quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A força da marca FC Porto e o patrocínio

A BeIN Sports, uma das mais poderosas estações de transmissão de eventos desportivos, vai passar a transmitir os jogos da liga portuguesa em Espanha. Isso não significa, diretamente, que o FC Porto vá ganhar mais com receitas televisivas, mas sim que o futebol português bem pode agradecer ao FC Porto por continuar a expandir a sua imagem.

A BeIN Sports não estava interessada na liga portuguesa. Estava interessada no FC Porto, e logicamente nos seus jogadores espanhóis. Basta ler o comunicado oficial para perceber isso.
«Grandes futbolistas españoles también militan en la Primera División de Portugal como pueden ser Iker Casillas, Alberto Bueno, Adrián López, Cristian Tello, Iván Marcano, José Ángel o Diego Capel, además del técnico vasco del Porto, Julen Lopetegui.»
Para não resumir isto tudo ao FC Porto, a BeIN Sports lá meteu Capel ali pelo meio. Mesmo sabendo-se já que foi dispensado pelo Sporting. Logo, todo o interesse aqui resume-se ao FC Porto. E prosseguindo com o comunicado da BeIN Sports.
«De la Liga Portuguesa también surgieron jugadores de la talla internacional de Deco, Cristiano Ronaldo, Radamel Falcao, Pepe, Hulk o el nuevo delantero del Atlético de Madrid, Jackson Martínez.»
Ora então, tirando o jogador português mais mediático em todo o mundo (Cristiano Ronaldo), tudo o que é destacado são ex-jogadores do FC Porto. Não é a liga portuguesa que gera interesse. É o FC Porto.

A força da marca Casillas
Em Espanha, o mercado televisivo é de 1000 milhões de euros, após a centralização dos direitos televisivos (que vai acabar por ser uma realidade para o futebol português, leve o tempo que levar, e será uma salvação para muitos clubes, Benfica inclusive, que suspira pela centralização - Luís Filipe Vieira até assistiu à Supertaça na companhia de Joaquim Oliveira e sabe perfeitamente que a BTV não resistirá nestes moldes, pois enaltecer as receitas é muito bonito, mas quando metem os custos na balança... Fica o apontamento, que futuramente será recuperado).

Como o FC Porto tem contrato com a Olivedesportos até 2017-18, não encaixa diretamente dinheiro pelas transmissões internacionais, mas torna o futebol português mais apelativo e mais procurado. E isto pode perfeitamente reforçar o estatuto do FC Porto para aumentar a sua quota de receitas pelo mercado televisivo nacional em breve, assim que surgirem novas negociações (possivelmente, a centralização chegará primeiro que uma eventual renegociação com a Olivedesportos).

Com isto chegamos também à questão dos patrocínios. Ter Iker Casillas no plantel deu ao FC Porto uma visibilidade em termos de mercado que já se reflete, não só na compra da TVE de jogos de pré-época como agora pela BeIN Sports.

Por isso, agora podemos questionar: e se o FC Porto tivesse fechado logo o contrato com o patrocinador em maio? Pois é. Não poderia aproveitar os efeitos da contratação de Casillas, nem este impacto no mercado televisivo espanhol. Daí que nunca tenha mostrado grande preocupação com o facto da SAD não anunciar novidades face ao patrocinador. O tempo corre a favor do FC Porto, não o contrário.

Timing bem escolhido
O FC Porto não precisa, neste momento, do dinheiro do patrocínio. As receitas com patrocínio por norma nunca chegam a entrar nos cofres da SAD, pois já têm sempre destino para pagar créditos/empréstimos, como era exemplo a última tranche da PT. E depois de Casillas ter assinado pelo FC Porto, veio a público que os primeiros contactos para a contratação do guarda-redes sugiram ainda em maio. Era mais do que óbvio que o FC Porto só tinha a ganhar se esperasse, primeiro, para ver os efeitos que Casillas traria à sua marca.

Não foi nenhum patrocinador a trazer Casillas para o FC Porto. O FC Porto é que apostará em Casillas para chegar ao melhor acordo possível. Os timings têm sido geridos com uma boa estratégia. Mas claro, também teria que ser muito bem calculada a responsabilidade de adiar a decisão, sem ter garantias de que as futuras propostas seriam efetivamente melhores.

Em todo o caso, não é uma questão que retire o sono, pois o impacto do 3.º patrocinador é por norma bastante reduzido. Possivelmente estaríamos a falar de uma receita para cerca de 3 a 4% do orçamento para a nova época. Além disso, as receitas com patrocínios têm vindo a perder peso face ao impacto nas despesas. Se falamos de três ou quatro milhões de euros, é tudo uma questão de reduzir um pouco os custos com pessoal, os serviços e fornecimentos externos ou vender um ou dois excedentários. A receita é importante e útil, obviamente, mas não é nada que faça perder o sono. É, por exemplo, um ano de contrato com Maxi Pereira. E o FC Porto, neste tipo de investimentos, não podem ficar refém do dinheiro que não tem, pois isso já é explorado no limite com as receitas da UEFA, os fundos e as mais-valias com jogadores.

Seja qual for o timing, na questão dos patrocínios tudo se resume a isto: menos de 13M€ de receita (contando com todos os patrocínios) em 2014-15 será incompetência, pois além de cair para os valores mais baixos desde 2007 teria sido deitado a perder todo o impacto acima referido; e tudo o que chegue perto ou atinga os 15M€ já será um excelente negócio da SAD, pois nunca atingimos estes valores. Mas também nunca houve condições tão favoráveis para o fazer.

Uma aposta que falhou...
sem nunca ser testada
Opare rescindiu com o FC Porto. De louvar a decisão, pois se era para andar a saltar de empréstimo ou empréstimo, o melhor era rescindir já. Por outro lado, nem meia dúzia de trocos ofereciam por um polivalente lateral internacional? Fica-se por conhecer que prejuízo deu Opare (a SAD não especificou os encargos com a contratação e uma rescisão amigável, por norma, implica sempre uma indemnização ao jogador - a não ser que o Augsburg cubra o que estava a ganhar), jogador que nunca chegou a ter uma oportunidade e tinha uma dimensão mais do que razoável para o futebol português. Por outro lado, conforme aqui se previa, as rescisões de contratos vão ser cada vez mais frequentes, por força das restrições da FIFA no mercado de agentes. Menos um caso para resolver e há que seguir com atenção o caso Quiñones, pois este custou 2M€ para ser contratado e, considerando os salários, custou quase tanto como o último ano de PT. Para já, melhor sorte a Opare.

17 comentários:

  1. Sinceramente começo a ficar irritado com a demagogia que colocas nos teus posts quando falas da questão do patrocínio!
    Óbvio que há mais por onde se poupar mas num clube como o nosso, no qual o défice de exploração é enorme, todos os cêntimos contam.
    Um gajo que pesa 80kg e o seu peso normal seja 60Kg acho que prefere perder os 20Kg do que perder 16Kg. Numa empresa pode ser a diferença em 2M€ de prejuízo ou 2M€ de lucro.
    Abraço

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    1. Normal. Também há quem fique «irritado», para utilizar a expressão, quando o FC Porto gasta 2M€ num jogador do qual depois não tira proveitos.

      Numa empresa, um «Quinõnes» pode ser a diferença em 2M€ de prejuízo ou 2M€ de lucro.

      Abraço

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    2. Concordo perfeitamente com isso. Mas porque é que não resolvemos duas questões dessas em vez de apenas uma?
      O que te estou a tentar transmitir é que a questão não é assim tão irrelevante dado o elevado défice de exploração. Não se trata de passar de prejuízo para lucro. Trata-se de usar todos os meios possíveis para reduzir o elevado prejuízo com que começados todos os anos e que só conseguimos resolver com vendas de jogadores.

      E, portanto, continuamos sem nenhum fechado?

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    3. Já tem a sua resposta, anónimo.
      http://www.ojogo.pt/Futebol/1a_liga/Porto/interior.aspx?content_id=4953995

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  2. Já me deram oportunidade de comentar, noutro espaço e reafirmo o que escrevi: penso que iremos fazer um excelente negócio com o putativo sponser, fruto da estratégia seguida. Esperemos.

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  3. Mas alguém mesmo no seu perfeito juízo pensa que a história patrocínio é vital para a nossa equipa? Claro que está a ser resolvido deixem os administradores trabalhar e deixem de ser administradores! O que importa é se o nosso clube tem condições para trabalhar.
    Para sermos campeões o FCP não precisa de uma marca as marcas sim precisam de equipas como FCP.

    Abraço e continuação de bom trabalho informativo.

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  4. O Opare portanto serviu apenas para alguém sacar umas comissões?? Como é que se admite que um jogador internacional contratado a custo zero e que supostamente teria mercado na Turquia não seja ao menos vendido por algum valor? 500k pra cima? A custo zero é no mínimo ridículo.

    A questão dos patrocínios independente do que aconteça parece-me amadorismo. Dizem os de Carnide que afinal eram uns senhores chineses que roeram a corda à última da hora e que por isso não foram apresentados no jogo de apresentação. Confirmam??

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  5. Esta noticia oculta uma importante realidade. Os jogos da liga portuguesa já eram transmitidos em Espanha há cinco anos num pack oferecido pela GOLTV, a plataforma de futebol pago rival do Canal+, e portanto os jogos do FC Porto já podiam ser vistos pelos espanhois até agora. A diferença reside, principalmente, em que a maioria davam em diferido porque à mesma hora a GTV preferia os directos da liga espanhola, italiana ou inglesa aos jogos da liga portuguesa. Mas não é nenhuma novidade. A BEIN limitou-se a seguir o que a GTV fazia depois de a ter adquirido que é ter comprado todos os packs que a GTV já oferecia aos seus telespectadores.

    É uma decisão que em nada tem a ver com o impacto Casillas (alias, o FCP ja foi o clube mais visto na TVE no ano passado em aberto na Champions League, o único fora dos espanhois). Agora pode ser que um Porto-Boavista passe antes em directo que um Roma-Lazio, mas nada diferencial.

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  6. Não vejo demagogia em lado nenhum mas enfim...

    Partilho a opinião do TdD quanto a esta questão. O emagrecimento do plantel e a resolucao definitiva de alguns casos de excedentários têm um impacto muito mais significativo que a questão sponsor.

    Caballero no Liechtenstein a meu ver continua a ser o flop do ano e evitar o mercado com Rolando para mim está descartado por me parecer um caso bem mais toxico que Varela... E até porque tenho confiança nos centrais que já cá temos. Maicon, Indi e Marcano. Todos bons e experientes valores a juntar a um Lichnovsky que tem de começar a ser integrado quanto antes devido ao talento que possui. A ver vamos o que dá o empréstimo de Reyes e o futuro parece relativamente assegurado.

    Um desejo pessoal meu seria um central português da 1a liga na linha de João Afonso ou Josué mas isso já são outras conversas.

    Quer o Porto tenha de facto esperado pelo efeito Casillas para negociar ou pura e simplesmente ainda não tenha arranjado alguém interessado pelos valores que pretende a situação não põe em causa a competência da gestão. Não há assim tantas Emirates no mundo e se as há vão investir com o maior retorno em vista logo seguem directas para a Luz. É a realidade. Vamos dar tempo ao tempo para ver o que a SAD, a mesma que nos colocou um plantel muito interessante no relvado do dragão este ano, nos reserva.

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  7. O Porto não precisa do dinheiro do patrocínio? a sério?, porque ele nem entrava nos cofres ia logo para pagar créditos e empréstimos?.... então e agora não temos de pagar créditos e empréstimos na mesma? e se o dinheiro não vier dos patrocínios não tem que vir de algum lado na mesma?

    Era mais que evidente que tínhamos que esperar pelo efeito Casilhas e por isso não assinamos o patrocinador em Maio?, mas em Maio alguém sonhava que em Agosto estaria cá o Casillas?

    A verdade é que o campeonato vai começar sem Patrocinio, e isso não é porque estamos à espera do efeito Casillas, é porque não apareceu patrocinador nenhum que pagasse sequer perto do que pagava a PT ... o resto são tretas.

    Jorge Soares

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  8. Caballero joga no FC Vaduz do Lichtenstein mas este clube atua na 1º Liga da Suiça.
    Hoje empataram 3-3 com o Grasshoppers (Caballero não jogou).
    O clube representa o Liecchtenstein na Liga Europa porque é o vencedor da taça desse principado.

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  9. são esses os valores de patrocínio por época? no orçamento anual isso são "pinners". por mim prescindia e púnhamos lá a UNICEF como o Barça.

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  10. Se não tivermos patrocínio mas não andarmos a comprar jogadores que nunca vão dar em nada e andam de empréstimo em empréstimo...acho muito bem.

    Manel

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  11. bom post, pertinente, mas o que verdadeiramente interessa e' amanha e domingo, em que ponto esta a nossa equipa e em que ponto esta o andor...
    penso que na 2a feira ja dara pra ter uma boa ideia do que ai vem....

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  12. É a primeira vez que vejo este blog que me surgiu á frente através do Facebook. No entanto, já que vi aproveito para dizer que concordo em grande parte com tudo o que disse. Relativamente ao patrocínio, pelo que sei de fonte, não vou dizer segura, mas muito bem informada, é que no dia de hoje, 14 de Agosto de 2015 o FCP tem um patrocinador oficial desde final de Maio. Esse patrocinador não é um grande segredo: trata--se da SAMSUNG e a mesma pode ser vista com grande aparato na apresentação da equipa com o Nápoles a passar quase de 5 em 5 minutos nos ecrãs de publicidade. A razão para não ter sido oficialmente apresentado, é o facto da SAMSUNG pretender patrocinar o naming do Estádio para além das camisolas. Esta pretensão esbarra em 2 problemas: 1) não está sozinha na corrida, porque a FOSUN, grupo chinês de investimento também está interessada; 2) Porque o Pinto da Costa disse mais que uma vez, que enquanto fosse Presidente do FCP não admitia a alteração do nome do Estádio do Dragão.
    Pelo patrocínio nas camisolas, fala-se em valores a rondar os 4M € por época (pouco acima do valor pago pela New Balance) e quanto ao estádio a proposta de que tive conhecimento falava em 80M € por 20 anos, o que faz um valor anual de 4M € também, portanto, um valor de cerca de 11.5 M€ por época em patrocínios, apenas contando com NB e SAMSUNG e excluindo todos os restantes.
    Por isso, na SAD não se anda a dormir na questão do patrocínio: anda-se á procura de garantir o melhor negócio e o melhor parceiro. E posso adiantar, que nem a Doyen nem o BMG estão a dormir neste processo, seja para agora ou para o futuro.

    Cumprimentos

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  13. Por um lado o não termos patrocínio pode ser benéfico, porque agora estamos em condições de ter um melhor contrato.

    A parte de misturar poupanças em gastos desnecessários para justificar a pouca importância do patrocínio, ou que ele nem entrava nas contas, não tem lógica. Uma boa gestão familiar/empresa, poupa sempre ao máximo em gastos desnecessários, e não fica a espera que um receita deixe de existir para fazer a poupança. A parte do dinheiro nem entrar nos cofres, se não for o patrocínio a pagar essas despesas, o dinheiro terá que sair doutro lado, ou deixamos de pagar essas dividas?
    Se o artigo fosse tal como está na parte da oportunidade, e na parte que justifica que o patrocínio não é vital se limitasse a justificá-lo com os 3% que representam no orçamento, seria perfeito.

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  14. Eu só posso dizer muito obrigado a BeIn Sports e ao Casillas (e também ao Herrera) porque ontem a ESPN 2 no México transmitiu o jogo do Dragao em directo e foi a melhor maneira de comecar o meu sábado. Só por isso já valeu a pena. Agora suponho que vou ter que levar com um ou outro jogo do Benfica, mas pronto se der para ver um par de jogos por mes já fico contente.

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