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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Quem tem Brahimi...

A longa série de jogos sem sofrer golos terminou na melhor altura possível: quando não causou prejuízo algum. Foi a quarta vitória consecutiva, a de menor brilho neste ciclo, numa altura em que a equipa tem que aproveitar ao máximo a sequência de jogos que vai ter até ao final de janeiro, pois daí em diante o calendário só se complicará. 

Um pouco de déjà vu no Dragão, ao ver Brahimi meter aquela boca no buraco na agulha, fazendo lembrar um dos golos que marcou ao BATE, há dois anos, numa altura em que muitos portistas pensavam estar a admirar um talento cuja cláusula de rescisão de 50M€ era muito curta. Hoje sabem que não é assim, mas uma vez mais Brahimi mostrou que é o melhor abre-latas do plantel e ajudou, e muito, a simplificar um jogo que ameaçava trazer fantasmas do passado recente. E pensar que este foi apenas o seu 3º jogo a titular no campeonato...

Ficam três pontos e a frase mais acertada de NES desde que treina o FC Porto: «pressão temos nós, porque estamos atrás». Lidar com ela com os melhores jogadores em campo simplifica muita coisa, após um jogo que mostrou por que é que Bruno Esteves, tendo 39 anos de idade e 18 de arbitragem, nunca chegou a internacional e é um dos piores árbitros da primeira categoria. O prejuízo podia ter sido elevado, mas quem tem um Brahimi inspirado arrisca-se a desbloquear o que pode ser difícil. Contra 11 ou 12 é sempre mais complicado.




Brahimi (+) - O FC Porto não esteve bem na primeira parte: praticamente só criou perigo em lances de bola parada. A primeira jogada de perigo de bola corrida - tirando aquele que deveria ter sido o penalty sobre Maxi Pereira - aconteceu já ao minuto 42, claro está, por Brahimi. Logo depois, Brahimi fez o golo, tendo por certo ajudado e muito NES na sua palestra.

Na segunda parte, a primeira jogada de grande perigo é também desenhada por Brahimi: minuto 67, assistência para André Silva, 2x0. André Silva até estava a fazer um jogo globalmente negativo, mas bastou que Brahimi lhe desse uma boa bola para picar o ponto e deixar tudo bem mais confortável. 

Dois lances com Brahimi fizeram com que uma exibição que não foi brilhante e uma arbitragem que não foi competente deixassem de ser hoje os temas dominantes. A CAN vem mesmo na pior altura possível, mas é bom lembrar que será em fevereiro que as coisas vão apertar, logo com uma receção ao Sporting dia 5. Lá, com sorte, já haverá Brahimi. De preferência, um tão inspirado como o dos últimos jogos. 

Danilo Pereira (+) - Está mais atrevido em campo, mas sem nunca deixar a equipa desequilibrada. Combina inteligência tática, sentido posicional e dimensão física como nenhum outro jogador do futebol português - e poucos no futebol europeu. Voltou a ser uma parede à frente da defesa e um apoio importante na retaguarda do ataque. A melhorar, talvez só a capacidade de meia distância, que é algo que tem faltado à generalidade dos médios do FC Porto. 

Outros destaques (+) - Corona tinha uma missão: não adornar em demasia os lances e colocar a bola na grande área. Nisso, foi bem sucedido. Fez vários cruzamentos, criou uma mão cheia de lances de perigo, foi mais objetivo e eficaz no drible e fez um jogo competente. O FC Porto tem tido o azar de nunca ter Brahimi e Corona bem ao mesmo tempo: ora um está melhor, ora está o outro. Quando houver espaço para ambos brilharem em campo, não há jogo que acabe sem golos.

Óliver Torres, foi o maestrinho que meteu tudo a funcionar à sua volta - mesmo, muitas vezes, sem a velocidade desejada por parte da equipa. O habitual. É extremamente desgastante ser Óliver neste FC Porto, pois é sempre ele quem tem que ir apoiar na zona interior, mas dá para tudo: pressionar, tabelar, transportar a bola, guardá-la e garantir que, com ele em campo, há sempre um rumo e uma solução para chegar à baliza adversária. 




2x0 já está bom (-) - O FC Porto teve volume ofensivo, mas objetivamente foram poucos os lances de bola corrida que estiveram perto de dar golo, particularmente na primeira parte. Foi aí que Brahimi fez a diferença. Mas depois do golo de André Silva, vimos o FC Porto voltar a adormecer: menos pressão, deu mais espaço ao Marítimo, deixou de ter tanta bola no meio-campo adversário e, quando a tinha, era para uma transição rápida.

Este adormecer podia ter custado caro - bastava que o golo do Marítimo viesse mais cedo. Não é preciso massacrar, é preciso controlar. E o controlo assenta em duas coisas: espaço e bola. O FC Porto tem tido sempre a equipa equilibrada atrás, mas não pode ser alérgico a guardar a bola, em zonas adiantadas, quando se apanha a vencer.

Uma equipa que tem um, dois, três criativos do meio-campo para a frente, estando perto da grande área, vai acabar por encontrar oportunidades para fazer mais golos. O problema é quando se retiram os 3 jogadores mais criativos para colocar em campo 3 médios: um de circulação (Rúben), um de transição (Héctor), e um sim, criativo (João Carlos). Com Diogo Jota e André Silva (apesar de ter feito o golo da ordem) desinspirados na frente, deixou de haver tantas soluções para chegar ao golo. A equipa recuou, o Marítimo marcou e o apito final não foi ouvido apenas com satisfação, mas também com alívio. 

Venha o Chaves.

3 comentários:

  1. concordo com todo o texto. Jota tem falhado golos faceis por nao chutar com potencia.

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  2. não concordo na totalidade com a analise.o FCP não fez uma super exibição, mas fez uma agradável exibição em que se viu bons lances de futebol.FCP chegou a ter uma posse de bola esmagadora,o marítimo criou poucos lances de perigo e num lance fortuito em que Rúben Neves não consegue aliviar da melhor maneira e Filipe perde o equilíbrio com a ajuda do jogador do marítimo que acaba por marcar um grande golo.e é de salientar com o golo do maritimo o FCP manteve o controle do jogo.que jogue muitas vezes assim apesar de querer mais e melhor

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  3. Boa noite,

    Na análise ao jogo de hoje (frente ao Chaves), seria interessante referir a quantide de faltas cometidas sobre o Brahimi.
    Não as contei, mas deve ter sido uma "machinha"...

    João Silva

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