segunda-feira, 12 de março de 2018

Após as toupeiras, o problema foram os castores

À 26ª jornada, a primeira derrota. Só por cinco vezes na sua história o FC Porto tinha chegado a esta ronda ainda sem perder no Campeonato, pelo que sofrer uma derrota num ciclo de 26 jogos é mais do que normal, embora custe sempre a digerir. Bastava um deslize para deixar o Benfica a depender de si próprio na luta pelo título, e aí está ele, novamente contra uma equipa que lutava para sair da zona de despromoção.

Dos 11 pontos que o FC Porto desperdiçou neste Campeonato, sete foram consentidos frente a equipas que jogavam para fugir à zona de descida (e os restantes quatro em clássicos). E isso era algo que se prognosticava para esta fase da época: as equipas aflitas a tirarem pontos à parte superior da tabela. Lembremos que nas visitas a Moreirense e Aves ficaram lances de grande penalidade por assinalar, mas esta deslocação à Mata Real mostrou que ter um penálti não é uma garantia de golo, muito menos neste plantel. 


Condições de jogo adversas, ausências de peso (estamos há semanas a jogar sem vários titulares - os milagres não duram sempre), apostas que não resultaram e, globalmente, uma exibição de muito pouca clarividência e qualidade. É apenas mais um exemplo de que bastam 90 minutos para inverter a disposição e a forma como se olha para esta luta pelo título: os mesmos que agora atribuem total descrédito a esta equipa talvez sejam os mesmos que já esfregavam as mãos com vista aos Aliados depois das últimas vitórias. Não, e diga-se mais: FC Porto, Benfica e Sporting vão muito provavelmente voltar a perder pontos nas próximas jornadas, mesmo à margem dos clássicos que faltam disputar.

E embora o plantel seja imune ao que se vai passando fora dos relvados, é sempre bom recordar que o FC Porto terá que ganhar e lutar por cada jogo dentro das quatro linhas. Numa semana em que tanto se rejubilou com toupeiras, muitos pareceram esquecer-se de que o maior problema iriam ser os castores. Nenhuma das práticas ilícitas do Benfica vai dar pontos ao FC Porto neste Campeonato. Teremos que ir atrás de cada um dos 24 pontos que faltam disputar. A começar pelo Boavista. 




Fórmula Waris (-) - Bola na direita, corre Waris. Abertura para a direita, corre Waris. Bola em profundidade para a direita, corre Waris. O FC Porto insistiu sempre na mesma fórmula na primeira parte, Sérgio Conceição esperou mais uns minutos na segunda e por fim chegou à conclusão: não ganhámos um único lance assim.

Este é um movimento que o FC Porto faz muito, mas normalmente com Marega no papel de Waris. E ainda que também sejam raras as vezes em que Marega ganha a linha ou consegue um cruzamento, Waris foi ainda pior, não tendo conseguido acertar um único lance enquanto esteve em campo. Já se sabia do risco que era trazer, para o papel de reforço de inverno, um jogador que não trazia ritmo, mas Waris revelou-se totalmente inadaptado às dinâmicas da equipa e aos colegas. Assim será difícil ser solução. 

Estratégia e resposta (-) - É muito difícil jogar nestas condições. Há que compreender isso. Como não deu para alagar o relvado no Olival antes de viajar para Paços de Ferreira, a equipa viu-se forçada a jogar num contexto para o qual não treinou, e logo privada de quatro jogadores que poderiam ter sido muitíssimo importantes hoje: Danilo, Herrera, Soares e Marega. Embora todos gostemos de recordar o dilúvio de Coimbra e a habilidade de Belluschi, neste tipo de piso os jogos ganham-se sobretudo com presença física e acerto no passe longo. E o FC Porto não a teve. 

Aboubakar foi o único a conseguir ganhar alguns lances de corpo a corpo, mas nunca com efeitos práticos na grande área. Entre 15 pontapés de canto, 36 cruzamentos e 61 bolas colocadas na grande área, contaram-se pelos dedos as vezes em que vimos os jogadores do FC Porto criar perigo na sequência deste tipo de lances. Uma boa ocasião de Aboubakar logo após o 1x0, outra de Gonçalo Paciência na segunda parte e pouco mais.

A ineficácia esteve presente, claro. Mas quando olhamos para o banco, naturalmente, viu-se que não havia muito mais a espremer. A aposta em Waris correu mal e ver André André ser titular nesta fase da época é penoso (sobretudo tendo Óliver disponível), pelo que talvez teria sido mais útil entrar logo com Gonçalo de início. Totobola à segunda-feira é fácil, mas entrar neste campo com André André a segurar (?) o meio-campo, a depender da velocidade de Waris pela direita e com a presença na grande área limitada a Aboubakar... E quando a última cartada possível se chama Hernâni... Tinha tudo para correr mal. E correu.

Já a grande penalidade... É sempre um tema difícil de debater. Por que é que bateu Brahimi? Talvez porque durante a semana, nos treinos, foi o que bateu melhor. Se o argelino falhasse as grandes penalidades nos treinos, certamente que não as marcaria nos jogos. De qualquer forma, este foi o sexto penálti batido por Brahimi no FC Porto - marcou três e falhou três. E curiosamente, dos três que marcou, dois foram batidos para o meio da baliza e um passou por debaixo do corpo de... Mário Felgueiras. O mesmo guarda-redes, mas na época passada. Brahimi voltou a atirar para o mesmo lado, Mário Felgueiras voltou a lançar-se para o mesmo lado. Desta vez o FC Porto já não teve a mesma sorte.

E agora? Agora o FC Porto continua na liderança, a depender de si próprio e a obrigar o Benfica a vencer os seus jogos para se manter na luta. Mas a margem de erro, essa, acabou. Por culpa própria, diga-se. Mas liderar este Campeonato à 26ª jornada continua a ser uma prova de superação e, se nos oferecessem esta condição no início da época, não haveria ninguém que não assinaria por baixo.  Nos últimos 20 anos, mais pontos só com Mourinho e Villas-Boas, e no pós-Viena mais golos só com Bobby Robson. Se este é um ponto baixo na época, não deixa de ser melhor do que os pontos altos das últimas temporadas. 

Venha o Boavista.

sábado, 10 de março de 2018

Anfield e o balanço da Champions

Pela primeira vez na sua história, o FC Porto terminou um jogo em Inglaterra sem sofrer golos. Mesmo na anunciada despedida da Liga dos Campeões 2017-18, é um facto assinalável, tendo em conta que foram precisas 19 viagens a terras inglesas para tal acontecer nas provas europeias. É isso que se guarda da visita a Liverpool, num jogo do qual não há muito mais para contar e que certamente não perdurará nos livros de história. 


Tempo de uma apreciação à participação na prova. O FC Porto atingiu o máximo que podia atingir nesta Champions, cumprindo o difícil objetivo de alcançar os oitavos-de-final e que convida a uma reflexão para o médio prazo. O fosso competitivo entre os grandes clubes europeus e as equipas portuguesas promete aumentar e será cada vez mais difícil jogar declaradamente para os 1/8 da Champions. 

Primeiro, porque já só uma equipa terá garantido, via campeonato, um lugar na fase de grupos 2018-19. Depois, porque há que manter em retrospetiva o desempenho dos últimos anos. Por exemplo, com Jesualdo Ferreira, o FC Porto foi sempre aos oitavos-de-final da Champions, em quatro épocas consecutivas, mas nos últimos oito anos já só conseguiu essa meta por quatro vezes. Época após época, estar na elite europeia será cada vez mais complicado. 

E o FC Porto sentiu, precisamente, muitas dessas dificuldades já neste ano. Na Liga portuguesa, o FC Porto tem passeado superioridade jornada após jornada. Boas exibições, goleadas, um dos melhores ataques da história do clube e uma liderança bem vincada após 25 jornadas. Mas na Champions não houve capacidade para revelar a mesma força, com o FC Porto a mostrar, ao longo dos seus oito jogos europeus, muitas dificuldades quer a defender, quer a atacar

Na altura muitos estranharam esta apreciação na fase de grupos, mas o desfecho na prova mostra que não foi acaso. Nos primeiros cinco jogos, o FC Porto marcou 10 golos. Uma boa média num contexto europeu. Mas entre esses 10 golos, 7 foram de bola parada, um de contra-ataque, um numa bola em profundidade e outro numa jogada de insistência e ressaltos na grande área. Não vimos a diversidade ofensiva que o FC Porto apresenta na I Liga. Seguiu-se a goleada ao Mónaco, por 5-2, aí sim já com mais soluções ofensivas, mas frente a um adversário que jogava com suplentes e já arredado da prova. Contra o Liverpool, em 180 minutos, não deu para chegar ao golo. 

Entre lesões, castigos e outros condicionamentos Sérgio Conceição teve sempre as suas opções na Champions limitadas, mas há vários fatores que ajudam a explicar esta dicotomia. Primeiro, tivemos mais defesas do que avançados a marcar na Champions. Repare-se: Alex Telles, Felipe, Marcano, Layún e Maxi Pereira, contra Soares, Aboubakar e Brahimi. Marcaram ainda Danilo e Herrera. E entre todos estes jogadores, apenas Aboubakar marcou por mais do que uma vez (5 golos e 2 assistências, tendo tido influência em 50% dos golos do FC Porto na prova). 

Outro aspecto que mostra a diferença de contexto competitivo é Marega. Na Liga portuguesa, tirando os jogos de maior exigência, é um jogador capaz de garantir golos neste FC Porto, tendo já 20 no Campeonato. Mas na Champions, com exceção das duas assistências que conseguiu fazer no Mónaco, foi quase sempre o elo mais fraco jogo após jogo. As razões são óbvias: na Champions a qualidade das equipas é superior. Quer a defender, quer a atacar. E o facto de, na Liga portuguesa, o FC Porto estar habituado a jogar sempre em meio-campo adversário, contra equipas a jogar com o relógio e para o pontinho, não ajuda a criar o estímulo competitivo necessário para quando toca o hino da Champions. 

Mesmo na dimensão defensiva, houve dificuldades acrescidas. O FC Porto sofreu 15 golos em 8 jogos na UEFA - na Liga portuguesa tem apenas 13 golos consentidos em 25 jornadas. Uma vez mais, as razões são óbvias: os adversários europeus atacam mais, melhor e têm melhores atacantes do que as modestas equipas da I Liga. Mas o estilo de jogo do FC Porto implicava demasiada alergia à bola para poder conviver com a mais alta ambição europeia. Recordando, na fase de grupos: o FC Porto foi a equipa qualificada que menos tempo teve a bola em seu poder (23 minutos de tempo útil) e a 2ª pior percentagem de acerto no passe (77%). Isto prometia problemas que o Liverpool tratou de confirmar. 

Portanto, o FC Porto cumpriu os seus objetivos na Liga dos Campeões 2017-18, mesmo sem jogar um grande futebol e tendo tido diversos problemas/limitações no processo ofensivo e na dimensão defensiva. E há que ter a sensibilidade para compreender que era a primeira época de Sérgio Conceição na Champions, que a equipa mudou de sistema ao longo da prova e que, apesar de tudo, conseguiu apresentar os resultados que eram exigíveis. Os adeptos recordam e saúdam muito mais facilmente a vitória com um golo às três tabelas do que a derrota com uma grande exibição. 

E é precisamente por aqui que temos que terminar: a exigência da SAD em que a equipa marque presença nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Toda esta questão em torno do Estoril x FC Porto revelou um detalhe deveras importante. O FC Porto precisou da bilheteira do jogo com o Liverpool, no Dragão, para pagar dívidas antigas, por jogadores que já nem estão nos quadros do clube, e impedir que o clube chegasse ao final de março sujeito a nova punição por parte da UEFA. Isto já depois de a SAD ter tornado o FC Porto no único clube a ser punido por violar o fair-play financeiro na época passada.

É um tanto irónico. Sérgio Conceição a precisar de reforços e, por exemplo, Iván Marcano em final de contrato. Mas o desempenho desportivo destes profissionais a nível europeu, que permitiu mais um bom encaixe para a SAD, não servia para premiar/reforçar este plantel, mas sim para pagar por atletas que já não estão no clube. Não estamos a falar do prémio pela qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, de seis milhões de euros. Estamos a falar da receita de bilheteira, que tem sempre um peso altamente reduzido nos proveitos operacionais da SAD, sobretudo estando a falar de apenas um jogo.

O risco mantém-se época após época, mas há muito que O Tribunal do Dragão o defende: as épocas deveriam ser orçamentadas não contando com receitas da UEFA que a SAD não sabe se vai ter, sobretudo a partir desta época. Entre Benfica, Sporting ou FC Porto, dois deles não vão ter receitas da entrada na Liga dos Campeões no próximo exercício (sendo que um ainda poderá apurar-se, via pré-eliminatória e play-off). Entrar na Champions é cada vez mais difícil, quanto mais lutar por um lugar nos 1/8.

É compreensível que o FC Porto não quer perder competitividade e que o risco é a gestão da SAD há muitas épocas, mas tendo em conta que (ainda) estamos a atravessar o maior jejum de troféus das últimas décadas, sobrecarregar o plantel não é o caminho sustentável. Até porque todos concordam: desportivamente, o maior objetivo é ser campeão nacional. Mas o que dá dinheiro não é ganhar a I Liga, é a qualificação e o desempenho para as provas da UEFA. 

A necessidade financeira não pode ser maior do que a ambição desportiva. 

segunda-feira, 5 de março de 2018

Os Pentas: Fevereiro de 2018

Foi com um registo imaculado a nível interno que o FC Porto fechou o mês de fevereiro. As vitórias contra SC Braga, Chaves, Rio Ave, Estoril e Portimonense mantiveram a equipa destacada na liderança da I Liga, invicta com os estatutos de melhor ataque e melhor defesa intactos, mesmo perante um ciclo de semanas adverso para Sérgio Conceição, jornada após jornada privado de vários titulares por lesão. Na Taça de Portugal, o FC Porto ganhou vantagem na luta por um lugar no Jamor, ao vencer o Sporting por 1-0, no mesmo mês em que sofreu a maior derrota da história do clube a jogar em casa. Outra realidade, pois nas provas internas tudo decorre com predicados de qualidade. Estes foram os melhores de fevereiro:

5. Maxi Pereira

Com o uruguaio em campo, o FC Porto ainda não perdeu nenhum jogo esta época e leva 10 vitórias consecutivas, para as quais o lateral tem contribuído com segurança defensiva e preponderância ofensiva. Perante a lesão de Ricardo Pereira, o uruguaio, embora já com menos pernas e pulmões para aguentar todo o corredor, não ficou a dever nada ao rendimento do português - Maxi fez três assistências na Liga no último mês, tantas quanto Ricardo Pereira desde o início da época. A sua experiência tem tido uma importância inquestionável nas últimas semanas.

4. Moussa Marega

Um mês de opostos para o maliano, que começou fevereiro com um desempenho desastroso frente ao SC Braga e acabou a fazer o seu melhor jogo da época em Portimão. Marega continua a alternar o sofrível com a utilidade, nomeadamente na respeitável média de golos que continua a manter a nível interno - cinco golos e duas assistências no último mês. Pode não ter dimensão para os grandes palcos (0 golos em 11 jogos entre Champions e clássicos), mas mantém a média de intervenção direta num golo por jornada e já é o melhor marcador do FC Porto num Campeonato desde Jackson Martínez. 

3. Sérgio Oliveira

O melhor mês da sua carreira futebolística. A sua titularidade começou por ser circunstancial, mas ganhou o lugar com exibições equilibradas, seguro no meio-campo e a conseguir desequilibrar no ataque - três golos e duas assistências em fevereiro. Ganhou dimensão física e o problema da falta de intensidade já não se coloca. É verdade que falha mais passes do que Herrera, mas acrescentou à equipa capacidade de cruzar em zonas mais interiores. E mesmo nos momentos em que surge mais escondido do jogo, tem sido essencial para o equilíbrio do meio-campo. Afinal, não é fácil encontrar uma fórmula para substituir Danilo.

2. Alex Telles

Autor de cinco assistências e um golo em fevereiro, Alex Telles já teve intervenção em nada mais, nada menos do que em 20 dos golos marcados pelo FC Porto nesta temporada. A lesão chegou numa altura em que o lateral brasileiro vinha sendo, provavelmente, o mais consistente jogador do 11 portista. Cumpre defensivamente, desequilibra no ataque e é essencial para que Brahimi possa jogar em zonas mais interiores, pois sabe que terá sempre o Expresso Telles a dar profundidade. Lesionou-se numa altura em que, nas Ligas europeias, só De Bruyne e Messi criavam mais situações de finalização. 

1. Tiquinho Soares

A estreia n'Os Pentas e logo no topo das escolhas, fruto da autoria de oito golos e duas assistências, igualando o melhor mês de Aboubakar. Esteve perto de sair em janeiro, mas ficou no plantel para ser alvo de uma profunda reabilitação nos planos do treinador. Oportuno, foram várias as vezes em que estava no sítio certo na grande área para finalizar, com presença e eficácia no jogo aéreo. Teve combinações interessantes com Marega nas últimas semanas e melhorou na capacidade de fazer diagonais e pressionar a linha defensiva. Uma lesão impediu-o de iniciar março da mesma forma que terminou fevereiro, mas Soares mostrou que uma saída abortada pode, muitas vezes, revelar-se um reforço. 

domingo, 4 de março de 2018

Estofo

Um pouco de contexto. Do meio-campo para a frente, a equipa do FC Porto era composta por quatro jogadores que, num passado recente, estavam dispensados/emprestados (Sérgio, Otávio, Marega e Gonçalo), o maior mal-amado desde Silvestre Varela (Herrera) e um jogador que estava afastado das opções no início da última época (Brahimi). 

Nos 11 titulares não estavam dois dos melhores laterais a nível europeu nesta época (Ricardo e Alex), o melhor médio da Liga (Danilo) e o melhor marcador do FC Porto (Aboubakar) entre todas as provas. No setor defensivo, espaço para três trintões em final de contrato e um miúdo de 18 anos a fazer a estreia em clássicos. 

O resultado foi uma demonstração de estofo, pragmatismo e superação, que aproxima o FC Porto de um sonho que o trabalho de Sérgio Conceição e do plantel pode tornar realidade. São 67 pontos em 25 jornadas. Nem José Mourinho, nem Jesualdo Ferreira, nem Vítor Pereira conseguiram mais em todas as épocas em que foram campeões, só para dar os exemplos mais recentes. Juntem a isso, a nível global, o terceiro ataque mais concretizador da Europa, só atrás de PSG e City. Uns com milhões, Cavanis, Neymares e Agüeros, outros com jogadores recuperados da lista de dispensas. 


Era essencial vencer, para arrumar o Sporting das contas do título e não permitir que o Benfica passasse a depender de si próprio, mas esta é uma ameaça que se mantém: basta escorregar numa única jornada para dar ao rival essa oportunidade. A margem de erro não é curta - é quase inexistente. Bem a postura de Sérgio Conceição nesse sentido.

O calendário pode tornar-se uma coisa muito subjetiva - vão ver, na reta final do Campeonato, equipas do fundo da tabela tirar pontos a equipas dos lugares europeus -, mas é verdade que a agenda do Benfica é teoricamente mais simpática do que a do FC Porto, que terá pela frente 7 jogos fora de casa (a contar com Liverpool e Alvalade) e apenas quatro em casa até ao final da temporada. E a onda de lesões no plantel promete não ajudar. 

A visita ao Liverpool serve apenas para cumprir calendário e tentar evitar estragos maiores na eliminatória (em 18 visitas a Inglaterra, o FC Porto perdeu 16 e empatou duas, em cima do minuto 90, em Manchester - por isso dificilmente a história mudará contra um adversário que nos deu 5 na primeira mão), mas a ida a Paços de Ferreira e a receção ao Boavista revelam-se importantíssimas antes da pausa de 15 dias para as seleções, que pode permitir a recuperação de alguns atletas. 




Estofo (+) - Não foi o melhor jogo do FC Porto desta época. E nenhum dos atletas que esteve em campo fez a sua melhor exibição da temporada. Mas os 90 minutos revelaram algo mais: estofo. Tudo começa nas condicionantes para esta partida - a ausência de vários titulares, atletas juntos a fazer o seu primeiro Clássico e a certeza de que o Sporting ia dar tudo neste jogo. O FC Porto aguentou e deu ao jogo aquilo que o jogo lhe pediu. Atacar quando o resultado o pedia, defender quando o Sporting apertava e tentar explorar as saídas rápidas quando se abria a janela de oportunidade - e aqui, uma vez mais, Sérgio Conceição muito bem a realçar que poderia ter sido feito melhor para matar o jogo.

Brahimi e Otávio passaram mais tempo a fechar o corredor do que a procurar atacar e, defensivamente, a equipa esteve quase sempre prática e limpa a afastar o perigo - tirando o lapso de Marcano, aos 20 minutos, o setor mais recuado esteve quase irrepreensível. Além disso, depois de sofrer o 1x1 a fechar a primeira parte, a equipa deu uma boa resposta com uma entrada forte e determinada em recuperar rapidamente a vantagem. O FC Porto foi forte quando tinha que ser - na procura da vantagem - e, depois, não se inibiu em defender com tudo. 

Iker Casillas (+) - Era mais ou menos expectável, mas ficámos a saber, pela voz do diretor de comunicação do FC Porto (que, tendo sido jornalista, sabe que quando não quer que algo seja tornado público convém esclarecer que se trata de uma conversa em off), que Casillas vai sair no fim da época. E, cintando, «quando o contrato terminar, vamos logo ter uma folga de alguns milhões de euros anuais». Pois vamos, mas também há um risco de se abrir um buraco na baliza, tamanha que tem sido a preponderância de Iker Casillas, sobretudo nos Clássicos. 

A defesa a remate de Montero, aos 85 minutos, é daquelas que seguram um Campeonato. Uma defesa, uma vitória. Naquele lance Casillas impede, simultaneamente, que o Sporting reentre na luta pelo título e que o Benfica passe a depender de si próprio, enquanto segurou a sexta vitória consecutiva do FC Porto. Com Casillas nas balizas nacionais o FC Porto não perde um jogo desde Agosto de 2016. Vai deixar saudades, e oxalá deixe como o campeão que merece.


Héctor Herrera (+) - Quando Rui Patrício afastou a bola e esta sobrou para Herrera, a tentação seria tentar metê-la rapidamente na grande área. Mas não. Herrera esperou, combinou com Maxi, permitiu a reorganização da equipa e cruzou num momento em que há seis jogadores do FC Porto prontos para atacar a grande área. Marcano fez o golo. Foi o ponto de alto de mais uma exibição todo-o-terreno de Herrera. Foi o jogador com mais ações com bola (57), venceu 12 dos 15 duelos que disputou, recuperou 6 vezes a bola e teve 8 ações defensivas. 

Brahimi resolveu (+/-) - É necessário realçá-lo, tantas que foram as vezes que O Tribunal do Dragão escrevia que só faltava algo a Brahimi: ser decisivo num Clássico. E ao 16º jogo contra Benfica ou Sporting, o argelino finalmente apareceu para resolver, com a calma e classe que o momento recomendava: pentear a bola antes de a colocar fora do alcance de Rui Patrício. Foi um jogo muito difícil para Brahimi - bem como para Otávio, Marega e Gonçalo (que serviu o argelino para o 2x1) -, ele que perdeu a bola antes do golo do empate, não fez nenhum passe para finalização e teve apenas um drible, mas na única ocasião que teve para rematar resolveu um Clássico. Já esteve em 14 golos na I Liga - está a uma intervenção de igualar a melhor temporada da carreira. 




Definir e resolver (-) - Sérgio Conceição admitiu-o sem problemas: o FC Porto não explorou da melhor forma alguns momentos de superioridade numérica e em que podia ter definido melhor. Isto começa no case-study de Marega, que uma vez mais esteve sempre no sítio certo para dispor das melhores ocasiões de golo. Mas nas receções a Sporting e Benfica dispôs de 7 ocasiões flagrantes de golo (isto é, apenas com o guarda-redes entre ele e a baliza ) e falhou todas, mesmo entre o azar de ver uma bola bater no poste e Ruiz ou Battaglia chegarem onde Rui Patrício já não chegaria.

Mas o dado mais negativo acabou por ser a entrada de um Corona completamente a leste, a complicar e a decidir mal. O mexicano entrou num bom momento - fresco, Sporting mais subido, com possibilidade de explorar várias situações de 1x1 e com espaço nas costas da defesa -, mas decidiu quase sempre mal. Um toque interessante de calcanhar e, de resto, uma enxurrada de más decisões e de displicência. Com a lesão de Marega pode ter a derradeira oportunidade para mostrar serviço. Corona não pode ser um André Carrillo - aquele tipo de jogador que sabemos que tem talento, mas depois chegamos à conclusão de que estamos há 5 ou 6 épocas à espera que exploda, até chegar à conclusão de que o rapaz não está mesmo para aí virado. 

Segue-se então a visita a Liverpool, para cumprir calendário e tentar evitar números mais expressivos na eliminatória - o Liverpool visita o Man. United no sábado, por isso também é possível que rode algumas unidades, ainda que deslocações a Inglaterra sejam historicamente sinónimo de derrota para o FC Porto. As atenções devem ser centradas em Paços de Ferreira e a recente visita do Benfica à capital do móvel só deve servir de aviso para as dificuldades que o adversário poderá apresentar. Não esquecendo que o FC Porto, há três meses, chegou a desperdiçar um 2x0 na Mata Real.


Terminando com aquela que pode ser a imagem mais marcante da época:

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A Clockwork Orange

Sérgio Conceição e os seus drugues continuam a semear o pânico nas balizas adversárias e superaram a marca dos 100 golos em jogos oficiais, tornando-se a quinta equipa da Europa a consegui-lo (depois de PSG, Man. City, Real Madrid e - quem diria? - Liverpool). Mas a nível interno, este registo só pode ter particular agrado acrescido para o treinador, que se tornou o timoneiro com a melhor média de golos no FC Porto ao fim de 40 jogos dos últimos 40 anos


Os 64 pontos em 24 jornadas (melhor só os 68 do FC Porto de Villas-Boas) mantêm o FC Porto numa boa posição para a reta final da temporada, mas vem aí o jogo mais importante da época: a receção ao Sporting. É um jogo de importância vital, pois em caso de vitória o FC Porto arruma um candidato da luta pelo título; por outro lado, um empate pode permitir ao Benfica passar a depender dele próprio na luta pelo Campeonato. As contas fazem-se jornada a jornada, mas não dá para secundar a importância de vencer na sexta-feira. 

O Portimonense não era, nem de perto nem de longe, um dos jogos mais complicados até ao final da época, mas a pressão e o cansaço são cada vez maiores e o calendário mais curto. A equipa respondeu com eficácia e controlo, mesmo perante a ausência de 5 dos 11 jogadores mais utilizados por Sérgio Conceição. Nunca deixamos de realçar que o plantel do FC Porto é curto, mas a uma equipa que goleia quando falta meia equipa titular... que mais se pode pedir?




Marega e o volume ofensivo (+) - Os melhores 45 minutos ao serviço do FC Porto. Marega começou com uma boa finalização, de primeira, a passe de Soares, e pouco depois acertou finalmente um cruzamento na I Liga, ao servir Otávio para o 2x0. A fechar a primeira parte, voltou a finalizar de primeira, novamente bem posicionado, após cruzamento de Maxi Pereira.

No entanto, houve algo a diferenciar a primeira parte de Marega dos demais jogos ao serviço do FC Porto: foi muito mais eficaz nas suas ações com bola. Só falhou um passe no primeiro tempo, acertou os 2 dribles que tentou, marcou nas 2 únicas vezes em que rematou e foi apenas desarmado uma vez pelos adversários, além de ter ganho 7 dos 10 duelos que disputou. Na segunda parte esteve bem menos ativo, mas foi a primeira vez ao serviço do FC Porto em que teve saldo positivo em todas as suas intervenções na partida.


E em semana de FC Porto x Sporting, podemos aproveitar para aprofundar um tema: Marega tem 20 golos, tantos quanto Bas Dost. Mas há um detalhe a fazer a diferença: o holandês já marcou 4 golos de penalty na Liga, enquanto o maliano não marcou nenhum desta forma (ainda que a Liga tenha oferecido um golo a Marega, ao considerar o auto-golo de Marcelo na jornada passada como sendo da autoria do avançado do FC Porto - e se é este o registo oficial, então há que segui-lo). Marega está, por isso, a marcar mais do que Bas Dost.

Como se explica isto? O holandês do Sporting é, sem dúvida, mais eficaz: tem 20 golos em 45 remates, enquanto Marega já rematou 78 vezes. A diferença? O FC Porto cria muitas mais ocasiões de golo e coloca muitas mais vezes a bola nos seus avançados do que o rival de sexta-feira. Bas Dost, no Sporting, é obrigado a ser mais eficaz, pois não recebe tantas vezes a bola. Já no FC Porto, seja com Aboubakar, Soares ou Marega, o volume ofensivo da equipa permite a criação de tantas ocasiões de golo que, eventualmente, elas acabam por entrar. Isto só valoriza o trabalho ofensivo realizado por Sérgio Conceição, um treinador que sempre dizia preferir o 1x0 ao 5x4. A verdade é que o FC Porto de Conceição é um dos mais concretizadores da história do clube. 

Já agora, um pouco de trivia no mesmo âmbito: o Estoril, o mesmo Estoril que muitos deram como desaparecido na quarta-feira, tem mais passes para finalização na I Liga do que o Sporting (246 dos canarinhos contra 224 dos leões). E o mesmo Portimonense que foi agora goleado pelo FC Porto também tem números mais favoráveis do que o Sporting, com um total de 231 ocasiões criadas. Logo, não é que os dois últimos adversários do FC Porto não tenham querido atacar: a equipa portista é que não deixou e impôs a sua superioridade.

Soares (+) - Vai fechar o mês de fevereiro com intervenção direta em 10 golos, igualando o mês de dezembro de Aboubakar. Assistiu Marega para o golo inaugural e respondeu com um belo golpe de cabeça a um cruzamento de Diogo Dalot. Teve algumas dificuldades nos duelos contra os defesas do Portimonense (foi desarmado 8 vezes), mas voltou a entender-se com Marega e a saber movimentar-se a toda a largura em cima da linha defensiva adversária. Não contava em janeiro, agora deixou todos apreensivos face a uma eventual lesão que o pode afastar do clássico.

Laterais (+) - Nervoso nos primeiros minutos, Diogo Dalot foi ganhando confiança e metros pelo corredor e brilhou na segunda parte, primeiro com um grande cruzamento para Soares, depois com alguma sorte a servir Brahimi. Bom, estamos habituados a que o lateral-esquerdo do FC Porto faça assistências - e cá estão mais duas. A questão é: vale a pena ficarmos entusiasmados com o futuro de Dalot? É que o seu contrato acaba em 2019, ainda não foi renovado, está a ser observado desde os sub-17 por grandes clubes mundiais e a questão de Rúben Neves não deixou nenhum adepto confiante face à forma como a SAD olha para a formação e para o futuro. Renovar, para ontem. Maxi Pereira também voltou a fazer um jogo certinho, com destaque para a assistência para Marega, e tem compensado com experiência aquilo que já lhe falta em frescura nas pernas. 

Fator Iker (+) - O guarda-redes espanhol esteve 422 minutos sem sofrer golos nas balizas do FC Porto, e a sequência só foi quebrada de bola parada, num lance muito consentido pela defesa. Tendo em conta que José Sá saiu da baliza do FC Porto com uma média de um golo sofrido a cada 92 minutos, isto, por si só, já revela a importância de ter o melhor e mais experiente guarda-redes no 11 titular. Casillas dá segurança, voz de comando e estabilidade à baliza e à defesa à sua frente. E por mais incrível que possa parecer, fez 5 defesas em Portimão - o guarda-redes da equipa da casa fez apenas uma, até porque o Portimonense rematou mais (13-8). 

Outros destaques (+) - Sérgio Oliveira e Herrera voltaram a controlar o meio-campo, desta vez com e sem bola. Não se aproximaram muito da grande área adversária, mas foram eficazes e seguros no controlo do miolo - o mexicano particularmente bem no passe e na circulação (95% de acerto), o português melhor nas ações defensivas (10 intervenções). Otávio foi aparecendo a espaços, mas lançou a jogada do 1x0 e marcou ele próprio um golo, tendo sempre procurado a bola ora à direita, ora mais em zonas interiores. 

Faltam 10 jornadas, 10 finais. Melhor ataque, melhor defesa, melhor futebol. Venha o Sporting.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Foi mesmo mais do que 45 minutos

«Até metia dó ver o Estoril em campo. Não conseguia dar dois toques na bola. (...) quando se prepara 45 minutos e não se consegue dar três toques na bola, não se ganha uma bola, não se ganha uma segunda bola (...)». Foram declarações muito, muito fortes as expressadas por Ivo Vieira no final da partida. Não é hábito vermos um treinador rasgar assim a sua equipa, a quente, no final das partidas. Mas houve um rasgão ainda maior: dentro de campo. 

O FC Porto devorou completamente o Estoril em campo. O Estoril não conseguiu fazer nada porque o FC Porto não deixou, com uma exibição que quase apetece a dispensa de circulação, espaço entre-linhas, profundidade e os conceitos habituais. Foi, simplesmente, um massacre.

Fortíssimos na reação à perda da bola, rápidos a definir e a atacar, sistematicamente a levar a bola à grande área e a criar ocasiões de golo. Lances ganhos pelo ar, pelo chão, no corpo a corpo, fosse como fosse. O FC Porto sufocou por completo o Estoril e personificou, na perfeição, a vontade em chegar ao título de campeões nacionais.

Eram precisos dois ou três golos e o FC Porto fê-los com facilidade. E nem havia assim tantas razões para duvidar que isso seria possível. Afinal, estamos a falar do segundo melhor ataque do FC Porto dos últimos 32 anos à 23ª jornada - melhor só o FC Porto de Robson, em 1996, que levava 62 golos, mais um do que os marcados até ao momento nesta época. Foram três, podiam ter sido muitos mais. Em 45 minutos, nos quais o FC Porto aplicou uma intensidade e criou uma quantidade de ocasiões que poucas equipas conseguem em 90'.

Cinco pontos de vantagem a 11 jornadas do final. Que significa isto? Nada. Basta o clássico com o Sporting correr mal e, aí, já damos ao Benfica a oportunidade para tentar chegar ao primeiro lugar quando os dragões forem à Luz. Por isso, nada está ganho, nada está garantido. Garantia apenas esta: é essencial vencer o Portimonense.




Iván Marcano (+) - O massacre ofensivo começou cá atrás: na forma como Marcano se fartou de lançar ataques com passes longos e bolas metidas na perfeição nos flancos. Inteligentíssimo a colocar as bolas ora em Marega, ora em Brahimi, ora ele próprio a ganhar alguns metros e a empurrar a equipa para o meio-campo do Estoril. Com os avançados do Estoril a darem pouco trabalho, serviu basicamente como o primeiro construtor de jogo.

Héctor Herrera (+) - Para a frente, para trás, para a direita, para a esquerda. Herrera pressionou, desarmou, cortou, passou, criou, sempre de dentes cerrados e em máxima intensidade. Foram 45 minutos de alta rotação nos quais Herrera esteve em todo o lado, inclusive na génese dos dois golos de Soares, depois de ele próprio ter ficado perto de inaugurar o marcador.

Soares (+) - Terceira jornada consecutiva a bisar, desta feita em dois lances oportunos, nos quais cumpriu a máxima dos pontas-de-lança: estar na grande área para o último toque. Mas não se limitou a isso, pois não raras vezes descaiu para os flancos, baralhou as marcações e criou ainda duas ocasiões de golo. Já leva sete golos em fevereiro, está com a confiança renovada e agarrou o lugar no 11, perante a ausência de Aboubakar das opções. Uma vez mais, Sérgio Conceição recupera um jogador que esteve de malas feitas. 


Estratégia (+) - De encontro aos parágrafos iniciais: o FC Porto engoliu por completo a equipa do Estoril, empurrando os 11 jogadores para a sua grande área e encontrando sempre superioridade em todos os momentos do jogo, quer nos duelos, quer nas bolas divididas, quer no jogo aéreo. A equipa soube levar a bola até à grande área do Estoril como nunca, tanto que, da totalidade dos 23 remates na partida, apenas um foi obtido de fora da grande área. A velocidade de execução, as constantes quedas dos avançados nos flancos e a pressão constante sobre o Estoril foram chaves para uma vitória importante, categórica e curta, tamanha que foi a superioridade do FC Porto. Negativo, muito negativo, só mesmo as lesões de Alex Telles e Corona.

Segue-se o Portimonense. Dá para fingir que são só 45 minutos?

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Muito mais do que 45 minutos

- 1955/56, Dorival Yustrich
- 1987/88, Tomislav Ivic
- 1995/96, Bobby Robson
- 2003/04, José Mourinho
- 2010/11, André Villas-Boas
- 2012/13, Vítor Pereira

O que têm em comum estes 6 treinadores? Foram os únicos, na história do FC Porto, a chegar à 23ª jornada da I Liga invictos. E foram todos campeões nacionais. 

Os 45 minutos que faltam disputar frente ao Estoril valem, por isso, muito mais do que um acerto de calendário, muito mais do que três pontos, muito mais do que uma vantagem reforçada sobre Benfica e Sporting.

São 45 minutos que podem recolocar o FC Porto num trilho de sucesso histórico e tornar Sérgio Conceição o 7º treinador da história do clube a atingir esta meta de invencibilidade. 

São 45 minutos para alcançar aquilo que só por seis vezes foi feito em 84 anos de história de Campeonato português. No pressure, kids