Vamos lá tentar resumir isto: o FC Porto venceu por 3x0 em casa do Mónaco, campeão francês e equipa-sensação na Europa na última época, com Sérgio Oliveira no meio-campo, Marega no ataque, 90 minutos de superioridade tática e num jogo em que Herrera travou mais remates do que Iker Casillas. Agora imaginemos que nos tinham contado esta há três meses. Quantos acreditariam?
Um homem tornou isto possível: Sérgio Conceição. Prometeu que ia mostrar à Europa a grandeza do FC Porto, mas fez algo mais: reafirmou a sua grandeza enquanto treinador. Num jogo em que teve uma opção que traz à memória as noites europeias em que os treinadores parecem imaginar o que não imaginaram em nenhum outro momento na época (vidé Pitbull na frente num 5x3x2 em Milão ou Nuno André Coelho a trinco em Londres), Conceição ganha em toda a linha. E com ele todos nós.
Marega (+) - No jogo frente ao Portimonense, O Tribunal do Dragão destacou este facto sobre Marega: «Apesar de só ter feito dois passes para o ataque, num deles deu o golo a Brahimi». E agora, o que aconteceu no Mónaco? O mesmo que tem acontecido em quase todos os jogos: Marega voltou a ser o jogador com mais perdas de bola e mais passes errados, inclusive acima de Casillas e Benaglio. Marega completou apenas 14 passes e perdeu 42% das bolas de que dispôs. E o que é que também fez? Duas grandes assistências, primeiro ao servir na perfeição Aboubakar, depois ao ter a calma num lance de enorme confusão para entregar o 3x0 a Layún.
Sim, é o jogador de campo com mais perdas de bola entre os que já completaram a 2ª jornada da Liga dos Campeões. E já é também um dos melhores assistentes, com dois passes a régua e esquadro para o golo. E entre todas as suas gritantes anomalias técnicas, em 9 jogos oficiais já teve colaboração direta em oito golos. E este FC Porto de Sérgio Conceição, que nos entusiasma, tem um denominador comum desde o primeiro golo da época 2017-18: Marega esteve sempre em campo, não falhando um minuto. Sérgio Conceição tem as suas razões para não prescindir dele. E o homem já mostrou que percebe qualquer coisa disto. Marega até pode falhar 15 passes em Alvalade e perder 25 bolas. Mas basta uma ou duas no sítio certo.
Yacine Brahimi (+) - Um minuto de silêncio em memória dos rins de Lemar. Brahimi voltou a estar endiabrado e a mostrar que está num dos melhores momentos de forma desde que veste a camisola do FC Porto. Esteve na jogada do 2x0, foi responsável pela esmagadora maioria dos desequilíbrios individuais, correu, defendeu, pressionou, tabelou com os colegas e garantiu sempre o rasgo de criatividade que, com este 11, pode nem sempre abundar. Brahimi gosta das noites de Champions, mas nos clássicos do futebol português ficou sempre um pouco aquém das expetativas. Será desta que a história muda?
Aboubakar (+) - 15 jogos na Champions, 11 golos. Uma média que fala por si. Voltou a mostrar uma enorme atração por carambolas/recargas no lance do 1x0, mas finalizou com enorme precisão o segundo. Teve alguma dificuldade em distribuir a bola no último terço, mas apareceu no sítio certo, em dose dupla, para colocar o FC Porto na rota dos três pontos. O seu oportunismo fez crer que, com ele em campo, talvez a história da primeira jornada pudesse ter sido diferente. Ah, uma pequena nota: daqui a três meses pode assinar livremente, a custo zero, por outro clube. E jogadores que garantem golos na Champions não costumam passar despercebidos.
Sérgio Conceição (+) - Esta vitória começa na derrota frente ao Besiktas. Na primeira jornada, Sérgio Conceição tinha duas hipóteses: ao mantinha o esquema que estava a dar resultado no campeonato, ou reforçava o meio-campo e aproximava-se do 4x3x3. Foi fiel às suas ideias na primeira jornada e o FC Porto revelou-se insuficiente não só frente ao Besiktas, mas deixando uma imagem clara de que faltava ali pedalada para a Champions.
O treinador reviu os erros e corrigiu tudo. Literalmente tudo. Todos os erros que o FC Porto cometeu frente ao Besiktas foram corrigidos frente ao Mónaco. Sim, foram só 90 minutos, mas foi um jogo, na sua totalidade, a roçar a perfeição. O FC Porto soube entregar a iniciativa de jogo ao Mónaco sem nunca perder o controlo, foi forte no contra-ataque e no momento de transição, esteve sempre impecavelmente organizado e soube anular os pontos forte do Mónaco, a ponto de Iker Casillas só ter sido chamado a intervir duas vezes, apesar de uma bola ter ido à trave. Em noites de Champions, em que os jogos fora de casa são sempre complicados, é impossível pedir mais.
Uma das melhores exibições do último ano e da qual ainda ficaram de fora jogadores como Maxi, Óliver e Soares e na qual Sérgio Oliveira saltou do nada para o 11 pela primeira vez com Sérgio Conceição (nem no Nantes lhe tinha dado a titularidade). Sérgio Conceição voltou a admiti-lo no fim do jogo: o plantel tem poucas soluções. Mas que ninguém duvide: temos o homem certo para aproveitá-las ao máximo ainda que, convém lembrar, estamos apenas no final de Setembro.
Falta dizer que Marega é quem mais passes falha mas também é quem mais passes disputa. Logo é normal falhar muito quando disputa muito...
ResponderEliminarNão é verdade, caro Roque.
EliminarNo campeonato português, Marega tenta uma média de 20,9 passes/jogo. Entre os jogadores que alinharam em pelo menos 120 minutos de jogo, pior só Otávio (18,8).
Na Liga dos Campeões, entre os jogadores que alinharam nos dois jogos, foi também o 2º jogador a tentar menos passes, apenas atrás do Corona, com a diferença de que Corona acertou 83,9% das jogadas, enquanto Marega acertou 56,3%.
Ou seja, não é por Marega estar em muitas jogadas que falha muito, porque na verdade está em menos do que os colegas. Mas tem conseguido, nos poucos passes que acerta, fazer a diferença.
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Talvez seja importante acrescentar que seguramente nenhuma das perdas de bola do marega esteve sequer perto de dar um golo ao adversario, como duas do brahimi. Coisas que quem se fica pela estatistica nāo vê. Recordando este jogo, marega fez um super jogo, por incrivel que pareça dos mais lucidos na primeira parte a jogar e bem ao primeiro toque. Nāo sei de onde vêem essays perdas todas, nem me interessa, interessa o que vejo. Mas serão contabilizdas as inumeras que perdeu e deram cantos ou lanacamentos ? É que on tem dele só um vi uma perda grosseira.
EliminarMeu caro, se for por aí também tem de contabilizar a perda anímica da equipa com os lances perdidos pelo Marega. É notório que os companheiros muitas vezes nem acreditam porque o homem estraga muitas jogadas. Se não quer perceber que são quase metade, não quiera.
EliminarEstá a acrescentar algo à equipa mas também é verdade wie estraga muito jogo. Mas pronto, dá o que tem e se for suficiente, todos ficamos contentes.
Excelente a equipa do ponto de vista táctica, bem montada, sempre pressionante no meio campo, apenas permitiu 2 oportunidades de golo num passe errado de Brahimi e numa finalização impressionante de Falcão. Agora um aspecto negativo foi a quantidade de bolas perdidas sem o adversário fazer alguma coisa para a recuperar, parecia que a equipa entrava em pânico com a bola nos pés e até chegou a dar a bola com esta na mão...num lançamento de Alex. A corrigir, embora o treinador tenha pouca intervenção neste aspecto.
ResponderEliminarDestaques individuais para Ricardo, de volta à Cote d´Azur de volta as boas exibições que ainda não tinha mostrado e Felipe, nunca sei se ele é mau e faz jogos bons ou se é bom e por vezes faz jogos maus. Exibição imperial ontem
continuo com mais 2 a 3 medios intensos os 90 minutos e seriamos intrataveis. Corona e oliver nao tem intensidade para jogos intensos ou se se esforçam as vezes nao aguentam meia parte. Ontem os piores 10 minutos foram depois da entrada de corona e layun que o fizeram como se estivessem na prais, depois acordaram e começaram a corerr e por coincidencia um marcou a quase passe do outro. Mas e claramente a força e a intensidade dos nossos avançados que fazem a diferença claro com apontamentos de brahimi, dos defesas, e de um sergio oliveira que tinha uma clausula de 30M aos 19 anos, se acordar , tiver cabeça e der continuidade ao seu bom futebol podera disparar, tem um excelente passe, um remate como nos nao temos na equipa e ja muita experiencia. Bom jogo, o presidente la falou porque ganhamos mas percebe se que esta debilitado. Tamos bem o reys pode ser um excelente 6, mas oliver, corona e brahimi juntos so muito esporadicamente, oliver so tem lugar no lugar que herrera fez mas tem de correr muito mais, rematar muito mais e ser mais rijo.
ResponderEliminar"Eu não falo depois dos resultados. Eu não venho para aqui proclamar uma falsa e hipócrita “sabedoria”".
ResponderEliminarQuero eu, antes do mais, deixar aqui bem vincado que a frase acima, que utilizei num meu comentário no post "A Sétima" nada tem a ver com o mentor e editor deste blogue. Pessoa que pessoalmente não conheço, mas que pelos seus posts assertivos, concludentes e desassombrados, me merece inteiro respeito e consideração.
Concordando com quase tudo o que dissertou, ouso questionar:
"Esta vitória começa na derrota frente ao Besiktas. Na primeira jornada, Sérgio Conceição tinha duas hipóteses: ao mantinha o esquema que estava a dar resultado no campeonato, ou reforçava o meio-campo e aproximava-se do 4x3x3. Foi fiel às suas ideias na primeira jornada e o FC Porto revelou-se insuficiente não só frente ao Besiktas, mas deixando uma imagem clara de que faltava ali pedalada para a Champions."
Sérgio Conceição, contra o Besiktas, não foi fiel às suas ideias, implementadas desde o início da época.
Contra o Besiktas, Conceição, fez regredir o futebol da equipa para os parâmetros de Nuno Espírito Santo, com a defesa amarrada à entrada da área, com o isolamento do meio campo num vastíssimo território, com um futebol mais directo (que prejudica a posse e a recuperação) e com um individualismo mais acentuado. Tudo isto, ainda por cima com apenas dois médios, o que originou um buraco negro insuperável.
Nas suas ideias anteriores, Conceição, apresentava a equipa com um futebol colectivo e de alto gabarito, com pressão constante e muito alta, com a defesa altamente subida, com os adversários asfixiados na sua defesa e zona de construção, com grande qualidade de passe ao primeiro toque, e com um futebol apoiado, no qual era perfeitamente visível um quadrado flutuante de quatro jogadores, sempre ao lado da bola, em qualquer zona do relvado, que permitia essa qualidade de passe e uma rapidíssima recuperação da bola.
Há que reconhecer que o jogo da equipa, contra o Besiktas, nada teve em comum com as ideias que desde o início nos deliciavam e nos devolveram a esperança.
Boa tarde, Tribunal do Dragão.
ResponderEliminarExcelente análise a um excelente jogo da nossa parte. Contudo, gostaria de o retificar num detalhe: pessoalmente, acho que o nosso Grande Mister corrigiu a entrada com o Besiktas no jogo em Vila do Conde. Porquê? Porque sabia das valências do Rio Ave, sabe que são uma equipa com pensamento grande e ambiciosos e, por isso, optou por entrar em 4-2-3-1 nesse jogo. E mesmo na segunda parte com o Besiktas, a forma como a equipa entrou, demonstra a correcção efectuada pelo Sérgio e que este optou por jogar em 4-4-2 para continuar o momento da equipa (não o condeno) mas sabendo que entrar com um meio-campo mais povoado seria uma opção mais que válida.
Para este jogo, sentia-me confiante, caso o meio-campo povoado se mantivesse e assim foi! Esperava um 1-1, 0-1 ou 1-2 mas 0-3 é algo épico e demonstra (ainda mais) as qualidades dos nossos jogadores e equipa técnica. Surpreendeu-me a entrada do Sérgio Oliveira mas não foi algo que me deixa-se muito preocupado. Na pré-época apresentou a intensidade que todos lhe apontavam como uma falha, ontem confirmou. Qualidades técnicas sempre as teve. Destaco apenas este jogador simplesmente por ser uma novidade no onze. Na hora de votar no melhor em campo aqui no blog não sabia quem escolher pois todos os jogadores estiveram irrepreensíveis... Porque não uma opção de "Todos merecem a votação"?
Por último, deixar uma palavra de agradecimento ao nosso Sérgio Conceição, por tudo aquilo que tem feito pelo clube e pelos adeptos. Chega com 2 anos de atraso... Vindo ele e não Peseiro, a nossa crise há muito que já teria acabado.
Cumprimentos,
BMF
Uma vitória de gala, a fazer relembrar o melhor FC Porto na Europa. Obrigado Sérgio, a verdade é que ninguém contava com isto!
ResponderEliminarQuanto ao jogo em si, para mim o melhor em campo foi o Brahimi (facilmente o nosso melhor jogador dos últimos três anos, com uma qualidade abismal), mas para além das excelentes exibições de Marega (mais duas assistências e a habitual disponibilidade física), Ricardo e Felipe, em que ambos fizeram o melhor jogo da época e a eficácia de Aboubakar, tenho que destacar o Herrera. A chave do jogo esteve no mexicano, a forma como equilibrou a equipa foi o que permitiu limitar imenso o Monaco na sua construção ofensiva, e a nível ofensivo esteve sempre muito disponível, principalmente a explorar a profundidade. É certo que falhou um ou dois passes mais acessíveis, mas hoje jogou imenso, e para mim teria que estar nas opções de voto para o melhor em campo.
Agora venha Alvalade, que já são horas de quebrar o enguiço!
Viva,
ResponderEliminarAntes de mais, muitos parabéns pelo trabalho realizado : Um excelente blog.
Apo's o desaire do primeiro jogo do grupo da fase de apuramento, derrota que é histo'rica, o Porto conseguiu recuperar em parte a "imagem de marca perdida".
O dia'rio "Le Monde" emprega, referindo o FC Porto, o termo "Portuenses" no artigo que retrata o jogo. Salvo erro meu, é um acontecimento que deve ser realçado, ja' que é inédito ou raro neste tipo de imprensa. A palavra "Portuenses" é, pois, preferida ao neologismo "portistes" que, a meu ver, é muito vago em termos significativos.
Nuno PortoMaravilha
Aqui o artigo : http://www.lemonde.fr/ligue-des-champions/article/2017/09/26/ligue-des-champions-monaco-n-aime-toujours-pas-porto_5191899_1616944.html?utm_campaign=Echobox&utm_medium=Social&utm_source=Facebook