Após alguns dias de espera, chega então a aguardada análise do Relatório e Contas da época 2016-17, que será publicada em várias partes. Começamos pela análise geral, recordando sempre o orçamento desta época. Pela segunda época consecutiva, a SAD do FC Porto falhou nos objetivos propostos e fechou a época financeira com um elevadíssimo prejuízo. Depois dos 58,4 milhões de prejuízo na época passada, os piores resultados da história das SAD em Portugal, desta feita a administração fechou o exercício com 35,3 milhões de prejuízo.
O orçamento da SAD para esta época apontava para um saldo positivo de 2,7 milhões de euros no final da temporada, linhas que a administração não conseguiu cumprir. Esta época ficou marcada por o FC Porto ter sido, na temporada 2016-17, o único clube punido pela UEFA por não cumprir o fair-play financeiro (a SAD anuncia agora ter cumprido o acordo que foi posteriormente feito), possivelmente o ponto mais baixo de 20 anos de atividade da SAD e um mais um sinal que mostra o quão sábia foi esta frase de Pinto da Costa: «Misturar política com futebol dá sempre mau resultado». E nem um apelido de mítico goleador atenua a coisa.
Começando pelas principais rúbricas, os proveitos operacionais estiveram dentro do previsto, na casa dos 98 milhões de euros. O crescimento em relação à última época deveu-se meramente à qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, o que permitiu receitas na UEFA de mais de 30 milhões de euros. Os orçamentos da SAD são sempre de risco, mas bastava o play-off com a Roma ter corrido mal e poderia estar aqui um buraco de mais uma ou duas dezenas de milhões de euros. Felizmente, correu bem. Alguns pontos da rúbrica ficaram acima das expetativas, outros abaixo, mas no final os objetivos foram cumpridos no que aos proveitos operacionais diz respeito.
Os custos operacionais, por sua vez, foram maiores do que o esperado e atingiram os 121 milhões de euros. O principal destaque vai para os custos com pessoal, que chegaram aos 73 milhões de euros. Por outras palavras, se não tivesse sido obtido o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões, todas as receitas operacionais do FC Porto talvez não chegavam para pagar os salários. O desequilíbrio continua a ser gritante e a SAD continua assim em défice operacional, embora tenha decrescido de 41,5 milhões para 18,3 milhões de euros.
Os capitais próprios também levaram um golpe em relação ao último ano, ao passarem de 25 milhões de euros para 9,1 milhões de euros negativos. Porém, tendo em conta os interesses minoritários e as respetivas consequências da operação Euroantas, os capitais sociais da Empresa-Mãe chegam quase aos 69 milhões de euros negativos. Negativos.
O ativo cresceu ligeiramente, atingindo os 378 milhões de euros, mas em contraste temos mais uma subida assinável do passivo, que chegou aos 387 milhões de euros negativos. Em causa está uma subida de mais de 160 milhões de euros de passivo em relação à época do último título conquistado.
As compras do último exercício serão analisadas de forma mais detalhada num próximo post, mas aqui ficam as compras declaradas pela SAD.
Destaque para a grande curiosidade de um (ou mais, pois não é especificado) jogador ter custado 25 mil euros, mas depois aparecem custos de intermediação/contratação de um milhão de euros. A contratação de Soares foi mais cara do que o inicialmente previsto, de 5,6 milhões de euros pela totalidade do passe, e Galeno custou 1,5 milhões por 75% do passe, tendo sido contratado a um clube controlado pelo empresário António Teixeira.
Note-se a curiosidade, que deve merecer atenção, de estarem aqui despesas de 50 milhões de euros em jogadores, mas neste momento só um está a ser titular indiscutível na equipa principal, Alex Telles. É também de realçar que a SAD detalha as compras de oito jogadores, mas depois enumera 15 empresários/empresas que receberam comissões de intermediação no momento da compra dos jogadores.
A venda de André Silva, por sua vez, acaba por gerar uma mais-valia reduzida se tivermos em conta que se tratava de um jogador da formação (os jogadores da formação têm, por norma, mais-valias muito superiores, pois não há amortizações do passe). Neste caso, a mais-valia de André Silva ficou-se por 27,8 milhões de euros. É também de notar que a SAD, além de ter pago 10% a Jorge Mendes pela percentagem que o empresário detinha, ainda foi pagar depois comissão à Gestifute pela transferência. São mais de 10 milhões de euros que se «perdem» no cálculo da mais-valia. A mais-valia de Rúben Neves também acaba por ser quase irrisória, de 12,5 milhões de euros. Estamos basicamente a falar do valor que se pagou pela compra de Boly e Depoitre. Quando os jogadores da formação geram mais-valias mais reduzidas do que os atletas comprados no mercado, algo vai mal.
O AC Milan e o Wolves também acabaram por conseguir modalidades de pagamento que parecem ser relativamente interessantes. Por exemplo, o clube italiano vai pagar apenas 14 milhões de euros por André Silva no primeiro ano, ficando os restantes 24 milhões para prazo não corrente. O Wolves também só vai pagar 5 milhões de euros por Rúben Neves esta época; quando tiver que pagar as restantes tranches, possivelmente já Rúben Neves terá sido levado por Jorge Mendes para um clube de outras ambições.
Os empréstimos bancários merecerão também uma análise mais detalhada, mas a SAD continua a antecipar variadas receitas através de contratos de factoring, sobretudo com o já bem conhecido Internationales Bankhaus Bodensee. A dívida corrente da SAD à banca ascende aos 119 milhões de euros, com a dívida total a chegar aos 196 milhões de euros.
Outra pequena curiosidade. Todos estarão recordados da surpresa que foi o FC Porto ter pago a totalidade do Estádio do Dragão ano e meio antes do previsto, no início de fevereiro de 2017 (ato que a SAD justificou com as elevadas taxas de juro e «contas de garantia associadas»). O R&C revela agora que, no mesmo mês, foi apresentada uma hipoteca do Estádio do Dragão como garantia juntamente do Banco Carregosa (que vai receber um Dragão de Ouro como Parceiro do Ano) na emissão de papel comercial, juntamente com os passes de Danilo, Felipe e verba da transferência de André Silva para o AC Milan.
Palavra ainda para o contrato de direitos televisivos com a Altice que, como se sabe, só entrará em vigor em 2018. No entanto, a SAD já antecipou uma quantidade bastante significativa, com já mais de 90 milhões de euros entre os 457,5 milhões da totalidade dos contratos. Além do adiantamento que já tinha sido mencionado no anterior R&C, de 56,9 milhões, a SAD recorreu a diversos contratos de factoring para um adiantamento de mais 34 milhões de euros. Era este o contrato que iria «permitir gerir o FC Porto de maneira diferente», disse alguém. Pois.
Bons desempenhos, até ver, só mesmo dentro das quatro linhas.
É tão mau como eu imaginava, uma tristeza. Estamos a vender os aneis e continuamos a insistir em erros do passado e operações financeiras ruinosas. Não se percebe nem o salário do presidente da SAD nem a manutenção do director financeiro, uma palhaçada. A única mudança foi termos despachado o Antero e contrarmtadobo Luis Gonçalves.
ResponderEliminarDe uma maneira geral estou de acordo com a vossa análise. Só gostava de ressalvar (porque pode existir confusão junto dos associados) que o prejuízo deste ano já vem condicionado pelo resultado do ano anterior.
ResponderEliminarOu seja: não se trata de 2 prejuízos distintos mas sim uma diminuição do resultado negativo de 58,4M€ em 2016 para o atual de 35,3M€. Houve uma diminuição de 23,1M€
Saudações Portistas
Não é bem assim. São 2 exercícios distintos. Depois de 58,4 milhões de euros de prejuízos, tivemos 35,3 milhões. Ou seja,em 2 anos,delapidamos o Capital Próprio em quase 95 Milhões de euros.
EliminarJá vem condicionado como? Diminuição? A única coisa que vem condicionada de um ano para o outro é o Balanço, as contas de resultados são independentes de um ano para o outro. Tem de somar os 2 resultados da SAD, 58M o ano passado e 39M este ano, ambos negativos.
EliminarTenho um dúvida relativamente ao contrato com a Altice.
ResponderEliminarUtilizando como referência o final desta época, e presumindo que até não se anteciparam mais receitas, quantos milhões sobram dos 457.5?
Retirando os adiantamento sobram 367 milhões, e até 2018, quanto entrou? 25 milhões pelas camisolas e canal?
Se for isso restam 342 milhões até 2028, o que dá uma média de 34 milhões por ano.
Não sei se estas contas estão totalmente correctas, mas parece-me claro que se forem antecipadas mais receitas esta época o clube vai ter imensa dificuldade em equilibrar as finanças ao longo da próxima década.
A diferença entre o que vai receber em 2017/2018 e o que irá receber até 2028 claramente não chega para sustentar as despesas actuais da SAD, pois relembro que este prejuízo existiu apesar de se terem vendido dois jogadores por 54 milhões!!!
O que nos vale é o Sérgio, sem ele como treinador isto seria trágico, assim pode ser que ele consiga.
ResponderEliminarQuanto ao contrato da Altice, gostaria de saber o seguinte, antecipamos receitas dos 455 milhões, cujo contrato inicia apenas na próxima época, no entanto, para além desses 90 milhões já recebemos uma parte do contrato no ano e meio que a Meo patrocina as camisolas e na distribuição do Porto canal que começou na mesma altura, certo? Se assim for, como penso que é, já delapidamos perto dos 100 milhões de euros desse contrato, se a isso juntarmos os juros do factoring... é melhor nem pensar...
Abraço e continuação de posts como esses que nos ajudam a ficarmos elucidados.
Eu estive a fazer contas e os antecipados já ultrapassam em muito os 100M. Terei lido mal ou até 8M de receitas de bilheteira já foram antecipadas até setembro 2018? Não cabe na cabeça de ninguém!
EliminarComentador João Arém das 16:52 e Anónimo das 17:21.
ResponderEliminarNa Contabilidade de uma Sociedade uma coisa são os Resultados Operacionais que é o saldo entre Proveitos e Custos de tudo o que se realizou naquele ano e, outra coisa, são os Resultados de Balanço.
Então o Resultado (o saldo de cada ano) é transposto para o exercício seguinte, donde resulta o Saldo Atual.
Exemplo: Nos Relatórios e Contas, vê-se sempre na parte final uma proposta da Direção para que "O Resultado (esse tal acumulado que tanto pode ser positivo como negativo) transite para "Resultados Acumulados". É nesse sentido que um RC deve ser analisado.
Na prática houve prejuízos em 2016 e 2017 mas não pode somar os dois resultados. Tem que pegar no valor do ano anterior e depois ver se reduziu ou aumentou o Total. No nosso caso dimuinuiram os prejuízos.
O prejuízo deste ano de 35,3 só existe porque o do ano passado foi 58,4 e é desse valor que se parte para chegar ao fim deste exercício.
Ou seja: No início do próximo RC vamos começar com um Saldo Negativo de 35,3 que é o Salto atual.
Anónimo das 18:04 - O seu raciocínio está correto. São recebimentos adiantados dos próximos exercícios. Precisamos mesmo da qualificação para a UEFA. É fundamental para conseguirmos equilibrar as Contas.
Saudações Portistas
José Lima, o que diz não é verdade. A relação entre o Balanço e a Conta de resultados é a conta "resultados transitados" no Capital Social, que acumula os resultados anuais.
EliminarOs resultados mudam todos os anos, cada ano é um ano novo, que começa do zero!!!
Resultados Operacionais é outra coisa, é uma parte (parte superior) da conta de resultados onde são registados todos os proveitos e custos correntes da sociedade dando origem ao resultado operacional ou corrente.
O Balanço é o único que transita de um ano para o outro, por isso e do qual faz parte a conta "resultados dos exercícios", o único posto que transita de um ano para o outro vindo da conta de resultados.
O prejuízo de 35,3 não existe apenas porque no anterior foi 58,4, como afirma. Podia ser sido diferente, em vez de negativo, se o desempenho da empresa refletido na conta de resultados tivesse sido diferente. Os 35,3 não têm nada ver com os 58,4.
Cumprimentos
Boa noite a todos. É com muito gosto que encontro um espaço onde se escrutinam as contas do clube. Já há muito que procurava um e ei-lo, finalmente. Desde já agradeço o trabalho informativo de, e para quem reconhece a importância da parte financeira no plano desportivo. Faço hoje o primeiro comentário, que penso não será o único, pelo menos no que a esta temática diz respeito. Algumas notas:
ResponderEliminar- Ponto muito positivo para a evolução do Merchandising (de 4,5M em 15/16 para 5,1M em 16/17). Pergunto-me o que terá explicado esta escalada..?;
- A Bilheteira também cresceu, o que se compreende. Para além do play-off da LC com a Roma (é dito no ReC que deu como receita 552 mil euros), houve campeonato até ao fim e por conseguinte mais espectadores. De acordo com a pesquisa que fiz e como curiosidade, em 15/16, apenas para jogos do campeonato, o Dragão recebeu 550 mil espectadores (média de 32 mil) e em 16/17 624 mil (média de 37 mil). Grande diferença e é muito importante que se consiga aumentar o nº das assistências nos jogos em casa, nomeadamente incrementar os lugares anuais. O trabalho feito nesta vertente não tem sido nada satisfatório e faço a comparação com o sporting (Game Box). Salvo erro – e é possível que esteja equivocado porque os 3 grandes apresentam os indicadores de formas diferentes, o que torna o tratamento dos dados um exercício complicado – os lugares anuais renderam 2,7M ao Porto e praticamente 6M ao sporting. Não é aceitável esta diferença, tem de se apostar mais em fidelizar os sócios/adeptos;
- Brutal a receita de quem vai aos oitavos da LC, passando o play-off. Voltando a não querer errar, julgo que os prémios desta competição sofreram alterações precisamente a partir da época transacta (os prémios de jogo aumentaram), o que também ajudará a justificar o aumento dos proveitos desta rubrica;
- As Outras Receitas Desportivas representam apenas 2% do bolo das receitas, mas quem tem o défice orçamental que tem, não deve negligenciar absolutamente nada. Encaixam aqui as receitas da Taça de Portugal (15/16 fomos à final, em 16/17 eliminados na 4ª eliminatória: são logo menos 4 jogos que se disputam…) e as fees das escolas do Dragon Force: Colômbia e Canadá abriram em 2015, Valência já em 2016. Pelo decréscimo na receita (1,8M para 1,5M), é seguro admitir que esta rubrica está quase dependente da participação na Taça de Portugal. É má política não desdobrar as receitas do Dragon Force. Não consigo ver que vá dar retorno directo, mas haverá a oportunidade de descobrir jogadores, para além de transportar o nome do clube fora de portas. Desconfio que a próxima escola será no México.
- Publicidade e Sponsorização estável. Enquanto não formos campeões, não há nem novos contratos nem contratos melhorados. Pacífico. Inclui-se aqui a publicidade no Porto Canal, que espero que venha a ter um comportamento cada vez melhor (agradeçam ao J.Marques).
- Corporate Hospitality, estranhamente a ressentir-se de uma época para a outra. Resumidamente: exploração dos camarotes e lugares de empresas no Dragão. As verbas eram canalizadas para a EuroAntas para fazer face ao serviço da dívida contraída para construir o estádio. Ora, este ficou pago neste exercício, pelo que deduzo que a liquidez possa ser alocada a outro sítio. Talvez o grande destaque deste ReC.
- Na parte dos Custos, a redução deveria ter sido muito mais severa, nomeadamente nos Custos com o Pessoal, que são um absurdo: 74% do total dos Proveitos!! Vamos ver de que forma o emagrecimento do nº de atletas (rescisões e vendas) se traduz numa descida a pique da massa salarial.
(Parte 2)
ResponderEliminar- Transcrevo uma frase que me intriga: “De referir que os proveitos advindos do contrato celebrado com a Altice, em Dezembro de 2015, para a cedência de direitos de transmissão televisiva, não estão ainda a ser considerados na estrutura de proveitos da Sociedade, dado que a sua vigência se inicia apenas em 1 de julho de 2018. Assim, a contabilização deste contrato a partir da época 2018/2019 trará um maior equilíbrio económico tanto nessa época, como nas seguintes“. As antecipações de receita efectuadas de alguma forma não são representadas na Demostração de Resultados e apenas entram no Balanço, será?
- O Óliver foi comprado – e não foi todo! – por 20M, que é um negócio horrível. Tem qualidade e futuro, sim, mas nunca vale aqueles milhões todos. Estamos a falar de um jogador que nem está perto de ser titular indiscutível. Govea (2M) e Galeno (1,5M) baratos para o que poderão render, assim tenham treinador(es) à altura. Dói ver que a brincadeira com a rescisão do Helton custou 1,6M, o “custo zero” do Maxi 3,6M, 50% do Inácio 2,4M (incluído no negócio Maicon?) e 50% do Victor Garcia (entretanto vendido ao Vit. Guimarães) foram 2,1M. Urge comprar o resto do passe do Filipe (75% é nosso) e do Danilo (80% é nosso). Acalma-me saber que o Abou já é 100% dragão. 7,2M por 60% do passe (os outros 40 já eram nossos). Barato da feira. Maxi acaba o contrato em Jun18 e não irá renovar, pelo que dará uma folga aos salários. E Marcano, para quando a renovação..?!
- Pena nas “Alienações” não haver um quadro como nas “Aquisições”. Outra má política. Tinha dúvidas sobre a venda do Martins Indi, se tinha sido contabilizada neste ReC ou viria no desta época, mas pelo quadro dos “Clientes” concluo que sim. O Stoke só nos deve dinheiro da transferência do Imbula. Já dá uma certa folga. Gostei da limpeza que foi feita mas ainda há muitos excedentários por despachar: - Quintero, Kelvin (eterno héroi, mas..), Walter, Bueno, Suk e Adrian Lopéz.
- Preocupa-me que o Porto, Clube, deva 14M à SAD, ainda para mais com operações dúbias. Como é que a aquisição, por parte do Clube, da participação na SAD do Porto à Somague, levou a uma dívida do Clube à SAD? Já agora, se, como é dito, a totalidade das quotas são pertença do Clube, como podem ser dadas como colateral num empréstimo contraído ao Novo Banco?
- Sabemos que a Porto Comercial gere o Museu e que teve um resultado operacional de 3M… Mas, quanto se deve ao Museu? Não seria interessante saber? Sabe-se é que também aqui houve antecipação de receitas, com o patrocínio (literalmente) do BMG.
- Relativamente ao Passivo Remunerado e relação com a Banca, é positivo contemplar que existem uma série de bancos/financeiras dispostos a negociar com o Porto. No caso, entre empréstimos, factoring e afins, são 9. O sporting está barrado ao BCP e ao Novo Banco e depende deles para tudo. Para complicar as coisas, tem um empréstimo obrigacionista de 30M com maturidade em 2018 que não vai conseguir pagar, nem que faça o pino. Porto e benfica, este ano, já foram ao mercado fazer o rollover da dívida, mas devido à débil condição financeira, o sporting não o conseguiu fazer. Interessante ver como vão fazer. Seguramente entrarão novos VMOC´s… BCP e NB pagarão para o clube lhes pagar de volta e ficam com outra dívida que dificilmente será repaga. Impressionante…
- De forma camuflada, temos informação que um tal de Luiz Gustavo, “Luisão” (quem vê a equipa B já o viu jogar), custou 3M de euros.
(Parte 3)
ResponderEliminar- 4,9M, o valor que pagávamos a jogadores que tínhamos emprestados por esse mundo fora. Inaceitável. No fecho do ReC tínhamos 81 atletas, menos 4 que no anterior. No que virá, desejo ver um nº começado por 6.
- A SAD paga juros de mais de 12M!! É mais coisa menos coisa, dizer que o dinheiro do Merchandising e da Bilheteira vai todo para o serviço da dívida. O sporting paga cerca de 3 vezes menos – e não é porque tem uma SAD bem gerida, é apenas e só doping financeiro e concorrência desleal.
- Pelas minhas contas, temos uma dívida líquida de 177M, que comparam com 267M do benfica e 121M do sporting (fora os VMOC´s). Os proveitos operacionais (sem transferências) foram, respectivamente, 98M, 128M e 80M. Considero-nos em melhor situação que os nossos rivais porque seremos obrigados a melhorar as contas – triste ter de nos ser imposto rigor, mas é minha convicção que é o melhor que nos poderia ter acontecido – e olhando para os plantéis, é notório que temos aquele que mais anéis tem para venda. Não querendo eu ficar apenas com os dedos, as mais-valias dos passes de jogadores são indispensáveis para a saúde da SAD, portanto temos uma bóia de salvação caso o azar nos atravesse à frente. Não esquecer que daqui a duas épocas, apenas o campeão em Portugal terá acesso directo à Champions e o segundo terá de passar o play-off. Um dos 3 grandes vai dar o berro nessa época ou mesmo antes.
- Dizer que não falei do benfica porque apresentou o ReC em modo “resumo”. Falta de transparência total.
Boa noite, José.
EliminarDesculpe-me intrometer nos seus comentários mas deram-me tremendo agrado lê-los, completando na perfeição o artigo do Tribunal do Dragão.
Apesar da área da Contabilidade e Tesouraria não ser o meu forte, há claros sinais preocupantes sobre os mesmos no nosso Clube. Desde negócios ruinosos a dúbios, na minha opinião, houve muito dinheiro mal canalizado ao longo dos anos.
Preocupa-me, sobretudo, dois pontos e deixo as questões a si, José, e ao Tribunal do Dragão se, caso possível, me possam responder:
1.) Que impacto terá o dinheiro que andamos a antecipar do contrato com a MEO?
2.) Não existe outra alternativa que não o apuramento, sobretudo para para os Oitavos de Final da Champions, para equilibrarmos as contas? Lembro-me perfeitamente do artigo aqui publicado no Tribunal do Dragão à dois anos, quando falhámos esse apuramento, e que me deixou preocupado, já na altura. Qual é o meu espanto quando leio que Fernando Gomes diz que as receitas da UEFA vão ser, cada vez mais, indispensáveis para as nossas contas do nosso clube.
http://www.fcporto.pt/pt/noticias/Pages/exercicio-201617-teve-resultado-liquido-negativo-de-35-3-milhoes.aspx (Último parágrafo)
Por último, gostaria de dizer o quanto fico desiludido pelo dinheiro mal gasto ao longo dos tempos, que poderia ter ajudado na construção de uma Academia / Centro de Alto Rendimento e/ou tecnologia de ponta como alguns clubes alemães utilizam (aqui já estarei a sonhar demasiado alto, eu sei.)
Obrigado pela atenção,
BMF
Caro BMF, fez muito bem em intrometer-se nos comentários, era isso que pretendia: uma discussão sobre as contas do clube. Há coisas que não percebo, mas estou em crer que havendo um brainstorming, com pequenos contributos de todos, conseguiremos fazer a leitura do ReC mais compreensível. É minha convicção que um verdadeiro adepto não se remete ao que se passa dentro das 4 linhas, deve também interessar-se pela saúde financeira do clube. E para tal, não se engane, não é preciso ser especialista em Contabilidade/Finanças (eu não sou). Atacando as questões:
Eliminar1) Adiantaram-nos dinheiro que só nos seria pago no início do contrato e como tal temos um passivo, uma obrigação, na forma da cedência dos direitos de transmissão televisivas e publicidade. Dizer que o factoring é diferente. Nesta modalidade de financiamento há um triângulo clube-banco-cliente. Exemplo: o clube tem um contrato de 1M com uma empresa de telecomunicações (cliente) que será facturado dentro de 1 ano, mas como está com dificuldades de tesouraria quer antecipar essa receita. O banco, ao ver que o cliente é de confiança, adianta, descontando comissões, suponhamos, 900 mil euros ao clube e dali a um ano receberá ele, o banco, o milhão de euros do cliente do clube. Moral da história: - o clube recebe menos 100 mil euros! No entanto, quem vive, como vivem os clubes, no fio da navalha, é natural que se utilizem estas ferramentas para fazer face aos compromissos da actividade corrente;
- Voltando ao dinheiro antecipado. É dito que do valor total do contrato com a Altice – 457,5M - foram adiantados 56,9M*, portanto estamos a falar de cerca de 12,5%;
- Outra chamada de atenção: - o contrato tem 3 vertentes: a) direitos de transmissão televisiva + direito de exploração de espaços publicitários no Dragão por 10 épocas desportivas, com começo em Jul18; b) direitos de transmissão do Porto Canal pelo período de 12 épocas e meia, com início em Jan16; c) estatuto de patrocinador principal pelo período de 7 épocas e meia, com início a 1Jan16. A alínea a), tem a particularidade de só entrar em vigor na próxima época, ou seja, na 2018/2019, mas o clube não foi de modas: - quis 46,5M quase à cabeça. Os direitos do Porto Canal (alínea b) ) já foram contabilizados no exercício em questão e permitiram aumentar a receita da rubrica dos Direitos de Transmissão/Distribuição Televisiva. O estatuto de patrocinador (alínea c) ) não se fez sentir, já que as receitas da Publicidade e Sponsorização até decresceram. Contudo, aqui também houve uma antecipação de receita de 7,5M;
- Como nota, também receitas do patrocínio do museu (BMG) foram antecipadas: 4,5M.
Eliminar- Em termos de contabilização nos proveitos, pelo que se pode ver no quadro da página 87 do ReC, o total destas receitas será distribuído igualmente pelos próximos 4 anos. Isto é, pegando nos 7,5M do adiantamento das receitas publicitárias: no próximo exercício serão contabilizados 1,5M, daqui a 2 anos outros 1,5M e assim até ao 4º ano. O mesmo raciocínio se aplica relativamente aos direitos televisivos: - 4,6M nos próximos 4 anos;
- O impacto será somar aqueles valores aos das respectivas rubricas, sendo que é de esperar que cresçam aquela medida. Hipoteticamente falando, se na época passada registamos proveitos de (pouco mais de) 14M, será expectável ver 15,5M na mesma rubrica este ano (os 14 mais os 1,5 do adiantamento);
- * Não sei como chegaram a este valor. De receitas antecipadas daquele contrato só consigo descortinar as dos direitos televisivos e das receitas de publicidade. Temos então 46,5+7,5=54M. A diferença (~2,5M) para o número que eles anunciam não sei de onde vem;
2) Haver há, passará é sempre pela venda de jogadores. Isto é uma pescadinha de rabo na boca: - não havendo receitas da LC, vendem-se os melhores jogadores e fazendo-o torna-se mais difícil competir na LC, quanto mais passar a fase de grupo… Depois, vendem-se os melhores jogadores… E repete-se o ciclo. Repare que só o acesso aos oitavos dá lugar ao recebimento de 6M, fora outras receitas como a bilheteira e direitos televisivos.
Eliminar- Em menor grau, pode tentar-se aumentar as receitas de bilheteira – intimamente ligadas ao desempenho da equipa – e/ou, como já referi noutro comentário, apostar mais na promoção dos Dragon Seats – o que fazemos é muito pouco comparativamente aos nossos rivais;
-Outro ângulo é o corte nos custos. O grande problema é que se as receitas são altamente voláteis, os custos não. Se não fizermos mais ponto nenhum na LC, os jogadores vão ganhar exactamente o mesmo salário. E, como também já assinalei, se os salários são 74% dos proveitos, imagine se os proveitos baixarem! Ninguém vai dizer ao Casillas que vai ter de receber menos porque a equipa falhou os objectivos. Quem diz ao Casillas diz a todos os jogadores. Pode dizer-se que os salários são custos fixos, não dependem da “produção”. São-no também, na medida em que não é possível livrarmo-nos de um jogador de um momento para o outro porque é caro. É preciso indemnizá-lo e isso pesa nas contas e custa dinheiro. Por isso é que o Adrian López andará de empréstimo em empréstimo até o contrato findar (só em Jun19, infelizmente);
- Não tinha visto o vídeo que postou, curto mas muito interessante. “Libertámos 26 jogadores que tinham contrato, o que nos permite já em 2017/18 uma diminuição dos custos com o plantel de 20,8 milhões de euros”. Espero que seja verdade mas tenho as minhas dúvidas. Os custos remuneratórios com os atletas/equipa técnica foram perto de 55M e vão cortar quase 21M? Espero que sim e estarei atento;
- A parte sobre o aumento de capital assusta. Quem vai entrar com a massa? O Clube? Para depois ficar a dever à SAD não sei como…? Facto é que o Presidente anda a reforçar a sua participação no capital da SAD e deve haver algum motivo por detrás.
- Sobre o estádio, apenas foi dado como garantia de um empréstimo, o que é perfeitamente normal. Só seria executado se a SAD incumprisse com o reembolso. Não há nenhum atirar de areia para os olhos. Quem dera ao sporting poder dar o estádio como garantia…
Boa noite, José.
EliminarObrigado por me ter respondido e de uma forma tão elucidativa! E desculpe-me por só agora responder aos seus comentários.
Partilho da sua opinião de que todos os adeptos e sócios do FC Porto devam debater os assuntos que os preocupam sobre a realidade do nosso clube. Não vivendo na cidade do Porto, torna-se muito complicado para mim poder falar e discutir aquilo que me vai na cabeça e que me incomoda sobre o FC Porto, daí recorrer aos blogs Portistas.
Quanto ao que disse, retenho essencialmente uma coisa, que já tinha retido nos seus primeiros comentários: captação de novos sócios e fidelização dos existentes. Como já disse, não vivo na cidade do Porto e, contribuindo ainda mais para o meu "isolamento", não tenho ninguém na minha família que seja adepto como eu do FC Porto, nem de futebol em si, logo, (ainda) não sou sócio do nosso clube. Estou no último ano da licenciatura, portanto, não tenho como pagar as quotas de sócio. Acho que o clube devia explorar e estudar o porquê de haverem adeptos que não são sócios, porque é que há sócios que não pagam quotas e porque não possuem Dragon Seat. Não querendo atirar bujardas ao ar, pois não sei como funcionam as casas e as delegações, será que há um número de adeptos aceitáveis a irem ao Dragão vindos de fora do Porto, através das casas e das delegações?
De referir também o ciclo vicioso que falou, quer de jogadores como Adrian López (e também Bueno, este vítima de uma má época, porque tem uma qualidade futebolística enorme) quer da venda de jogadores importantes para compensar os maus resultados financeiros...
Muita coisa a rever desta SAD, quer em abordagens, quer em objectivos, quer em métodos e em comunicação.
Cumprimentos,
BMF
Olá novamente BMF,
EliminarNão é o único, eu sou de Lisboa. No entanto, tenho na família com quem partilhar a minha paixão pelo FC Porto. Quanto à parte dos sócios, também não faço a minha parte (sou associado da casa do FC Porto de Lisboa), não sendo sócio do nosso clube porque não tenho condições para isso. Mas não vejo isto como um mordaça à incapacidade do clube em fidelizar adeptos. Ontem estiveram 41 mil no Dragão (frente ao Leipzig), que é bom. A pior assistência da época foi contra o Portimonense, pouco mais de 38 mil, que é um bom número. Mantendo a toada, a equipa vai, no mínimo, conseguir manter o número de espectadores no estádio que vai ajudar a tesouraria da SAD. Presenças no estádio + performance desportiva da equipa resultará num aumento das receitas de Merchandising, que é outro importante driver em termos de receitas. Até agora a época está a correr de feição... Não fosse o desaire em casa com o Besiktas poderíamos estar em condições de poder contar com os euros dos oitavos da Champions, mas acredito que o conseguiremos. O Bueno foi bem emprestado, não mostrou grande coisa e aos 29 anos vai estar a apodrecer até o contrato terminar. A equipa B serve para alguma coisa e o Sérgio Conceição parece-me que não a negligencia.
TdD, mais uma vez muito bem, excelente post pq e' preciso continuar a "olhar para dentro" e ter a nocao que tb temos mta coisa podre no nosso Grande Clube.
ResponderEliminarmas volto a perguntar (ja que nao publicam):
Porque razao, tendo voces boa visibilidade, nao se juntam aos bons blogues dos sportinguistas, que mto boa investigacao teem sobre o Polvo encarnado?
pq nao posts sobre a pouca vergonha que nos tem impedido escandalosamente de conquistar titulos nos ultimos 4 anos?
sim, pq por mto maus que fossem o Lopetegui e o NES, a verdade e' que sem polvo teriam sido CAMPEOES...
pois
continuem la com as vossas analises (mt boas) aos R&C mas vejam se ganham "tomates" pra fazer algo mais
cumprimentos PORTISTAS
"O Balanço é o único que transita de um ano para o outro, por isso e do qual faz parte a conta "resultados dos exercícios", o único posto que transita de um ano para o outro vindo da conta de resultados."
ResponderEliminarTem razão o Anónimo das 16:50. É mesmo isso.
Expliquei mal o meu raciocínio. Só queria "amenizar" as Contas ao dizer que "o prejuízo foi menor do que o do ano anterior". Claro que cada ano começa a zero... Os prejuízos (ou lucros) só são refletidos no Balanço no capital social (Resultados Transitados).
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Abraço e saudações Portistas
Daí ter dito desde início qual o impacto no Capital Próprio (através da conta de Resultados Transitados e Resultado Líquido do ano corrente) destes dois últimos exercícios, absolutamente ruinosos
EliminarApenas para ver se entendi direito... aquilo que foi feito com o Estádio e o seu empréstimo foi nada mais nada menos do que pedir um outro empréstimo (possivelmente mais oneroso no longo termo) para pagar o empréstimo inicial. É mesmo isso ou entendi errado?
ResponderEliminarÉ que se for isso, apenas andaram a atirar areia para os olhos dos associados e o Estádio ainda está por pagar ao contrário daquilo que apregoaram.
Luis
ERRATA
ResponderEliminar"A contratação de Soares foi mais cara do que o inicialmente previsto, de 5,6 milhões de euros pela totalidade do passe".
Onde se lê cara, substituir por barata.
Então, havia propostas de 7M, pagámos 5,6M e ficou mais cara do que o previsto?!
Está bem que temos uma longa tradição de enrabanço ao Guimarães (Zahovic, Capucho, Fredik, Vieirinha, André André, Soares, só para citar alguns) mas comer e ainda por cima gozar não me parece bem...
RGS
Bom dia,
ResponderEliminarAlguém consegue explicar isto...
«O Novo Banco, S.A., informa que deixou de deter qualquer participação no capital social da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD na sequência da celebração, no dia 25 de maio de 2017, de um contrato de compra e venda de ações relativo a 1.832.530 ações ordinárias, representativas de aproximadamente 7,97% do capital social e direitos de voto da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, numa operação fora de bolsa, pelo valor de EUR 1,05 por ação, tendo a liquidação financeira ocorrida no dia 26 de maio de 2017», pode ler-se.
A entidade bancária deixa de estar representada na SAD encarnada, enquanto José António dos Santos reforça uma vez mais a sua posição.
Se não estou enganado o Benfica devia 111,5 milhões ao banco e sendo assim, isto é mais um roubo descarado.
Em que medida é que considera esse assunto um roubo? E a quem, já agora?
EliminarAs participações no benfica e sporting deitam um cheiro nauseabundo, senão vejamos: - nos "vermelhos", temos o grande empresário José "Presente de 14M" Guilherme com 3,73% do capital da SAD. Nos "verdes", a honrosa empresa Holdimo, do respeitoso Álvaro "BESA" Sobrinho, com quase 30%... Tudo transparente.