A Taça de Portugal é como o Martelinho: pode ser uma faca de dois legumes, muito em função do resultado. Nuno Espírito Santo optou por colocar a base dos melhores jogadores em campo, preferindo não correr muitos riscos (se é que era possível correr grandes riscos contra o Gafanha, em campo neutro, jogasse sem jogasse).
Não é propriamente incomum os treinadores do FC Porto usarem uma base mais consolidada de jogadores no primeiro jogo de Taça, ao invés de mudar meia equipa. Até Villas-Boas não prescindiu de Hulk contra o Limianos. Nuno fez a sua escolha, a equipa passou o jogo-treino sem dificuldades e a única interrogação em torno das suas escolhas é o que se dirá a jogadores como Sérgio Oliveira, João Carlos Teixeira ou Varela: se não servem para jogar contra o Gafanha, a que momento da época é que poderão mostrar utilidade à equipa dentro de campo?
Nuno também optou por dar continuidade ao 4x4x2 que tão bem funcionou contra o Nacional, ainda que dificilmente seja contra o Gafanha que uma equipa consolida ou deixa de consolidar o modelo e dinâmicas de jogo. O jogo contra o Club Brugge, amanhã, já será um teste bem mais difícil, no país onde todos aprendemos a detestar o Anderlecht. Aí sim, já será possível tirar sinais mais conclusivos, até porque em caso de um mau resultado (um empate dificilmente saberá bem) o apuramento para os 1/8 pode complicar-se. Bem mais do que ganhar ao Gafanha, pelo menos.
Iván Marcano (+) - Desta vez com Boly ao lado, voltou a fazer uma exibição irrepreensível e sai deste jogo como um dos melhores do FC Porto. Dizer que o nosso central foi o melhor contra o Gafanha, num jogo de Taça, não quer dizer que o adversário atacou muito, mas sim que Marcano soube ser prático e ajudar a equipa nos processos ofensivos: passou rapidamente no início de construção, controlou sempre o espaço em profundidade, deu indicações a Boly (bom ver Marcano assumir-se e ter voz na defesa), fez a assistência para o 2x0 e foi mais rápido e agressivo na recuperação. Contra o Gafanha, um bom ou um não tão bom Marcano podem não fazer diferença, mas contra o Club Brugge acreditem que fará.
Otávio (+) - Dá ao FC Porto o que tem faltado: rasgo individual. Aquele jogador que, qual Madjer, Deco ou Hulk, pega na bola, assume o lance individual, com objetividade, encontra um atalho para a baliza e faz golo. Brahimi pode fazer isso, Corona pode fazer isso, mas não o estão a fazer. Esse papel está a ser um exclusivo de Otávio esta época. Um belo golo e uma vez mais a destacar-se na forma como consegue distribuir jogo e crescer a partir do lado esquerdo. Os lances de perigo nasciam sempre dos seus pés.
A entrada de Corona (+) - Esteve com problemas físicos, teve 25 minutos para mostrar serviço, faz um golo e uma assistência. Objetivamente, não dá para pedir mais. Oportuno no 2x0, atento à movimentação de Depoitre no 3x0, volta a mostrar mais nos minutos em que é suplente utilizado do que nos jogos em que é titular. Nota para um bom regresso de Maxi Pereira à equipa.
A rever (-) - Muitas vezes, jogar na Taça é uma missão ingrata para jogadores pouco utilizados. Admita-se isso. Se um jogar faz o primeiro jogo pelo FC Porto, por mais frágil que seja o adversário, se não revelar já bom entendimento com os colegas as coisas podem correr mal. Herrera não teve essa desculpa. Do meio-campo para a frente, Nuno Espírito Santo não mexeu, mas Héctor pareceu muitas vezes um corpo estranho à equipa. Muita hesitação na progressão e a soltar a bola, sem conseguir acelerar o jogo e pouco participante na circulação. Se o FC Porto rejeitou uma proposta de 30M€, não foi pelo jogador que vimos contra o Gafanha. Há também que insistir na melhoria da capacidade de meia-distância. Contra equipas que enfiam o Boeing 777 na grande área, ter capacidade de remate à entrada da grande área pode resolver muitos problemas.
Está feito, venha o próximo.
PS: O FC Porto, num salutar ato de transparência, publicou uma imagem de um contrato assinado por Helton e administradores da SAD que visa demonstrar que a rescisão já foi feita a 15 de Setembro. Há que acabar com o ruído, sem dúvida, pois criar ou alimentar polémicas com ex-capitães, independentemente dos argumentos de cada parte, nunca traz nada de bom. Só não se percebe o porquê do FC Porto fazer questão de mostrar uma rescisão assinada a 15 de Setembro, se no R&C de época 2015-16 o FC Porto já dava conta de uma rescisão ocorrida até 30 de Junho de 2016. Um R&C anual já deveria ser fonte de informação suficientemente esclarecedora para evitar dúvidas ou polémicas.
Helton é passado, um passado que será sempre recordado com carinho enquanto foi o número 1 da baliza do FC Porto, vencer o Club Brugge tem que ser o futuro.
José Sá sai da pequena area e agarra bolas nas alturas...
ResponderEliminarTipo aquela que deu o 1º remate do Gafanha na 1ª parte?
ResponderEliminarNão sou a favor das experiencias de mudar 90% da equipa nestes jogos, normalmente resultam em jogos dificeis com os jogadores sem ritmo e cada um a querer mostrar aquilo que vale pela individualidade ao invés do colectivo.
ResponderEliminarAlém do mais, tivemos poucos internacionais a jogar na semana passada e como tal foi uma maneira de dar ritmo aos titulares, percebe-se.
Acredito que se não tivesse ocorrido a interrupção para as seleções, o NES fizesse mais alterações!
Herrera recuado é menos um. Jamais será um médio defensivo. Será que os treinadores não conseguem perceber isso? Tivemos um igual que demoraram mais de um ano a perceber que não era trinco nem coisa parecida (Freddy Guarín)
ResponderEliminarNES jogou pelo seguro, pois um resultado "à rasca" ou uma surpresa deixaria a sua posição ameaçada. Optou por uma equipa base, colocando o José Sá (par amim um bom GR) e Boli para ganhar ritmo com a defesa num jogo em que à partida não teria muito trabalho. Maxi conta quase como titular, mostrando que os 3 laterais estão prontos para assumir o lugar.
ResponderEliminarNão querendo ser repetitivo, questiono a função do João Teixeira no FCP. Sérgio Oliveira já teve oportunidades e estará a seguir a André André nas opções, mas o João Teixeira que na pré-época foi mostrando coisas boas ainda não teve nada. Uma contratação para 2016-2017. Estranho.
Venha o próximo rumo ao Jamor.
" Nuno fez a sua escolha, a equipa passou o jogo-treino sem dificuldades e a única interrogação em torno das suas escolhas é o que se dirá a jogadores como Sérgio Oliveira, João Carlos Teixeira ou Varela: se não servem para jogar contra o Gafanha, a que momento da época é que poderão mostrar utilidade à equipa dentro de campo?"
ResponderEliminarTenho uma opinião completamente diferente. Aparentemente encontramos um onze base com a entrada de Jota (que já devia ter entrado nas primeiras jornadas). Precisamos é de criar rotinas entre jogadores e de estabilizar a equipa. O jogo de amanhã é dos mais importantes para o resto da época do porto. Não ganhar é dizer Adeus aos prémios da champions league!
elogiar o marcano é sinônimo de ironia ou falta de sentido de humor.
ResponderEliminarainda para mais contra o gafanha.
entendo que se queira publicitar este espanhol de fraca qualidade, como um bom defesa, se o objectivo for despachar já na próxima janela de mercado. se for esse o caso, até eu deixo aqui é onde for preciso, e em vários idiomas elogios, mas lamento insistir, é de mascado mau para o fcp. há em portugal igual, superior, e portugueses a jogar em clubes menores.
acho que o nuno geriu bem, pois parece-me que este finalmente encontrou o 11 base, e quis criar mais rotinas de jogo, especialmente do meio campo para a frente.
pena que o joão teixeira não tenha tido oportunidade.
bom seria, que o Sá pudesse ser o titular, e casillas que vá fazer anúncios de publicidade para a china ou raio que o parta.