A equipa que saiu do Restelo no 2º lugar, após desperdiçar uma vantagem de cinco pontos, está agora a um empate de se sagrar campeã nacional. Pode acontecer em Alvalade, pode acontecer no Dragão. Um ponto é tudo o que separa do FC Porto de um dos títulos mais marcantes da sua história - pelas circunstâncias da época desde a sua preparação, pelo passado recente, pela defesa da história do clube e, acima de tudo, por todo o trabalho desenvolvido por este grupo desde o primeiro dia.
Entende-se a euforia pelas circunstâncias que circulam o momento atual, desde a partida para a Madeira, passando pelo golo de Marega e até à receção no Porto, mas ainda ninguém gritou que o Porto é campeão. Pelo contrário, gritam o mesmo desde o primeiro dia: «Eu quero o Porto campeão!».
E ninguém quer mais do que este grupo. Ninguém merece mais do que este grupo. Falta um ponto!
Brahimi (+) - Foi já sem o argelino em campo que o FC Porto chegou à vitória, mas ninguém procurou mais o golo do que Brahimi, de regresso às boas exibições. Conseguiu invariavelmente colar a bola ao pé, ir à linha e procurar o último passe, mas foi sempre difícil encontrar os colegas no meio da floresta de pernas da defesa do Marítimo. Ainda assim criou quatro ocasiões de golo, fartou-se de pressionar e também ajudou na recuperação, com 10 ações defensivas.
Ricardo Pereira (+) - Alex Telles contribuiu mais no ataque (assistência e quatro ocasiões de golo), mas o lateral-direito foi uma autêntica locomotiva ao longo dos 90 minutos. Inteligente a subir, aproveitou bem o espaço nas costas da defesa para, uma, duas, três vezes, aparecer em posição privilegiada para o cruzamento - ainda que tenha pecado neste aspeto. Foi o jogador com mais ações com bola em campo, ganhou 8 dos 10 duelos que disputou e cumpriu com o pouco que teve que fazer defensivamente.
Marega (+) - Marcou o golo da vitória e que deixou o FC Porto a um ponto do título, o que por si só já vale destaque. Mas a principal nota vai para o facto de Marega ter batido o recorde de dribles eficazes ao serviço do FC Porto: seis em seis tentativas. Ganhou a maior parte dos lances que disputou, 9 em 16, algo também acima da sua média habitual, e ainda criou uma ocasião de golo. Há também que reconhecer a eficiência dos números: Marega não marca nos jogos grandes, nem Champions nem clássicos, mas leva 22 golos em 27 jornadas de bola corrida (sem penáltis, Bas Dost tem 21) e arrisca-se a ficar na história como sendo o melhor marcador num dos ataques mais produtivos do FC Porto nas últimas décadas. O Tribunal do Dragão gosta muito de estatísticas, verdade, e estas são a melhor resposta de Marega.
Héctor Herrera (+) - Há algo que nunca poderemos esquecer: o FC Porto perdeu aquele que era, provavelmente, o jogador mais importante do «coletivo» a meio da época, Danilo. Não havia substituto, por isso Sérgio Conceição teve que mudar de esquema. E aí a importância de Herrera redobrou. Teve que jogar e trabalhar por dois. Ajudou a «puxar» o melhor de Sérgio Oliveira e, muitas vezes, tem que compensar/corrigir o colega. Corre, distribui, pressiona, leva cacete, chega à grande área adversária e está sempre a dar soluções aos colegas. É o pulmão esta equipa. E respira Porto.
A denúncia anónima (+) - Obrigado. É a única coisa a dizer: obrigado. Não sabemos se a denúncia anónima a envolver o guarda-redes do Marítimo partiu do Benfica, de alguém a mando do Benfica, ou de algum benfiquista que não tinha mais nada que fazer. Mas foi essencial para que o FC Porto chegasse à vitória.
Porquê? Sejamos francos: quem é que sabia quem era Amir, o guarda-redes do Marítimo, antes deste jogo? Poucos. Amir era um guarda-redes tranquilo, sem protagonismo, e que estava bem na baliza do Marítimo - com ele, a equipa esteve 12 jogos consecutivos sem perder, e só na visita ao SC Braga sofreu a primeira derrota. O que é que a denúncia anónima fez? Focou todos os holofotes em Amir, algo a que o iraniano não estava minimamente habituado. Amir sentiu a necessidade de corresponder, de mostrar que era íntegro, que ia ajudar o Marítimo a pontuar.
E foi precisamente isso que provocou a correria ao minuto 40, na qual Amir sai da baliza, na tentativa de ser mais rápido do que o ataque do FC Porto e a defesa do Marítimo. Só um guarda-redes com sangue na guelra tenta fazer aquela saída. Só alguém que sente a pressão e que tem algo a provar. Lamentamos, Amir, que tenhas sido o prejudicado no meio disto, mas há que agradecer a quem mexeu com a tua cabeça: se não tivessem intranquilizado e, consequentemente, «expulsado» o guarda-redes do Marítimo, quiçá não estaríamos neste momento a lamentar outro resultado.
Primeira parte (-) - A derrota do Benfica frente ao Tondela não só retirou pressão ao FC Porto como relaxou, em demasia, a equipa. Primeira parte que até começa com uma boa ocasião para marcar, mas que depois revelou uma equipa frouxa, de pouca intensidade, a criar poucas jogadas de perigo nos últimos 20 metros e pouco interessada em marcar cedo. Otávio nunca conseguiu entrar no jogo, Soares desperdiçou as ocasiões que teve (embora tenha arrancado uma expulsão). Não a jogar para o empate, mas a jogar com o empate na cabeça. Foram 45 minutos de encontro ao rendimento das últimas semanas (dificuldade em fazer golos, sobretudo em bola corrida), algo que teve meramente como exceção a primeira parte frente ao Vit. Setúbal. Não é o melhor momento da época em termos exibicionais, e há que reconhecê-lo; mas é o momento em que os pontos e o resultado valem mais do que a performance. E o título está a um ponto.
Um ponto. Ser campeão em campo é sempre mais saboroso, mas veremos o que acontece em Alvalade.
Duas notas: faz hoje sete meses que Sérgio Conceição, depois do empate a zero em Alvalade, gritou na roda: «Nós vamos ser campeões!» E foi há uma volta atrás, frente ao Feirense, o próximo adversário no Dragão, que Brahimi, na cara de Fábio Veríssimo, bateu no peito em frente ao árbitro e deixou a promessa: «Nós vamos ganhar!» Dito isto, nomeiem Fábio Veríssimo para a receção ao Feirense. A sério. Ele merece testemunhar aquilo que lhe foi prometido há uns meses.
Sem hipocrisias e apesar das nossas divergências da maneira de "ver" FC PORTO, creio que este é o mais belo e magnifico post que vi sobre o nosso amado brasão abençoado, aqui no Tribunal.
ResponderEliminarConcordo em absoluto!
Eliminarconcordo, mas vai ser o capela finalmente a arbitrar um jogo do porto
ResponderEliminarIgualmente sem hipocrisia, partilho muito a forma de ver o Porto com o Autor. No futebol a diferença entre a euforia e a depressao são bem temperados neste espaço. Acho que vamos ser campeões e de forma muito merecida. No ano de todas as dificuldades e que é tambem o ano em que por todas as razões mais importa ganhar, a equipa deu uma demonstração de organização, trabalho e abnegação. Vencer será o corolário disso, apenas disso. Ganhar e festejar como se não houvesse amanhã, não pode impedir que sejamos capazes de perceber tudo o que de errado se fez e esperar que tomem melhores decisões. Tenho dúvidas, porque às vezes vencer apenas esconde, mas gostava que toda a estrutura do Porto fosse capaz de acompanhar o trabalho de jogadores e técnicos de que nem ninguém esperava nada. Abraço
ResponderEliminar4 nomes que merecem mais que ninguém o título a conquistar. Muito bem.
ResponderEliminarSobre Marega não marcar nos jogos importantes: actualmente quem o faz em Portugal? Jonas? Dost? Paulinho?
ResponderEliminarImportante é marcar nos decisivos.
Amir, coitado do rapaz que se viu metido no meio de crápulas, mas a provar que nem todos os benfiquistas serao estúpidos ou corruptos, mas todos os corruptos e estúpidos são benfiquistas.
Fábio Veríssimo: absolutely.
É um gosto ler nas boss e nas más horas do nosso amado FC PORTO, tamanha lucidez. O parágrafo dedicado ao GR do Maritimo Amir é espantoso! Top top! Bem visto! Parabens!
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