segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Pareceu fácil

Uma das mais assinaláveis vitórias nesta temporada, não só pelo volumoso resultado como por todas as circunstâncias a envolver este jogo. Desde logo, a ausência de Marcano, Danilo e Aboubakar da ficha de jogo; depois, as presenças de Ricardo e Brahimi no banco, como forma de gestão do treinador (e gestão não significa estar a poupar jogadores para a Champions, mas sim lidar com as consequências físicas do pós-clássico). 

Ora, se juntarmos Alex Telles a este lote, temos aqui os seis melhores jogadores da primeira volta. Cinco deles não entraram no 11 do FC Porto, frente a um Chaves que não perdia em casa há meio ano e que está a bater às portas dos lugares europeus. E o melhor elogio é sempre este: ninguém deu pela falta deles, face a uma exibição sólida e a revelar a melhor face de «segundas linhas», de Maxi a Soares, de Sérgio Oliveira a Otávio.

Este contexto revela diversas soluções, mas o plantel nunca deixou de ser curto; a diferença é que o treinador está a tirar o máximo proveito dele. Há naturalmente sempre casos em que os adeptos sabem que os jogadores em causa podiam, deviam, dar algo mais (não esquecendo que para tal é preciso continuidade no 11), como Óliver ou Corona, mas genericamente o plantel está a ser valorizado. 

São já 90 golos esta época, em 36 jogos. Na época passada, o FC Porto tinha feito apenas 88 em 49. E o mais notável é que todo o plantel está envolvido nesta marca - tirando os reforços de inverno, todos os elementos integrantes do plantel já participaram diretamente em pelo menos 2 golos esta época. Se tirarem Jonas ou Bas Dost aos rivais, os resultados - ou a falta deles - ficam à vista; já o FC Porto dá uma prova de superação num jogo em que entra sem 5 jogadores-chave. 




Soares (+) - Esteve com pé e meio fora do FC Porto (daí a repescagem de Gonçalo Paciência e o facto de o brasileiro já nem ter integrado este post de comparação entre os avançados do clube), mas a mudança acabou por não se concretizar, apesar de o mercado na China ainda estar aberto. E em boa hora para Sérgio Conceição, que viu o brasileiro dizer «presente» numa altura em que Aboubakar está de fora, Marega num péssimo momento de forma e os reforços de inverno com as dificuldades típicas em entrar no 11.

O brasileiro fez dois golos, o 2x0 num fabuloso remate, mas o melhor da sua exibição foi a forma como conseguia desmarcar-se em diagonais curtas, permitindo que os médios fizessem passes em profundidade curtos e não a habitual bola longa para os avançados africanos na frente. A sua exibição pecou apenas pela fraca qualidade de passe (perdeu metade das bolas que disputou), apesar de ter chegado a servir Marega de bandeja para o 3x0. 

Meio-campo (+) - Algumas dificuldades de entendimento na primeira parte, com ambos a pisarem muitas vezes o mesmo espaço, mas Sérgio Oliveira e Herrera partiram para mais uma exibição sólida a meio-campo. A equipa trocou a posse por transições rápidas e a verdade é que a estratégia funcionou, com os 2 médios a criarem 5 ocasiões de golo e apenas um passe falhado (de Sérgio) no próprio meio-campo. Sérgio Oliveira fez a assistência para o 1x0 e fechou, com um grande golo, o resultado, após uma bela combinação com Herrera. 

Outros destaques (+) - Tirando dois ou três lances em que se põe a jeito para a amostragem de cartão ou mesmo para uma grande penalidade, exibição sólida de Maxi Pereira, com grande disponibilidade a atacar e a assistir Soares para o 2x0, além de só ter perdido uma bola nos primeiros 50 metros. Otávio, sobretudo na primeira parte, mostrou finalmente qualidade esta época - bem a movimentar-se nas costas de Soares e Marega e a baralhar as marcações da equipa do Chaves, tendo ainda criado duas ocasiões de golo. 




Mais controlo (-) - Foi estratégia: ter menos bola, jogar de forma mais direta e deixar o Chaves circular no seu meio-campo (tirando os 3 grandes, o Chaves é a equipa que melhor passa a bola na Liga, mas muitas vezes de forma inconsequente). Foi o caso: o Chaves teve mais bola, fez mais passes, mas o único remate com algum perigo dentro da grande área foi a tentativa de Tiba na primeira parte.

Por outro lado, o FC Porto fez muitas mais faltas do que é hábito (23, contra 8 do Chaves). E se é certo que não fez nenhuma nos primeiros 30 metros, o que reforça que se tratava de estratégia, é natural que deixar o adversário ter tanta bola vá forçar a equipa a mais faltas. E a média de faltas da equipa disparou desde que Danilo saiu da equipa. Num Campeonato em que se apita com facilidade contra o FC Porto, isto é pôr-se a jeito, e o Chaves podia mesmo ter inaugurado o marcador com uma grande penalidade. Uma das raras vezes em que o FC Porto conhece o benefício, mas já se sabe que basta uma má jornada para perder a liderança. E certamente que, frente ao Liverpool, não poderemos dar-lhes a bola como demos ao Chaves. 

2 comentários:

  1. concordo, maxi anda se a por a jeito e poderia ter nos estragado o jogo, quando se tem dalot nao percebo muito bem. Temos agora jogadores em quantidade e qualidade, o SC tem e de perceber que nao se podem perder pontos contra aves, moreirense ou estoril que estao a lutar para nao descer, mesmo incluindo arbitragens pateticas.

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  2. Sem dúvida um Liverpool muito acima do FC Porto. Para jogar a este nível não há equipa à uns anos.

    No entanto continuo sem perceber a ausência de Oliver na equipa, um dos melhores a trocar a bola para chogar em posse, não consigo perceber a preferência por Octávio.

    No jogo fiquei até ao fim para aplaudir este Porto que apesar da derrota tem feito um bom campeonato e não é um jogo mau em que a equipa se mostrou impotente e com medo de jogar que vai tirar o mérito ate agora, bem conquistado pelo Sérgio Conceição e equipa.

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De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.