sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O orçamento da época 2017-18

A SAD já deu a conhecer a proposta de orçamento que será submetida a aprovação na Assembleia Geral de 27 de novembro. Depois de meses em que as (poucas) intervenções dos dirigentes da SAD apontavam para um caminho de contenção de custos, redução da despesa e de dar passos rumo à auto-sustentabilidade, este orçamento era, é, a oportunidade de conferir se há realmente planos para isso ou se eram meras palavras. E como é hábito, resta deixar os números falarem por si - e também deixarem claro que, se queremos razões para festejar esta época, só podemos mesmo contar com Sérgio Conceição e os jogadores.


Há um ano, a SAD apontava para custos operacionais (sem despesas com passes de jogadores) de 116,5 milhões de euros - o valor final acabou por atingir os 121,8 milhões. Desta vez, a SAD prevê gastar mais do que o que havia sido orçamentado há um ano: 118,5 milhões de euros

Isto indica desde logo uma coisa: a folha salarial praticamente não baixa, apesar de ter havido um desinvestimento no plantel para esta época. A SAD prevê custos com pessoal de 69,4 milhões de euros esta época. Aliás, há uma pequena redução face ao orçamento da época passada, mas não chega aos 100 mil euros. Já em relação aos resultados finais da temporada passada, que atingiram os 73,26 milhões de euros, a redução aproxima-se dos quatro milhões de euros.

Portanto, a partir deste orçamento, concluímos que a SAD propõe uma redução dos custos com pessoal de 74 mil euros em relação ao orçamento de 2016/17 e de 3,822 milhões de euros face ao Relatório e Contas final da temporada passada. Isto leva-nos desde logo a questionar de onde saíram estas previsões particularmente animadoras. 


Além deste relato do jornal O Jogo, o site oficial do FC Porto cita Fernando Gomes: «Libertámos 26 jogadores que tinham contrato, o que nos permite já em 2017/18 uma diminuição dos custos com o plantel de 20,8 milhões de euros». De custos com plantel para salários, de 3,822 milhões de euros para 20,8 milhões, há aqui um triângulo das Bermudas qualquer, entre semântica e matemática, que faz as coisas não baterem certo. Onde está a poupança com 26 jogadores? Oportunidade para se explicar dia 27. A não ser que estejam à espera do mercado de inverno para emagrecer a folha salarial, quiçá com ativos bem remunerados que não estão a ser opção inicial para Sérgio Conceição. Especulação, nada mais. 

Os proveitos operacionais previstos também aparecem dentro da mesma linha. Na época passada, a previsão era de 98,4 milhões de euros, e ficou meio milhão acima da metade traçada. Agora, a SAD aponta para 98,8 milhões de euros. A maior fatia volta a ser esperada na UEFA, em que a SAD conta com a qualificação para os 1/8 de final da Liga dos Campeões. Mesmo havendo restrições nas opções de Sérgio Conceição e que não lhe tenham dado um único reforço para a Champions. 

Tudo isto resulta num prejuízo operacional de 19,737 milhões de euros, resultado que acaba por ser superior às previsões da época passada (18,1M€).

O resultado final esperado é então de um prejuízo de 17,277 milhões de euros (o prejuízo de 2016-17 transitará para este exercício), após serem considerados/esperados proveitos de 55 milhões de euros com transações de jogadores na próxima época. Posto isto, torna-se difícil de encontrar algo nesta proposta de orçamento que aponte para uma mudança de rumo, de redução de custos ou de aproximação da auto-sustentabilidade. Mas calma: Fernando Gomes por certo explicará, dia 27, que este é apenas o «ano zero» e que a verdadeira recuperação começará já em 2018-19. 

Coisa que nos leva a imaginar qual seria a disposição dos adeptos se um treinador do FC Porto que, estando há três anos e meio no cargo e que tenha estado envolvido nos piores resultados da história do clube, se desse ao luxo de prometer «calma que isto vai melhorar, estamos no caminho certo e a partir do próximo ano vamos começar a jogar futebol a sério». Tem tudo para correr bem. 

5 comentários:

  1. A UEFA permite um resultado negativo de -20M, podendo ser estendido a -25M com o desconto dos investimento em formação, como aconteceu no ano que passou.
    Orçamento horrível. O buraco continua a crescer.
    Só gostava de saber onde irão buscar dinheiro para a tesouraria?

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  2. A confirmarem-se estes números no final da época, vamos revalidar um título. O de gestão mais incompetente do futebol Português.

    Não estaríamos em teoria obrigados a reduzir os valores da despesa (que essencialmente são semelhantes aos da época passada) para continuar a respeitar o acordo com a UEFA?

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  3. O nosso clube a continuar assim, financeiramente vai ser fazer bum !!! já tá a fazer...

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  4. Bom dia,

    É a primeira vez que comento aqui, embora leia constantemente os conteúdos existentes.

    Indo ao que interessa, Fernando Gomes em minha opinião é um péssimo, repito - um péssimo gestor financeiro. Não sei nem quero saber que tipo de habilitações este senhor tem, mas espero que não seja por ter sido ministro ou presidente da Câmara do Porto, porque neste último caso, precisamente na parte financeira, deixou um enorme buraco nas contas da cidade. Isto é algo que todas as pessoas minimamente informadas sabem. Esperar que fizesse um bom trabalho no FC Porto era esperar um milagre.

    Já Fernando Gomes estava à ano e meio no Clube, quando depois da primeira época de Lopetegui (a única coisa positiva que saiu do seu deprimente reinado), batemos o nosso record de vendas. Mesmo descontando que, como em todos os casos de vendas de jogadores, nunca o montante total das mesmas é encaixado pelo clube, é difícil explicar o que foi feito ao dinheiro. 116 milhões de euros. Este número é de 2015, quando a soma da última transferência (Alexsandro) foi feita ao montante até então efectuado em vendas.

    Repito 116 milhoes em Setembro de 2015. Como é que à entrada para a época 2017/2018 somos um clube com contas muito más e sob a alçada da UEFA. Alguém percebe? O que é que em 2 anos se passou para 116 milhoes evaporarem? Devíamos com essa verba, ter tido mais espaço para respirar e evitar o sufoco em que agora estamos.

    Se esses tais 116 milhoes tivessem sido feitos em 2010 e daí para cá o clube parasse de ser vencedor e de vender jogadores até entendia. Mas não. Fomos tricampeões, vencemos taças de Portugal e Taça Uefa e por isso vendemos também jogadores. Agora, como é que em dois anos (ste 2015- set 2017) passamos de novo record até não ter dinheiro para quase nada. E ainda vendemos André Silva e Ruben Neves no início desta época. Mais 60 milhoes.

    Sinceramente não entendo e acho que muito está por explicar. Cheira-me a esturro e daquele mesmo mesmo queimado.

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  5. Aqui começo a perceber melhor as 'opções técnicas' de Sérgio C. quando deixa Casillas e Óliver fora do onze titular. E só não deixa Brahimi porque foi adquirido a meias (?) com a Doyen.
    A previsão meteorológica é de saída de Casillas para a MLS ou coisa que o valha e Óliver para o Wolves pelo mesmo dinheiro que o Mendes deu ao Atlético.
    Quo Fostis Porto?

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