Uma vitória que nos deixa de barriguinha cheia, sem esquecer como foi difícil preparar esta refeição. O aperitivo foi óptimo e deixou-nos antever que vinha aí um banquete, mas durante o prato principal foi-se mastigando, mastigando, mastigando... Quase até engasgar. No final veio a saborosa sobremesa que deixou toda a gente satisfeita, mas sem esquecer com foi difícil degustar aquele prato principal. Mas como há sempre quem se levante depois do prato principal, nem todos provaram a bela da sobremesa.
Metáforas à parte, foi difícil como se esperava que fosse. Este é o Rio Ave que deu 5 no Estoril e ao qual o Benfica se viu borrado para ganhar por 1-0. O próprio FC Porto teve dificuldades para aguentar o 1-0. O Rio Ave é equipa para o top-8 do campeonato, tem um bom treinador e tenho a certeza que ainda há-de pescar pontos às equipas mais acima da tabela. O FC Porto tinha obrigação de ganhar? Tinha. Ganhou? Ganhou. Com justiça? Sim. Com qualidade? Em muitos momentos do jogo. E até deu para golear e passar a ter a melhor D.G. do Campeonato. Havemos de ver exibições melhores com resultados piores e resultados melhores com exibições piores.
Agora a nossa Champions é o Campeonato. Na próxima jornada há uma deslocação difícil a Coimbra onde a margem de erro é 0, pois depois há recepção ao Benfica para decidir quem come as uvas passas como líder do Campeonato. 2 jogos, 6 pontos. Lopetegui tem um 11 base cada vez mais definido e está confirmada a nova dupla de centrais, Marcano-Indi. Pode sair Óliver e pode entrar Quintero, o melhor Tello é neste momento melhor do que o melhor Quaresma. Quanto ao resto não há-de diversificar muito mais.
A primeira substituição (+) - Todos sabemos aquilo que Brahimi sabe fazer. Faz parte do grupo de predestinados que numa jogada resolve um jogo. Como Quaresma e Hulk, para dar exemplos recentes, muitas vezes fizeram no FC Porto. Por serem capazes de resolver 1 jogo num minuto, havia sempre tendência para dizer algo do género «está um bocado apagado, mas a qualquer momento pode sair dali qualquer coisa, por isso o treinador não o deve tirar». Por outras palavras, a história do «está a jogar mal mas é melhor ficar em campo porque pode resolver» só quer dizer uma coisa: lugares cativos. Mas o FC Porto não tem apenas um jogador que pode inventar qualquer coisa a qualquer momento. Tem 6 ou 7. Ao tirar Brahimi, Lopetegui deu um sinal forte de que a rotação pode agora ser menor, mas os lugares cativos não existem mesmo.
Danilo (+) - Minuto 92, a ganhar por 4-0, e o Danilo corre como se o jogo dependesse daquela arrancada, com uma fúria de saiam da frente carago senão atropelo-vos. Que grande golo, que grande exibição, que grande jogador. Foi o mais inconformado ao longo de todo o jogo, fartou-se de galgar terreno, dar apoio, puxar marcações, criar desequilíbrios. Aprendeu a ser aquilo que é um jogador à Porto, uma imagem de garra e de espírito de inconformismo constantes.
Tello (+) - Mais objectivo, mais perigoso. O golo na Bielorrússia fez-lhe bem. Num espaço de 4 metros consegue dar 3 de avanço ao defesa. Combinou bem com o lateral e fez o melhor uso das suas principais características; aceleração, drible orientado para a baliza e remate forte. Três coisas simples que podem ajudar a resolver muitos problemas... como hoje.
Óliver (+) - Está em 3 dos 5 golos do FC Porto. Muitas vezes destacamos o papel operário de Herrera, mas é quase sempre Óliver quem faz mais quilómetros. Além disso não se limita ao papel de trabalhador mas também de construtor, de médio mais criativo do meio-campo. Depois da saída de Brahimi foi jogar para a direita e também encaixou bem. Aproveitou o magnífico passe de Quintero para fazer um golo merecido (estão cercados por 8 jogadores do Rio Ave e sozinhos conseguem fazer um golo). Craque(s).
O que fazer sem bola (-) - Não acho que a primeira parte tenha sido má. O FC Porto teve 1, 2, 3 boas ocasiões para marcar, esteve sempre no controlo do jogo e viu-se empenho dos jogadores. O problema foi depois do primeiro golo: o FC Porto não soube posicionar-se sem bola. Ficou perdido entre a transição defensiva e o querer posicionar-se para sair logo para o ataque. O Rio Ave esteve 4 minutos seguidos dentro do meio-campo do FC Porto, coisa que não me lembro de ver outra equipa fazer no Dragão. É um adversário de qualidade, mas a equipa foi demasiado passiva. Ser mais pressionante e agressivo na recuperação sem com isso perder o posicionamento defensivo é mais um desafio para Lopetegui, porque se o Barcelona, o Bayern ou a Juventus estiverem 4 minutos no meio-campo do FC Porto a coisa pode correr mal.
O que falhou? (-) - Não tanto uma crítica, mais uma reflexão: foi o colectivo que não evidenciou as individualidades ou foram as individualidades que não potenciaram o colectivo? As individualidades apareceram. Viu-se no golo de Tello, no de Jackson, no de Danilo. Mas Herrera hoje não esteve bem e até aparentou estar cansado. Brahimi não acertou um drible. E Jackson antes do golo estava sempre em desacerto. Os 3 jogadores mais influentes da época do meio-campo para a frente estiveram em sub-rendimento durante grande parte do jogo e a equipa ressentiu-se em demasia. Por mais que as individualidades tenham valor, o colectivo não pode falhar. Paradoxo a rever.
PS: Alô Messi, alô Ronaldo. Quando marcarem um golo de calcanhar à meia volta e em chapéu ao guarda-redes, depois de fazerem um túnel ao adversário, telefonem.
Tello (+) - Mais objectivo, mais perigoso. O golo na Bielorrússia fez-lhe bem. Num espaço de 4 metros consegue dar 3 de avanço ao defesa. Combinou bem com o lateral e fez o melhor uso das suas principais características; aceleração, drible orientado para a baliza e remate forte. Três coisas simples que podem ajudar a resolver muitos problemas... como hoje.
Óliver (+) - Está em 3 dos 5 golos do FC Porto. Muitas vezes destacamos o papel operário de Herrera, mas é quase sempre Óliver quem faz mais quilómetros. Além disso não se limita ao papel de trabalhador mas também de construtor, de médio mais criativo do meio-campo. Depois da saída de Brahimi foi jogar para a direita e também encaixou bem. Aproveitou o magnífico passe de Quintero para fazer um golo merecido (estão cercados por 8 jogadores do Rio Ave e sozinhos conseguem fazer um golo). Craque(s).
O que fazer sem bola (-) - Não acho que a primeira parte tenha sido má. O FC Porto teve 1, 2, 3 boas ocasiões para marcar, esteve sempre no controlo do jogo e viu-se empenho dos jogadores. O problema foi depois do primeiro golo: o FC Porto não soube posicionar-se sem bola. Ficou perdido entre a transição defensiva e o querer posicionar-se para sair logo para o ataque. O Rio Ave esteve 4 minutos seguidos dentro do meio-campo do FC Porto, coisa que não me lembro de ver outra equipa fazer no Dragão. É um adversário de qualidade, mas a equipa foi demasiado passiva. Ser mais pressionante e agressivo na recuperação sem com isso perder o posicionamento defensivo é mais um desafio para Lopetegui, porque se o Barcelona, o Bayern ou a Juventus estiverem 4 minutos no meio-campo do FC Porto a coisa pode correr mal.
O que falhou? (-) - Não tanto uma crítica, mais uma reflexão: foi o colectivo que não evidenciou as individualidades ou foram as individualidades que não potenciaram o colectivo? As individualidades apareceram. Viu-se no golo de Tello, no de Jackson, no de Danilo. Mas Herrera hoje não esteve bem e até aparentou estar cansado. Brahimi não acertou um drible. E Jackson antes do golo estava sempre em desacerto. Os 3 jogadores mais influentes da época do meio-campo para a frente estiveram em sub-rendimento durante grande parte do jogo e a equipa ressentiu-se em demasia. Por mais que as individualidades tenham valor, o colectivo não pode falhar. Paradoxo a rever.
PS: Alô Messi, alô Ronaldo. Quando marcarem um golo de calcanhar à meia volta e em chapéu ao guarda-redes, depois de fazerem um túnel ao adversário, telefonem.
Nunca me desilude este Tribunal... Sempre com uma opinião 5 estrelas :)
ResponderEliminarTiro o chapéu ao danilo pelo brilhante golo. A forma como aos 93 min (tudo decidido) se antecipa ao adversario ainda no nosso meio campo e cavalga como um louco e faz um golo soberbo. Desde o inicio do jogo que foi dos melhores nessas suas arrancadss cheias de confiança. Contudo o resultado é exagerado e ha ali um penalti pelo meio mas, importante e6 vencer o proximo.
ResponderEliminarPs: nao percebi o ps :)
Ab JP
Ahhh o ps....2min a pensar lembrei.me do golo do alex lol
ResponderEliminarMuito boa reflexão do jogo, parabéns! Eu só fiquei preocupado com o pontapé de Brahimi no jogador do Rio Ave. Um árbito mais atento e rigoroso tinha dado cartão vermelho ao Brahimi e isso deixa-nos em muito mau estado. Também vi uma ou outra atitude de certos jogadores do Porto que não gostei. Claro que más atitudes há em todas as equipas, mas nós temos é de pensar na nossa equipa e não nas dos outros. Eu acho que um Porto a jogar à Porto consegue dar baile de bola a qualquer equipa sem precisar de coisas extras. Mas pronto, é o meu ponto negativo do jogo (cansaço? talvez tanto físico como emocional? Não sei.)
ResponderEliminarObrigado.
Penso que a primeira parte teve bons momentos, particularmente nos primeiros 20 minutos. A equipa entrou aguerrida, impondo um ritmo alto, pressão e linhas subidas, encostaram o Rio Ave e criaram algumas oportunidades.
ResponderEliminarDepois disso, o ritmo baixou e até o intervalo não houve mais Porto.
A segunda parte não tem história. Tello inventa um golo. O Porto não passou a jogar melhor, o Rio Ave continuou a querer disputar o jogo - mérito para uma equipa muito organizada e com muita qualidade - e até o golo de Jackson, houve insegurança. Apesar da vantagem, foi uma fase em que não tivemos controlo sobre o jogo e o Rio Ave bem podia ter marcado porque era a equipa que mais procurava. Depois do segundo colo, o castelo adversário cedeu e o resultado tornou-se, como Pedro Martins referiu, injusto.
Algumas notas que considero relevantes:
Danilo MVP. Enorme jogo. Na primeira parte, correu 2x mais que qualquer outro, fez 3x mais que qualquer outro. Na 2a parte quebrou um pouco. Mesmo antes da saída de Brahimi, houveram 2 bolas nas costas que Danilo não acompanhou porque faltou-lhe gasolina. Depois da substituição, e com Oliver na ala - posicionalmente - mas revertendo para o meio como o espanhol bem gosta, Danilo não apareceu porque estava ainda a recuperar fôlego, e há um contra-ataque em que Herrera transporta a bola e espera, espera e espera mais um pouco por alguém que aparecesse do lado direito completamente vazio. Pensei eu "coitado do Danilo" e olhei para o banco. Maicon, Quintero, Quaresma, Adrián, Aboubakar. Laterais nem vê-los. Opare, Ricardo e Angel andam por aí, mas Danilo e Alex estão novamente a ter uma gestão daquelas...
Jackson: há alguns jogos atrás, aquando de um menos conseguido do colombiano, referi que Jackson tem crédito de sobra para ter um jogo menos bom. Hoje novamente. Não sei se mudou de chuteiras, mas bola naquele pé até o momento do golo foi desastre. O golo - e a jogada que inventa para isso - limpa um pouco a imagem dum goleador esforçado que, espero eu, retome a excelente forma para o próximo jogo no Dragão.
Casemiro (e Indi): Sou pouco dado a jogadores porcos. Bruno Alves não o quero de volta nem de lacinho e Xanax. O Maxi à minha frente levaria nas trombas, tal é o nojo que aquele focinho de rato me proporciona a jogar. Casemiro começa a seguir essa linha. Inicialmente notava-se faltas necessárias devido a maus posicionamentos. Começa a ganhar confiança, testar os limites e a fazer coisas que não deve fazer, incluindo faltas desnecessárias e violentas que facilmente lhe podem valer uma viagem antecipada ao duche. Confia mesmo num jogador assim para acabar os 90 minutos contra o grande rival? Eu não. Casemiro tem de melhorar bastante a sua forma de jogar. Ter garra é algo bastante diferente de ser faltoso, aliás é exactamente o oposto. Quem tem garra, tem determinação para chegar à bola e saber que ela não pode passar. Casemiro opta pela via fácil de esquecer a bola e não deixar o jogador passar.
Já Indi é diferente. Tem paragens estúpidas em que comete faltas sem qualquer sentido. Não é a primeira vez que faz uma falta sobre um jogador que já não tinha qualquer hipótese de chegar à bola, como a falta que lhe valeu um amarelo ontem. Mais, aproveita para ficar à bica e poder falhar o clássico, tal como... Casemiro.
AA
Excelente!
EliminarPedro
Jogo muito bem conseguido, com vários momentos de grande qualidade da nossa equipa.
ResponderEliminarO que não gostei foi de alguma agressividade para com os adversários, em especial por parte do Casemiro, do Indi e do Brahimi. Parecia que estávamos a ajustar contas com o Rio Ave por causa de alguma coisa...
Uma palavra para o Fabiano, de quem várias vezes sou crítico, ontem fez aquilo que já há algum tempo não via um GR fazer no Porto: sair aos cruzamentos todos, agarrar a maioria e não falhar nenhum. Com as devidas diferenças fez recordar a segurança de Baía. Este Fabiano, com este nível e sem o nervosismo de jogos anteriores, pode defender a nossa baliza por muitos e bons anos. Vamos ver...