segunda-feira, 16 de abril de 2018

Primeiro Alvalade, depois o Vit. Setúbal

O clássico continua na próxima segunda-feira, às 20.00, no Estádio do Dragão, frente ao Vitória de Setúbal. Porque nada do que se conquistou ontem à noite na Luz terá valor se o FC Porto não der continuidade a esse resultado já na próxima ronda, frente a um adversário que na temporada passada empatou na Invicta. 

A margem de erro é diminuta e o FC Porto sabe que, vencendo o Vitória de Setúbal e o Marítimo, pode muito bem sentenciar o título na 33ª ronda. Para já, no entanto, nada é mais fulcral e difícil do que bater o Vitória de Setúbal. Isto no que ao Campeonato diz respeito, pois já na quarta-feira há uma final duríssima em Alvalade, frente ao Sporting, contra um adversário que vai ter que atacar desde o primeiro minuto e que, desde novembro, venceu todos os jogos das provas nacionais em casa e sempre sem sofrer golos.

Foi de uma justiça poética que Herrera, a quem foi anulado o legítimo golo da vitória na primeira volta, tenha sido autor do golo que decidiu agora o jogo na Luz. Mas foi difícil, muito difícil. Benfica melhor na primeira parte, FC Porto muito melhor na segunda. Jogo decidido num detalhe, na terceira vez na história do FC Porto em que o golo da vitória frente ao Benfica apareceu ao 90 minutos ou na compensação. Também foi assim com Bruno Moraes e Kelvin, em épocas em que o FC Porto foi campeão por um ponto. Por um ponto se ganha, por um se perde. Daí que nada importe mais, neste momento, do que o Vit. Setúbal.





Ricardo Pereira (+) - Entrou algo nervoso, o que o levou a cometer alguns lapsos defensivos, mas rapidamente se desinibiu e partiu para uma exibição que fez dele o melhor em campo ao longo dos 90 minutos. Cansou só de o ver correr por todo o campo, ora junto ao corredor, ora nos movimentos interiores. Foi responsável por quatro das cinco ocasiões de golo que o FC Porto criou na Luz, duas delas nas quais serviu de bandeja Marega na grande área, além de ter estado perto do golo num remate desviado pelo maliano. 

Foi o jogador em campo com mais ações com bola, 91 no total (o segundo melhor do FC Porto, Alex Telles, teve apenas 62), tendo-se ainda destacado na forma prática como defendeu (10 alívios, 10 bloqueios de passes/cruzamentos/remates). Uma exibição completa, na qual foi ainda o atleta com mais duelos ganhos (14). Fernando Santos estava a ver e só resta mesmo perguntar: como é que este rapaz nunca fez um jogo oficial (não particular, oficial) por Portugal?

Centrais (+) - Não foi o melhor jogo da dupla Marcano-Felipe, mas na visita ao melhor ataque da Liga dificilmente se poderia pedir mais. Marcano e Felipe secaram por completo Raúl Jiménez, estiveram quase sempre bem posicionados defensivamente e, contra uma equipa especialista em arrancar faltas, cada um deles cometeu apenas uma falta em 90 minutos. Jogaram muito mais adiantados no terreno do que, por exemplo, a dupla do Benfica, algo que contribuiu e muito para a subida de rendimento na segunda parte.

Iker Casillas (+) - Se Pizzi aproveitasse aquela oportunidade, quiçá estaríamos, neste momento, preocupados com o Sporting e com o 3º lugar. Iker Casillas apareceu quando foi necessário, com uma intervenção decisiva, e continua sem saber o que é perder com o Benfica ao serviço do FC Porto. Talismã.

Héctor Herrera (+) - Porquê sempre ele? Por exibições assim. Num meio-campo no qual as fivelinhas Otávio e Sérgio Oliveira, sobretudo na primeira parte, sentiram muitas dificuldades, Herrera teve que trabalhar por dois. E não havia Danilo. Foi uma exibição de trabalho do mexicano, que foi quem mais faltas sofreu (6), quem mais passes completou (38), teve 13 ações defensivas e foi o médio com mais duelos ganhos (10). E olhem, resolveu um clássico que inverteu a classificação do Campeonato no minuto 90, a jogar em casa do maior rival. Sérgio Conceição admitiu, um dia, a dúvida: «Um mexicano a capitão do FC Porto?». E não, um mexicano não: mas um jogador à Porto sim. Como Héctor. E obrigadinho por dar uma folga ao TdD por, segundo tantos, defender em demasia Herrera. Hoje lhe têm a agradecer a liderança e um travão ao penta do Benfica.






Primeira parte (-) - Divididos entre o receio e números de circo, foram 45 minutos de fazer arrancar os cabelos. Otávio incapaz de apertar Fejsa e de receber no miolo. Brahimi sempre a pegar na bola demasiado longe e a querer fintar em zona proibida. Soares com mais faltas cometidas do que remates ou jogadas de perigo. Marega novamente a aparecer no sítio certo, mas para falhar as melhores oportunidades. Sérgio Oliveira bem a ganhar no primeiro metro, mas depois a deixar-se entalar entre os jogadores adversários. E gritos, muitos gritos de Sérgio Conceição, que sabia que a coisa não estava a funcionar.

A primeira parte revelou uma vez mais uma equipa com muitas dificuldades em construir. O pouco que a equipa fez nasceu das investidas de Ricardo. Jogadores demasiado distantes uns dos outros, dificuldades em segurar a bola no ataque, bolas em profundidade que não resultavam em nada e imensas dificuldades em progredir em apoio. A segunda parte mudou e, embora o golo de Herrera tenha nascido de um ressalto e se desvie de toda a lógica de um plano tático, há dois detalhes que não se podem desvalorizar: é Óliver quem ganha metros com bola e «puxa» Brahimi, que vai finalmente recolher a bola no espaço interior e, rapidamente, tenta a tabela com Marega. A sorte também se procura, e esta acabou por ser merecida.


Já dissemos que é preciso ganhar ao Vit. Setúbal? Pronto. Mas primeiro vem aí mais um clássico. Duas festas em quatro dias na Luz e em Alvalade seria inédito na história do FC Porto e deixaria a equipa com uma mão na Taça de Portugal. Há semanas piores.  

Um pormenor: Herrera preferiu mostrar o símbolo na frente do que o nome nas costas

8 comentários:

  1. Estive , como sempre lá ontem, e mais uma vez o vosso clube soube superiorizar-se. Parabéns têm o caminha aberto para o titulo e merecem-no pelo que fizeram toda a época, mais consistentes. O meu clube infelizmente só a espaços mostrou que podia lá chegar. Do jogo de ontem primeira parte equilibrada mas mais Benfica segunda o porto foi para cima de nós e o RV borrou-se todo, não soube responder na mesma moeda e deu mensagem de merda para dentro e fora do campo, e quem se lixa é o adepto que sofre com o seu clube. Cumprimentos de um benfiquista desiludido

    ResponderEliminar
  2. Excelente análise e continuação de um bom trabalho.

    ResponderEliminar
  3. ganhamos!!!!! custa me ver que sergio oliveira nunca sera um jogador acima da media, que otavio nao consegue explodir, que a nossa tatica continua ambigua e que sem marega nao ganhamos quase nada. Precisamos e um central mesmo bom, de 2 jogadores de meio campo fortes, rapidos e de qualidade tecnica e de outro tipo de rompedores. Corona nao passa daquilo, hernani e bom rapaz, andre2 idem, so temos um avançado com classe tecnica - paciencia mas SC nao o poe a jogar - tendo em campo marega o melhor avançado para o completar seria paciencia.

    ResponderEliminar
  4. Para que não hajam dúvidas, costumo dizer: qualquer portista pode amar o FC Porto, quanto eu, mas de certeza que o não ama mais.
    Sou sócio há 45 anos, tive a honra e o privilégio de ver jogar grandes jogadores do FC Porto, de enorme qualidade. Porque respeito muito a minha memória, sei, muito bem, distinguir os factos e as situações.
    Eu estou aqui, hoje, porque eu, escrevo e opino, muito, antes dos acontecimentos.
    Nem todos têm essa coragem.
    É óbvio que fiquei extremamente contente com a vitória, em que não acreditava, sinceramente, pois SC transformou o futebol da equipa profundamente dependente da velocidade e do vigor de Marega, que para além das suas graves limitações técnicas, tem a virtude de provocar pavor nos adversários (técnicos e defesas). Eu nunca julguei que Marega pudesse estar em perfeitas condições, para o jogo “do ano”.
    Exultei com a vitória porque, para além de desejar vencer o campeonato, como é óbvio, tinha como ambição máxima, para esta época, preservar o nosso estatuto de ÚNICO PENTA de Portugal, nem que, para isso, tivesse que desejar o Sporting como campeão, como uma alternativa menor, mas muito válida, em caso de urgência suprema.
    Não tenho problemas em agradecer ao Herrera aquele golo, aquele momento certo, como, todos nós, já tinhamos ficado eternamente gratos ao Kelvin por aquele minuto 90+2, em 2013.
    Herrera, ontem, mais não fez do que pagar, um pouco, o empate concedido ao Benfica na época passada, no Dragão e que foi determinante para o tetra dos "toupeiras".
    É óbvio que, tirando essa felicidade, do minuto noventa, Herrera não foi melhor nem pior do que os outros, excepção à segunda parte de Sérgio Oliveira, que fracassou (fisicamente?), contribuindo para alguns sustos e alguns amarelos perigosos.
    O golo de Herrera, deu-nos a vitória, mas para chegarmos a esse momento, houve três jogadores que foram mais determinantes do que todos os outros, merecendo, na minha opinião, sem qualquer espécie de contra-argumentação, a minha eleição para o “podium”:
    - 3º lugar: Marcano, pela sua serenidade e presença, sempre, no sítio certo.
    - 2º lugar: Ricardo, porque foi um senhor a destruir a ofensiva adversária, um dinamizador das saídas rápidas e um dinamitador das energias adversárias.
    - 1º lugar: Casillhas, porque esteve sereno, mas imperial, porque fez uma exibição imaculada e porque não foi um figurante do jogo, antes pelo contrário, foi obrigado a manter, com dificuldade elevada, a nossa baliza inviolável, o que conseguiu concretizar várias vezes.
    Por tudo o que fez, foi muito bem feito e porque não cometeu nenhuma falha, foi, para mim, sem dúvida, o melhor jogador em campo.
    Tenho que reconhecer que Herrera, esta época, fruto de um futebol de equipa mais directo e com Marega a diminuir, drasticamente, a pressão adversária no nosso meio campo, se sente mais à vontade e não é tão nefasto à qualidade de jogo, como o foi nas quatro épocas anteriores.
    Sem Marega ou num futebol apoiado, de primeiro toque em espaços reduzidos, Herrera é um jogador com enormes dificuldades.
    Como sou um fã incondicional do futebol apoiado e envolvente, de primeiro toque, de defesa muito subida e de redução dos espaços, onde só os tecnicistas sobressaem, é claro, para mim, que Herrera nunca terá lugar no meu onze ideal.
    Eu, pelo menos, consegui entender que com a entrada do Óliver a qualidade de pressão e de jogo, da equipa, sobre a área adversária, melhorou muito. Óliver é o mais rápido a pensar e a executar, quando o espaço está minado de adversários e, esse factor, é primordial, na qualidade de construção colectiva.

    Mas hoje, é dia de celebrar a vitória do bem sobre o mal.
    Conseguimos, no relvado da Luz, catedral dos emails, impedir que as toupeiras conseguissem por a cabeça fora da relva.
    Sem toupeiras, os padres não conseguiram concelebrar as missas.
    Viva o FC Porto.

    ResponderEliminar
  5. Agora que o mais difícil está feito NÃO PODEMOS FALHAR MAIS!!!
    Temos 4 finais para serem levadas não a 100% mas a 1000%... a começar já de hoje a oito dias frente ao Setúbal que deve vir ao Dragão fazer o mesmo jogo que fez no ano passado. Por isso já temos de sobreaviso o jogo feito por eles no passado por isso é cair em cima deles logo de início e depois de marcarmos o primeiro, ir logo à busca do segundo e assim sucessivamente para evitar assim que eles possam tirar algo do jogo. E bem sabemos que virão muito bem motivados....(factor jogo da mala....)
    Temos agora todas as condições para não falharmos, dependemos de nós, por isso força equipa, para cima deles, vamos encher o Dragão na segunda de forma a criarmos um ambiente espetacular para os jogadores sentirem-se confiantes na obtenção da vitória!!!

    FORÇA PORTOOO!!!
    #nosqueremosoportocampeao

    ResponderEliminar
  6. É óbvio que Marega dá outra acutilância ao ataque mesmo quando não marca. Jogador único em capacidade física, explosão, empenho a atacar e a defender, garra e atitude, aterroriza as defesas adversárias. Aquele que,só quem andava desatento, julgou tratar-se de um "tosco". O SC, não definitivamente e ainda bem. É bom que o descansem no jogo da taça à cautela para os jogos da liga.
    Hector Herrera não é nem nunca foi patinho feio. Apenas porque vai a todas a atacar, a organizar e também a defender, cobrindo algumas incapacidades por vezes neste setor, acaba por se desgastar demasiado, propiciando assim alguns erros que foram notórios no passado recente, mas que a meu ver se devem mais ao que referi e também a alguma algo inadequada compreensão dos verdadeiros atributos e funções do jogador, pelos anteriores treinadores. Atributos e funções que, Não Deveriam Ser fundamentalmente de cariz defensivo, o que o prejudica e à equipa, retirando-lhe a capacidade de jogar mais `frente onde de facto é jogador Top.
    Claro que com a ausência de Danilo ele têm que somar funções nesta área, o que se compreende por a equipa não ter mais nenhum médio com as caraterísticas de Danilo.
    Sobre PC, confesso que cada vez gosto menos das suas intervenções, cavalgando nitidamente a onda, sempre após as vitórias e nunca quando nos achincalham e nos roubam à descarada. Seria bem melhor o recato de PC nestas horas e deixar os festejos e as entrevistas para aqueles que, apesar dos roubos, dos desfalques e da incapacidade de se dar mais provimento humano e material por quem de direito, têm sido os heróis, competentes e capazes de ultrapassar tais obstáculos e armadilhas.

    ResponderEliminar
  7. Que gozo me deu ver o jogo pirateado na btv.

    Que gozo me deu ser o Herrera a marcar o golo, na altura que foi. Que bem lhe ficou mostrar a camisola de frente, bela atitude que aos meus olhos o redime do canto do ano passado no dragao, por ex..

    Dei-me ao trabalho de reler o post de novembro acerca do hector, e o que acho dele como jogador mantém-se: prefiro mil vezes um Oliver que mete a bola onde quer, rapidamente, sem pensar muito, do que o mexicano, lutador e certinho e muito bom na estatística, mas que no jogo jogado por veZes tem paragens cerebrais e emperra o jogo.. Temos que ser coerentes e nao endeusar o capitão por este golo, e esquecer todas as pechas ao nível de passe, de posicionamento, de fluidez de jogo.. Mas também nao devíamos te-lo crucificado tantas veZes quiçá, e bem que ele fez por se redimir. O meu apreço e gratidão ao patinho feio, que pode ter marcado um golpe de titulo, mas isto tudo para concluir que o golo surgiu curiosamente (ou nao) quando já estavam os dois em campo, tendo alias Oliver papel determinante no golo como bem observou o autor. Pena nao terem sido compatíveis mais veZes ao longo do ano..

    Viva o Porto, este ano tinha mesmo que ser nosso. E há-de ser.
    Parabéns renovados ao blog, parabéns ao Iker, ao hector, ao marega, a nós.

    EP

    ResponderEliminar
  8. Porto eliminado da taça. Mais um Jesualdo Ferreira que não consegue ganhar uma taça ao circo do Lumiar Já é vergonhoso o Porto não ganhar em Alvalade Há quase uma década. Já chega

    ResponderEliminar

De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.