segunda-feira, 10 de agosto de 2015

À procura de uma saída limpa

Adrián López vai deixar o FC Porto. E no momento da sua saída, como em toda a época, ouvimos que o FC Porto «pagou 11 milhões por 60% do passe». Porque não chega repetir nem duas nem três vezes, cá vai mais uma: não, não pagou. Não pagou porque não tinha que pagar.

A hora de sair
O Tribunal do Dragão terá sido porventura o único espaço que sempre lembrou isso mesmo, até que em Maio finalmente alguém acordou . Não é uma desculpa para o negócio, é uma constatação de factos. Adrián López chegou ao FC Porto através da ligação Mendes-Madrid, estrada que nunca é um 2+2=4. 

A avaliação da transferência foi alta, mas esse não é o problema. Problema só haverá se não for encontrada uma solução para a saída de Adrián.

Se Adrián López iniciasse a segunda época ao serviço do FC Porto, aí sim os 11M€ seriam abatidos em grande parte. Não tem, nem nunca teve, nada a ver com a saída de Falcao, até porque quando Adrián chegou ao FC Porto só faltava pagar cerca de 200 mil euros pelo colombiano. É habitual que a generalidade dos adeptos só se preocupe apenas com o futebol e deixe «as contas e os números» para a SAD e os dirigentes. Mas talvez o estigma dos 11M€ fosse ultrapassado se a SAD tivesse explicado atempadamente, minimamente que fosse, o negócio Adrián.

Desportivamente, Adrián López foi uma contratação que falhou. Gerou entusiasmo no momento da sua contratação (genericamente todos acharam o jogador caro, mas esperavam que fizesse coisas boas dentro de campo), mas por diversos motivos não se afirmou. Mas o que vai definir se isto foi um péssimo negócio vai ser a forma como Adrián López sair.

Há duas alternativas possíveis. Primeira, ceder o jogador por empréstimo, esperar que haja algum tipo de reabilitação desportiva e daqui a um ano esperar o encaixe. Mas isto implicaria que os 11M€ teriam que começar a ser pagos durante o segundo ano, salvo um acordo com Jorge Mendes e o Atlético. A segunda alternativa passa por simplesmente transferir Adrián a título definitivo. Como é quase impensável continuar a avaliar Adrián López em 11M€ (nem vale a pena falar em 18,3M€), há que tentar minimizar tanto quanto possível o prejuízo. E perceber se haverá um crédito à Roberto/Pizzi no futuro.

Problema não são os jogadores caros e internacionais que não se afirmam. Problema são aqueles sem provas dadas para entrar na equipa A e que grão a grão vão enchendo um papo de despesas com jogadores contratados sem lógica desportiva. Um papo talvez mais caro do que muitos Adriáns. É preferível perder algum dinheiro com um jogador que tinha provas dadas num grande clube, numa grande liga, do que perder dinheiro em contratações de catálogo. Podem dizer que Adrián só foi contratado pela ligação a Jorge Mendes, o que é verdade, mas esta era uma peça de provas dadas. 

Podemos compreender que Adrián López tenha tido problemas de adaptação, falta de confiança, azar com lesões, dificuldades em encaixar-se na equipa... Mas tudo tem um limite. O FC Porto é um clube feito de e para homens de barba rija, que têm que saber lidar com a pressão a toda a hora, lutar pelo seu espaço na equipa, perceber quando ou como é possível dar mais. Adrián López tinha que acordar na pré-temporada. O que se viu foi um jogador conformado com o seu próprio insucesso, sem demonstrar a mínima vontade de reescrever a sua história no FC Porto. Assim não dá.

O FC Porto tentou tirar o melhor de Adrián. Mas Adrián nunca pareceu interesse em tirar o melhor de si próprio ao serviço do FC Porto. Assim, é melhor seguir caminhos separados. A forma como a sua saída for concretizada vai definir, em plenitude, quão (menos) mau foi o negócio. Que a troika Mendes, Atlético e FC Porto encontre a saída limpa que pode separar Adrián de uma mera contratação que correu mal de um negócio que foi um desastre.

11 comentários:

  1. Algo que um dia gostaria de perceber: o que aconteceu com Adrián que o mudou tanto de Madrid para o Porto. Um jogador que estava habituado a clube grande, como é que resultou tão mal? Como é que deixou de conseguir ultrapassar um defesa que fosse, como é que sequer desaprendeu o tempo de salto para chegar a uma bola simples de cabeça, enfim, realmente faz-me confusão porque já vi este rapaz jogar à brava.

    Ainda assim, desejo-lhe as maiores felicidades, para onde quer que vá.

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  2. Imbicto TdD,

    "O Tribunal do Dragão terá sido porventura o único espaço que sempre lembrou isso mesmo". Ai, ai! Os Srs não andam a ler o resto da Bluegosfera... Tanto o Imbicto Poema, quanto outros blogues do universo azul-e-branco têm feito várias referências a isso mesmo...

    O artigo é muito pertinente e correcto. Não há oportunidades para quem cá não quer estar - consciente, ou inconscientemente -, servindo a carapuça ao interveniente deste artigo e ao do artigo escrito imediatamente antes deste, neste espaço.

    Imbicto abraço!

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  3. ninguem me tira da cabeça que ele tem uma lesão qualquer..

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  4. Lamento sinceramente o insucesso de Adrián Lopez e não deixa de ser estranho a sua inadaptação que, me parece, ser mais da sua responsabilidade que da Estrutura. Bom Clube, projecto desportivo aliciante, compreenção q.b. dos adeptos, perto de casa, bons jogadores como companheiros, balneário saudável, vencimento a horas, treinador conhecido, que mais querias, Adrián, para mostrares um sorriso? Tens motivos pessoais ou perda de ambição? De qualquer maneira, pelo menos, mostra honradez, facilita a tua saída e tenta ser feliz.

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  5. Caro Td....Porquê é que o Mendes ajuda tanto...o Carnide? Jiménez / Coentrão...estão a caminho e mesmo com o Real a não querer ver o Benfica nem pintado....
    Coentrão está com um pé no Benfica!
    E Mendes irá ainda entrar em mais jogadas!
    E com Adrián porque não arranja solução?

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  6. Vamos lá a ver uma coisa, a contratação do Adrián foi comunicada á CMVM, a dívida está registada no R&C do FCP não percebo como é que a dívida não terá de ser paga.
    Consta até nos mentideros que a dívida já começou a ser paga.
    A solução seria conseguir vender o Adrián mas será difícil o seu valor de mercado está quase no zero.

    Uma solução à Roberto/Pizzi significaria que o FCP teria de recambiar o Adrián de volta ao AM e ao mesmo tempo transferir um jogador da sua equipa para pagar ou amortizar a dívida.
    Quem poderia ser?
    Por mais que puxe pela cabeça não consigo vislumbrar qualquer outra solução para o caso, mas gostava que me elucidassem. O Mendes podia pagar a dívida do seu bolso ao AM. Mas nesse caso a divida mudaria do AM para o JM.

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  7. Lembro-me de grandes jogos do Adrian quando estava no Deportivo sobretudo um contra o Barça de Guardiola onde fez vida negra ao Puyol.
    Tambem quando estava no Atletico Madrid mas antes de chegar Simeone.

    Ou seja quando aumentou a exigencia desapareceu e quase nunca mais calçou com o Argentino.

    Acho que o problema está por aí...

    Vi que o Marco Ascencio do Real Madrid está para ser emprestado. Se ha a possibilidade de um negocio à la Casemiro, podia ser o tal criativo.

    Se não, o Valbuena vai sair do Dynamo Moscovo para o Lyon mas ainda não assinou nada, é um jogador interessantissimo e com golo.

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  8. Se o Porto não pagou pelo Adrian, quanto é que o Atlético não pagou pelo Jackson?

    Nestes negócios esquisitos só há um perdedor. O clube.

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    1. Jackson foi pago na totalidade! As relações com o Atlético é que...mudaram!
      Jackson e Óliver....

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  9. Cada negócio é um risco tenha o jogador provas dadas ou não. Claro que não estamos a falar dos melhores dos melhores. Esses chegam e vencem. Mas este tipo de negócios, são sempre um risco, porque se ele fosse tão bom ou se estivesse totalmente bem, o AM nunca o deixaria sair. O negócio do Pablo Osvaldo, ainda que por numeros completamente diferentes, desportivamente vai ser mais um falhanço. Basta ver quantos golos apontou em toda a sua carreira: nunca foi um goleador. A chegada do Pablo Osvaldo faz-me lembrar a chegada do Pizzi ao Porto (o argentino) aqui há uns anos, lembram-se? O que é que ele veio cá fazer, o que é que acrescentou à equipa? Pois, nada. Saudações.

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