Desde aquele remate de Rui Pedro, as coisas dificilmente poderiam ter corrido melhor. O FC Porto subiu na tabela, aproximou-se da liderança, recuperou uma das vagas de acesso direto à Champions, passou aos 1/8 da Champions, acabou com a malapata de golos marcados e continua sem os sofrer. Quanto a resultados, não se pode pedir mais. Foi uma semana muito proveitosa.
E se há momento para reabilitar o moral, é este, pois o FC Porto não vai encontrar sempre circunstâncias tão simpáticas, com penaltys e/ou expulsões a favor nos três últimos jogos. 50 minutos a jogar contra 10 frente ao Braga, um Leicester já apurado e de suplentes no Dragão, 90 minutos a jogar contra 10 ante o Feirense e com um incomum penalty aos 3 minutos.
Não vamos ter sempre estas benesses, e há muito para melhorar, mas uma equipa que cumpre um objetivo de época, com a passagem aos 1/8 da Champions, faz 9 golos e recupera terreno no campeonato na mesma semana só pode encarar o futuro imediato com otimismo e confiança. Não haverá melhor momento para isso.
Brahimi (+) - Outra exibição para fazer corar de vergonha a gestão da sua situação até ao início deste mês. Estamos a ver o melhor Brahimi desde a primeira metade de 2014-15: raramente perde a bola em dribles, prefere os atalhos às rotundas, joga com permanente orientação para a baliza e tem golo nos pés. O FC Porto não pode nunca prescindir de um jogador com esta virtuosidade, ainda para mais quando está a revelar grande vontade em recuperar o tempo perdido (foi o 2º jogador com mais recuperações de bola e nunca o vimos pressionar assim). O jogador que não era solução, por ser um problema, agora torna-se um problema, por ser solução. A CAN está aí à porta e vem em má altura.
André Silva (+) - Menos rematador e a cair mais na faixa direita, voltou a ser decisivo. Ganhou e marcou mais um penalty, bisou à ponta-de-lança, ganhou todas as bolas de cabeça que disputou e poucas vezes perdeu a bola (93% de eficácia de passe). Continua a desgastar-se em prol da equipa e a bater-se contra os centrais como gente grande e rija que é. Quatro golos numa semana, embora dois de penaltys, é uma das melhores injeções de confiança que se pode ter. Nele e na equipa.
Óliver Torres (+) - Aquilo que faz a toda a largura do meio-campo compensa, e muito, aquilo que não faz perto da grande área (tem apenas um golo e nenhuma assistência). Cola a bola ao pé como vemos poucos jogadores fazê-lo e consegue guardá-la de uma maneira invulgar para um jogador da sua envergadura física. A forma como consegue abrir espaços com uma simples rotação sobre a bola é notável. Se, ou quando, conseguir ser mais decisivo perto da grande área, será um dos melhores médios da Europa. Não que necessitemos disso para apreciá-lo já o suficiente.
A defesa (+) - Sim, o Feirense jogou com 10. Sim, ainda atirou duas bolas à ao ferro. Mas 7 jogos consecutivos sem sofrer golos merecem crédito em qualquer parte do mundo. Quem não sofre, não perde. E quem tem, sobretudo, Marcano, Felipe e Danilo Pereira a jogarem desta forma vai continuar a sofrer muito pouco.
Primeira parte (-) - Como criticar uma exibição em que o FC Porto, ao intervalo, vencia por 2x0? Pela forma como, entre o golo de André Silva e o de Brahimi, o FC Porto se desligou por completo da procura do 2x0. Quando o Feirense, até ao golo de Brahimi, era a equipa com mais lances de perigo em bola corrida, algo ia mal. Equipa lenta, com poucas situações de perigo na grande área adversária, pastosa na saída de bola e sem pressa em aproveitar a expulsão do Feirense para matar cedo o jogo. Um regresso às exibições do passado recente, algo que deixou claro que o Feirense, com 11, podia ter sido uma ameaça bem maior.
A bicada para a frente (-) - É justo começar por referir que o primeiro golo nasce de uma bola longa para as costas da defesa, bem captada por André Silva. O problema é quando o FC Porto usa este tipo de lances não como oportunidade/circunstância, mas como padrão. Até contra 10, a determinada altura o FC Porto não fazia outra coisa que não procurar o espaço em profundidade. Corona, André Silva, Jota: tudo a correr para trás da defesa do Feirense, pois vinha aí um passe de 50 metros. Bola direta da defesa para os avançados. O FC Porto - melhorou na segunda parte - insistiu em preferir um passe de 30 metros a fazer circular a bola por mais gente para chegar à grande área em transição apoiada.
Por vezes funciona, mas o FC Porto tem que ter outras armas, caso contrário uma linha defensiva de maior qualidade anula facilmente este tipo de jogadas. O problema é que o FC Porto tem, neste momento, um buraco no seu meio-campo, pois as linhas estão demasiado distantes: entre o recuo de Danilo e a versatilidade à qual Óliver é obrigado, por vezes falta gente no miolo para oferecer linhas de passe mais curtas. E nem contra 10 unidades, na primeira parte, o FC Porto conseguiu aproveitar para criar tabelas em superioridade numérica ou para fazer a bola circular mais vezes pelo meio. A verdade é que os 3 primeiros golos foram na sequência de bolas paradas e ajudaram a facilitar o que poderia ser muito, muito difícil. No final fica a goleada, os três pontos e a terceira vitória consecutiva. Venha a quarta, mas para isso vai ser preciso um pouco mais.
Entretanto, o FC Porto já conheceu a sua sorte na Champions: Juventus. São mais fortes, têm melhor plantel, maior poderio, e será um enorme desafio para a equipa técnica do FC Porto, que vai ter que se preparar pela primeira vez para uma equipa grande que joga num esquema de três centrais. É uma equipa sem muito a fazer na liga italiana, enquanto o FC Porto corre atrás do prejuízo na liga portuguesa, que está invicta na Champions e que teve uma das melhores defesas da fase de grupos. Teste de elevada dificuldade e oportunidade para mostrar o quão cresceu o FC Porto desde 1984. O que João Pinto, Sousa, Frasco, Gomes e demais não davam para poder entrar em campo nesta eliminatória. Se entrarmos com metade do espírito daquela geração, vingar Basileia não será uma miragem.
"Se entrarmos com metade do espírito daquela geração, vingar Basileia não será uma miragem." Esse espirito ha muito que nao existe. Muito tera que mudar para que ele volte. Neste momento, nao estamos a um nivel que possa ser comparado ao da Juventus. Nao temos jogadores, treinadores e dirigentes de nivel superior. Quanto mais cedo aceitarmos o facto, mais cedo poderemos corrigir e mudar.
ResponderEliminarCaríssimo, creio que o termo benesse não se apropria aos casos vertentes. O penalti e expulsões são legítimas, logo não há benesse,que no dicionário aparece como "Benefício ou ganho; vantagem recebida sem trabalho ou empenho". Abraço
ResponderEliminarCaro BB,
EliminarInfelizmente alguma blogosfera segue a linha editorial da sempre equilibrada, equitativa e justa "Bolha"!
PT
Ter uma arbitragem competente (para não dizer outras coisas) é, de facto, uma benesse nos dias que correm.
ResponderEliminarA meu ver, faltou o boné ao Marcano. Para além de se notar que já é mais capitão (já o vejo a berrar com colegas de equipa quando estes deixam jogar a bel-prazer a outra equipa, tem sido impecável na defesa. Uma vez mais, fez cortes oportunos e, um deles, mesmo espetacular na pequena área e pressionado.
ResponderEliminarTambém quero salientar o trabalho do Maxi que, tal como foi dito aqui, com 32 anos e depois de um início de época muito a desejar, tem subido de rendimento e volta a ter uma entrega impressionante ao jogo. Pena é que continuem a marcar faltas ridículas, provavelmente por ser quem é e, claro está, onde joga agora.
Ainda bem que li todos os comentários, pois ao não fazê-lo iria incorrer em plagiar BB.
ResponderEliminarTD, com o rigor por norma patenteado, não deve cometer estes erros...
Brahimi (+) - Outra exibição para fazer corar de vergonha a gestão da sua situação até ao início deste mês.
ResponderEliminarFazer corar de vergonha???!!!
Então, não:
....Estamos a ver o melhor Brahimi desde a primeira metade de 2014-15: raramente perde a bola em dribles, prefere os atalhos às rotundas, joga com permanente orientação para a baliza e tem golo nos pés.
Mas que grande contradição!
Então a gestão é vergonhosa ou foi a responsável pela recuperação do jogador?
Bem sei que no Clube há sempre os meninos mais queridos e os patinhos feios. Mas, por favor, respeitem a gestão do plantel feita por quem com ele convive diariamente. E tem que olhar para todos de modo igual!
Para lá de ser de pouco bom senso comentar situações sem se saber o que se passa nos bastidores.....
Fiquei exactamente com a mesma impressão do fosso existente entre linhas de que fala no texto. Aliás, com a entrada de Herrera, aquele deixou de existir.
ResponderEliminarCom equipas de um nível superior, principalmente fora, não nos podemos dar ao luxo de mostrar a fragilidade existente na primeira parte do jogo de ontem. Creio que a opção inicial do treinador recaía em Otávio, pois este, mesmo não sendo propriamente defensivo e jogando na faixa, é um jogador de corredor central por formação, e as derivações que acaba por ter para essa zona, levam a que acabe por a povoar e condicionar o adversário. Já Brahimi, apesar de estar mais voluntarioso no processo defensivo, esse trabalho é sempre realizado na faixa e não no centro do terreno.
Penso que em jogos de dificuldade acrescida, e alinhando com Corona e Brahimi nas faixas, talvez fosse de equacionar a saída do Jota e a entrada de um terceiro médio.