terça-feira, 10 de junho de 2014

O negócio Fernando

Um adeus anunciado. Fernando, contratualmente ligado ao FC Porto desde 2007 e titular indiscutível desde 2008, ao longo de seis épocas, vai deixar o Dragão, casa onde cresceu e que ajudou a crescer (esteve em 14 títulos, entre eles uma Liga Europa e quatro campeonatos).

Fernando custou
2,92 milhões de euros.
Aos 26 anos, é um dos melhores trincos do mundo. Polvo? Não, kraken, craque, e uma baixa de peso no Mundial 2014 - por um lado queimado pelas restrições absurdas da FIFA, tão óbvias que ninguém foi capaz de antecipar, por outro por Scolari, que nunca chamou jogadores do FC Porto para jogar no Brasil (e o burro sou eu?).

Ainda no relvado do Aviva Stadium, em Dublin, admitia que era uma boa altura para dizer adeus. Já em 2012, após um clássico com o Sporting, dançou quando foi expulso, por acreditar estar a pisar o relvado do Dragão pela última vez. Acabou por ficar até agora, 2014, e vai cumprir a regra que se verificou ao longo de todos estes anos: é jogador para render no campo, não na SAD.

Ao longo destes sete anos, o FC Porto oficializou apenas duas vezes a renovação: em 2008, até 2013, e em 2009, na altura juntamente com Rolando. Desde então, foi apenas anunciada, através das redes sociais, a extensão do contrato até 2017. No entanto não é necessário oficializar uma renovação de contrato para os jogadores serem premiados com melhores salários, o que no caso de Fernando ocorreu três vezes.

No mercado de inverno, a SAD propôs a Fernando ser o jogador mais bem pago da história do futebol português, cinco milhões de euros brutos por época. Para um jogador que nunca teve propostas superiores a 15 milhões de euros para sair (nem o multimilionário Mónaco aceitou, em 2013, ir além dos 10 milhões), era uma proposta louca, irrecusável. Mas a ambição de Fernando era desportiva, não financeira, até porque já era muito bem pago no FC Porto. Por isso o desejo de ir para Inglaterra manteve-se.

«Estão salvaguardados os interesses de todos com um acordo feito com o empresário e o jogador», anunciou o presidente, numa entrevista ao Porto Canal em janeiro, altura em que o acordo para que Fernando não saísse a custo zero ficou alinhavado. Na imprensa 15 milhões de euros tem sido o número mais falado, mas o Tribunal do Dragão ouviu que o encaixe não chegará nem perto disso. A SAD vai pagar impostos pelo bolo total da transferência, do qual terá direito a apenas metade, cabendo o resto a Fernando e ao empresário António Araújo, que foi quem descobriu Fernando no Brasil e quem o trouxe para Portugal, adquirindo direitos sobre o jogador antes disso.

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Em 6 anos, Fernando esteve na
conquista de 14 título
s
O FC Porto pagou 720 mil euros por 50% de Fernando, em junho de 2006,  e depois comprou mais 30% ao agente, no terceiro trimestre de 2009/10, a troco de 2,2 milhões de euros. Fernando custou, no total, 2,92 milhões de euros por 80% do passe.

Antes da transferência para Inglaterra, resta saber se a SAD entrega parte dos direitos económicos de Fernando ao jogador e ao empresário ou se mantém os 80% e distribui a receita dos 15 milhões de euros, que consoante a definição de cláusulas por objectivos pode subir até 20 milhões. Pela particularidade do acordo, a hipótese de incluir Fernando num pacote com Mangala e Jackson Martínez só foi uma realidade para alguns jornais. A tripartição do passe do jogador impede esse acordo.

O FC Porto despede-se de um dos seus. Não pela forma como saiu, mas pela forma como se comportou em campo ao longo dos últimos seis anos. Rendeu sempre dentro do campo e, dentro dos possíveis, acaba por render financeiramente, embora nada que se aproxime do seu verdadeiro valor. Boa sorte, Fernando.

2 comentários:

  1. Entre perder o jogador a custo zero e ganhar alguma coisa com ele, qualquer dinheiro é bem vindo

    Miguel, confirmas algum dos nomes avançados hoje na bolha para substituir o Jackson? Obrigado

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