Nós últimos 10 títulos de campeão do FC Porto, só por duas vezes venceu em Alvalade (uma com Co Adriaanse, com o célebre golo de Jorginho, outra com Jesualdo, por 2-1 em 2008). Portanto, quando fazendo as contas para o título, um empate em Alvalade não é o problema. Empatar com o Boavista é que é desastroso. Empatar em casa do Sporting, não sendo um resultado que satisfaz o FC Porto, não há-de ser o problema nas contas para o título, sobretudo à 6ª jornada.
Danilo desequilibrou no ataque |
Primeira parte miserável do FC Porto. Não há outra forma de adjectivar, mas sofrer um golo aos 2 minutos, num clássico de grande pressão psicológica, torna sempre tudo complicado. Na segunda parte, Óliver Torres mostrou porque é que Lopetegui batalhou tanto para ter emprestado o menino que, se bem me recordo, os adeptos não queriam, porque se recusavam a valorizar jogadores para o Atlético. Meus caros, o Óliver é que está a valorizar o FC Porto.
Depois do remate do Capel à trave que até dá direito a manchete, o FC Porto tem 3 grandes ocasiões para ganhar o jogo: o remate do Herrera (que não é um jogador de ir do 8 ao 80 de um jogo para o outro, é um jogador que vai do 8 ao 800 no mesmo jogo), o penalty que fica por marcar por corte com o braço do Maurício (e devida expulsão) e o pecado de Tello, que define mal e é o motivo que levou a que não se afirmasse no Barcelona.
6 pontos perdidos em 3 jornadas, apesar das circunstâncias, é muito. É extremamente importante não desperdiçar mais pontos até ao clássico com o Benfica (o jogo de ontem mostrou que tanto Sporting como FC Porto não têm um sistema tão rotinado e assimilado como o rival - não é um problema de qualidade, mas de manter as mesmas rotinas e intensidade ao longo do jogo), ainda que venha aí uma série de jogos difíceis, já a começar com a receção a um Braga com sangue na guelra. E pelo meio já há Champions.
Centrais (+) - Não foi pela ausência de Maicon que o FC Porto não ganhou. Indi esteve imperial, mesmo contra um ponta-de-lança que não é fácil de marcar e jogando no lado oposto. Marcano cumpriu, sempre sereno e de cabeça levantada, mas tem que melhorar no lançamento longo - não houve um passe dele que os alas tivessem conseguido recolher. Ainda na defesa, Danilo sentiu dificuldades na primeira parte, mas subiu de rendimento na segunda e criou o lance do jogo.
Quem está a valorizar quem |
Banco bom (+/-) - De Óliver já não há muito a dizer: é titularíssimo no FC Porto e um jogador influente em todos os momentos do jogo. Tem que jogar, pois faz a equipa jogar como ninguém. Além de ser uma carraça a pressionar e a defender (coisa que falta a muito jovens portugueses), tem objectividade, tem visão de jogo e sabe desequilibrar ora em passe, ora em drible. Perfeito. Quanto a Tello, tem uma velocidade vertiginosa e com a mais simples finta consegue passar com a maior facilidade pelos adversários. Mas não define bem, a crítica que já é feita desde o início da época. Consegue fazê-lo melhor do que Quaresma, mas o seu raciocínio não acompanha a sua velocidade. E para mim, o pior nem foi o remate no minuto 92: foi o lance em que pode ir isolado para a grande área e decide atirar-se para o chão. Não sei se isto é resultado de uma época de treinos com Neymar, mas que não se repita a infeliz brincadeira.
Outros destaques (+) - Brahimi tentou. Muitas vezes individualmente, mas tentou. Consegue arrastar marcações, e com os seus movimentos interiores consegue ora orientar-se para a baliza, ora criar espaço para soltar a bola (capacidade que os outros extremos do FC Porto não têm, pelo menos a nível tão claro). Tem que se mais espotâneo a rematar quando faz a diagonal. Já Diego Reyes entrou bem na posição de trinco, que fez durante toda a formação, embora como sénior tenha passado para central. Com a lesão de Casemiro, Lopetegui terá que escolher Rúben Neves, Campaña ou... Reyes. Mas os dois últimos não podem ir à Ucrânia, abrindo-se uma vaga para um jogador da lista B. Podstawski é mais fácil de pronunciar para os lados de Leste, não?
Em noite não |
O miolo de Lopetegui (-) - Lopetegui voltou a juntar Casemiro, Rúben Neves e Herrera no meio-campo e os problemas repetiram-se. Sou adepto da rotação, mas só quando essa rotação é feita entre ideias que funcionam. Há que lembrar que foi assim que o FC Porto ganhou em Lille, mérito para isso. Mas Rúben ficou logo intranquilo com o golo do Sporting, Casemiro andou com as voltas trocadas com João Mário e Herrera, apesar de ser um poço incansável de energia, tem pouco critério a nível ofensivo. Resultado: este meio-campo não só não faz funcionar a equipa como não dá nada ao ataque. Nada. Brahimi tentou mudar isso na primeira parte, Óliver conseguiu fazê-lo na segunda. Com a lesão de Casemiro, o meio-campo vai ter forçosamente que mudar, mas seja quem for o homem mais recuado, Rúben e Herrera não podem ser os complementos.
Em noite não (-) - Que se passou, Alex? Absolutamente irreconhecível. Física e tacticamente, teve muitas dificuldades contra os extremos do Sporting. Vai voltar a ser titular na Ucrânia, por isso é bom que tenha sido apenas uma noite má. A titularidade de Quaresma podia ter sido uma boa aposta, mas tudo saiu furado: tirou 2 cruzamentos e nada mais. E Jackson, aquele lance, a abrir a segunda parte, tem que dar golo. A primeira parte não censuro, pois não houve quem lhe desse a bola. E assim era difícil aproveitar as fragilidades da defesa do Sporting.
- Pinto da Costa dá hoje, às 20h15m, uma entrevista ao Porto Canal, onde vai abordar os temas quentes da actualidade. Depois faremos o devido balanço.
- Começa a profecção da desgraça: os fundos de transferências vão acabar e o futebol português vai perder toda a competitividade. E repetir-se-á isto enquanto não perceberem que tanto FC Porto como Benfica e Sporting já praticaram formas de financiamento alternativas, também com fundos de transferências, e vão poder continuar a fazê-lo. Um tema para mais tarde.