sábado, 14 de junho de 2014

Os milhões de Danilo

Danilo é um jogador especial: é provavelmente o único jogador do futebol português que, quando é para referir o custo da sua transferência, se inclui o prémio de assinatura e as comissões no bolo todo. «Danilo custou 17,8 milhões de euros». Quantas vezes já ouvimos isto?

Tecnicamente, é verdade. Para ser mais preciso, Danilo custou 17.839.131 euros. Não se pode é ter dois pesos e duas medidas. Para incluir todos os encargos no custo da transferência, há que fazê-lo com todos os jogadores. Mas a FC Porto SAD não o faz com todos os jogadores e as outras SAD não o fazem com praticamente nenhuns. Se assim fosse feito, se calhar já não seria a contratação mais cara do futebol nacional (Hulk é o jogador mais caro, mas para ser contratado custou menos - o investimento de 13,5 milhões de euros em mais 40% do passe foi feito quando já era jogador do FC Porto). Sai um prémio para quem discriminar os encargos com Salvio.

Danilo recebeu
1,73 milhões para assinar
Assim, pontos nos «iis»:
Custo da transferência: 13.000.000
Prémio de assinatura: 1.739.131
Serviços de intermediação: 3.100.000

Custos muito acima daquilo que devia ser a realidade do clube? Certamente. Não só na transferência como sobretudo nos serviços de intermediação. Sobretudo porque se tratou de uma contratação que não visou, directamente, o reforço do plantel, mas sim a aposta num jogador de grande potencial, um projecto a médio prazo. Danilo não foi contratado para ser lateral-direito (a sua estreia até foi como médio, no lugar de Defour num FC Porto-Guimarães), até porque havia os competentes Sapunaru e Fucile no plantel. 

Teve um grande prémio de assinatura? Teve. João Moutinho, por exemplo, recebeu 600 mil euros para assinar, apesar de no seu caso a verba estar fragmentada num pagamento anual. Já Hulk, por exemplo, recebeu 3.648.221 euros quando renovou contrato em 2011. Verbas acima do que devia ser admissível pagar, mas o jogador é o último culpado.

Danilo deu provas de consciência, numa entrevista a uma rádio brasileira, citada pelo MaisFutebol: «O FC Porto fez um esforço muito grande para me contratar. Para um lateral era um valor inaceitável». Era e sempre será. Mas garante Danilo que lhe transmitiram o interesse de Barcelona, Real Madrid, Arsenal e Manchester United... por parte dos seus assessores. Que assessoria privilegiada é esta?

«Eu estou com a cabeça no FC Porto, pronto a dar o meu máximo, e daqui a um ano talvez eu possa sair. Neste momento é mais complicado», diz Danilo, que, é bom lembrar, tem apenas 22 anos. Dani Alves, o titular do Barcelona e da selecção brasileira, só chegou ao Barça aos 26 anos, apesar de antes já ter feito excelentes épocas no Sevilha.

No entanto, Danilo tem apenas mais dois anos de contrato. É inconcebível que a contratação mais cara da história do FC Porto fique a um ano do final de contrato, por isso, ou será já alinhavada uma saída a ser concluída em maio/junho de 2015 (a SAD irá precisar de um encaixe com mais-valias em 2014-15 ainda superior ao de 2013-14), ou Danilo renovará nos próximos meses.

E o alerta é este: será absolutamente inconcebível que se pratiquem, na renovação, valores idênticos aos da contratação de Danilo, um bom profissional e que certamente dará provas da sua valia em 2014-15. Mas os laterais direitos não dão campeonatos e os grandes investimentos devem estar reservados para os match winner.

E o clube que mais fatura em bilheteira é...

Foi um annus horribilis para o FC Porto e para as assistências no Dragão, disso já ninguém duvida. Pela primeira vez desde a inauguração dos estádios que acolheram o Euro 2004, Benfica e Sporting ficaram simultaneamente à frente no número de espectadores. Só no campeonato, segundo os dados da Liga, o FC Porto teve uma média de 27.167 espectadores (488.998 no total), o Sporting de 31.669 (538.265 no total) e o Benfica de 38.528 (693.501 no total). Isto é o que dizem os números de cadeiras ocupadas. E o que dizem os números das receitas?
Bilheteira rende. E os bilhetes
de época?

Nos primeiros 9 meses de 2013-14, a FC Porto SAD apresenta receitas de 4,931 milhões de euros. Já o clube que se congratula por ser recordista de sócios no guinness tem uma receita de... 4,29 milhões de euros. E o Sporting, em ano sem direito a UEFA, regista... 5,46 milhões de euros. Como se justifica esta discrepância

O Sporting, ao contrário dos dois rivais, inclui na mesma rubrica os bilhetes de época, que servem de garantia em caso de incumprimento para com BES e Millenium BCP. Benfica e FC Porto isolam os bilhetes de época da bilheteira. No caso do Benfica, os bilhetes de época renderam 1,377 milhões de euros, o que eleva a receita conjunta para 5,667 milhões de euros.

No caso do FC Porto, o relatório e contas trimestral não esclarece qual o encaixe com bilhetes de época. Que não está incluído na receita de bilheteiras, não está, pois num empréstimo de 17 milhões de euros assumido com o BES e que vence em setembro de 2016 (sendo que já em setembro a SAD terá a pagar 5,5 milhões de euros) são apresentadas como garantias «bilhetes de época e bilheteira». Ou seja, a diferenciação, aqui, confirma-se. 

Assim, são 736 mil euros a separar Benfica e FC Porto. Ou seriam, pois as receitas com o Dragon Seat, embora não sejam esclarecidas, são certamente superiores a essa quantia (o número de compras de Dragon Seat só foi tornado público nos primeiros 3 anos e, em cada ano, superou os 25 mil lugares, ao preço mínimo de 60 euros), o que significa que o FC Porto, mesmo numa época para esquecer, conseguiu ser, nos primeiros nove meses de 2013-14, o clube português que mais faturou em receitas com espectadores.

Não é, logicamente, possível subtrair os preços por bilhete e lugar anual da equação, mas confirma-se que o FC Porto, mesmo num ano terrível, continuou a ser apoiado por uma valiosa massa adepta. Valiosa em dedicação ao clube e como fonte de receitas.

Tudo isto porque, na próxima segunda-feira, serão postos à venda, a partir das 15h00, os lugares anuais para a próxima época. É altura da SAD oferecer um sinal de optimismo e de força para a próxima época e que motive a compra do Dragon Seat por parte dos associados.

Até agora, o FC Porto reforçou o plantel mas não reforçou a equipa. Ricardo, Opare e Evandro (não refiro Sami por não o rever numa lógica de reforço de plantel, com o respeito pelo profissional que cumpriu o sonho de assinar pelo FC Porto) dão profundidade aos respectivos sectores, mas dificilmente um deles terá entrada direta no 11, apesar de Evandro ser o melhor médio do campeonato que não dos 3 grandes. E até bem melhor que alguns dos 3 grandes.

Além disso, além da já mais que garantida saída de Fernando para o Manchester City, o FC Porto ainda corre o iminente risco de perder mais 2 titulares absolutos, que até ao momento não têm substituto. Podem estar sinalizados, mas não estão contratados. 

Já não é «ainda faltam duas semanas para a pré-época». Já é «já só faltam duas semanas para a pré-época». Os adeptos mais leais querem acreditar que a falta de informação significa que os dossiês de transferências estão a ser tratados em sigilo e que isto é sinal de organização. Pode não ser. Há transferências que não dependem unilateralmente do clube, mas é preciso um sinal forte nas próximas 48 horas, caso contrário a procura por lugares anuais, a partir de segunda-feira, corre o risco de não corresponder às espectativas.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Não há duas sem três: novo reforço do FC Porto chega do Sporting

Braima Candé é dragão até 2018
Depois de Moreto Cassamá e Idrisa Sambú, o FC Porto volta a pescar na formação do Sporting através do empresário Catio Baldé, celebrizado durante o caso Bruma.

O Tribunal do Dragão sabe que Braima Candé, guineense de 18 anos, que pode jogar a trinco ou a defesa-central, assinou um contrato válido por quatro épocas com o FC Porto.

Internacional sub-19 por Portugal, Braima Candé vai integrar a equipa B do FC Porto.

PS: Subitamente, Bruno de Carvalho terá sentido uma grande vontade de aumentar a proposta de renovação a Eric Dier.

Nacho Fernández, a armada espanhola da silly season e a intransigência de Pinto da Costa

Está destinada a ser a marca desta silly season: qualquer jogador que seja dado como possível dispensado por Barcelona ou Real Madrid é apontado ao FC Porto, através do canal Lopetegui. Uns pela imprensa espanhola - como é o mais recente caso de Nacho -, outros pela portuguesa.
Nacho fora dos planos

A saber: Bartra, Tello, Cuenca, Delofeu, Javier Espinosa, Nacho (pausa para respirar), Casemiro, Illaramendi e Morata já foram apontados ao FC Porto. Mas entre outros clubes, como Valência ou Málaga, há ainda Ignacio Camacho, Canales, Sarabia, Alberto Moreno e Álvaro Vásquez (e não esquecendo Ayoze Pérez, jogador perdido para o Newcastle pela incapacidade financeira de passar do acordo verbal ao oficial). Uns efetivamente alvos, outros meramente sondados, a maioria estórias típicas da pré-época. Lopetegui quer reforços e sabe que em Espanha há qualidade, mas a qualidade tem um preço. E são poucos os jogadores dispostos a trocar Espanha por Portugal se não for para serem titulares.

Face à expetativa do mercado começar a rodar com a primeira saída - o FC Porto tem que vender para comprar -, todos os jornais portugueses aproveitaram a notícia do jornal AS do interesse em Nacho para marcar posição. O central/defesa-esquerdo (que ganha 100 mil euros limpos por mês, tanto quanto... Jackson), todavia, não entra nos planos e se recebeu uma proposta de Portugal não foi, certamente, do FC Porto.

Paciência, Gonçalo
Gonçalo Paciência diz, em entrevista a O Jogo, que se sente na obrigação de mostrar «mais do que os outros» por ser filho de Domingos. O passado recente, todavia, diz que o problema não está aí: está sim no facto de pertencer à formação do FC Porto. Uma tendência que tem urgentemente que mudar.

Jackson: mais milhão, menos milhão...
Não conheço ninguém que possa dar lições de dirigismo a Pinto da Costa, embora o presidente não possa, de forma alguma, estar ileso das responsabilidades da pior época em 32 anos. No entanto, a intransigência face a algumas negociações pode revelar-se uma faca de dois gumes.
Jackson Martínez
em contrarrelógio
Em 2008, Pinto da Costa avisou que Quaresma só sairia pela cláusula de rescisão, de 40 milhões de euros, e que estava disposto a colocar o euro que faltasse. Foi vendido à pressão no fecho de mercado, por 18,6 milhões de euros, caso contrário a SAD tinha fechado 2008/09 com 13,5 milhões de euros de prejuízo.

Em 2012, Pinto da Costa não quis, literalmente, vender Hulk até ao último instante, numa altura em que lutava para manter a estrela do FC Porto e para ele próprio sobreviver. Hulk acabou por sair para o Zenit, por 40 milhões de euros. Se esta mais valia não tivesse sido feita, o FC Porto terminava a época 2012/13 com 19,7 milhões de euros de prejuízo. E é bom lembrar: foi aqui que entraram 80 milhões de euros brutos pelas vendas de James, Moutinho e Álvaro Pereira.

Nem em 2008, nem em 2012 a SAD estava tão mal financeiramente como agora - 38,7 milhões de euros em 9 meses é um recorde absoluto. A necessidade de vender até 30 de junho é imperativa. Pinto da Costa sabe que o Valência tem pasta e que um Jackson vale mais do que dois Andrés Gomes. Mas dos 30 aos 40 milhões de euros há um limite para a corda esticar e romper.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Carlos Deus Pereira, o fiel escudeiro vermelho de Mário Figueiredo

Recusou cinco pedidos de Assembleias Gerais para a destituição do presidente da LPFP, arrumou com dois candidatos que tinham, tanto Fernando Seara (que convenceu Pinto da Costa a apoiá-lo, em detrimento de Júlio Mendes, num único almoço) como Rui Alves, apoios suficientes para superar Mário Figueiredo e ainda validou a reeleição do pior e mais esperto presidente que a LPFP já teve.

Carlos Deus Pereira,
presidente da Mesa da AG
Carlos Deus Pereira, o nome do fiel escudeiro de Mário Figueiredo. Um nome que diz pouco ao comum adepto de futebol. Mas se encurtarmos para Carlos Pereira e recuarmos até à década de 80, facilmente se percebe de onde veio e para onde vai o presidente da Mesa da AG.

Carlos Deus Pereira não é nada mais, nada menos que o ex-futebolista do Benfica Carlos Pereira, que representou o dito clube durante 9 anos, além de ter passado pelo Olhanense e pelo Farense (que foi um dos 7 clubes a votar na reeleição de Mário Figueiredo e ofereceu os seus direitos de transmissão à Benfica TV - vá-se lá saber com que propósito). Ah, e Carlos Pereira, amigo de longa data de Luís Filipe Vieira, foi, também, presidente da SAD do Farense. Uma sopa de coincidências.

Formou-se em Direito depois da carreira de futebolista, após ter apostado na restauração no Algarve, e em 2012 concorreu à Concelhia de Faro via PSD. Sem sucesso, entrou na LPFP em 2013, substituindo André Dinís de Carvalho.

Ontem congratulou-se por «ser o único que não precisa de Joaquim Oliveira». Talvez não, mas pelos vistos precisou bastante da aliança Benfica-Farense, com tanto sucesso que Vieira nem precisou de ir ao Porto votar. Já o Sporting, o único clube a aceitar o convite para se reunir com João Loureiro no Palácio da Bolsa, em abril, seguiu a tendência de voto dos novos amigos do Bessa.

PS: Pelo que tenho lido, causou grande surpresa na bluegosfera a fervorosa declaração de apoio feita por António Oliveira a Mário Figueiredo num programa da SIC. Nada de surpreendente, na verdade. Não é uma declaração de quem apoia Mário Figueiredo, mas sim de quem continua um bocadinho chateado com o mano. Hoje devem estar com estados de disposição bem diferentes.

PS1: Aguarda-se a confirmação de boas notícias na construção do plantel 2014-15 nos próximos dias, pois na questão da LPFP estava tudo a dormir e sete candidatos com diferentes apoios foram comidos por dois peões que, ao invés de prepararem efectivamente uma candidatura, dedicaram-se a sabotar as demais. Com o sucesso que hoje é demonstrado pela reeleição.

Excesso de guarda-redes? Talvez não (e o Mónaco anda por aí)

O excesso de guarda-redes costuma ser algo presente nos quadros do FC Porto, mas a três semanas da pré-época 2014-15 Julen Lopetegui (ou neste caso Juan Carlos Arevalo) só tem garantido que terá três guarda-redes com quem trabalhar nas primeiras semanas - o número ideal, mas resta saber se com a qualidade que satisfaça um técnico que, tendo sido guarda-redes, naturalmente será exigente nesse aspecto. Um ponto de situação.

Helton só regressa
no outubro
Helton (36 anos) - Capitão, um dos mais bem pagos do plantel e titular desde 2006, mas ainda a recuperar de uma grave lesão que só deverá permitir que regresse aos relvados no outono. Tem contrato até 2015.

Fabiano (26 anos) - Competente na sucessão a Helton, o contrato até 2016 está em negociações para ser melhorado e renovado. Se Lopetegui o aprova como número um, só a pré-época o pode dizer.

Ricardo (31 anos) - Guardião experiente, maduro e de razoável qualidade (mas também com muito boa imprensa - nenhum outro jogador teve tantos artigos a reclamar um lugar na selecção nacional, algo que vai deixar de ter agora que chegou ao FC Porto), contratado à Académica sem a intervenção de Lopetegui. Tem a pré-época para convencer o treinador.

Kadú (19 anos) - Precisa de jogar com regularidade nesta fase da carreira e isso é algo que um clube da primeira liga dificilmente poderá oferecer. Tem contrato até 2017 e perspetiva-se que fique na equipa B. Na lista de inscritos para a Champions será «irrelevante», pois por ter menos de 20 anos não entra na lista de 25 inscritos na A, mas sim na lista secundária de jovens.

Bolat (25 anos) - Lopetegui pediu para vê-lo na pré-época, mas tem mercado na Turquia. Tem contrato até 2018 e chegou ao FC Porto através de uma oportunidade de mercado (pela mesma via de Mangala, Defour, Kayembe e Opare, e pela qual pode chegar outro nome ainda este verão), pois estava livre.

Stefanovic (26 anos) - Agora agenciado por António Araújo, tem contrato até 2015 mas vai deixar o FC Porto, sem nunca ter jogado na equipa A.

Matos (35 anos) - Contratação de zero relevância e interesse desportivos, deixa o FC Porto em final de contrato.

André Caio (20 anos) - Não teve espaço para evoluir na equipa B e está em final de contrato. Ficar a «fazer número» (pois não será o titular esta época) ou sair, eis a questão. 

Andorinha (18 anos) - Ainda com idade de júnior, mas já a justificar espaço competitivo na equipa B. Uma promessa dos quadros do FC Porto.

Com Matos, Caio e Stefanovic de saída, Andorinha nos sub-19 e Helton lesionado, o FC Porto tem, neste momento, Fabiano, Ricardo, Kadú e Bolat para dividir entre equipa A e B. Com a possibilidade de ainda sair um e com a necessidade de mesmo a equipa B precisar de dois guarda-redes, não está descartada a hipótese de chegar um novo nome, dependendo da avaliação de Lopetegui ao que já tem à disposição.

E porque o tema é guarda-redes, o Tribunal do Dragão ouviu que o Mónaco veio-o buscar um guardião a Portugal, mas à Segunda Circular. Leonardo Jardim está a trabalhar bem.

terça-feira, 10 de junho de 2014

O negócio Fernando

Um adeus anunciado. Fernando, contratualmente ligado ao FC Porto desde 2007 e titular indiscutível desde 2008, ao longo de seis épocas, vai deixar o Dragão, casa onde cresceu e que ajudou a crescer (esteve em 14 títulos, entre eles uma Liga Europa e quatro campeonatos).

Fernando custou
2,92 milhões de euros.
Aos 26 anos, é um dos melhores trincos do mundo. Polvo? Não, kraken, craque, e uma baixa de peso no Mundial 2014 - por um lado queimado pelas restrições absurdas da FIFA, tão óbvias que ninguém foi capaz de antecipar, por outro por Scolari, que nunca chamou jogadores do FC Porto para jogar no Brasil (e o burro sou eu?).

Ainda no relvado do Aviva Stadium, em Dublin, admitia que era uma boa altura para dizer adeus. Já em 2012, após um clássico com o Sporting, dançou quando foi expulso, por acreditar estar a pisar o relvado do Dragão pela última vez. Acabou por ficar até agora, 2014, e vai cumprir a regra que se verificou ao longo de todos estes anos: é jogador para render no campo, não na SAD.

Ao longo destes sete anos, o FC Porto oficializou apenas duas vezes a renovação: em 2008, até 2013, e em 2009, na altura juntamente com Rolando. Desde então, foi apenas anunciada, através das redes sociais, a extensão do contrato até 2017. No entanto não é necessário oficializar uma renovação de contrato para os jogadores serem premiados com melhores salários, o que no caso de Fernando ocorreu três vezes.

No mercado de inverno, a SAD propôs a Fernando ser o jogador mais bem pago da história do futebol português, cinco milhões de euros brutos por época. Para um jogador que nunca teve propostas superiores a 15 milhões de euros para sair (nem o multimilionário Mónaco aceitou, em 2013, ir além dos 10 milhões), era uma proposta louca, irrecusável. Mas a ambição de Fernando era desportiva, não financeira, até porque já era muito bem pago no FC Porto. Por isso o desejo de ir para Inglaterra manteve-se.

«Estão salvaguardados os interesses de todos com um acordo feito com o empresário e o jogador», anunciou o presidente, numa entrevista ao Porto Canal em janeiro, altura em que o acordo para que Fernando não saísse a custo zero ficou alinhavado. Na imprensa 15 milhões de euros tem sido o número mais falado, mas o Tribunal do Dragão ouviu que o encaixe não chegará nem perto disso. A SAD vai pagar impostos pelo bolo total da transferência, do qual terá direito a apenas metade, cabendo o resto a Fernando e ao empresário António Araújo, que foi quem descobriu Fernando no Brasil e quem o trouxe para Portugal, adquirindo direitos sobre o jogador antes disso.

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Em 6 anos, Fernando esteve na
conquista de 14 título
s
O FC Porto pagou 720 mil euros por 50% de Fernando, em junho de 2006,  e depois comprou mais 30% ao agente, no terceiro trimestre de 2009/10, a troco de 2,2 milhões de euros. Fernando custou, no total, 2,92 milhões de euros por 80% do passe.

Antes da transferência para Inglaterra, resta saber se a SAD entrega parte dos direitos económicos de Fernando ao jogador e ao empresário ou se mantém os 80% e distribui a receita dos 15 milhões de euros, que consoante a definição de cláusulas por objectivos pode subir até 20 milhões. Pela particularidade do acordo, a hipótese de incluir Fernando num pacote com Mangala e Jackson Martínez só foi uma realidade para alguns jornais. A tripartição do passe do jogador impede esse acordo.

O FC Porto despede-se de um dos seus. Não pela forma como saiu, mas pela forma como se comportou em campo ao longo dos últimos seis anos. Rendeu sempre dentro do campo e, dentro dos possíveis, acaba por render financeiramente, embora nada que se aproxime do seu verdadeiro valor. Boa sorte, Fernando.