«Até metia dó ver o Estoril em campo. Não conseguia dar dois toques na bola. (...) quando se prepara 45 minutos e não se consegue dar três toques na bola, não se ganha uma bola, não se ganha uma segunda bola (...)». Foram declarações muito, muito fortes as expressadas por Ivo Vieira no final da partida. Não é hábito vermos um treinador rasgar assim a sua equipa, a quente, no final das partidas. Mas houve um rasgão ainda maior: dentro de campo.
O FC Porto devorou completamente o Estoril em campo. O Estoril não conseguiu fazer nada porque o FC Porto não deixou, com uma exibição que quase apetece a dispensa de circulação, espaço entre-linhas, profundidade e os conceitos habituais. Foi, simplesmente, um massacre.
Fortíssimos na reação à perda da bola, rápidos a definir e a atacar, sistematicamente a levar a bola à grande área e a criar ocasiões de golo. Lances ganhos pelo ar, pelo chão, no corpo a corpo, fosse como fosse. O FC Porto sufocou por completo o Estoril e personificou, na perfeição, a vontade em chegar ao título de campeões nacionais.
Eram precisos dois ou três golos e o FC Porto fê-los com facilidade. E nem havia assim tantas razões para duvidar que isso seria possível. Afinal, estamos a falar do segundo melhor ataque do FC Porto dos últimos 32 anos à 23ª jornada - melhor só o FC Porto de Robson, em 1996, que levava 62 golos, mais um do que os marcados até ao momento nesta época. Foram três, podiam ter sido muitos mais. Em 45 minutos, nos quais o FC Porto aplicou uma intensidade e criou uma quantidade de ocasiões que poucas equipas conseguem em 90'.
Cinco pontos de vantagem a 11 jornadas do final. Que significa isto? Nada. Basta o clássico com o Sporting correr mal e, aí, já damos ao Benfica a oportunidade para tentar chegar ao primeiro lugar quando os dragões forem à Luz. Por isso, nada está ganho, nada está garantido. Garantia apenas esta: é essencial vencer o Portimonense.
Iván Marcano (+) - O massacre ofensivo começou cá atrás: na forma como Marcano se fartou de lançar ataques com passes longos e bolas metidas na perfeição nos flancos. Inteligentíssimo a colocar as bolas ora em Marega, ora em Brahimi, ora ele próprio a ganhar alguns metros e a empurrar a equipa para o meio-campo do Estoril. Com os avançados do Estoril a darem pouco trabalho, serviu basicamente como o primeiro construtor de jogo.
Héctor Herrera (+) - Para a frente, para trás, para a direita, para a esquerda. Herrera pressionou, desarmou, cortou, passou, criou, sempre de dentes cerrados e em máxima intensidade. Foram 45 minutos de alta rotação nos quais Herrera esteve em todo o lado, inclusive na génese dos dois golos de Soares, depois de ele próprio ter ficado perto de inaugurar o marcador.
Soares (+) - Terceira jornada consecutiva a bisar, desta feita em dois lances oportunos, nos quais cumpriu a máxima dos pontas-de-lança: estar na grande área para o último toque. Mas não se limitou a isso, pois não raras vezes descaiu para os flancos, baralhou as marcações e criou ainda duas ocasiões de golo. Já leva sete golos em fevereiro, está com a confiança renovada e agarrou o lugar no 11, perante a ausência de Aboubakar das opções. Uma vez mais, Sérgio Conceição recupera um jogador que esteve de malas feitas.
Estratégia (+) - De encontro aos parágrafos iniciais: o FC Porto engoliu por completo a equipa do Estoril, empurrando os 11 jogadores para a sua grande área e encontrando sempre superioridade em todos os momentos do jogo, quer nos duelos, quer nas bolas divididas, quer no jogo aéreo. A equipa soube levar a bola até à grande área do Estoril como nunca, tanto que, da totalidade dos 23 remates na partida, apenas um foi obtido de fora da grande área. A velocidade de execução, as constantes quedas dos avançados nos flancos e a pressão constante sobre o Estoril foram chaves para uma vitória importante, categórica e curta, tamanha que foi a superioridade do FC Porto. Negativo, muito negativo, só mesmo as lesões de Alex Telles e Corona.
Maravilha de jogo. Oxala jogassem sempre assim todos os primeiros 45 minutos de cada jogo, era sinal que na 2ª parte podiam controlar o resultado. Grande intensidade, espírito coletivo e foco no objetivo, a dar a imagem real do que é jogar "à Porto", algo que já não vemos há demasiados anos.
ResponderEliminarUma coisa é certa, mesmo que não sejamos campeões, o Sérgio Conceição já conquistou um lugar no coração dos portistas, pelo milagre que fez em recuperar uma equipa de tostões, sem apoio da SAD e mesmo assim conseguiu por todos estes jogadores a jogar com a maior união, raça e entrega.
Às vezes não é só tática e qualidade individual, a moral e união podem fazer milagres, e é o caso!
Força frente ao Portimonense para irmos tranquilos para o clássico.