domingo, 8 de fevereiro de 2015

Só faltou uns alfinetes

Campo pequeno, adversário desmembrado mas organizado, pressão de não poder falhar (o que não constitui novidade) e um frio de rachar. Paciência e eficácia, o que se pedia. E chegou em doses mais do que suficientes. Lopetegui, o mister chato que está sempre a rodar a equipa e que nunca repete 11s (ou não, isso era antes, agora é porque definiu uma base), e a equipa passam com distinção um teste que podia tornar-se muito difícil. Fica para a posterioridade que há quem vá deixar ali pontinhos na segunda volta. Vale a pena dizer de Miguel Leal aquilo que Pinto da Costa disse um dia de Leonardo Jardim, quando estava no Beira-Mar, e de Vítor Pereira, quando ainda era adjunto de Vilas-Boas. 





Alex Sandro e a defesa (+) - Já lá vamos às assistências de Herrera. Ou começemos já por aqui: é Alex Sandro quem começa as jogadas dos 2 golos, com duas incursões pela zona central. Maicon fez o melhor jogo em muito tempo, mas Marcano deu mais uma amostra de que está no 11 para ficar. Danilo sempre bem no apoio ao extremo e na profundidade, mas hoje uns furos abaixo de Alex Sandro e algo perdulário na definição.

Assim, sim
Casemiro (+) - Hoje não houve Miro, houve Casemiro. Tirando um lance de contra-ataque do Moreirense onde é o último (!!!) jogador a recuperar posição e só chega à sua zona já depois do Arsénio ter rematado, esteve bem. Soltou Herrera e Óliver, esteve bem nas dobras, posicionou-se sempre bem e esteve certinho no passe.

Herrera (+) - Cá vai a heresia: em termos de golos/assistências, tem números melhores esta época do que a média do João Moutinho no FC Porto. Isto porque é cada vez mais desequilibrador além do papel de equilibrador no meio-campo. Um pormenor a melhorar: muitas vezes quando desce no meio-campo em recuperação, acaba por ser em velocidade e depois aborda os lances com muita impetuosidade, a quente (foi o jogador que mais faltas fez). É preciso mais calma e contenção nestas abordagem.

Um novo papel (+) - Depois do grande golo ao Paços, já se sabia o que Quaresma ia fazer. Uma, duas, três, quatro trivelas, tudo lances que saíram mal. Dito isto, hoje Lopetegui adapta-o à única posição que Quaresma, nos próximos meses, vai poder jogar no FC Porto. Já não tem velocidade para romper e ganhar nas costas da defesa, por isso tem que jogar cada vez mais em zona interior, apoiado no flanco por um lateral bastante ofensivo. E só pode fazer isso se o próprio Quaresma souber fechar o corredor. Hoje fê-lo muito bem. Tacticamete, das melhores exibições que já fez.

5000 (+) - Tinha que ser ele. Jackson Martínez picou o ponto e entrou na história do FC Porto. Continua a um nível altíssimo, a todos os níveis, e jornada após jornada vai simplificando o que muitas vezes corre o risco de se tornar difícil. Nota para a maneira como a equipa pressiona, cada vez melhor, embora o modelo de Lopetegui continue com o mesmo problema: se nos barram os corredores, isto pode correr muito mal. Que bom é ter Jackson...





Um acessório para o Tello
Contra-pé (-) - As bolas paradas, nomeadamente os cantos, são mesmo o calcanhar de aquiles deste FC Porto. Não só ofensivamente (precisamos de uma média de 70 a 80 cantos para fazer um golo), mas também defensivamente: a equipa nunca está preparada para o contra-golpe. O Moreirense aproveita 3 lances de transição rápida que podiam ter dado problemas. Querendo colocar 5 jogadores na grande área há sempre esse risco, mas o FC Porto está excessivamente permeável nestes lances.

Falta de uns alfinetes (-) - Ao contrário do que já se lê e ouve por aí, não houve egoísmo do Tello naquele lance. Não houve egoísmo simplesmente porque ele não tirou os olhos do chão. Houve sim uma deficiência técnica na visão de jogo, num produto de uma escola onde se joga de cabecinha levantada. Estás a ver esta foto aqui ao lado, Tello? É isto que fazem na polícia militar chinesa. Experimenta fazer um treino assim, que de certeza que te vai fazer bem. 

PS: Com Maicon e Quaresma em campo, Danilo foi o sub-capitão. Por falar em Danilo, arranja lá maneira de ver um cartão na próxima jornada, onde não haverá a menor desculpa para não ganhar.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Histórias do Dragão (1) - De Roberto Carlos e Geraldão até à lista de compras da B

Equipa alargada, rúbrica nova. Para os adeptos mais velhos, episódios de nostalgia. Para os mais novos, histórias que enriquecem a cultura portista. Histórias para recordar ou para descobrir. O Tribunal do Dragão cria a rúbrica «Histórias do Dragão», viagens ao passado que nos trouxe até aqui.

Quem é o melhor lateral-esquerdo da história do futebol mundial? Para muitos, Roberto Carlos, que quando ainda era um jovem podia ter assinado pelo FC Porto. Mas havia um problema: o FC Porto estava interessado em 2 jogadores e só podia trazer 1. Uma (in)flexibilidade de outros tempos. Então Pinto da Costa decidiu trazer um tal de Geraldão.
Geraldão

O facto de termos tido Branco um ano depois, para o lugar do já em fim de ciclo Inácio, não nos deixou sentir grandes saudades de um lateral-esquerdo de elite. Que teria sido fantástico ter Roberto Carlos, teria. Mas ficámos bem servidos com Geraldão para o centro da defesa. Com Celso, com Lima Pereira ou com Demol, tínhamos um central de eleição. Tão bom que se nos dissessem que o tal miúdo Roberto Carlos viria a bater livres tão bem como ele desatávamos a rir na sua cara.

Um exemplo de uma maravilha. Mas o melhor golo (ou o mais saboroso) de Geraldão foi num clássico, início dos anos 90, contra o Sporting. O Sporting tinha um guarda-redes, Ivkovic, cheio de moral, que tinha garantido antes do jogo que sabia como defender os livres do Geraldão. Quatro minutos de jogo, livre a 30 metros, o Geraldão mete a bolinha a tabelar no poste e o Ivkovic só teve tempo de virar o pescoço e ver a bola e entrar.

Quando estava a fazer uma época sensacional em 1990-91 (em Dezembro já levava 14 golos, quase todos em bolas paradas), Geraldão decidiu portar-se mal e assinou à revelia um pré-acordo com o Benfica. Cerca de 23 mil contos na altura, uma enormidade. Pinto da Costa descobriu e mandou Geraldão passar umas férias no Brasil. Antes de Geraldão sair éramos líderes do campeonato. Quando regressou já o Benfica tinha tomado a dianteira e ganhou aí o campeonato.

Acabou por nunca jogar pelo Benfica e o FC Porto vendeu-o ao PSG. Como o acordo com o Benfica tinha sido assinado à revelia, nada puderam fazer e Geraldão foi para Paris. Goste-se ou não da forma como saiu, foi um dos grandes centrais da história do FC Porto e um dos que derreteram o gelo de Tóquio. E não nos podemos esquecer que foi a sua saída que permitiu que um miúdo com cabelo à frente dos olhos começasse a ganhar espaço no FC Porto. Chamava-se Fernando Couto.

Podia ter  sido igualmente bom ou até melhor ter Roberto Carlos? Podia. Mas com Geraldão também construímos a nossa história. E com isto chegamos à listinha de compras na equipa B: Raúl Gudiño, Victor Garcia, Pavlovski e Leonardo Ruiz (ainda nos Sub-19). Quatro estrangeiros emprestados, quatro jogadores que há interesse em comprar. Todos eles interessantes, talvez até pela ordem que são referidos. No caso de Gudino e Ruiz, se forem contratados e ficarem cá nos próximos 2 anos vão ser consideradores jogadores formados no clube. Vai ter é que haver um limite para investir.
Gudiño é para agarrar

A equipa B, por si só, dá prejuízo. Porque todas as equipas da segunda liga dão prejuízo. As receitas de bilheteira e patrocínios não chegam para cobrir nem os salários dos jogadores. A única maneira de resolver este problema é colocar a equipa B ao serviço da equipa A. Desenvolver jogadores para a equipa principal e esperar que um deles, dentro de alguns anos, saia por uns valentes milhões que cubram o muito dinheiro ainda sem retorno que já aplicámos na B.

Gudiño, Victor Garcia, Pavlovski e Leonardo, sendo todos eles interessantes, precisam de um limite quanto ao investimento. Não pode haver mais Kayembes. Isto não em termos do potencial do jogador (Kayembe, a extremo, tem muito para dar), mas do custo para uma equipa B. Um exemplo: o Freamunde, uma equipa que está a lutar para subida de divisão, tem um orçamento de 700 mil euros para esta época. Só Kayembe, por si só, custou 2,65M€, e se não fosse o empréstimo ao Arouca ia passar provavelmente todo o ano na B.

Todas as dificuldades aqui enumeradas devem ser tidas em conta em relação à equipa A, mas também à B. Luís Castro diz hoje n'O Jogo que não há jogador do FC Porto B que não tenha sido cobiçado no inverno. É sinal que há qualidade, mas essa qualidade só fará sentido se for para dar um passo em frente, rumo à equipa A. E como o princípio da equipa B devia ser para fazer com que os Sub-19 dêem continuidade à sua evolução, então os ataques ao mercado devem ser calculistas ao máximo. 

Raul Gudiño, Victor Garcia, Pavlovski e Leonardo Ruiz. Os quatro já demonstraram potencial e a sua contratação devia ser priorizada mesmo por esta ordem. Mas não a qualquer custo. Dificilmente dará para os 4 (tendo em conta que veem de clubes modestos, 1M€ já seria um preço mais do que exagerado para cada 1)... tal como não deu para trazer Geraldão e Roberto Carlos. Tempo de decisões, que devem ser tomadas a pensar nas limitações financeiras do presente e nas necessidades da equipa A do futuro. Falhar os Robertos Carlos não será um problema, desde que consigamos os Geraldões.

Um direito que vale peaners

As notícias ainda são contraditórias (na Bélgica desmentem o direito de preferência, mas por cá já se ouviram ecos do Dragão que confirmam a veracidade - entretanto O Jogo já confirma), mas foram suficientes para gerar algum entusiasmo entre os adeptos. Sem se perceber muito bem porquê. A distância entre um direito de preferência e uma possibilidade de compra é tão grande que não dá para muito mais do que sonhar com Tielemans e Praet, que dizem ser the next big thing na talentosa Selecção Belga.

Um direito de preferência é muito simples: quando o Anderlecht receber uma proposta por Tielemans e Praet, é obrigado a informar o FC Porto dos valores. Depois, se o FC Porto igualar os valores das propostas, o Anderlecht é obrigado a aceitar. O resto é com os jogadores, que decidem para onde querem ir.

Dennis Praet
Não é uma opção de compra, nem nada que faça com que o Anderlecht priorize uma venda para o FC Porto. Fazendo fé no que vai circulando na imprensa italiana, tanto Praet e Tielemans já têm um valor de mercado acima dos 10 milhões de euros. O Anderlecht não é um clube dos que mais caro vende e contratar na Bélgica, com as parcerias certas, pode tornar-se fácil (o FC Porto foi buscar Mangala e Defour com um euro no bolso), mas neste momento é uma utopia pensar nisso.

O Jogo acabou de noticiar que Hernâni e Sérgio Oliveira faziam parte de uma estratégia de portuguesização do FC Porto a partir de 2015-16. Por norma, em Portugal não se aposta no jogador nacional por convicção mas sim por necessidade. É mais barato, para contratar e para manter, e tem igualmente potencial de venda. Admita-se ou não, há uma necessidade de redução de custos e o caminho passa por aí.

Ora neste momento pensar em 2 pérolas belgas que custam 10 milhões de euros cada é ignorar essa necessidade de apertar o cinto. O FC Porto prevê pagar 71M€ em salários em 2014-15 e as despesas com passes chegam aos 29,3M€ (ainda sem contar com Hernâni). São 100 milhões de euros num clube que vai gerar uma receita de 90M€ em 2014-15, um pouco mais se for aos 1/4 da Liga dos Campeões.

A isto, somem o fornecimento e serviços externos na ordem dos 40M€ e outras rúbricas de menor impacto. As despesas para 2014-15, contando com passes de jogadores, vão andar a morder os calcanhares dos 150M€. É o maior orçamento da história da SAD e precisa de mais 40M€ em mais-valias com jogadores até 30 de Junho. Não são 40M€ brutos, mas sim limpinhos e após deduzidas comissões, prémios de fidelidade, percentagens de terceiros e o valor contabilístico dos passes. É quase impossível que Jackson e um lateral cheguem para aguentar o barco. Fazer uma boa Champions podia reduzir essa necessidade, mas a SAD parece mais disposta a aumentar o poder de compra do que de reduzir a necessidade de venda.

Youri Tielemans
Feitas estas contas, há também que pensar em 2015-16. Os custos com pessoal, que tiveram uma subida de quase 50% na última época, dificilmente baixarão da fasquia dos 50M€, apesar da provável saída de 2 ou 3 titulares dos mais bem pagos no plantel. Depois, há as receitas operacionais, que vão baixar consideravelmente, pois a Liga dos Campeões já não terá o impacto de 2014-15 e pensar em receitas superiores a 80M€ parece difícil. É quase obrigatório pensar novamente em pelo menos 40M€ em mais-valias. E isto é muito optimista, pois se para 2013-14 só temos que fazer mais 40M€ é graças ao fabuloso negócio Mangala. A Euroantas resolve o problema do Fair-Play Financeiro, mas é virtual, pois não resolve nada em termos de liquidez e pagamento dos compromissos (o acesso ao crédito volta a ser essencial).

E para avivar a memória, em Maio vence um empréstimo obrigacionista de 30M€, além de um de 2,1M€ em Abril, que vai ter que ser renovado. Não há outra hipótese.

No meio de todas estas contas de subtrair, num plantel que tem cada vez menos activos a 100% e que vai voltar a necessitar de investimento em 2015-16 (seja por recurso ao mercado, seja na compra de percentagens de passes), como pensar em competir com grandes clubes por Tielemans e Praet? O direito de preferência é algo que perdeu o seu valor no futebol moderno. Não serve absolutamente para nada, e por muito que queiram vender a ideia de que é bom, não é isto que ajuda a perceber a saída de Rolando para a Bélgica.

Hoje em dia, quaisquer empresários fazem leilão dos seus jogadores e informam quaisquer potenciais interessados quando os seus clientes estão a negociar com outros clubes. O FC Porto não teve direitos de preferência por Álvaro Pereira, James, Danilo, Alex Sandro, Falcao e tantos outros, mas vieram todos cá parar depois de negociar com o Benfica. Porquê? Porque os seus empresários sabiam que o FC Porto pagava melhor e valorizava tanto ou mais os jogadores para futura venda. Era um leilão fácil.

Outro exemplo foi Ghilas. O Sporting tinha direito de preferência, mas não pôde fazer nada para competir com os números do FC Porto. Um direito de preferência é insignificante, sobretudo quando se vê Juventus e Inter como potenciais concorrentes por Tielemans e Praet. Para pensar nestes nomes, só num financiamento semelhante ao de Brahimi, que seria ainda mais caro no reembolso a médio prazo. Mas como Jorge Mendes disse, em Dezembro a FIFA estragou a festa a muita gente, que não está interessada num financiamento com reembolso pré-definido, mas sim em ficar com direitos económicos na sua mão para depois negociar a venda a seu bel-prazer (um bom tema para depois).

A alternativa: descobrir os nossos Praets e os nossos Tielemans. Sobre esses sim, há direitos de preferência que o FC Porto pode exercer.

PS: No caso do (hipotético) negócio com o Anderlecht, o direito de preferência só é válido para 1 jogador. O Anderlecht é obrigado a informar sobre as propostas dos 2 jogadores mas só é obrigado a aceitar 1 que o FC Porto iguale. A boa notícia é que nos sub-19 e na equipa B o FC Porto pode exercer os direitos de preferência que quiser. Tão fácil.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Em que ficamos?

A Bola: «Segundo o jornal Sudpresse, os dragões deverão exercer, já no próximo verão, a preferência pelos médios Dennis Praet (20 anos) e Youri Tielemans (17 anos) que já vinham sendo associados ao interesse do clube nortenho.»

Renascença: «Praet e Tielemans são apontados como duas das mais jovens promessas do futebol belga e, de acordo com o jornal "Sudpresse", os dragões deverão exercer essa opção preferencial já no próximo verão.»

Voetbal Nieuws: «Alguns meios de comunicação sugeriram que o clube português iria receber uma opção de preferência sobre Youri Tielemans e Dennis Praet. A Sudpresse informa que esse rumor é descabido e que não existem tais ofertas».

La Dernière Heute: «Vários rumores na transferência de Rolando diziam que o FC Porto tinha uma opção sobre Praet, mas esse rumor é falso. O FC Porto não tem opção de compra sobre o jovem, nem nenhum outro».

Contrato até 2016
O que se sabe? Que um agente próximo do empresário de Rolando acusa o FC Porto de ter recusado 700 mil euros + opção de compra de 4 milhões do Inter para emprestar o jogador de graça ao Anderlecht. É verdade? Não se sabe, mas é pelo menos uma versão da história. Uma versão que merece ser desmentida, caso contrário trata-de de um acto de gestão que merece justificação. O direito de preferência sobre dois jovens belgas seria interessante, mas pelos vistos há aí um problema de tradução qualquer. Um agradecimento ao monsieur Luciano por o Anderlecht ter ficado com o Defour ou uma compensação por o FC Porto não ter valorizado Defour?

No empréstimo de Rolando, nem uma informação a dar conta da saída foi dada por parte do FC Porto, excepção a uma nota no Porto Canal. Era ou não era um jogador com uma carga salarial de quase 200 mil euros brutos na SAD? A história em que o jogador é o vilão já todos ouviram. Mas ainda é um internacional português, bem pago no FC Porto, com muito mercado e que podia significar um encaixe financeiro bastante interessante.

Estamos a falar de um jogador que já teve propostas de 15 milhões de euros e que o FC Porto rejeitou, numa época em que houve prejuízo de 35,7M€. No espaço de pouco mais de 2 anos, um jogador que tinha mercado a um preço bastante razoável salta de empréstimo em empréstimo a baixo custo. 

O próprio Sudinfo (da Sudpress, o maior grupo de comunicação da Bélgica) garantiu em Setembro que o jogador mais bem pago da Liga Belga era Defour, a par de Matias Suarez, que recebia 1,5 milhões de euros por ano. Tendo em conta que o vencimento bruto de Rolando é superior a isso e que o Anderlecht dificilmente faria de um jogador emprestado durante 4 meses o mais bem pago da Bélgica, tudo leva a crer que o FC Porto continue a pagar parte (senão a totalidade) dos salários de Rolando.

O Jogo traz hoje declarações do director desportivo do Anderlecht e conta «a história da saída de Rolando». Diz que tem contrato até 2016 e não há nenhuma palavra sobre direitos de preferência. Até ver, só existe em aparentes erros de tradução. Em que ficamos?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

(Ir)relevância

Nem 2, nem 4, nem 6. Não há um valor mínimo para que a SAD seja obrigada a declarar as suas transferências de jogadores à CMVM. A regra é algo interpretativa: devem ser declaradas todas as «informações relevantes» na perspectiva do mercado.
A relevância no mercado

O que é uma informação relevante? Por exemplo, receber um jogador internacional do Real Madrid ou do Barcelona emprestado. Foi por isso que a SAD declarou Tello e Casemiro à CMVM. O que é irrelevante? Receber um jovem da Sampdoria ou do Atlético por empréstimo, nomeadamente Campaña e Óliver, que não foram declarados.

Nas transferências a título definitivo, ainda mais ambíguo. O FC Porto investiu 5M€ na totalidade dos passes de Evandro e Marcano, mas não foi declarado no momento da compra. O FC Porto contratou um jogador avaliado em 7,5M€, Otávio, por 2,5M€ por 33% do passe (agora a SAD só tem 32,5%), mas também não foi prestada informação. Em Aboubakar foi investido pouco mais a curto prazo (3M por 30%), mas neste caso já foi declarado à CMVM. Uma curta nota: nada disto invalida que o FC Porto ainda tenha a SAD dos 3 grandes que melhor informação presta em Portugal. De longe.

E com isto chegamos a Hernâni. Uma contratação irrelevante para o mercado. Ou era isso que se julgaria até o FC Porto emitir um comunicado que parece conter bastante relevância. É verdade que desmente que a transferência tenha batido nos 4M€. Atenção que desmente «o valor de aquisição», não a avaliação total do negócio. Sintaxe, sintaxe. Otávio também só custou 2,5M€, mas foi avaliado em 7,5M€, embora isto também não seja sempre proporcional. E o Guimarães, de recordar, na altura da venda de Ricardo ficou com direito a 20% de um menino que recentemente renovou até 2019 e em quem o FC Porto acredita muito.

Mas a informação mais relevante é esta, transmitida hoje num comunicado do clube: «Como a maior revelação da primeira metade da Liga não quis assinar pelos clubes predilectos destes dois jornais então diz-se que foi caro, muito caro».

Recapitulando: o FC Porto contratou a maior revelação do campeonato e Hernâni rejeitou Benfica e Sporting para poder assinar por nós. É a própria SAD quem o diz. Como é que isto não é relevante, é a questão que fica. Em 2010, Ruben Micael estava a ser a maior revelação do campeonato. Esteve quase a assinar pelo Sporting, o FC Porto antecipou-se e contratou-o por 3 milhões. Foi relevante? Foi, daí que tenha sido comunicado à CMVM.

E acontece que nem sempre os relatórios trimestrais ou anuais esclarecem todas as dúvidas (a entidade reguladora pode sempre pedir esclarecimentos, claro). Por exemplo, a contratação de Andrés Fernández. Aqui vemos o Osasuna a garantir que o vendeu por 1,6 milhões. No R&C do 1º trimestre, o FC Porto declara 7 contratações (Indi, Ádrian, Marcano, Evandro, Otávio, Aboubakar e Brahimi), não refere o nome de Andrés Fernández e diz que teve custos com «outros jogadores» de 1,175M€. Tendo em conta que Andrés só podia ser incluído ali, algo não bateu certo. A direcção do Osasuna mentiu? A avaliar pelo nosso R&C, Andrés foi mais barato do que o que o Osasuna diz. Então porquê a ofensa quando A Bola e o Record dizem que o Hernâni foi mais caro, mas se são dirigentes do clube vendedor a dizer que o FC Porto pagou mais do que a realidade no pasa nada? A imprensa especular e errar é normal. Dirigentes de clubes vendedores mentirem sobre negócios com clubes cotados em bolsa? De normalidade nada tem.

A SAD esclarece que ficaremos a conhecer os devidos detalhes do negócio Hernâni no 3º trimestre de 2014-15, o que é óptimo, ainda que nada disso invalide o mais importante: independentemente do negócio ter ou não relevância no mercado, Hernâni veio para ser relevante no plantel.

PS: Ádrian López fora da lista para a Champions. Apenas mais uma resposta cabal de que os critérios de Lopetegui não obedecem a preço, nacionalidade ou a quaisquer outros factores externos ao rendimento dentro de campo. Hernâni tem entrada directa na lista pois tínhamos uma vaga para jogadores formados localmente aberta, então Lopetegui sente que é mais vantajoso reforçar a defesa, neste caso com Reyes. E sente bem. No caso de Andrés Fernández, que não pode entrar na vaga de Ricardo Nunes, só tem a ganhar se for emprestado a um clube de um campeonato mais periférico, onde pelo menos jogue com regularidade. Croácia? Suíça? Roménia? Ainda há tempo para decidir.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Balanço do mercado de Inverno

Como esperado, chegou mais um avançado e vários jogadores foram cedidos a outros clubes no último dia do mercado. A principal novidade do dia foi a contratação de Hernâni, que levou Sami, Ivo Rodrigues e Otávio para o Guimarães. Começamos a análise ao mercado por aqui.

Hernâni assinou até 2019
Não teria contratado Hernâni nesta altura. Mas há sempre o benefício da dúvida, e como é claro Hernâni vai receber apoio incondicional enquanto defender as cores do FC Porto, mas o dia de hoje é dedicado a analisar a pertinência e expectativas de cada negócio.

Para mim, mercado de Inverno é sinónimo de identificar carências na equipa e preenchê-las com jogadores capazes de entrar de imediato no 11. Foi assim com McCarthy (tirando a parte chata da CAN), Adriano, Lucho, Janko, Quaresma... Mas nem sempre é possível encontrar jogadores que se enquadrem na relação qualidade/experiência/preço, e depois como Jorge Mendes tem choramingado, a FIFA estragou a festa a algumas pessoas em Dezembro. Adiante. Foi a lesão de Ádrian a levar Lopetegui a pedir mais um avançado, mas teria feito mais sentido ir buscar o tal reforço no início do mês, quando Brahimi e Aboubakar estavam na CAN, e não agora.

Olho para Hernâni e vejo-o a fazer o que Licá fazia no Estoril. Ambos jogavam em equipas de contra-ataque e futebol directo, dependem muito da velocidade e da bola no espaço, não estão habituados a jogar contra equipas que jogam com bloco recuado e que metem o extremo/ala a fechar o corredor com o lateral... E alguns problemas técnicos, como a dificuldade em jogar e decidir no espaço curto. Tendo espaço para partir no 1 para 1, em velocidade, e flectir para a zona central a partir da direita (na esquerda não renderá tanto), pode tornar-se um elemento útil. Passa pelo treinador ajudar Hernâni a evoluir, mas oxalá não tenha o destino de Licá, Djalma ou outros tantos. Sobretudo porque se o Vitória de Guimarães pedia 5 milhões de euros e precisava de dinheiro fresquinho, de certeza que não foi com 3 empréstimos que resolveu os problemas de tesouraria.

Em contas de merceeiro, será necessário o apuramento para os 1/4 da Champions para pagar a contratação de Hernâni, um jogador que à data de hoje não é melhor que Brahimi, Tello e Quaresma, nem dá ares de maior potencial do que Ivo Rodrigues (Ricardo Pereira passa a lateral-direito). Soa a um excelente negócio, mas não para o FC Porto. Mas se isto dá a possibilidade de André André ser reforço no fim da época equilibra mais a balança. Um jogador muito apreciado por cá, por ter a tal raça e mística e de que tanto gostamos, mas que faz em Guimarães aquilo que Evandro também faria perfeitamente (até a bater penaltys atrás de penaltys). Bom com vista à profundidade do plantel, não muito mais que isso, mas que não vale a pena aprofundar já. No fim da época veremos.

Vamos às três saídas para o Guimarães. Sami, como se sabe desde o início, foi uma contratação sem obedecer a lógica desportiva. Vai andar de empréstimo em empréstimo, com o FC Porto a pagar salários a um jogador do qual nunca tirará proveitos. Oxalá se valorize no Guimarães (se fizeres um ou dois golinhos ao Benfica, maravilha) e que seja feliz por lá.

De Otávio já se sabia que era uma aposta da SAD, não de Lopetegui. Por isso é natural que não contasse para o treinador. Tem potencial e talento, e é essencial jogar nesta fase da carreira. Resta saber se o Guimarães, que ultimamente tem dependido imenso da valorização e venda dos próprios jogadores para subsistir, vai ter disponibilidade para dar rodagem a emprestados (com Tiago Rodrigues, por exemplo, correu mal). Com sorte vai poder mostrar-se e talvez ganhar lugar para a próxima pré-época. Entretanto, face à saída de Otávio, nova contratação by BMG para a equipa B, Anderson de Oliveira. Nunca ouvi falar.

E agora o que mais comichão dá na contratação de Hernâni, Ivo Rodrigues. Claro que Ivo Rodrigues não ia ter oportunidades de jogar na equipa principal, e se jogar na primeira liga pode ser bem mais positivo. Mas quase que arrisco a dizer que o Guimarães vendeu gasolina e em troca recebeu uma mota. Irá Hernâni ter assim tantas oportunidades a curto prazo? Se não as vai ter a curto prazo, é porque o FC Porto idealizou a sua contratação num projecto a médio-prazo. Mas para médio-prazo já temos um tal de Ivo Rodrigues, precisamente, e é bom que comecemos a falar um pouco mais de Frédéric. Resta saber se Rui Vitória será um bom treinador para Ivo e Otávio, algo de que tenho dúvidas e que será aprofundado quando ou se for oportuno no futuro. A boa imprensa e os resultados iludem muito e dizem pouco.

Esperamos ver já algo esta época, caso contrário não há justificação possível para esta contratação. Dito isto, bem vindo, Hernâni. Agarra a oportunidade de uma vida. 





Kayembe - Quando se soube do verdadeiro negócio Kayembe, foi defendido que devia imediatamente ser emprestado a um clube de primeira liga. Dito e feito. O Arouca não é o clube ideal para tal, mas pelo menos vai ter a possibilidade de jogar mais regularmente, na sua verdadeira posição (extremo), É um jogador que há que espremer ao máximo, tendo em conta que foi uma contratação cara, muito cara para a época de maior prejuízo da SAD. Parte a loiça, Joris.

Opare - Os melhores momentos de Opare no FC Porto foram aquele «Merry Christmas» no vídeo de Natal. Infelizmente lesionou-se cedo, Ricardo Pereira declarou-lhe guerra (no melhor sentido) pela sombra de Danilo e Ángel chegou numa oportunidade de negócio. Parecia a primeira alternativa para as laterais, passou a ser a última. Até Víctor García lhe passou à frente. O empréstimo ao Besiktas peca por ter que ser o FC Porto a pagar os salários. mas nisto é quase sempre assim. Que jogue com regularidade e que atinga um nível que permita rentabilizar o activo, desportiva ou financeiramente.

Kelvin - Emprestá-lo era essencial. Emprestá-lo ao Palmeiras foi uma má decisão. A opinião aqui

Tiago Rodrigues - Uma dúzia de jogos no Guimarães e já estava a caminho do FC Porto. Muito pouco. Terá que evoluir muito e a todos os níveis para ser sequer alternativa ao plantel. Que jogue com regularidade e qualidade no Nacional para que se abram outras portas.

Célestin Djim - Nem tudo o que vem pela auto-estrada de Liège funciona. Mangala é mesmo a excepção. O crédito esgotou-se, mas faz-se um desviozinho para Bruxelas. Boa sorte ao miúdo.

Braima Candé - Contratar jogadores aos rivais tem destas coisas. Coisas que são idealizadas como grandes golpes, mas não saem dos ideais. Boa sorte ao miúdo, com Djim no Freamunde.

Ricardo e Andrés - Ricardo foi dado como certo na Académica e acaba por ficar para ser o... 4º guarda-redes do plantel! Com Gudiño a defender na B e Kadu (já devia ter saído) como alternativa, não há a mínima oportunidade para algum guarda-redes da A ir dar uma mãozinha à B. Andrés Fernández tinha mercado em Espanha, mas também não saiu para rodar. Há mercados periféricos ainda abertos, mas com poucas possibilidades de algo interessante e oportuno surgir.

Reyes - O tal dilema. Para evoluir precisa de jogar com regularidade. Mas só faria sentido ao FC Porto ir buscar um central ao mercado se fosse melhor que Maicon e Marcano. E para ser melhor, seria caro. E para entrar, teríamos que emprestar o central de 7 milhões. Taça da Liga e pouco mais, infelizmente para o jogador.

Rolando - Um caso que se não envergonha, devia envergonhar muita gente. «Quem tiver vergonha que a tenha. Quem não tiver, não tenha.» Boa sorte, Rolando.

Gonçalo Paciência - Repetindo:  «(...) E Lopetegui dá o aviso de que quer que Gonçalo fique no FC Porto «muitos anos». Isto é uma afirmação de um treinador que já está a pensar em 2015-16 e do que pode fazer com Gonçalo no futuro. Se rejeitou que ele fosse emprestado à Académica, é porque acha que será melhor ele ficar a evoluir sob a sua supervisão, em vez de ir agora para a Académica, aprender fazer a anti-jogo e a jogar para o pontinho e daqui a duas semanas estar a trocar de treinador, sabe-se lá para quem.»

Até ao verão. Ou Março, que isto do mercado é como o Natal: de ano para ano vai começando mais cedo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Tello, o do Barcelona. Quaresma, o de antigamente. Jackson, o de sempre. E Lopetegui, o homem certo.

5-0 contra uma das melhores e mais bem preparadas equipas do campeonato, que tirou pontos aos 2 rivais, numa noite em que alguns jogadores mostraram uma subida de rendimento. Boa exibição, excelente resultado, óptima resposta à derrota na Madeira. E isto vai para segundo plano.

Fotos: Catarina Morais
Lopetegui deu hoje uma demonstração cabal de que é o homem certo no lugar certo. A vencer por 4x0, insiste nos princípios de circulação de bola, no modelo que há muito tenta definir (e que claro que continua a ter lacunas, algumas que tardam a ser corrigidas), continua a exigir máximo empenho e concentração dos jogadores. A resposta dada dentro de campo nem sempre é a pretendida, mas isso é algo a ser trabalhado.

Depois, a conferência de imprensa. Não pestaneja e a voz não treme. Falou de Ruben Neves e Gonçalo Paciência com a razão do seu lado. Não conheço nenhum portista que não gostasse de ter Gonçalo na convocatória, mas se calhar foi melhor jogar hoje pela equipa B, e fazer mais um golo, do que ficar no banco como Aboubakar. E Aboubakar correspondeu sempre que foi chamado, é um digno sucessor de Jackson e terá capacidades para discutir a posição 9 com Gonçalo no próximo ano. Houve uma hierarquia definida na pré-época. Jackson o titular, Aboubakar a alternativa, Gonçalo um projecto de futuro. Essa hierarquia mantém-se de pé. E Lopetegui dá o aviso de que quer que Gonçalo fique no FC Porto «muitos anos». Isto é uma afirmação de um treinador que já está a pensar em 2015-16 e do que pode fazer com Gonçalo no futuro. Se rejeitou que ele fosse emprestado à Académica, é porque acha que será melhor ele ficar a evoluir sob a sua supervisão, em vez de ir agora para a Académica, aprender fazer a anti-jogo e a jogar para o pontinho e daqui a duas semanas estar a trocar de treinador, sabe-se lá para quem. De Ruben Neves, mais razão ainda. Todo o trabalho que tem feito com Ruben tem sido excelente. Merece jogar mais? Merece. E só sabemos isso por causa da aposta de Lopetegui.

Depois, respostas cabais a Jorge Jesus e Manuel José. Podemos dizer o mais simples: a melhor forma de ter respondido a Jorge Jesus seria ter ganho quando o Benfica veio ao Dragão, e quanto a Manuel José, apesar da forma como corrosiva como fala do FC Porto, devido à má relação que tem com Pinto da Costa, não deixa de ter uma pontinha de razão na comparação que fez. Digo eu, que gosto de Paulo Fonseca, um bom treinador que não estava preparado e veio parar ao FC Porto no pior ano possível, depois de muita gente acreditar que o minuto 92 era a prova de que podíamos ser campeões em piloto-automático e em quaisquer circunstâncias. Vai fazer muitos bons trabalhos no futuro, não tenho dúvidas. É um homem que nunca desrespeitou esta instituição, e que infelizmente não pode dizer o contrário. Fossem todos os ex-treinadores assim. E é bom que Paulo Fonseca continue a fazer evoluir jogadores até ao final da época, como fez evoluir Sérgio Oliveira, que só temos a agradecer.

Mas a melhor parte foi especificamente a resposta a Manuel José, do caviar de 1996 (e não 95, mas percebemos a ideia) - e por caviar não falou necessariamente do plantel. E digo isto porque de certeza que Lopetegui não andou a vasculhar nos arquivos para ver que tipo de trabalho que ele fez no Benfica, com o propósito de responder. Não, alguém no FC Porto fez o trabalho de casa e preparou-o para fazer aquilo. Alguém preocupou-se em preparar o treinador para se defender e contra-atacar. O FC Porto quis fortalecer a posição de Lopetegui enquanto treinador e defendê-lo da crítica. Não há dúvidas de que é um treinador para manter. Assim pensa o FC Porto. 






Provavelmente, o melhor ponta-de-lança do mundo (+) - Como bom portista, bebo Super Bock. Não necessariamente pela Unicer, mas por hábito e gosto. Mas não me choca que alguém diga que a Calsberg é provavelmente a melhor cerveja do mundo. Até pode ser, mas prefiro Super Bock. E com isto chego a Jackson. Não sei se é o melhor ponta-de-lança do mundo, mas hoje não o trocava por nenhum outro. É um líder, um ponta-de-lança de referência, que fez um golo, arrancou um penalty, deu um golo a marcar, arranca uma expulsão e uma falta que dá outro golo, e além de tudo isto está do primeiro ao último minuto a batalhar para ganhar a bola e servir os colegas, quando muitas vezes devia ser o contrário. E já agora parabéns, Jackson, que é o primeiro ponta-de-lança a ser aplaudido por falhar um chapéu depois do falhanço do Lisandro contra o Fenerbahçe. Só um jogador à Porto tem este tipo de perdão.

Quaresma e Tello (+) - No último post, critiquei os nossos extremos por acrescentarem muito pouco à lista de goleadores (marcam menos de metade dos extremos de Benfica e Sporting), sobretudo durante a ausência de Brahimi. Então toma lá, 3 golos. Gostei de Tello, tirando aquele lance em que se esquece da melhor coisa que tem: a velocidade. Combinou bem com o lateral (mais do que Quaresma e Danilo), esteve mais forte no jogo interior, foi mais objectivo, conseguiu fintar adversários em espaço curto e ainda faz um bom golo. Ótimo jogo, Tello. E depois há Quaresma, que em grande parte da primeira parte reclama muito (no bom sentido) mas sai pouco: estava difícil sair um cruzamento, um passe a rasgar a defesa, uma grande abertura para o lateral, algo da utilidade de um extremo. Está melhor no papel de equilíbrio, mas é cada vez mais difícil sair o desiquilíbrio. Até que sai aquela maravilha do pé torto que nas camadas jovens do Sporting queriam que fosse direito, como se fosse defeito e não predestinação. Um golo que nunca hão-de ver Messi ou Ronaldo marcar. Um golo que só Quaresma sabe fazer, hoje como há 8 anos. É verdade que tiveram que sair umas 20 ou 30 trivelas falhadas nos últimos 12 meses para finalmente acertar, mas aí está o golo, o melhor deste campeonato. E agora, quando chegar Brahimi? No dia em que a Argélia sai da CAN, Quaresma e Tello decidem fazer o melhor jogo do último mês. Malditos.

Óliver Torres (+) - O meio-campo do FC Porto esteve sempre bem, antes e após as alterações, apesar de durante grande parte da primeira  parte ter faltado, entre Jackson e o meio-campo, o tal maestro entre-linhas que só Quintero parece conseguir ser, mas o 4x3x3 de Lopetegui não tem espaço para um jogador que se limite a essa função (até Deco teve que aprender, Quintero). Casemiro, apesar das entradas abruptas que me tiram moral quando quero reclamar com o Maxi, desta vez esteve bem, ou digamos que as virtudes superaram os defeitos, o que nos últimos jogos não tem sido fácil. Herrera finalmente aparece bem no espaço para finalizar (outra crítica que vinha sendo feita), mas o melhor voltou a estar nos pés do pirralho, Óliver. Por todo o lado e para todo o lado, com a bola a ganhar olhinhos quando sai dos seus pés, a dar sempre uma solução aos colegas e problemas aos adversários. Acho que vou deixar de te elogiar, Óliver, e começar a dizer o piorio de ti. Assim pode ser que o Simeone ache não serves para o Atlético. Faz-me um favor, faz como o Lucho, e arranja uma namorada portuense que tenha como heroína a Padeira de Aljubarrota e que não te deixe voltar para o país vizinho.

Iván Marcano (+) - Deixar desde já a nota positiva para as exibições de Fabiano e dos laterais, hoje Alex Sandro num dos melhores jogos da época. E depois temos Marcano, o central low-profile que não mostra os dentes, mas que é forte no passe longo, sabe sair a jogar com a cabeça levantada, é rápido e forte na antecipação e no jogo aéreo, e que já anda a cheirar um golo lá à frente. Maicon complica o que é simples, Marcano consegue simplificar tudo, até o mais complicado. Por mim, já não saías do 11, mas continuo sem perceber porque é que dois centrais destros podem jogar juntos, mas se são ambos canhotos já é um problema.

Alta pressão (+) - No que toca aos princípios que Lopetegui quer aplicar, foi a melhor notícia. A equipa esteve excelente a sair na pressão, a ganhar bolas no meio-campo do Paços de Ferreira e sem que com isso deixasse que o Paços apanhasse alguma bola para o contra-ataque nas costas do Marcano e do Maicon. Voltámos a ver a insistência em sair pelos corredores (não dá pela esquerda, vira; não dá pela direita, vira outra vez), mas a maneira como a equipa pressionou e a rapidez no meio-campo do Paços enalteceram a boa exibição. E mais uma coisa: viram o que acontece quando o nosso ponta-de-lança está na área, o seu habitat natural, em vez de ter que andar a dar apoio mais atrás? De vez em quando lá há um guarda-redes que falha... e dá golo. E assim se começa a construir uma goleada.





A rever (-) - Não necessariamente pontos negativos, mas a melhorar. Voltamos a criar pouco perigo em pontapés de canto. Lembram-se do Costinha a aparecer ao segundo poste? E do Bruno Alves? Lances estudados. Neste FC Porto não vemos isso. O marcador do canto bem levanta os braços, mas depois parece que sai sempre improviso. E nem sempre podemos contar com o calcanhar do Jackson. Além disso, a apatia depois do 4-0. Não podemos fazer 90 minutos de alta intensidade, mas o FC Porto deveria ter tido capacidade para ter mais bola no meio-campo do Paços de Ferreira, obrigá-los a recuar e saber descansar com bola estando ao ataque. Víamos Lopetegui pedir isso, mas os jogadores a não corresponder. O remédio? Rúben Neves lá para dentro. Coincidência ou não, a coisa melhorou. Sem coincidência, claro.