domingo, 8 de maio de 2016

Tração dianteira

Um raro jogo onde o FC Porto se soube adequar às circunstâncias, responder às dificuldades e em que efetivamente se viu que o intervalo serviu para mudar alguma coisa. Mais um golo sofrido, mais uma reviravolta e uma vitória que não servirá para mais do que tentar restaurar o moral da equipa para a final da Taça.

Não se pode necessariamente falar em preparação para o Jamor, pois Peseiro mudou sete jogadores de um jogo para o outro, mas foi interessante ver a resposta de alguns jogadores e o regresso de soluções importantes para a final da Taça. 

A primeira parte não foi boa, mas na segunda o FC Porto teve aquilo que muitas vezes faltou esta época: pragmatismo e sentido prático. O FC Porto teve 70% de posse de bola na primeira parte, mas só rematou 5 vezes e só criou uma situação de perigo na grande área do Rio Ave.

Na segunda parte, o FC Porto fez menos 34% de passes do que na primeira e até teve menos posse de bola do que o Rio Ave (49%). Mas rematou mais vezes (10), criou cinco situações de finalização na grande área e foi muito mais rápido nas transições. Aproveitou o balanceamento de um Rio Ave que precisava de ganhar e que, também por ser treinado por um dos melhores treinadores do nosso campeonato (mais cedo ou mais tarde Pedro Martins vai treinar um grande, resta saber se o fará na altura e circunstâncias adequadas), é uma equipa que assume o jogo quando joga em casa. 

Uma vitória que teria sabido bem noutras circunstâncias, mas que neste caso é apenas um risco em mais uma jornada para o final de um campeonato que nunca será de boa memória. 


Sérgio Oliveira (+) - Acompanhou a má primeira parte da equipa, mas na segunda o seu rendimento melhorou. Usa e abusa dos disparos de meia distância (7 tentativas), tanto que lá conseguiu fazer um belo golo. Falha demasiados passes para um médio do FC Porto (eficácia de 78%), mas isso também se justificou por ter tentado alguns passes de ruptura, sobretudo pelo jogo mais direto que o FC Porto fez na segunda parte. Não mantém a intensidade ao longo dos 90 minutos, mas ainda se destacou em algumas ações defensivas, com 4 recuperações de bola. 


Iván Marcano (+) - Bons olhos vejam o seu regresso. Pelo ar é tudo dele, e esteve muito bem antecipação, sem inventar e sempre tentando cortar os lances da forma mais simples e prática possível. É neste momento o melhor central do plantel, ou pelo menos aquele que dá mais garantias quando está em campo. E isso reflete-se na estatística, com Marcano a ter a maior percentagens de duelos aéreos (61,1%) e outras situações defensivas (58,7%) do plantel (Maicon era o central com maior eficácia e números dos três grandes...). Por outro lado, Marcano fica atrás de nomes como André Pinto, Boly, Coates, Lisandro ou Rúben Semedo. Isso já não é uma crítica a Marcano, mas sim ao nível dos centrais do FC Porto. 

Outros destaques (+) - Sem problemas na defesa, Maxi Pereira esteve sempre disponível para o ataque e conseguiu fazer mais uma assistência, a sua 11ª no campeonato (juntos, Danilo e Alex Sandro fizeram 8 na época passada). Varela fez mais um jogo em que se destacou mais nas ações defensivas (8 recuperações!) do que propriamente no ataque, mas acabou por fechar as contas do jogo. André Silva voltou a distinguir-se pela entrega e pela forma como desgasta as defesas adversárias, embora saiba que nenhum ponta-de-lança segura a titularidade sem golos. Se quiser estrear-se a marcar no Jamor não será, de todo, um problema.


Fosse como fosse (-) - Não interessa se seria um pontapé de bicicleta, uma carambola, uma Mano de Dios ou um belo remate como o que Postiga acabou por fazer: a bola tinha que acabar, de alguma forma, na baliza do FC Porto. O remate de Postiga foi muito bom, mas foi apenas mais um jogo em que uma equipa, seja de que forma for, consegue fazer o golo da ordem contra o FC Porto. São já 25 golos sofridos esta época, mais do dobro da época passada, e não se via uma defesa tão permeável desde os tempos de Octávio Machado. Poderíamos dizer que ninguém tem culpa (exceção à perda de bola infantil de Brahimi e um posicionamento algo comprometedor de Helton) que Postiga tenha rematado com tamanha inspiração, mas o problema é que isto não foi um golo raro: foi apenas mais uma prova de que qualquer equipa, seja de forma hoje, lá consegue marcar ao FC Porto. E uma reviravolta numa final da Taça não é a coisa mais fácil de se fazer.

PS: O FC Porto B conseguiu vencer a Segunda Liga, sendo a primeira equipa B a ganhar uma competição em Portugal, e a segunda na Europa, depois do Real Madrid Castilla. Obviamente que o objetivo de uma equipa B não é ganhar o campeonato, mas sim preparar jogadores para a equipa A, por isso só mais à frente veremos os frutos saídos desta conquista. Mas é um prémio justo e meritório para o trabalho desempenhado por todos os profissionais do FC Porto B, que a seu tempo merecerão o seu próprio post, naturalmente. Parabéns, miúdos: ganhar hoje para preparar o FC Porto para as vitórias de amanhã.

24 comentários:

  1. o projeto 611 a aparecer, pena que nao tenham sido contratados treinadores para potenciar os jogadores vamos ver o futuro, mas que temos qualidade e ate qualtidade na juventude e verdade, agora despachar brahimis, herreras, angels, e mais uns quantos e reforçar a equipa a serio com 2 a 3 jogadores de real qualidade.

    ResponderEliminar
  2. Vão fazer um post pelo Campeonato da equipa B?

    ResponderEliminar
  3. Preparar jogadores CAMPEÕES para a equipa A já foi em tempos o ADN do FCP! Porque não agora também?

    ResponderEliminar
  4. O FCPorto precisa de contratar:
    - um grande central, Pepe seria excelente assim como Ricardo Carvalho (Bruno Alves nem tanto);
    - um grande médio, João Moutinho seria a melhor aquisição (a quem se juntaria Josué e Otávio)
    - um extremo, sem dúvida o Rafa do Braga seria o melhor (a que se juntaria o regresso do Hernâni);
    - um grande ponta de lança.

    Não sei se repararam no padrão, mas juntamente com o Danilo, Rúben Neves, Sérgio Oliveira, André André, Varela e André Silva, mais alguns da equipa B ( Rafa Soares, Chico, Graça, etc., estaria constituída uma boa base para o relançamento da mística do FCPorto com um misto de jogadores experientes e jovens (Portugueses).

    Acho que valeria a pena concentrar o esforço financeiro em 3 ou 4 jogadores de categoria do que andar a contratar às dezenas p depois emprestar pq afinal não prestam.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Completamente de acordo, apenas não concordo com o Ricardo Carvalho e Bruno Alves. A aposta iria para Coates, parece me ter o perfil que precisamos.

      Quanto ao meio campo, admiro Moutinho mas a minha prioridade seria Oliver

      Eliminar
    2. Ricardo Carvalho só se for porque já está mesmo no fim da carreira, mas Bruno Alves também está e, em minha opinião, não é tão bom central como o Ricardo.
      Coates já está comprometido com o sporting mas concordo com o perfil.
      Oliver seria bom, mas Moutinho é Português e compreendeu, interiorizou e representou bem a Mística do FCP.
      Esqueci-me de mencionar o regresso do Ricardo Pereira que está emprestado ao Nice, mas parece que não vai ser possível já para a próxima época, no entanto com o Maxi e o Layun (que também pode jogar à direita) e ainda o Vitor Garcia da equipa B, bem pode rodar mais um ano em França e voltar depois para ser titular saindo o Maxi.

      Eliminar
  5. isto nada teve a ver com o projecto 611, que acabou há 5 anos. Aliás, metade da equipa B nem sequer é formada no Porto. A falha do projecto 611 foi precisamente a passagem para a equipa A, veremos se para o ano a clube sabe incorporar pelo menos 4 desdes jogadores na equipa principal para serem opções regulares, como estão a ser chidozie, andré silva, sérgio oliveira e ruben neves. Esta malta precisa é de jogar! Por isso a vantagem de um equipa B que mantem os jogadores sempre com ritmo de jogo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Esta ligação do Visão 611 ao título da B é quase propaganda à Pedro Guerra.

      Quanto à integração, Chidozie não é nem nunca vai ser um central com a cultura táctica necessária para calçar no Porto.

      Sérgio Oliveira é um jogador ao estilo de Bruno Alves, joga 100% para a fotografia.

      A subirem seriam André Silva, Francisco Ramos, Victor Garcia r Sá. Podstawski precisa de tempo de jogo na 1a liga. Digo o mesmo para Pité, Graça e mais alguns.

      Dos que vamos ter de comprar tudo depende do preço: falo obviamente de Ismael e Gleison, isto dado que Govea já me parece acertado. Acima de 1,5M por qualquer um dos 3 parece-me uma loucura.

      Eliminar
    2. "Chidozie não é nem nunca vai ser um central com a cultura táctica necessária para calçar no Porto."

      Um jogador que nem uma época completa tem a central...

      temos vidente.

      Eliminar
    3. Sim. Aos 18 anos tem meia época a central.

      Vocês devem achar que os posicionamentos e a cultura táctica necessária para dobras de olhos fechados e desarmes de em situações de inferioridade se ganham num workshopzito de pré época.

      Chidozie é fraco tacticamente. Se me provar errado vai ser aos 28 anos.

      Eliminar
  6. O autor d' O TRibunal do Dragão já pensou no mesmo que eu. Estará Pedro Martins a ser equacionado para treinador do FC Porto na próxima época? Sinceramente desde que o Pinto da Costa abriu a pré-época, já vi Pedro Martins a ver 2 jogos no estádio. Isto pode nem querer dizer nada. Mas pode querer dizer muito. Não sabemos.

    ResponderEliminar
  7. continuamos a jogar uma merda, e o pejeiro a cantar que agora há qualidade e quantidade..

    ResponderEliminar
  8. Ninja
    100% para a fotografia? Desculpe a minha lentidão, mas não entendo. Bruno Alves para a foto? Só se foi na tolada dada ao Nuno Gomes no tempo do Adriense...
    O Sergio Oliveira? Só se for por ter fita no cabelo, será isso?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Bruno Alves é um central com características físicas raríssimas em Portugal. A impulsão dele então é uma coisa sem explicação.

      Mas é um jogador que tacticamente precisa da muleta de um grande treinador. Quando foi orientado por um perneta regrediu ao seu estado natural (Paulo Bento).

      Controlo de profundidade e posicionamento não são a praia dele. E isso numa equipa dominadora que joga alto é como os golos e demarcações não serem a praia de uma avançado.

      É o homem da lenha e da raça, mas do futebol nem tanto. Digo o mesmo de Oliveira e André André.

      Eliminar
  9. Antes que alguém comente por mim adorava ver o football leaks esmiuçar o negócio do "bola de ouro" renato

    ResponderEliminar
  10. Não aproveitar Gudino, José Sá, Garcia, Rafa, Graça, Francisco Ramos, Ismael Diaz, Gleison, André Silva e Leonardo Ruiz... Será um crime lesa-futebol. Verdasca e Podtawski talvez. E contratámos o tal Xavi à Académica. E vêm aí júniores de topo, com Moreto Cassamá como figura de cartaz. Com esta matéria prima até eu pareceria bom treinador, quanto mais o Luís Castro.
    Agora está miudagem em comissões é que é capaz de não render o esperado...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pra mim o melhor junior de 98 é o Rui Pires

      Eliminar
    2. Se o "Bruto" Alves joga para a foto o futebol é uma passerelle, LOL. Dos gajos mais rijos, fisicos e pragmaticos que o futebol português viu. Mas ele há sempre quem veja as coisas de uma forma diferente. E mesmo o S.Oliveira apesar de ter nascido jogador de pouca entrega e fisico a realidade é que cresceu muito neste sentido. Já mostrou isso mesmo no Paços e até neste final de epoca no porto.

      Eliminar
    3. Nuno Miguel, acho que todos os jogadores que efetivamente JOGARAM na equipa B, e contribuíram para este título, têm de ser mantidos debaixo de olho. Porque é que o Verdasca não tem lugar no Porto como 3º ou 4º central, por exemplo? Não podemos ter só craques. Aliás, quando queremos ter só craques depois acontece termos plantéis deficitários que nem segundos jogadores tem para algumas posições.

      E é como tu dizes, ainda vêm aí muitos mais jogadores com potencial.

      Eliminar
    4. O Bruto tinha tudo para ser bom central. Só lhe faltou o cérebro. Não confundir aptitude para o cacete com pragmatismo.

      Eliminar
  11. eu nao sou da mesma opinião. a equipa b pode ter ganho a segunda liga mas nao me parece que haja la algum jogador com qualidade suficiente para a equipa principal, sao cenarios distintos. o clube tem de abrir os cordoes à bolsa e comprar bons jogadores no mercado internacional, jogadores à porto, com carisma.

    ResponderEliminar
  12. PS: E isto para não falar da série de ausências e perdas que, sobretudo a partir de Janeiro, o treinador teve que contar...

    ResponderEliminar
  13. Quero apenas acrescentar, e no que às equipas B diz respeito, que o árbitro nomeado para o Lampiões B - Freamunde é: tchan, tchan, tchan, tchan!!!!!.... Bruuuuuuuunoooo Paiiiiixãooooo!!! Lindo! É a malta a ver os navios passar.

    ResponderEliminar

De e para portistas, O Tribunal do Dragão é um espaço de opinião, defesa, crítica e análise ao FC Porto.