Equipa alargada, rúbrica nova. Para os adeptos mais velhos, episódios de nostalgia. Para os mais novos, histórias que enriquecem a cultura portista. Histórias para recordar ou para descobrir. O Tribunal do Dragão cria a rúbrica «Histórias do Dragão», viagens ao passado que nos trouxe até aqui.
Quem é o melhor lateral-esquerdo da história do futebol mundial? Para muitos, Roberto Carlos, que quando ainda era um jovem podia ter assinado pelo FC Porto. Mas havia um problema: o FC Porto estava interessado em 2 jogadores e só podia trazer 1. Uma (in)flexibilidade de outros tempos. Então Pinto da Costa decidiu trazer um tal de Geraldão.
Geraldão |
O facto de termos tido Branco um ano depois, para o lugar do já em fim de ciclo Inácio, não nos deixou sentir grandes saudades de um lateral-esquerdo de elite. Que teria sido fantástico ter Roberto Carlos, teria. Mas ficámos bem servidos com Geraldão para o centro da defesa. Com Celso, com Lima Pereira ou com Demol, tínhamos um central de eleição. Tão bom que se nos dissessem que o tal miúdo Roberto Carlos viria a bater livres tão bem como ele desatávamos a rir na sua cara.
Um exemplo de uma maravilha. Mas o melhor golo (ou o mais saboroso) de Geraldão foi num clássico, início dos anos 90, contra o Sporting. O Sporting tinha um guarda-redes, Ivkovic, cheio de moral, que tinha garantido antes do jogo que sabia como defender os livres do Geraldão. Quatro minutos de jogo, livre a 30 metros, o Geraldão mete a bolinha a tabelar no poste e o Ivkovic só teve tempo de virar o pescoço e ver a bola e entrar.
Quando estava a fazer uma época sensacional em 1990-91 (em Dezembro já levava 14 golos, quase todos em bolas paradas), Geraldão decidiu portar-se mal e assinou à revelia um pré-acordo com o Benfica. Cerca de 23 mil contos na altura, uma enormidade. Pinto da Costa descobriu e mandou Geraldão passar umas férias no Brasil. Antes de Geraldão sair éramos líderes do campeonato. Quando regressou já o Benfica tinha tomado a dianteira e ganhou aí o campeonato.
Acabou por nunca jogar pelo Benfica e o FC Porto vendeu-o ao PSG. Como o acordo com o Benfica tinha sido assinado à revelia, nada puderam fazer e Geraldão foi para Paris. Goste-se ou não da forma como saiu, foi um dos grandes centrais da história do FC Porto e um dos que derreteram o gelo de Tóquio. E não nos podemos esquecer que foi a sua saída que permitiu que um miúdo com cabelo à frente dos olhos começasse a ganhar espaço no FC Porto. Chamava-se Fernando Couto.
Podia ter sido igualmente bom ou até melhor ter Roberto Carlos? Podia. Mas com Geraldão também construímos a nossa história. E com isto chegamos à listinha de compras na equipa B: Raúl Gudiño, Victor Garcia, Pavlovski e Leonardo Ruiz (ainda nos Sub-19). Quatro estrangeiros emprestados, quatro jogadores que há interesse em comprar. Todos eles interessantes, talvez até pela ordem que são referidos. No caso de Gudino e Ruiz, se forem contratados e ficarem cá nos próximos 2 anos vão ser consideradores jogadores formados no clube. Vai ter é que haver um limite para investir.
Gudiño é para agarrar |
A equipa B, por si só, dá prejuízo. Porque todas as equipas da segunda liga dão prejuízo. As receitas de bilheteira e patrocínios não chegam para cobrir nem os salários dos jogadores. A única maneira de resolver este problema é colocar a equipa B ao serviço da equipa A. Desenvolver jogadores para a equipa principal e esperar que um deles, dentro de alguns anos, saia por uns valentes milhões que cubram o muito dinheiro ainda sem retorno que já aplicámos na B.
Gudiño, Victor Garcia, Pavlovski e Leonardo, sendo todos eles interessantes, precisam de um limite quanto ao investimento. Não pode haver mais Kayembes. Isto não em termos do potencial do jogador (Kayembe, a extremo, tem muito para dar), mas do custo para uma equipa B. Um exemplo: o Freamunde, uma equipa que está a lutar para subida de divisão, tem um orçamento de 700 mil euros para esta época. Só Kayembe, por si só, custou 2,65M€, e se não fosse o empréstimo ao Arouca ia passar provavelmente todo o ano na B.
Todas as dificuldades aqui enumeradas devem ser tidas em conta em relação à equipa A, mas também à B. Luís Castro diz hoje n'O Jogo que não há jogador do FC Porto B que não tenha sido cobiçado no inverno. É sinal que há qualidade, mas essa qualidade só fará sentido se for para dar um passo em frente, rumo à equipa A. E como o princípio da equipa B devia ser para fazer com que os Sub-19 dêem continuidade à sua evolução, então os ataques ao mercado devem ser calculistas ao máximo.
Raul Gudiño, Victor Garcia, Pavlovski e Leonardo Ruiz. Os quatro já demonstraram potencial e a sua contratação devia ser priorizada mesmo por esta ordem. Mas não a qualquer custo. Dificilmente dará para os 4 (tendo em conta que veem de clubes modestos, 1M€ já seria um preço mais do que exagerado para cada 1)... tal como não deu para trazer Geraldão e Roberto Carlos. Tempo de decisões, que devem ser tomadas a pensar nas limitações financeiras do presente e nas necessidades da equipa A do futuro. Falhar os Robertos Carlos não será um problema, desde que consigamos os Geraldões.
Boa tarde!!
ResponderEliminarTinha ideia que o Victor Garcia tinha sido contratado no final da época de 2012/2013 ao Real Esppor, depois da sua passagem pela equipa de juniores. O jogador já está ha dois anos no FC Porto.
Relativamente ao Gudiño, realmente vai ser um grande guarda-redes. Mas a questão aqui que coloca-se é saber se o João Costa "andorinha" ou o Filipe Ferreira também não atingiriam um nível parecido, se tivessem uma única oportunidade na equipa B.
O Leandro Ruiz é um matador. Acho que nos faz falta sinceramente.
O Pavloski é um bom jogador, mas será que tem estaleca para a equipa A do Porto?
Não, o Filipe Ferreira, que é o GR de maior potencial, não chegará para ser um Eduardo. É pouco... Sei que as opiniões são o que são, mas a diferença de potencial entre Gudiño e o Filipe, é enorme. O Gudiño foi um achado e tem que ser nosso. O Víctor, o Pav e o Leonardo também podem ser nossos, mas com uma gestão inteligente. O Victor pode concorrer com o Ricardo para o ano que vem. O Pav pode ser emprestado a um clube tipo Nacional. O Leo... é complicado, temos André e Rui Pedro, também já temos Caballero... se calhar, o Leo é o elo mais fraco. Ainda assim, se for um risco p€qu€no, podia ser emprestado a uma equipa da 2ª liga e ver no que dava.
EliminarObrigado por este pedaçinho de história!!!! Estava lá no golo do Geraldão ao Sporting, 2x0, o outro golo é do Jorge Couto!!!!
ResponderEliminarO Victor Garcia também não conta como formado no clube uma vez que já se encontra a 3 anos no clube e tem idade inferior a 21 anos, tal como poderá a acontecer com Gudino e Ruiz certo?
ResponderEliminarNão tenho a certeza mas penso que para o ano o V. Garcia poderá ser inscrito na Champions como formado no clube
Victor Garcia chega já a meio da segunda época de Sub-19. O Leonardo e o Gudino fazem a primeira época de Sub-19 completa. Para ser considerado formado no clube é preciso completar 3 épocas no mesmo clube entre os Sub-15 e os segundo ano de senior. O Victor Garcia no máximo só pode fazer 2 anos e meio.
EliminarAgora parede são 2 anos.
EliminarNo golo do geraldao o guarda redes nao era o q diz mas sim o portugues Vital.
ResponderEliminarEra o Ivkovic: https://www.youtube.com/watch?v=So0bm39mBwk
Eliminarpeço desculpa . pensei q se referia a um golo do meio do campo em alvalade.
EliminarEm 88/89 ele Marca ao vital quase do meio campo de uma posição central. Em alvalade. Em 90/91, nas Antas, é a 30 metros, descaído para a esquerda, o ivkovic não se mexe, a bola bate no poste mais longe e entra. Em Alvalade ele ganha lanço, nas Antas, dá dois passos e chuta (!) Dia de chuva, Aloísio o outro central, e gomes num dos regressos as Antas. Eu nunca lhe perdoei. Penso não errar, dizendo que será o único titular absoluto a assinar pelo benfica enquanto ao serviço do FC Porto, nos últimos 40 anos. Alimentando aliás uma novela interminável...
EliminarBETAMAX - Sporting vs FC Porto 1988-1989
ResponderEliminarBoa noite, sou um leitor do teu blog, obrigado por partilhares estas info.
ResponderEliminarEm relação a estes 4 jogadores que mencionaste, os que tèm de ser agarrados na minha opinião são Raul Gudiño e Victor Garcia. Raul Gudiño já demonstrou que tem tudo para ser um grande guarda-redes, tem o potencial para ser o futuro guarda-redes do México (um achado/+ rápido do que a concorrência) e Victor Garcia já me tinha convencido época passada (na equipe B e no jogo do Braga) e continua a convencer que tem qualidade para ser um dos futuros laterais direitos, espero que venha.
Em relação a Leonardo Ruiz, não acompanho/não vejo os jogos dos sub-19, sei que temos André Silva, Rui Pedro e outros,mas pelos números 17/22 (golos/jogos - info:ojogo), vindo de uma realidade/futebol diferente pelo "preço" certo acho que FCPorto o deveria trazer.
E finalmente o Pavlovski não daria tanta prioridade apesar de ser um médio de caracteristicas diferentes dos médios que estão na equipe B, só mesmo se o investimento (como todos os outros) fosse razoável.
Não sei se alguém perguntou mas, o André André está referênciado/sabe-se as condições de de possivel negócio/ou até contratado para a próxima época a juntar ao Sérgio Oliveira?
Acabei de ver o jogo do Fcporto B na Madeira. O jogo provou o que já pensava sobre Victor Garcia. É um jogador com optimas qualidades físicas, excelente resistencia mas com bastantes debilidades técnicas, raramente acerta um cruzamento, dos quatros citados neste artigo, o Victor Garcia é claramente o que tem menor potencial.
ResponderEliminarEste jogo também provou(não propriamente pelo resultado que é enganoso), que o Fcporto tiver oportunidades de contratar jogadores com o potencial dos 2 falados do Anderlecht não deve hesitar, porque os jogadores da equipa ainda estão muito verdes, e não será só com jogadores da formação que discutirá títulos.
"Quem é o melhor lateral-esquerdo da história do futebol mundial? Para muitos, Roberto Carlos, que quando ainda era um jovem podia ter assinado pelo FC Porto. Mas havia um problema: o FC Porto estava interessado em 2 jogadores e só podia trazer 1. Uma (in)flexibilidade de outros tempos. Então Pinto da Costa decidiu trazer um tal de Geraldão."
ResponderEliminarEsta história não é certa. Nunca o poderia ser aliás.
O Geraldão, um jogador do outro mundo, chegou ao FC Porto em 1987. O Roberto Carlos só começou a carreira profissional em 1991 e num clube de Araras, no interior de São Paulo, que nem o Pinto da Costa nem outro português deve conhecer sequer. Nesse ano o Roberto Carlos tinha 14 anos. Acho que nem o Wenger o teria contratado ;-)!
As datas geram de facto muitas dúvidas, mas é uma história confirmada por Pinto da Costa e Roberto Carlos. Uma troca de nomes, talvez, mas se os protagonistas o dizem... http://www.lancenet.com.br/minuto/Presidente-Porto-LNet-sucesso-clube_0_904709659.html
EliminarQue o FCP tenha tido interesse em 1992/93 pelo Roberto Carlos acredito. Foi o ano da sua revelação antes de assinar pelo Palmeiras. Em 1987/88 é absolutamente impossível, uma vez mais porque o protagonista tinha 14 anos. Portanto esta história, tal como contas e o PdC contou nessa entrevista (e acho que no seu ultimo livro também) é falsa. Trocando o Geraldão por outro jogador em 1992/93 então acredito perfeitamente.
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