Já temos lesões, Soares é propenso a isso. Se sair Marega...o Porto tem que arranjar um extremo, um abre latas, pelo menos um avançado e se fosse possível, um médio creativo. Se o Porto não arranjar mais ninguém, vai ser muito difícil.

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  3. Há algo que me preocupa bastante neste início de época. Muitas vezes vejo os adversários criarem oportunidades pelo lado do Alex Telles. Os jogadores do lado Esq. são os mesmos e os médios são os mesmos, o que me leva a concluir que a diferença é o serviço de compensação que o Marcano fazia e o Diogo Leite não é capaz.
    Eu não sou especialista, portanto se eu deduzo isto os outros também o farão. A solução do Sergio Conceição terá de ser impedir o Telles de subir e isto trará complicações no ataque.
    Espero que uma das novas contratações (imagino o Mbemba que o Militão joga preferêncialmente no lugar do Felipe) possa olmatar esta falha.

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  4. analise perfeita. O pontape para a frente nao resulta sempre e nao resultara a maioria das vezes. SC e teimoso ou nao sabe mesmo mais. Ele quer fazer de todos os que entram novos , Maregas, coitado para mim ele esta a tentar segirar marega para sair com ele para o ano. ATE AGORA SC AINDA NAO ASSIMILOU NENHUMA AQUISIÇAO, NAO OS CONSEGUE INTEGRAR NO JOGO, SERA MUITO DIFICIL IR AO MERCADO ARRANJAR JOGADORES PARA SC , A PREÇOS COMPATIVEIS. ELE NAO GOSTA DE QUASE NINGUEM, mas adora fabiano, hernani warris que nao jogam nada va se la entender uma personalidade assim. O poprto precisa de 2 medios a serio, fortes, altos, intensos e tecnicamente razoaveis. Talvez um medio /extremo bom. SC arrisca se a ser como kourinho embora este ja tenha ganho algo palpavel, digo arrisca se a ser como mnourinho a poucos jogadores quererem jogar nas suas equipas por causa da teimosia e do futebol previsivel.

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  5. La Casa del Pulpo, uma paródia de Casa de Papel com a época 2017/2018. Partilhem ;) https://youtu.be/wxekk5SZlD4

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De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.