Entremos numa realidade paralela. Se Rui Pedro não tivesse marcado ao SC Braga, diriam daquele jogo exatamente o que estão a dizer deste jogo com o Paços de Ferreira. Da mesma forma que se uma daquelas bolas tivesse entrado ontem, talvez diriam o que muitos disseram do jogo contra o SC Braga: que a equipa teve raça até ao fim, que nunca desistiu, que o Paços não merecia nada e alguns ainda iam conseguir descobrir sinais de crescimento na equipa.
Mas a equipa é a mesma. Tivesse ou não Rui Pedro marcado ao SC Braga, tivesse ontem alguém conseguido meter uma bola na baliza do Paços de Ferreira. A valia da equipa é a mesma, a evolução - a falta dela - é a mesma, as limitações no plantel e no banco (não apenas nos sete suplentes que lá estão sentados) são as mesmas. Não é um único remate que muda isso, mas pode muito bem mudar a disposição de vir a público dar entrevistas e catalogar os adeptos.
Ontem não foi por culpa da arbitragem, foi por culpa própria. Culpa da ineficácia, mas não só: culpa da falta de ambição e de capacidade de resposta ao jogo. É a pior pontuação à 16ª jornada desde os tempos de Jesualdo Ferreira, e não é difícil imaginar que bastava André Silva não ter convertido aquele penalty nos descontos em Brugge para as coisas estarem muito, muito piores. Não só para o FC Porto.
Face a tudo o que foi a preparação desta época, estar nesta altura num lugar de acesso à Champions é estar acima das expetativas. Já estar a 6 pontos do Benfica é consequência não só das arbitragens que temos tido razão em criticar, mas também por causa de exibições e da postura desportiva como a que foi apresentada em Paços de Ferreira.
Óliver Torres (+/-) - Quando falta um jogador crucial, a pior coisa que podem fazer é mexer numa segunda posição para corrigir a primeira. Assim, a equipa tem duas alterações na sua base, em vez de apenas uma. Mas face à falta de Brahimi, Nuno optou por desviar Óliver para o lado esquerdo. E com isso, Óliver falhou muitos mais passes do que é habitual, a sua zona de distribuição ficou reduzida e o FC Porto nunca teve capacidade individual para furar naquele flanco. Apesar disso, Óliver ainda conseguiu ser dos melhores do FC Porto: era o único que procurava soluções, que tentava orientar a equipa para o ataque e que conseguia ganhar bolas no meio-campo do Paços de Ferreira (12) e organizar o ataque. O problema é que o FC Porto está, no lado esquerdo, habituado a alguém que ofereça rasgo à equipa. Mas Óliver não é Brahimi. E com isso perdeu-se muito no miolo, pois ninguém mais é Óliver no FC Porto.
Herrera (+/-) - Esteve mais eficaz no passe do que Óliver, criou 4 situações de golo e, mesmo no seu estilo desengonçado, procurou tabelar e dar velocidade ao jogo, tendo acabado por ser o principal municiador do ataque. Mas tudo à sua volta era um corpo estranho: um flanco direito que era sinónimo de bola perdida, um flanco esquerdo onde ora aparecia Óliver (que guardava a bola à espera que lhe dessem apoio, quando Herrera tentava sempre lançar a tabela rápida), ora Jota (por alguns minutos), ora André Silva (alguém que explique esta alteração); Herrera não tinha nenhuma solução por perto que aproximasse a bola da baliza; e quando tinha que ser Herrera a assumir esse papel, aparecia a muralha de pernas do Paços.
NÃO SOFREMOS GOLOS! (+) - Um sinal mais num Machado? Sim, é possível. Pelo menos a avaliar pela primeira reação de Nuno Espírito Santo ao empate: «Hoje conseguimos recuperar o que é nosso, ou seja, tivemos uma boa coesão defensiva e não permitimos ocasiões de golo ao Paços de Ferreira». Depois de um empate que sabe a derrota, contra uma equipa nunca esteve interessada em mais do que defender ou sair com pouca gente para o ataque, a primeira coisa que se destaca é que o FC Porto não sofreu golos? Celebremos!
Sem ambição (-) - Ok, concordemos que os tempos em que a solução para tentar marcar nos últimos minutos era meter mais avançados, ou até mandar um central para o ataque. Isso já é passado. Mas se calhar não devia ser, pois era provável que desse mais argumentos ao FC Porto do que todas as opções ontem de NES. As 3 unidades mais criativas (do ponto de vista individual) do FC Porto são estas: Óliver, Jota e Corona. Todos foram substituídos, e em nenhuma das alterações NES deu sinais à equipa para subir.
Trocou Óliver por João Carlos; trocou Jota por Rui Pedro; e trocou Corona por Varela. Tudo alterações de troca-por-troca, sem acrescentar volume ofensivo à equipa. Depoitre, que deixou meio mundo a vibrar com um golo de cabeça que aparentemente só um ponta-de-lança comprado por mais de 6M€ ao Gent conseguiria fazer, ficou a aquecer o banquinho. NES disse que o FC Porto quer «manter o seu plano de jogo, do primeiro ao último minuto». Mas o problema é exatamente esse: uma equipa que pensa em jogar no primeiro minuto, estando 0x0, da mesma forma que no minuto 90, continuando 0x0. Não houve capacidade de resposta através do banco.
NES já mostrou ser capaz de preparar bem os jogos. Como foi exemplo o jogo com o Benfica. E o clássico da 10ª jornada. E a última visita do Benfica ao Dragão. E o jogo que fizemos a 6 de Novembro. São estes os exemplos de um grande FC Porto que tivemos esta época, personalizado, com uma entidade clara e dominante. O problema é que, na hora do treinador meter o seu dedo no jogo a partir da primeira alteração, a tendência do FC Porto é sempre para piorar. Neste caso, para não melhorar em nada e não procurar novas soluções para ganhar o jogo.
As asas (-) - Uma pequena questão: que está Varela exatamente a fazer no FC Porto? Em causa não está a valia do jogador, mas o seu contexto no plantel. Faltam Brahimi e Otávio, foram dispensados 3 jogadores (a dispensa de Sérgio Oliveira só peca por tardia, a de Adrián López compreende-se se tiver já colocação e o caso de Evandro é o mais/único lamentável, pois é um médio completo, experiente e inteligente que podia - e devia - entrar na equipa a qualquer altura), e mesmo assim Varela só é opção para uns minutos finais de desespero. São estes os planos para um dos jogadores mais bem pago do clube? Se é para isso, o melhor é repensar a sua posição no plantel. De certeza que não foi NES a achar que as alas estavam suficientemente fortes para atacar esta época, sobretudo com Brahimi na CAN. Também não esperem que NES sinta que Kelvin vai resolver os seus problemas.
Ainda no tema dos flancos, jogo verdadeiramente penoso de Corona, que continua a ter uma inconsistência gritante. Ora sai do banco para agitar o jogo, pedindo a titularidade no jogo seguinte, ora faz uma exibição como a de ontem, em que decide quase sempre mal quando toca na bola. Não havendo mais opções para as alas nesta fase, é natural que Corona seja aposta clara de NES; jogando assim, complica ainda mais a tarefa do treinador. Maxi Pereira também não esteve bem no apoio ao ataque, onde Jota e André Silva desperdiçaram as poucas (não foram assim tantas) oportunidades que tiveram. É o peso de confiar o ataque a uma dupla de avançados sub-21, que não tem culpa que o ponta-de-lança que devia ser mais experiente/maduro do que eles se chame Depoitre e não saia sequer do banco. Jota perdeu muito fulgor nas últimas semanas, mas a sua recorrente titularidade mostra que NES não tem outra solução em mente para a equipa neste momento e prefere insistir nesta fórmula até à exaustão. Não que tenha muitas mais alternativas por onde escolher.
K7 (-) - Pontapé de saída, bola no lateral, balão para o ataque. Pontapé de saída, bola no lateral, balão para o ataque. Pontapé de saída, bola no lateral, balão para o ataque. A época vai a meio e o FC Porto ainda não pensou que seria uma boa ideia ensaiar outro tipo de jogada.
Bolas paradas (-) - 14 pontapés de canto, nenhum em que alguém ganhasse posição para um cabeceamento. Foi notória a incapacidade de aproveitar os lances de bola parada. Isso treina-se, e quem não tem jogadores altos o suficiente na grande área, pode procurar outro tipo de movimentações através do canto curto. NES não tem culpa de não ter o melhor plantel, mas tem que tentar fazer o melhor possível com as armas que tem. Não se pedirá nunca mais do que isso ao treinador.
Outra vez, o tema Depoitre (-) - Dos 22 remates que o FC Porto fez, 11 foram feitos na pequena área. Que quer isso dizer? Que o FC Porto, apesar de muitos cruzamentos mal tirados, estava a meter as bolas na pequena área. Nesse caso, se nesta circunstância um pinheiro (leia-se Depoitre) não é útil, nunca o será. Até Rui Pedro, mais baixo, foi lá cabecear duas vezes. Se NES queria Depoitre, as suas opções não o têm demonstrado. Nada.
Terceiro jogo consecutivo sem ganhar e sinais muito preocupantes no rendimento fora de casa, com apenas 6 vitórias em 15 jogos, uma nos últimos sete jogos. A receção ao Moreirense, dentro de uma semana, aumenta de importância. E não é por o Benfica já estar a 6 pontos. É por Sporting e Braga estarem a 2.
jogamos mal, nao temos velocidade e e facilimo anularem a equipa. O treinador e fraco mas o plantel tambem, corona nao consegue fazer um centro decente, maxi acabou, oliver faz uns passes muito bons mas tem de ter muito mais influencia no jogo, os avançados fazem gala de acertarem nos gredes, alguem camou ao tipo de jogo de nuno um quadrado e tem razao, prai uns 20 cantos zero perigo, equipa baixa e pouco fisica, jogamou pouco e assim e dificil.
ResponderEliminarNuma equipa onde a inexperiência é gritante, onde, quando está a ganhar é necessário alguém que saiba segurar a bola, contemporizar, acelarar, ou seja, gerir ritmos, é incompreensível a dispensa de Evandro. Alias nunca compreendi a sua pouca utilização, não por ser o médio mais completo, mas por ser o mais inteligente.
ResponderEliminarNuno não evolui. É dos que acredita em encaixar jogadores nos sistemas em vez do seu contrário. Tenho pena, mas não vai lá. Então aquela de mostrar contentamento por a equipa não deixar o Paços entrar na grande aerea, ficará nos anais.
Este plantel/equipa com a ideia de jogo deste treinador, irá ficar a mais de doze ponto do prineiro, seja ele quem for.
Oxalá me engane, mas suspeito que vamos ter uma 2ª volta penosa.
O mercado de Janeiro está aí. Não vão às compras que eu não quero.
ResponderEliminarEste treinador é uma vergonha e com ele nada ganharemos. O final de época vai ser penoso. A maioria dos nossos jogadores não tem classe para jogar numa equipa que quer ser campeã. Os nossos avançados são uma comédia. Já estamos a meio do mês e não se vislumbra a vinda de um avançado que faça a diferença. Esta Sad deve ser corrida com o decrépito presidente á frente.
ResponderEliminarAssumo entao que os jogadores do FCP falharem o golo com 3 ou 4 lances na cara do guarda-redes e culpa do treinador.
EliminarQuantos lances desses tem o Benfica por jogo?
Costumo apreciar bastante os posts do Tribunal, mas este parece ter sido escrito por 3 ou 4 pessoas, cada uma com a sua opiniao diferente: ora a culpa e do treinador que nao sabe substituir e por pecado tirou Corona, ora o Corona fez um jogo penoso, ora e por causa da (obvia) falta de qualidade do plantel dado a Nuno, ora e por falta de eficacia, ora e por falta de attitude, estamos acima das expectativas por falta de uma pre-epoca mal preparada, mas a culpa disto tudo e do treinador. Enfim… ja li bem melhor neste site.
ResponderEliminarPessoalmente, acho que o Nuno tem feito milagres com os ovos que tem e convem nao esquecer que sem o colinho jornada a jornada, mesmo com esta falta de qualidade principalmente no banco e sem um PL (temos o ataque entregue a putos sub-21), estariamos noutra posicao.
E não é por o Benfica já estar a 6 pontos. É por Sporting e Braga estarem a 2.
ResponderEliminarAssim sim, isto já é ver as coisas como elas são.
há coisas que eu nunca vou perceber. o porto joga em 4-4-2. essa é a tactica base para esta época. apesar de preferir o nosso classico 4-3-3 em que o meio campo dá mais pressão e posse e os extremos funcionam como segundos avançados, aceito. escolha do treinador. mas as minhas dúvidas são:
ResponderEliminar- jota não pode jogar na ala? dando mais velocidade e rasgo que Oliver ou Herrera? kelvin não podia sair do banco? layun já não pode jogar a extremo?
- chuveirinho (como muito bem dito aqui) não era melhor para o depoitre? acho que não é mau jogador, acho sim que o NES não sabe o tirar o melhor que ele tem. ganha todas as bolas que são metidas para ele. o que faz depois necessita de alguns jogos nas pernas, principalmente quando tem que sair da área para ganhar bolas.
- 3 homens no ataque não dão mais opções que somente 2? esta tactica do NES obriga a que os extremos tenham que recuar muito a defender e demoram muito a recuperar. por isso faltando espaço nas alas, obriga a chuveirinhos com poucas opções à frente.
enfim coisas que nunca vou perceber. tenho saudades de um porto pressionante, que entrava na área de 3 ou 4 formas diferentes e a equipa moldava-se ao adversário, auto-carro ou não. um porto que temporizava as suas acções em relação ao adversário. um porto onde as alterações davam sempre resultado. um porto onde kelvin a sair do banco marcou um golo aos 93 minutos.
Isto está de tal forma, que já consideramos positivo não sofrer golos frente a adversários tais como o Belenenses, Feirense e Moreirense. Ou outros. A nossa Liga está em níveis competitivos historicamente baixos, e onde os títulos se decidem num descuído, já para não falar noutros outros fatores. Por vezes, algo corre bem...mas logo a seguir descamba tudo. Porque um 11 aguenta 1, 2 ou 3 jogos. Para o resto, precisamos de plantel, precisamos de não ter muitas lesões. A nível futebolístico, é inacreditável a lentidão com que atuamos, num mesmo jogo...um jogador faz algo incrível, para logo a seguir ser completamente inconsequente. Pessoalmente, sempre achei este plantel curto, mas acreditei que havia know-how e liderança para construir algo para ganhar. Neste momento, não vejo razão nenhuma para continuar a acreditar.
ResponderEliminarRuben Neves lesionado e Evandro dispensado, sim senhor um clube muito bem organizado....
ResponderEliminarTa dificil aguentar esta equipa. Tantos empates assim sao demais. Dificil mesmo. Pelos vistos vai ser como no verao PL de jeito nem vê lo. Abraço e q este ano sejas melhor q os ultimos. CVerde
ResponderEliminar