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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Análise ao fecho do mercado: os empréstimos

Nos tempos que correm, ser emprestado pelo FC Porto não tem sido uma boa notícia, na medida em que são muitos raros os casos de jogadores que voltam à equipa principal depois de serem cedidos. Em jogadores acima de idade sub-23, é para esquecer. Mas nos jogadores que estão no 2º ou 3º ano de seniores, faz todo o sentido. 

Para os jogadores que mostram, de facto, potencial e capacidade em chegar à equipa principal, dois anos na equipa B é o máximo admissível. Depois precisam de estímulo competitivo superior, de futebol de primeira liga, com um bom treinador. Muitas vezes, é no momento do empréstimo que a SAD diz ao jogador se no futuro vai contar com ele: procurar um meio onde o jogador possa, de facto, crescer e evoluir, e não apenas um clube no qual possa jogar com regularidade durante um ano e que arque com uma parte do salário. O FC Porto não controla a vontade dos outros clubes, logo entende-se que por vezes não seja possível encontrar a melhor colocação possível. Neste fecho de mercado vimos exemplos de bons e maus empréstimos (felizmente a SAD encontrou colocação para todos, exceção feita a Ángel, o que deve ser realçado). Vamos a eles.

Contrato até 2018
Ricardo Nunes - Há um ano escrevia-se aqui:  «Disse-o no dia em que foi contratado: é um razoável guarda-redes, mas que tinha muito boa imprensa na Académica, pois há sempre simpatia para portugueses que jogam em clubes de menor dimensão e pegar nestes casos de jogadores portugueses dava sempre jeito para embirrar com o Paulo Bento. Contrato de 4 anos, sem qualquer pespectiva de futuro no FC Porto.» Infelizmente foi assim. O nosso grande portista Ricardo nunca teve oportunidades e deitou um ano da sua carreira fora. Dois desfiles de equipamentos, zero jogos. Aos 33 anos, sendo um guarda-redes que nunca vai render dinheiro e que chegou a «custo zero», a decisão lógica seria rescindir e permitir que Ricardo decidisse o seu futuro. Não foi isso que aconteceu. Foi emprestado ao Vitória de Setúbal e daqui a um será um caso excedentário para resolver.

Contrato até 2017
Mikel Agu - Tem contrato mais dois anos e passou uma época lesionado, época essa que deveria ser a primeira de futebol de primeira liga. Está há seis anos ligado ao clube, muitas vezes a treinar na equipa principal, mas a qualidade técnico-tática nunca acompanhou a atitude que diziam ter nos treinos. Com Lopetegui não teria oportunidades, nem com qualquer outro treinador no FC Porto, pois é facto que ainda não está, de todo, preparado para este nível (não seria uma exibição frente ao Benfica B a dizer o contrário). Infelizmente será uma surpresa se for utilizado com grande regularidade no Club Brugge, que tem um plantel com profundidade e bem composto (acabaram de dar 7-1 ao Standard), com muita concorrência a meio campo, apesar de os melhores jogos que fez pela equipa B (e não foram assim tantos) tenham sido a defesa central. Ano decisivo para ele, pois não se justifica nenhuma renovação no fim da época se não fizer uma boa temporada, até porque já teve o que nunca nenhum jovem do FC Porto conseguiu: renovar duas vezes na mesma época sem antes ter chegado à equipa A. Ah, e esqueçam a história de que Rúben Neves só foi chamado porque Mikel se lesionou: Lopetegui chamou os dois para o primeiro treino da pré-época, antes de Mikel se ter lesionado.

Contrato até 2019
Adrián López - Entre as possibilidades antecipadas aqui, saiu o empréstimo, ao Villarreal. Boa equipa, bom campeonato, bom treinador. Mas a maior preocupação com Adrián já não é desportiva, mas sim financeira. Pouco custou no primeiro ano de contrato, mas em 2015-16 está previsto que o FC Porto abata grande parte dos 11M€. Sendo impensável liquidar esse valor, ou se reestrutura a forma de pagamento com o Atlético/Jorge Mendes (esperando que Adrián se reabilite e seja transferido em 2016), ou replica-se um BE Plan/Roberto/Saragoça. Se Adrián não for capaz de se reerguer no seu país, não o fará em lado nenhum.

Contrato até 2017
Quintero - Bom empréstimo. Foi cedido a uma equipa que o queria para ser titular, que vai lutar pelos lugares cimeiros da liga francesa, e que fica bem debaixo de olho de alguns endinheirados do futebol internacional. A cláusula de 20M€ é bem colocada: na pior das hipóteses, dobra-se o investimento num jogador que, ao fim de 2 anos, ainda era uma incógnita que pouco evoluiu no FC Porto. Além disso, e como é importante ter em conta o treinador na hora de emprestar um jogador, Quintero é cedido a Montanier - o treinador estrangeiro que Pinto da Costa considerou para suceder a Vítor Pereira, antes de optar por Paulo Fonseca, e que já trabalhou diversos jogadores para as seleções de Espanha e França. Bom empréstimo e boa oportunidade para Quintero.

Contrato até 2019
Hernâni - Sem surpresa, o empréstimo de Hernâni ao Olympiacos diz que o FC Porto desportivamente já não conta com ele. A contratação de Hernâni, por si só, foi precipitar-se por fogo de vista. Pouquíssimas provas dadas na primeira liga e apenas numa equipa que se limitava a aproveitar aquilo em que Hernâni é bom: jogar em contra-ataque e em profundidade. Então que faz o FC Porto? Cede-o a Marco Silva. O mesmo Marco Silva que em 2012-13 fez de Licá um dos melhores jogadores do campeonato, precisamente porque era um jogador talhado para o seu modelo de transições rápidas. Marco Silva ainda não é treinador para equipa grande. Não sabe jogar num modelo dominador, de posse, e demonstrou-o no Sporting, onde passou um ano inteiro a resumir o seu futebol a isto: «A bola está nos flancos? Cruza! A bola ainda não está nos flancos? Então mete-a nos flancos e depois cruza!» Pode ter o melhor perfil e capacidade de liderança no balneário, mas do ponto de vista técnico-tático Marco Silva ainda não é um treinador de equipa grande. Há quem ache que sim, mas devem ser os mesmos que queriam Rui Vitória no FC Porto. Ora, e agora perguntam, então se Hernâni encaixa bem no modelo de Marco Silva o empréstimo não é bom? Depende da perspetiva. Não é bom desportivamente, pois assim Hernâni não vai evoluir no sentido de encaixar no FC Porto, de ser formatado para jogar numa equipa grande. Por outro lado, é bom porque estará num futebol adaptado às suas características, no qual poderá valorizar-se para que o FC Porto recupere o investimento em 2016. Regressar ao FC Porto será uma grande surpresa.

Contrato até 2019
Ricardo Pereira - Podemos especular que se a SAD tivesse encontrado colocação para Ángel Ricardo ficaria no FC Porto. Mas ficaria para quê? Por mais provável que Maxi Pereira antes da 10ª jornada já seja suspenso por acumulação de cartões, Ricardo Pereira ia passar a terceira época consecutiva no FC Porto a ser um tapa buracos, na sombra do habitual titular. Ricardo merece mais que isso. É a sua 4ª época de senior e é tempo de ganhar alguma definição na sua carreira: vai ser lateral ou extremo? No Nice há perspetivas de jogar com regularidade... novamente com outro treinador bem apreciado por Pinto da Costa (Claude Puel, que rejeitou um convite para suceder a Del Neri e, depois, foi sondado para suceder a Jesualdo), experiente e que já trabalhou com imensa matéria prima como Ricardo. Em 2016 o seu regresso pode ser ponderado (apesar do empréstimo ser de dois anos), e a única critica aqui é ao amadorismo que foi a SAD não ter notificado o Nice face à proposta por Carlos Eduardo (que ainda veremos, no R&C, quão boa - ou não - terá sido e o porquê de tanta pressa em vendê-lo para as Arábias). A história de Ricardo Pereira no FC Porto, esperemos, ainda está longe de conhecer o seus melhores tempos. Há esperança no miúdo, que tem tudo para fazer uma grande época em França. 

Pergunta(s): Que perspetivas para os jogadores emprestados no fecho de mercado? Quem tem maiores e menores hipóteses de regressar ao FC Porto?

13 comentários:

  1. Percebo que, mesmo sem a lesão, Mikel Agu dificilmente teria muito espaço no plantel principal da época passada (até pela revelação do Rubén), mas no final de 2013/2014 prometia-se que estaria ali um sucessor ao Fernando. Lembro-me de o ver jogar um pouco, e o ZeroZero confirma que fez 90 minutitos na A.
    Eu não lhe conhecia as performances na B e por isso não posso argumentar, mas era de alguma forma justificado ou era só pra dizer que "a minha formação é melhor que a tua"? Ou só mesmo erro de avaliação do Luís Castro?

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  2. No caso de Hernani : Mais vale cair em graça que ser engraçado. Embora por natureza pareça triste ou mesmo antipático, parece-me que merecia bem mais. Talvez não seja jogador para sorrisos ao treinador... Olé!

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  3. Tello tem carateristica iguais ao Hernani, logo é sempre algo irónico falar em mandar embora um jogador e manter outro com carateristicas iguais, sendo que acredito que para a miséria que o Tello tem vindo a jogar que o Hernani faria melhor que ele. A realidade é que ele não tem muitas chances de mostrar o seu valor. É jovem, é um bom talento. Tem muita velocidade, tem bastante tecnica e finaliza com alguma qualidade. Não é um meco que só pode jogar em contrataque, até porque no Vitória não o fazia assim tanto quanto se quer parecer. O Vitória em mais de 50% dos jogos que realiza pratica um futebol semelhante aos grandes, contra os grandes é que joga mais encolhido e em contra ataque. Compreendo a escolha de Tello e Varela, mas a realidade é que não tem dado grande coisa ao jogo. Hernani foi emprestado, veremos a sua rentabilização no campeonato Grego. Varela vai para os 31 ou 32, Tello é emprestado e não vale 12 milhoes ou coisa do genero da clausula, logo para o ano pode ser o ano do Hernani ou R. Pereira ;). Joel

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    1. Se são dois jogadores iguais, faz sentido manter apenas um deles. E neste caso, sem outras matérias de avaliação que justificassem uma coisa diferente, também optaria por manter aquele que vem da mesma escola do Messi, Iniesta ou Xavi. Sem dúvida.

      Depois, que o Tello não corresponda, é outra história...

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  4. Talvez Ricardo, tem o carácter próprio de quem não sendo um predestinado, possui humildade suficiente para entender isso ao superar-se com muito trabalho. Puel vai perceber e espero que possamos tirar partido disso, isto se depois Ricardo quiser.

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  5. Preocupa.me é o Gonçalo naquela académica!!! Por maior respeito que tenha pelo clube, e quase toda a gente ate tem bastante respeito pela académica,mas ha alguma evolução possivel a fazer numa equipa assim? Temo o seu desaparecimento após vários emprestimos.
    Quanto aos outros.... mais do mesmo. Nao se podem ter no plantel e é arrumar a casa ate acabarem os contratos. E arrumar a casa nos últimos dias provavelmente é emprestar sem muita logica e sim ao clube que é possivel.
    Ab.

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  6. Boas.
    Ricardo e Quintero são dos referidos acima que têm mais ipotesses de regressar ao FC Porto.
    O Ricardo, pode muito bem ser Nosso lateral, se ele trabalhar mais no seu físico sem perder muita rapidez e ganhar mais resistência poderá fazer trabalhos defensivos e ofensivos com a mesma eficiência.
    Quintero mudando o seu "humor" tem tudo para entrar nesta equipa.

    Sou leitor deste blogue a algum tempo e as reflexões feitas aqui são bem feitas.
    O meu 1º comentário.

    Abraços.

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  7. A politica de contratações/dispensas é o que é. Queremos sempre o melhor plantel possivél mas é complicado.
    Ao olhar para a equipa percebe-se que falta uma alternativa a Maxi Pereira, embora Ricardo não seja um lateral de raíz no Porto e com Lopetegui sempre o foi, o jogador precisa e merece ter mais tempo de jogo mas os interesses do clube estão primeiro e para o clube é melhor ter um jogador que esteja a ser treinado á bastantes anos nessa posição do que simplesmente empresta-lo e deixar de ter uma alternatica fiável.
    O caso de Hernani acho que nada tem a ver com Marco Silva ser ou não melhor treinado e o jogador poderá nao vir preparado para jogar num grande. Jogador que é emprestado pelo Porto não vai jogar num grande, ou pelo menos num clube perto da dimensão do Porto, para voltar e ser opção tem de ser um jogador destacadissimo durante o seu emprestimo para poder discutir um lugar no plantel do Porto e mesmo assim não é garantido (veja-se o caso de Sérgio Oliveira no Passos)
    Aqui Hernani está em vantagem pois o treinador conhece-o ele ele está num clube apontado a ser campeao da Grécia logo parte em vantagem e está num "grande" da Grécia. Não obstante a seu empréstimo é proveitoso pois embora sendo um jogador ao nivel de Tello (neste momento até provavelmente melhor) mas que nao seria uma opção mais usada que este ultimo por razões não necessáriamente relacionada com treinos/jogos.

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  8. Acho que, tanto o Hernâni como o Ricardo Pereira, fizeram muito bem em sair do FCP. Só estavam a perder tempo e a prejudicar as suas carreiras no FCP.

    Ventura

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  9. Dizer-se que Hernani é do nível do Tello ou, pasme-se, melhor, é perceber tanto do jogo como eu de tendas de campismo.

    Tello mesmo quando o 1x1 não sai, e tem acontecido muito, entende o jogo, procura sempre jogo interior, embora Lopetegui o cole com fita-cola à linha, percebe o poder de uma tabela, dá sempre linha de passe, conduz para dentro se possivel...

    Enfim.

    Hernâni acha que é extremo e por isso deve sempre ir à bandeirola de canto cruzar. Ninguém lhe ensinou que sempre que cruza, na melhor das hipóteses, só 50% das vezes a bola é nossa. Mas também... A ver jogar o Quaresma a fazer porcaria constante e a ser o ídolo da bancada, convenhamos que o estímulo não é o melhor...

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    1. Só estatísticas poderão demonstrar que o Tello é, de facto, melhor que o Hernâni ou até que o Ricardo Pereira. Eu tenho dúvidas que o Tello seja melhor que o Hernâni e que o Ricardo Pereira. Tello e Hernâni são idênticos nas virtudes (rapidez e desmarcações) e nos defeitos (assistências, centros, remates e táctica). Já o Ricardo Pereira (que para mim é o melhor dos três) perde em velocidade, é idêntico nos remates, mas ganha no resto. Mas repito, só estatísticas poderão demonstrar quem é o melhor, ou mais válido, para a equipa. Eu não disponho delas, por isso duvido. Mas Lopetegui tomou as suas decisões e, com certeza, não foi de ânimo leve.

      E, já agora, pergunto ao TdD porque preferiu o treinador do Olympiacos contar com o Hernâni (ao que parece a pagar) em vez do Licá (presumivelmente de graça)?

      Ventura.

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    2. Sim, porque as estatísticas são infalíveis, sobretudo em indicadores qualititativos como os que descrevi acima.

      As estatísticas não valem zero, mas perto disso.

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