Na época passada, o FC Porto levava 21 pontos em 30 possíveis, era 3º classificado, estava já a 5 pontos da liderança e tinha 19 golos marcados.
Esta época, depois da vitória no Bessa, o FC Porto chegou aos 28 pontos em 30 possíveis, é líder isolado e Aboubakar, Marega e Brahimi, sozinhos, já marcaram 20 golos só no Campeonato, onde o FC Porto revela a maior produtividade ofensiva desde a longínqua época de 1955/56.
Tendo em conta que Aboubakar e Marega, por razões distintas, tinham sido dispensados na época passada e Brahimi era suplente há um ano, o contexto atual mostra que qualquer paralelismo com o passado é um atestado de qualidade e de rendimento no presente. Sim, três jogadores que há um ano não contavam já levam mais golos do que toda a equipa na época passada. Mérito do seu próprio esforço e, também, de Sérgio Conceição na sua recuperação.
Brahimi: há um ano levava apenas um jogo a titular até à 10ª jornada |
No Bessa não houve uma grande exibição, mas houve uma grande vitória, com assinatura dos três africanos que simplificaram aquilo que poderia ter sido - aliás, que foi - um triunfo suado e saboroso, como mandam as regras dos dérbis. Seguem-se três jogos consecutivos no Dragão, essenciais vencer por diferentes motivos.
Aparecer para resolver (+) - Aboubakar e Marega estiveram muito longe de fazer os melhores jogos pelo FC Porto. Passaram quase todo o jogo longe da bola, falharam vários passes, ganharam poucas situações de 1x1 e foram raros os lances em que conseguiram atacar o espaço. Estiveram perdidos entre o facto de a bola não lhes chegar e de não conseguirem ir buscá-la lá atrás. E no meio de uma exibição em que mostraram pouco, acabaram por... resolver. Primeiro Aboubakar, ao desenhar e concluir a jogada do 1x0, mostrando mais ideias em poucos segundos do que toda a equipa nos primeiros 45 minutos; depois Marega, bem servido por Herrera, a transformar uma bicada na bola num remate perfeito em arco, matando o jogo. Num jogo em que fizeram pouco, os dois avançados fazem dois golos e resolvem o jogo. Pouco talvez não seja a melhor palavra.
Outros destaques (+) - Exibição particularmente sólida de Ricardo Pereira, muito bem defensivamente, num jogo em que teve muito menos liberdade do que Alex Telles para atacar. Não conseguiu ir nenhuma vez ao último terço, quer para cruzar, quer para tentar o movimento interior, mas tudo o que tinha que fazer no seu meio-campo fez bem. Herrera, entre uma ou duas más decisões (particularmente a falta para cartão e a má finalização antes do 2x0), foi subindo de rendimento ao longo da partida, fez uma assistência e justificou a titularidade. Palavra, também, para o rendimento particularmente bom da equipa no jogo aéreo (apenas uma perda de bola comprometedora, por Felipe) e para a grande quantidade de bola dividas ganhas na raça na segunda parte.
Um pormenor (-) - Sim, um mero pormenor. Mas já toda a gente sabe que nos pontapés de saída o FC Porto bate a bola longa para Marega, do lado direito do ataque, para tentar ganhar de cabeça e devolver para a zona central. Talvez não seja a melhor ideia experimentar isto contra uma equipa com defesas matulões na Champions. Tipo, por exemplo, o Leipzig. É que a bolinha é preciosa e não convém deixá-la à mercê adversário à primeira oportunidade. Saídas alternativas precisam-se. E sim, quando há um Machado meramente dedicado ao pontapé de saída, é sinal que o resto está a correr mais do que bem.