Sexta vitória consecutiva, terceira na Champions e um ponto a separar o FC Porto do objetivo. Ganhar os dois jogos, com sete golos marcados, à equipa do Pote 1 do grupo não só é inédito como significa um passo de gigante para os dragões na competição, com a capacidade de saber encontrar a eficácia nos momentos-chave mesmo entre períodos em que a qualidade não se consegue revelar tanto quanto gostaríamos - ou não estivéssemos nós a falar da Liga dos Campeões.
Certo é que os últimos jogos revelaram um salto qualitativo na equipa, que encontrou novas soluções para chegar ao golo nos palcos europeus e já não depende tanto das bolas paradas para fazer a sua escalada na Champions. Como Sérgio Conceição relembrou (e bem), o FC Porto perdeu Aboubakar, que na época passada fez cinco golos na Champions. O próprio Brahimi, porventura o mais virtuoso jogador do plantel para as noites europeias, resume até à data a sua participação na Champions a uma modesta assistência. Mas tal não impede o FC Porto de ter tantos golos marcados como Lokomotiv, Schalke e Galatasaray até ao momento.
Num grupo que se podia revelar muito perigoso e traiçoeiro, o FC Porto tem-se distinguido com todo o mérito e está muito perto de atingir todas as metas desportivas e financeiras nesta competição. Mérito total para Sérgio Conceição e o seu grupo de trabalho, naquela que tem sido uma ótima Champions: pontuar fora de casa, ganhar em casa, marcar em todos os jogos. Melhor e mais não se pode pedir.
Héctor Herrera (+) - Voltou à titularidade, marcou e deu a marcar e já é o 4º médio com mais golos na história do FC Porto na Champions (só atrás de uns tais de Deco, Lucho e Zahovic). O FC Porto evoluiu imenso na sua capacidade de ter bola na Champions, mas o perfil box-to-box de Herrera continua a ser importantíssimo nos grandes jogos, quer na recuperação e pressão sobre os adversários, quer na ocupação de espaços.
Marega (+) - Um momento importantíssimo para o maliano, que se estreou a marcar em jogos grandes à margem de bolas paradas. Não que marcar de grande penalidade (sobretudo tendo em conta o historial recente do FC Porto na marca dos 11 metros) ou na sequência de um canto seja menos importante, mas era uma barreira que separava Marega da eficiência nos grandes jogos. Ainda assim, o melhor momento de Marega na partida nasceu logo ao minuto 2, com uma leitura perfeita na jogada do 1x0 (bem também Maxi), ao criar o espaço entre 3 jogadores do Lokomotiv antes de servir de Herrera. É também um lance que marca o distanciamento do papel dominante de Marega na época passada: desta vez é o maliano a trabalhar para a equipa, em vez de ser a equipa a despejar bolas no avançado. Evolução, de parte a parte.
Fortes nas alturas (+) - Pode parecer um destaque atípico tendo em conta a forma como o Lokomotiv fez o seu golo (já lá vamos), mas Felipe, Militão, Danilo e companhia já merecem este destaque: o FC Porto é a equipa da Champions que mais duelos aéreos vence por jogo, com uma média de 21 por partida, tantos quanto a Roma. Tendo em conta que clubes como o Man. United, o Real Madrid, o PSG ou o Barcelona não chegam aos 13 duelos ganhos por jogo (o que pode não deixar de indiciar mais bolinha pelo chão e menos pelo ar...), é bom ver o FC Porto impor-se nas alturas e ganhar mais bolas do que qualquer adversário.
Soluções (+) - Tanto Corona como Otávio são aquele tipo de jogadores que sabemos que têm muito talento, que podem resolver um jogo numa jogada, mas que também muitas vezes adormecem e alheiam-se do jogo e do seu melhor potencial. Mas o mexicano e o brasileiro voltaram a ter interferência direta no marcador e cada um já teve intervenção direta em sete golos esta época. Mesmo que o melhor 11 não contemple, para já, nenhum deles, ter armas prontas a entrar na equipa que têm golo é algo que faltava na época passada e que não foi adicionado ao plantel numa ida ao mercado. A única esperança era, por isso, que Corona e Otávio acordassem, e os sinais têm sido finalmente animadores.
Modernices (-) - É uma crítica antiga neste espaço, que transcende o FC Porto ou Sérgio Conceição. No futebol moderno, os treinadores desistiram de colocar jogadores a cobrir os postes nos pontapés de canto, em detrimento de poderem povoar mais a grande área, dividindo-se entre marcação à zona e marcação homem a homem. Mas neste caso, o povoamento da grande área não impediu um jogador de 1,78m de cabecear sem grande oposição para o golo. Nem ninguém para evitar o cabeceamento, nem ninguém a cobrir o poste. Para refletir.