quarta-feira, 3 de maio de 2017

Dois golpes pela metade

Um grande jogo? Não, de todo. Um jogo em que a vitória esteve em risco? Também não. Uma vitória que acabou por ser natural e justificada? Sim. Primeira parte deplorável, como muitas outras, segunda parte com qualidade revelada a espaços. Em dose suficiente para ganhar em Chaves, mas dificilmente suficiente para colmatar a falta de consistência que vale campeonatos.

Sobressaiu o facto de o FC Porto ter jogado com um meio-campo bem diferente daquele que seria, à partida, o preferencial no início da época (Danilo, Herrera e Óliver), e da vitória ter nascido precisamente através das unidades de meio-campo, com André André em particular destaque e a reviver o momento de forma que chegou a ter em outubro/novembro de 2015. 

Já não há grande margem para sonhar com o título, mas a luta mantém-se de pé até ao final.




André André x2 (+) - A vitória deve-se a dois momentos de André André no jogo. Primeiro, por ser capaz de se adiantar na linha de pressão sobre o portador da bola. Os momentos que antecedem o 2x0 são sugestivos: o FC Porto tem 6 jogadores nos últimos 20 metros! Isto é algo que tem faltado desde o início da época: soluções à entrada da grande área.

André André tem Soares a correr para a marca de penálti, mas tem também quatro soluções livres de marcação ao lado: tem Corona aberto na linha, Jota no eixo, Otávio a dois metros e ainda tem Rúben Neves na meia direita para entrar na grande área. Entre todas estas opções, optou pelo remate, ao qual a sua posição e enquadramento também convidavam. 

No lance do 2x0, um exemplo de como é questionável a forma como os avançados do FC Porto têm sido usados. Mas antes, um lance que também tem faltado esta época: um médio a aparecer em zonas de finalização servido por um outro elemento do meio-campo. Grande passe de Otávio, desmarcação inteligente de André André. Mas repare-se que Soares, logo antes do passe de Otávio, está completamente sozinho... encostado junto à linha. Não está a arrastar nenhum defesa, não está numa zona de perigo, não está na jogada. Os otimistas dirão que estava a abrir espaço na zona central para André André entrar. Como, se não tirou de lá nenhum defesa? Felizmente, a pintura de Otávio e André neste lance foi letal. Caso contrário, seria mais um exemplo de que nada vale ter um finalizador se ele não estiver em zonas de... finalização.


Rúben Neves (+) - É um clássico, uma repetição em todos os jogos em que Rúben joga no lugar de Danilo: Danilo tem coisas que Rúben não tem, mas Rúben dá outras coisas ao jogo. Maior capacidade de circulação, mais toques e passes na bola, maior amplitude no momento da saída e algumas tentativas de meia distância. É certo que Rúben não ganhou nenhum lance de cabeça, mas ainda assim teve 16 assinaláveis intervenções defensivas que ajudaram a manter a baliza de Casillas a seco. 




Um clássico de primeira (-) - Nos últimos 7 jogos, o FC Porto saiu para o intervalo a vencer em dois. Contra o Setúbal, com um belo golo de Corona aos 45+1' num momento de inspiração individual, e contra o Belenenses, por Danilo, numa bola parada. Dois golos específicos e que disfarçaram, na altura, primeiras partes em que o FC Porto revelou inúmeras dificuldades para criar lances de perigo, para jogar de forma organizada e orientada na procura do 1x0. Um futebol sem ideias, sem ambição, sem querer procurar a vitória desde o primeiro minuto. Algo que vai-se tornando numa imagem de marca desta equipa, incapaz de jogar bem em primeiras partes - e muitas vezes sem conseguir recuperar do prejuízo nas segundas.

Já agora fica o aviso: o jogo contra o Marítimo terá, à partida, 90 minutos. Jogar apenas 45 tem tudo para correr mal. 

8 comentários:

  1. Bom jogo do Rubén, devia apostar mais no passe vertical, em duas ou três ocasiões conseguiu quebrar linhas do adversário, no entanto beneficiamos de um Chaves muito abaixo daquele que defrontamos quer para a taça quer no Dragão, não podemos achar que esta equipa é suficiente, André André fez um bom jogo, mas não sobe o nível contra equipas mais fortes, Otávio é jogador para entrar e não para começar de início, Jota é para mandar de volta para Madrid

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  2. De que interessa? O campeonato acabou contra o feirense. Perder pontos em casa com o Setubal e Feirense numa altura crítica, é ridiculo e mostra o quão mal preparada está esta equipa. Isto para não falar das primeiras partes de todos os jogos que são sempre desperdiçadas em apatia. Para o ano há mais, venha o Marco Silva por favor, chega de formar treinadores!

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    1. Totalmente de acordo!
      Quatro oportunidades claras de passar para a liderança ou encurtar distâncias... Falhadas! Essas que refere (Setúbal e feirense) em casa então roça o ridículo, as outras duas ( Benfica e Braga fora) eram mais difíceis mas uma equipa com raça, mística e sangue azul nunca iria desperdiçar tais oportunidades. Longe vais os tempos daquele Porto que não vacilava. Isto mostra bem a falta de estofo e preparação dá equipa, ve- se que os jogadores querem, tentam dar tudo mas são mal preparados taticamente e principalmente psicologicamente. Penso que é óbvio perceber quem não está a conseguir passar essa confiança, estofo e tranquilidade... Um bom treinar não se pode medir só olá boa eficácia defensiva e coesão de grupo...
      É óbvio que o problema é mais amplo, principalmente no centro de decisões. Quem tomou a decisão de contratar estes treinadores deve assumir responsabilidades.

      Cumprimentos
      Neves

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  3. Pelo teu tom de voz já vi que NES vai continuar, aconteça o que acontecer ...

    :(

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  4. o jogo foi igusl aos outros a diferenca foi que marcamis dois golos, o resto foi igual, pasmaceiras na 1 parte , intendidade na segunda.O que me preocupa e manter o segundo lugar porque pelo que vi em braga estao a fazer tudo para entregar ao sporting o segundo lugar, se entretanto cair o campeonato para este lado e estamos no mesm de Fatima , seria um milagre. NUNCA FOI TAO FACIL GANHAR UM CAMPEONATO COMO ESTE ANO APESAR DA ROUBALHEIRA.

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  5. Continuo a achar que Oliver é muito superior a Andre Andre, que eu sei que dá tudo em campo mas isso não chega.. ainda para mais quando as equipas são muito defensivas e os médios têm que ser mais criativos. Ficou apenas a faltar a referência ao vermelho directo a Maxi, dado com toda a calma do mundo pelo árbitro..

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  6. Agora o Nuno não convoca o Layún para um jogo que pode ser muito importante para este campeonato?
    Nada contra o Fernando Fonseca, mas seja ele ou uma adaptação, serão sempre opções inferiores ao Layún pra já...

    A não ser q haja razões extra campo, não entendo a "brincadeira"

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De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.