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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Três pontos e Danilo

O FC Porto iniciou a corrida atrás do prejuízo causado pela 3.ª jornada da única forma possível: com uma vitória, embora muito pouco convidativa a uma Enologia de qualidade. Olhamos para os 13 golos marcados em 4 jornadas e vemos que o FC Porto não fazia tantos golos desde 1951, embora esta época com a vantagem da calendarização pouco habitual que ditou dois jogos consecutivos no Dragão. 


Mas o momento em que vemos a «roda» formar-se na segunda parte, mesmo com a equipa a vencer por 2x0, é demonstrativa de que a equipa sabia que havia muito mais a merecer a preocupação do que o resultado. Na segunda parte, o que aconteceu não foi muito diferente daquilo que antecedeu os golos de Vitória de Guimarães ou Belenenses: a equipa deixou de ter bola, deixou de controlar o jogo e perdeu soluções na saída para o ataque. O Moreirense não aproveitou, também porque Iker não deixou, mas é a terceira jornada consecutiva em que o FC Porto se coloca a jeito quando a vantagem e a sua superioridade já deveriam deixar a vitória encaminhada.

Valeu, sobretudo, o regresso às vitórias e o de Danilo Pereira, elemento essencial para o ciclo de jogos que se iniciará depois da pausa para as seleções. 




Iker Casillas (+) - Terminou o jogo com mais defesas do que o guarda-redes do Moreirense: três. Com um par de boas intervenções na segunda parte, segurou a vantagem do FC Porto e evitou que o fantasma das jornadas anteriores voltasse a assombrar a equipa (o bom trabalho de Felipe, em estreia com Éder Militão como parceiro, também ajudou). Bem, também, na reposição da bola em campo, sendo neste momento o guarda-redes da Liga com melhor aproveitamento neste capítulo.

Héctor Herrera (+) - Mais uma exibição a encher o campo e a ter que jogar por ele e por Sérgio Oliveira (novamente muito distante do nível exigível para o 11). Inaugurou o marcador num lance oportuno, esteve perto de bisar e assumiu-se sempre como o motor do meio-campo, destacando-se ainda o momento em que puxa da braçadeira para dar um abanão à equipa na segunda parte. Sempre disponível no processo defensivo e a ganhar metros no meio-campo.

As zonas de ação de Héctor Herrera
Otávio (+) - Esteve no lance do 2x0 (muito bem trabalhado por Marega, a ganhar a primeira bola de Casillas, e Aboubakar, no toque para Otávio e na corrida para a grande área), e abriu o livro no último lance da segunda parte, ao ultrapassar dois jogadores antes de servir Marega para o 3x0. Foram os pontos altos de uma exibição na qual Otávio tentou sempre «mostrar-se» ao jogo: foi o jogador que mais duelos disputou (16) e o que mais desarmes conseguiu (4). Pecou pela ausência de tentativas de remate e por algumas más decisões no último terço, mas esta época já teve intervenção direta em quatro golos na I Liga. Em toda a época passada, teve apenas três.




Apanha! (-) - Posse de bola. Bicada para a frente. Posse de bola. Bicada para a frente. Posse de bola. Bicada para a frente. Aconteceu, na segunda parte, aquilo que tanto queremos que o FC Porto evite ao máximo. A determinada altura, parecia que a equipa não sabia o que fazer. Cada posse de bola era uma tentativa de passe longo para Marega. Não houve jogo interior, não houve progressão em posse. A equipa percebeu que não estava bem, Sérgio Conceição reforçou o meio-campo, mas não há necessidade absolutamente nenhuma de jogar assim, até porque raramente o FC Porto consegue criar real perigo quando joga desta forma.

O FC Porto já é a equipa com mais foras-de-jogo no Campeonato, 13 em quatro jornadas. Que indica isto? Que está a tentar forçar muito a entrada na linha defensiva com o último passe, mas também que as defesas adversárias estão a saber «apanhar» o FC Porto nesta armadilha. O regresso de Marega ao 11 coincidiu com um abuso desta fórmula (ou melhor, motivou), que certamente terá o momento de (ter que) ser utilizada ao longo da época. Mas em casa? Contra o Moreirense? A ganhar por 2x0? Quando acabamos um jogo com mais foras-de-jogo do que remates enquadrados com a baliza adversária...

Há também um dado deveras curioso. Pensar em Alex Telles e Brahimi é pensar num flanco ofensivo, criativo, capaz de fabricar diversas ocasiões de golo, certo? Mas estatisticamente, o FC Porto é neste momento a equipa que menos usa o flanco esquerdo para atacar em todo o Campeonato. Nas primeiras quatro jornadas, o FC Porto canalizou apenas 31% dos seus ataques por esse corredor. Em contrapartida, é a equipa que mais usa o direito, com 43% de investidas por esse lado. Já vimos bons momentos e combinações por esse lado nesta época, em particular com Maxi e Otávio, mas isto muito se deve à quantidade de vezes que despejaram a bola pelo lado direito à procura da profundidade. 

E o mais irónico é que, uma vez mais, vemos que o FC Porto não precisa de passes de 40 metros para colocar um elemento nas costas da defesa. O lance do 2x0 é um exemplo: Otávio, com um passe curto e na linha da marca de grande penalidade, conseguiu colocar Marega nas costas da defesa. Não é preciso balões e corridas a partir da linha de meio-campo: só é preciso saber decidir e encontrar o espaço certo no último terço.

Sérgio Conceição sabe isso. A equipa sabe isso e, mais importante, sabe fazê-lo. Então, basta fazer. E repetir. 

1 comentário:

  1. Iker - Muito melhor. Mais calmo e assertivo. Maxi- Depois dos 50-60 minutos "acabou". Regressou aos 85. Felipe- Forte e motivado. Militão- é jogador feito. Gostei. Telles- Menos em jogo no flanco. Continua a centrar bem. Sérgio- deve ir visitar o banco para aquecer. Herrera- Muito melhor. Muito bem como capitao (se o ouvissem devidamente) Otávio- Muito bem. Vamos ter Otávio para a melhor época? Brahimi- Muito menos ativo que no início da época (espero estar enganado mas o fecho das transferências fez efeito negativo?) Marega- não está a 100% mas assusta muito; Aboubakar- é um jogador que não aprecio muito por ser muito irregular.Óliver- decididamente não serve para revitalizar o meio campo quando faltam as forças. Ou melhora ou vai ter de ir arejar (talvez se se preocupar um pouco menos com o penteado…);Corona - muito fraco. Não trouxe nada de novo. Danilo - Grande falta tem feito pela sua força. Esteve muito mal mas isso não é de estranhar depois de tão grande ausência. Exibição - Idêntica a Belenenses e Guimarães… e isso é bom na 1ª parte e péssimo na 2ª. Chega para ser campeão? Claramente NÃO mas vamos ter calma e esperar que o Sérgio não exagere na pressão e os ponha todos rotos para os jogos.

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