domingo, 4 de fevereiro de 2018

Expresso Telles dá-te asas

«Os 45 minutos que faltam disputar frente ao Estoril eram uma oportunidade para reforçar a liderança da Liga. Agora são a oportunidade para recuperá-la. Basta uma jornada para tudo mudar novamente. Para o bem ou para o mal

O post anterior d'O Tribunal do Dragão terminava desta forma. E aí está: bastou uma jornada para tudo mudar novamente, agora para o bem. Se na jornada anterior o FC Porto perdeu 2 pontos em relação ao Sporting, agora ganhou 3 e recuperou a liderança isolada do Campeonato, sabendo que se vencer o Estoril pode ganhar uma vantagem de 5 pontos sobre os rivais. A derrota do Sporting não deixa de ser um aviso para o quão difíceis serão os 45 minutos frente ao Estoril, mas o FC Porto, em termos pontuais, está melhor do que estava antes de defrontar o Moreirense. Quem diria?


Três cruzamentos de Alex Telles, três cabeçadas, três pontos. A mesma fórmula funcionou três vezes e foi o suficiente para assinar uma vitória difícil mas merecida, apesar das condicionantes provocadas pelas ausências de Marcano e Danilo, o desgaste físico em vários jogadores-chave e o ciclo complicado que se antevê no calendário. 

O SC Braga foi ao Dragão rematar muito mais vezes do que é normal (14 - como termo de comparação, note-se que o Benfica rematou 7 vezes quando foi à Invicta, e o Sporting, na totalidade dos 2 clássicos já disputados esta época, também disparou apenas 7 vezes), José Sá teve o dobro do trabalho que tem sido hábito, mas o FC Porto soube ser superior e inteligente frente ao SC Braga. 





Alex Telles (+) - Vamos uma rodada de números para se perceber a influência que o lateral-esquerdo tem no FC Porto. Alex Telles é, neste momento, o 5º jogador com mais passes para finalização das Ligas europeias, com 64, só atrás de De Bruyne (78), Özil (70), Fàbregas e Payet (67). Mas claro, aqui estamos a falar de médio ofensivos. Considerando apenas os laterais, a diferença é abismal na Europa: os mais próximos de Alex são Kolarov (53) e Kimmich (42), que também podem jogar no meio-campo, ao contrário do lateral do FC Porto. 

É claro que o facto de Alex Telles bater as bolas paradas ajuda-o nesta estatística (tal como ajudou Layún a ser o maior assistente da Europa em 2015-16), mas a verdade é que o brasileiro também se encontra entre os 8 maiores assistentes das Ligas Europeias, com 9 passes para golo, a par de Messi e Pogba e a apenas dois passes decisivos de Neymar e De Bruyne (11 cada). 

Se aliarmos tudo isto à competência defensiva de Alex Telles e à incansável forma como percorre o corredor durante os 90 minutos, conclui-se que estamos perante um lateral de calibre europeu e que dá continuidade à linhagem de grandes laterais-esquerdos no FC Porto, muito bem secundado pelo sempre competente Ricardo Pereira no flanco oposto.


José Sá (+) - Desde que assumiu a titularidade no FC Porto, José Sá vem tendo uma vida relativamente tranquila nas balizas do Campeonato, praticamente exposto à média de apenas uma defesa por jornada. Claro que há outras variáveis a ter em conta, como as saídas a cruzamentos e a reposição da bola em jogo, mas José Sá tem sido sempre um guarda-redes com relativo pouco trabalho (tem um total de 16 defesas, 8 delas a remates de fora da grande área). Certo é que ontem fez duas excelentes defesas, que ajudaram o FC Porto a manter-se na frente em momentos importantes. Ter pouco trabalho, mas dizer «presente» no pouco que tiver: nunca se pedirá muito mais a um guarda-redes.

Sérgio Oliveira (+) - Pela primeira vez desde a vitória no Mónaco, o FC Porto venceu com Sérgio Oliveira no 11, e com o médio a fazer uma das suas melhores exibições com esta camisola. Dividiu as despesas do meio-campo com Herrera e foi o jogador mais influente na bola corrida, com 72 ações com bola e uma interessante média de 23 duelos disputados (14 ganhos), mais do que é hábito no meio-campo do FC Porto. Falhou alguns passes (78% de acerto), mas fez dois passes para finalização, acertou todos os dribles que tentou (4/4), teve 9 ações defensivas e conseguiu um golo, tornando a sua exibição no equilíbrio perfeito - bem na recuperação, mas também a fazer a diferença no ataque. Provavelmente ganhou a titularidade para o próximo jogo. 




Escolha facilitada (-) - Ainda no jogo passado se questionava como é possível Marega fazer sucessivamente os 90 minutos (e já lá iremos outra vez), mas admitindo que as alternativas para a asa direita - Hernâni e Corona - quase ajudavam a compreender e aceitar essa opção. E voltou a ser o caso com o extremo mexicano. Se há plantel em que Jesús Corona deveria conquistar a titularidade no FC Porto, era este. E não será muito audaz dizê-lo: se é não é titular consistentemente este ano, então provavelmente nunca o será. E assim torna-se bem mais difícil para Sérgio Conceição escolher. Ou então mais fácil, pois Corona não ganha o lugar num plantel em que os seus concorrentes faziam parte da lista de dispensas do FC Porto.

Corona parece ser atraído sempre pela hipótese mais complicada - Brahimi também nem sempre escolhe o melhor caminho, mas sabe proteger e colar a bola ao pé, enquanto Corona a perde com maior facilidade. O mexicano criou apenas uma jogada de algum perigo, conseguiu apenas um cruzamento e perdeu a maioria dos duelos que disputou (6/11). O facto de Ricardo estar sempre a subir também deveria ajudar Corona a criar desequilíbrios no corredor, mas voltou a não ser o caso. 

Alternativa, por favor? (-) - Há noites, exibições, em que os números falam por si próprio e nem aquelas variáveis que não são calculadas (o empenho, a garra, a vontade) servem de atenuante. Passando a enumerá-los:

- 0 remates enquadrados com a baliza;
- 0 dribles eficazes;
- 0 passes para finalização;
- 0 cruzamentos;
- 9 passes certos (o pior dos 22 titulares);
- 7 duelos perdidos;
- 1 ocasião flagrante falhada;
- 4 maus controlos de bola;
- 5 faltas cometidas, 2 sofridas;
- 1 corte sobre a linha de baliza;
- 90 minutos em campo. 

Agora a sério. Dá para experimentar dar soluções à equipa sem Marega no ataque? Mister? Corona? Hernâni? Alguém, por favor?

Segue-se a Taça de Portugal e uma difícil receção ao Sporting, na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal. E como já se percebeu, basta um jogo para mudar ou inverter a disposição dos dois clubes. No entanto, após 270 minutos de clássicos sem sair do 0x0, e agora recuperada a liderança isolada da I Liga, é a oportunidade para uma afirmação de força e personalidade.

7 comentários:

  1. o jogo do estoril ja ganhamos tres a zero, ainterdiçao da bancada e o que se passou hoje com a ,mesma bancada dao fatos que em qualquer tribunal serio darao a vitoria ao fcp em espinhas.

    ResponderEliminar
  2. corona nao e jogador de clube grande, acomoda se , nao deve continuar deve sair. Para o lugar de corona? temos o paciencia, ou ate o ricardo ou dalot se o SC nao fosse quadrado.

    ResponderEliminar
  3. Esqueceu-se de referir; um golo salvo ao FCP sobre a linha...

    ResponderEliminar
  4. Muito importante jogar contra o Sporting sem o Marega e Aboubakar, sem o Marega porque está muito mal e temos que criar alternativa, sem Aboubakar porque não está no seu melhor e tem que descansar para o Campeonato. Mostrar ao jogador e a equipa que esse tem que ser o foco, o resto é apenas o resto muito importante.

    ResponderEliminar
  5. Há varias alternativas para Corona:
    - Paulinho que pode jogar como extremo a fazer diagonal para o meio;
    - Waris pode cair para a ala, é rápido;
    - Ricardo, pode subir e joga Maxi na defesa (neste momento seria a minha escolha);
    - Marega e joga Paciência com Aboubakar;
    - Otávio caso algum dia recupere fisicamente;
    - Talvez Oliver adaptado?!

    Por outro lado:
    - Hernani não conta!! Mísero jogador.

    ResponderEliminar

De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.