Trabalha, assiste e marca |
Começamos com 13 pontos em 5 jornadas. Nos últimos 17 anos, melhor só com Villas-Boas, em 2010, e Jesualdo Ferreira, em 2007. As primeiras duas provas de grande exigência em 2015-16 foram superadas e revelaram um FC Porto de luta, de garra, que nunca desiste e luta pela vitória até ao fim - tanto em Kiev como no clássico foi já nos últimos 10 minutos que o FC Porto se adiantou no marcador, embora o Dynamo ainda tenha chegado ao empate.
O Benfica de Rui Vitória, sem qualquer surpresa, apresentou-se no Dragão para jogar como equipa pequena. 35% de posse de bola, lances de perigo só nas bolas paradas e à espera que Gaitán sacasse alguma da cartola. Já vimos o FC Porto de Lopetegui entrar com maiores ou menores cautelas em campos adversários, mas nunca o vimos deixar de tentar assumir o jogo, ter mais bola, impôr controlo e domínio.
Foi isso que aconteceu neste clássico. O FC Porto sofreu dois sustos em dois cantos... e nada mais. De resto só deu FC Porto. O Benfica defendeu bem, muito bem diria. Não nos causou tantas dificuldades como por exemplo o Estoril (43% de posse de bola no Dragão e 11 remates, quase o dobro dos que o Benfica fez ontem), e estatistificante foi tão bom como o Vit. Guimarães na primeira jornada (35% de posse e 6 remates), mas foi uma vitória difícil de alcançar. Mas de plena justiça.
São apenas mais três pontos. O FC Porto corre contra si próprio na luta pelo título, pois estamos na liderança. Só perderemos o primeiro lugar se escorregarmos. Logo, seja contra o Sporting ou o Benfica, contra o Moreirense ou o Arouca, os pontos valem o mesmo, pois à primeira escorregadela, seja contra quem for, podemos perder o primeiro lugar. É nosso, há que defendê-lo.
André x3 - O orgulho do pai, que em 40 jogos contra o Benfica curiosamente nunca tinha feito um golo. André André teve o sangue frio de, aos 86 minutos, já com 10 quilómetros nas pernas, saber ter a calma para resolver um clássico de extrema importância. Antes disso já era o MVP. Incansável, mesmo jogando a partir da ala direita foi o mais perigoso do FC Porto, com o cruzamento e o passe a rasgar para Aboubakar. Guarda a bola como poucos, arranca várias faltas, pressiona e ocupa os espaços de forma sempre pertinente e desta vez até se destacou um pouco mais no transporte. O mais difícil está feito, que era encontrar espaço no FC Porto entre uma dupla de médios de quase 30M€, havendo ainda Herrera e Evandro de fora e até Sérgio Oliveira e Bueno na bancada (ou seja, quatro médios que não calçaram e até davam um belíssimo meio-campo titular). Lopetegui, que nunca olha ao estatuto do jogador, deu-lhe a oportunidade e agora André André é titularíssimo no FC Porto. Com mérito de quem trabalha com sangue de dragão e faz com que o seu espírito eleve as suas qualidades.
Perceber o erro (-/+) - Foi absolutamente decisiva a entrada de Silvestre Varela. Embora Lopetegui tenha demorado bastante tempo a reagir, a estratégia de deixar Corona a deambular entre a zona central e o flanco direito para criar desequilíbrios falhou redondamente. Notou-se a falta de entrosamento não só de Corona com a equipa mas na própria estratégia. Além disso, a entrada de Varela desviou André André de vez para a zona central. O Benfica passou a jogar em 40 metros, sempre recuado e sem sair para o ataque.
A estratégia adequada |
13ª jornada sem sofrer golos |
Bolas paradas (-) - Precisamente no último clássico com o Benfica, fez-se aqui uma crítica à abordagem defensiva do FC Porto de Lopetegui: marcação H-H em vez de marcação à zona. Resultado, Rúben Neves ficou a marcar Mitroglou, o jogador mais perigoso do Benfica no jogo aéreo. Em dois cantos, Mitroglou quase fez dois golos. É certo que em 2015 só sofremos três golos no Dragão, mas não é a primeira vez, sobretudo nos grandes jogos, que se mostra a fragilidade do FC Porto nas bolas paradas defensivas, sobretudo por culpa da marcação.
Distanciamento (-) - Na primeira parte o FC Porto quase não existiu ofensivamente. Júlio César nem tocou na bola na primeira parte. O Benfica defendeu muito bem, mérito nisso. As subidas de Layún e Maxi foram sempre bem controladas, logo deixou de haver sentido nos movimentos interiores de Brahimi e Corona (completamente ao lado do jogo). Por outro lado, o FC Porto passou largos minutos sem ideias no corredor central. Havia demasiado distanciamento entre linhas. Imbula recebia a bola e já tinha 2 ou 3 adversários em cima dele. E mantém-se a incógnita em relação a Imbula: é ele que julga que cada vez que recebe a bola tem que tentar arrancar ou são mesmo instruções de Lopetegui? Imbula deveria jogar mais vezes a toque curto e desistir de tentar sempre transportar a bola, sobretudo quando o adversário ainda está fresco. Como no meio-campo do FC Porto havia um défice de criatividade e Corona estava à margem, houve excessiva dependência de Brahimi. E dos pés do argelino não saiu um cruzamento ou um remate com perigo, embora tenha depois conduzido a jogada do 1x0. É certo que nos clássicos não se tem 10 ocasiões de golo, mas 45 minutos sem criar perigo é muito tempo para o FC Porto, seja contra quem for.
PS: André Silva poderia ter estado ontem aos pulos a celebrar o golo de André André. Não esteve porque quase lhe arrancavam o pé com uma entrada assassina, daquelas que podem pôr em risco a carreira de um jogador. Que o FC Porto se faça valer de todas as vias possíveis para garantir que este lance, e outros, não possam nunca gozar de impunidade. As melhoras, André! Volta rápido, pois quantos mais Andrés tivermos, melhor.
Mais uma grande análise.
ResponderEliminarEspero também, de uma vez por todas que o nosso Mister mereça apoio dos adeptos! Estamos com um arranque fantástico, ganhamos um clássico a jogar bem e só dependemos de nós para ser campeões. Já chega de ser assobiado por qualquer coisa que aos adeptos não lhes pareça bem!
Penso também que Ruben Neves esteve melhor do que o referido no texto. Fez muitos cortes importantes, e sempre que teve oportunidade distribuiu bem.
Infelizmente há muitos adeptos portistas que preferiam ter perdido o jogo de forma a ter argumentos para o despedimento do treinador. Não percebo como é que o Dragão se transformou num teatro de assobiadelas constantes, antigamente não era assim. Os adeptos sempre foram exigentes sim, durante o dia-a-dia, antes e após os jogos, mas quando se ia ao estádio era para apoiar a equipa e calar os visitantes. O ambiente ontem esteve fantástico, como de costume, mas as assobiadelas quando se circula a bola em demasia ou quando o GR toca demasiado nela e, em particular, quando o treinador efectua alterações não fazem sentido e só demonstram o que os fóruns do Porto já me confirmam à muito: temos muitos(demasiados) adeptos que pouco percebem de futebol e que vivem da negatividade e da crítica.
EliminarParabéns ao treinador por todo o trabalho que tem feito e, principalmente, pela capacidade mental para aguentar tanta crítica sem sentido.
Boa análise.
ResponderEliminarApenas não concordo com a parte do Rúben.
Na 1ª parte foi o único com critério na equipa do Porto, estava a ser o melhor. Na 2ª diminui de importância porque a equipa cresceu e sentiu mais dificuldades porque o Imbula era um passador, o único jogador sem amarelo no meio-campo e não pressionava (pior jogador em campo de longe).
A equipa continua sem jogo interior e sempre a procurar a largura. A organização ofensiva do Porto continua a deixar muito a desejar. Não há desmarcações em rotura, quase sempre em apoio. O Brahimi só pede bola no pé, é desesperante!!!
O Lopetegui que acorde, que uma equipa como o Porto tem de desequilibrar pelo meio e não viver apenas das faixas. Ele se vir o jogo e o golo vê que o golo nasce dum desequilibrio pela zona central.
Diz-se que o Porto nao tem jogo interior e que o golo foi pelo meio. Acrescento que todas as outras grandes oportunidades foram tambem pelo meio e tiveram o Andre Andre como protagonista.
EliminarContraditorio, nao?
Mas afinal sera que nao temos mesmo jogo interior?...
Dá gosto ler este blog, pela seriedade das análises.
ResponderEliminarÉ fantástica a coerência com que elogia e critica.
Sempre com critério, sempre com correcção, sempre bem!
Obrigado Tribunal do Dragão!
Julgo que o André marcou ao benfica...Em 1988, vitoria por 3-0 apontando o terceiro golo de penaltie.
ResponderEliminarFoi o Pacheco a marcar o penalty, na altura o 2x0 e o bis da conta pessoal. Rui Barros fez o 3x0.
EliminarUm artigo de opinião muito bem escrito, bastante claro e um bom abre olhos para muita gente
ResponderEliminarem relação ao jogo.
Parabéns
A análise foi boa, e eu até tenho sido defensor do treinador espanhol, seguindo a mesma linha desta casa. Mas a primeira parte no Dragão ontem foi do pior que eu já vi o Porto fazer em mais de 30 anos a ver clássicos. Inadmissível. Valeu pela segunda parte e pela vitória. Perdão, triunfo.
ResponderEliminarUma vitória contra um concorrente direto, na luta pelo título, vale os 3 pontos da vitória mais os 3 pontos que o concorrente perde. Mais a vantagem no confronto direto, em caso de empate. Mais o fator motivacional, que não é de ignorar. Claro que não chega ganhar ao Benfica, é preciso ser regular no resto dos jogos. Mas o jogo de ontem não foi apenas mais um jogo. Tal como não serão os jogos com o Sporting.
ResponderEliminarRuben Neves com o Mitroglou e o Maxi com o "pequeno" Jardel. Acho completamente amador uma abordagem destas quando o próprio treinador diz que eles são fortes nas bolas paradas. Ora se são, havia que se ter estudado isto, se se estudou estudou-se mal.
ResponderEliminarGrande André André sem dúvida , assim como o Bombas.
Quanto ao Imbula, parece-me mastigar em demasia o jogo, chega-me a tirar do sério tanta lentidão.
....tudo isso mais a má prestação do arbitro que é mau, anti-jogo, pênalti, etc.
ResponderEliminarP.S.
Tal como aconteceu, sempre com jogadores do FCP ao longo dos tempos, também aquele gangster do Atlético devia ser privado de jogar enquanto André Silva não o fizer ....
O facto de não concordar com as opções deste projecto de treinador não quer dizer que não se perceba de futebol. Sinceramente não Gostei da substituição do aboubakar pelo Osvaldo. Tinha tirado brahimi que muito sinceramente não vi nada de especial e tinha acabado com dois pontas de lança. Já na Ucrânia critiquei a demora nas substituições. A do Osvaldo é simplesmente ridícula. Mas lá está serei daqueles que não percebe nada de futebol. Respeito todas as opiniões mas não sou obrigado a concordar. Para mim continua a não ser treinador para o Porto
ResponderEliminarQue ambiente no Dragão!
ResponderEliminarNão concordo a 100% com a análise, mas são opiniões. Os "cojones" de Lopetegui em manter o esquema, valeram a primeira vitória. Já em outras situações, com os mesmos "cojones", o resultado não foi o melhor. Contínuo a achar Lopetegui parco em ideias tácticas para alterar o rumo do jogo, mas é o meu treinador e terá sempre o meu apoio.
Hoje, porém, existem outras coisas que valem a pena ressalvar:
- Regresso de Varela. Estava receoso que o Varela não voltasse a ter oportunidade.
- Regresso do melhor meio campo até agora.
- Fim da rotatividade maluca.
- Equipa com raça. O festejo do golo mostra que afinal os jogadores são portistas!
- Dupla maravilha do FCP deixa equipa tranquila: Casillas com 2 defesas de pontuação máxima e Helton com comportamento inteligente ao intervalo.
- Maxi Pereira. Quando o adversário o quer meter na rua, ele consegue ultrapassar esse jogo psicológico e concentrar-se apenas no jogo. Não deixou de ser o "caceteiro", mas agora é inteligente porque sabe que o cartão salta facilmente.
Não é novidade que temos grandes jogadores. Começamos a ter uma grande equipa. Haja inteligência para manter o que está óptimo e melhorar o que está menos bom. Bolas paradas (quer contra ou a favor) ainda deixam a desejar.
Parabéns às claques! Simplesmente...PORTO!
ok certo. Para mim casillas foi o homem do jogo pois manteve nos no jogo. Ainda falta algo ao porto, andre conseguiu e consegue disfarçar mas o benfica apesar de ser uma boa equipa duvido que nao perca varios jogos esta epoca. Nao consigo perceber o que falta se é articulaçao das ideias do treinador com os jogadores que estao em campo, isto é se os jogadores nao terao dimensao para por em pratica as ideias do treinador, ou se é ele proprio que tendo embora um modelo de jogo ele é tao confuso que nao o consegue impor em beneficio da equipa. Parece me que o treinador esta a espera que apareça outro andre para ligar aquilo tudo e transformar a equipa num rolo triturador. Ganhamos era o mais importante. JA AGORA AQUILO QUE FOI FEITO E COMO FOI A ANDRE SILVA FOI LAMENTAVEL PORQUE FOI PROPOSITADO E PARA PARTIR. AS DESCULPAS TANDO DO CLUBE A DEFENDER O CACETEIRO COMO DO PROPRIO SAO DESCULPAS DE MAU PAGADOR.
ResponderEliminarCasillas fez aquilo que Fabiano não conseguiu a época passada. Mantenho a opinião que a conquista de títulos só é possível com a presença de um grande guarda-redes na baliza. Bastam uma ou duas defesas destas por jogo para já termos uma vantagem enorme em relação ao ano passado.
ResponderEliminarEm todos os jogos os jogadores do FC Porto só recebem lenha e disciplinarmente os árbitros têm sido condescendentes, ja não tendo mantido o critério quando são os jogadores do Porto, para já este é o resumo da arbitragem deste início de competições........ Que continuem assim, ganhando nestas circunstâncias até vai dar mais gozo. #TUDONOSSONADADELES (Força André Silva, que recuperes depressa da entrada assassina!)
ResponderEliminarNunca comentei aqui, mas sem dúvida é o seu blog o que leio com mais atenção e com o que melhor me identifico. Muitos parabéns e muito obrigado pelo esforço e dedicação, nós os portistas emigrantes agradecemos este contributo.
ResponderEliminarPequeninos estes vermelhos, como habitual na era JJ (cada vez mais dou razão a este quando diz estar tudo igual :)), vieram ao Dragão jogar para não perder, faltou a sortinha do ano passado, pois futebol, só se viu dentro do autocarro. Sem as 2 bolas paradas, Casilhas nem tinha sido necessário no jogo, onde se evidenciaram, foi na cacetada, pedirem expulsão de Maxi é irônico, tipico de quem usa palas, Semedo, esse tão elogiado jovem, nos 15 primeiros minutos derrubou 4 vezes Brahimi por trás, quanto mais não seja pela reincidência deveria ter sido advertido, no lado oposto a mesma receita, menos evidentemas mais eficaz, Corona ainda não terá percebido como a coisa funciona.
ResponderEliminarGanhou quem tinha que ganhar, Lopetegui leu bem, poderia ter tirado Corona mais cedo, mas optou pelas peças certas e correu bem, apesar da menção à defesa, acrescento nas menções individuais o Layun, chegou, calçou e parece de pedra e cal, não e vistoso, mas se é assim que defende mal, pois que continue, nem sempre com sucesso, mas tentou arrastar a equipa para o ataque inúmeras vezes e rematou várias vezes também, tem atitude, só isso vale muito.
Parabéns à equipa, parabéns a TODOS OS QUE VIBRARAM COM A EQUIPA.
FORÇA PORTO
Depois deste jogo, Aboubakar subiu muito na minha consideração. A entrega ao jogo, o que ele correu, o esforço! Há uma bola em que ele vai pelo lado direito do ataque e faz um elástico para ganhar espaço. Grande detalhe. E aquela jogada em que ele entra na área, leva com uma falta do luisão, toca no Julio Cesar, não desiste, leva um segundo toque, não desiste, e tenta em esforço rematar para a baliza. Qualquer outro jogador tinha caido na area, tinha pedido penalty, e tinha conseguido. Aboubakar foi humilde, continuou a tentar. No fim da jogada ainda foi pedir desculpas ao Julio Cesar. Não sei o que disse a luisão mas não me pareceu pedir desculpas. Foi substituido, mas ficou no banco a sofrer com a equipa. E no golo, Aboubakar festejou como se o golo tivesse sido dele. Festejou com a equipa. Mostrou grande profissionalismo, grande garra, grande motivação. Será esta a mistica que se tanto fala? A garra, o empenho, o nunca desistir, parte do tal ADN do FC Porto? Assobiadelas à parte, acho que todos têm que dar o seu melhor e fazer o seu melhor nos jogos. A tal garra que se pede aos jogadores, o tal empenho, tem que começar nas bancadas. Se por um erro os adeptos assobiam, como podem pedir a estes jogadores que façam melhor? É tudo uma questão de motivação.
ResponderEliminarSobre o André Silva:
ResponderEliminarA entrada bárbara de que foi alvo não pode restringir-se a uma multa de 60 euros(?) ao agressor. Caso a recuperação não corra bem, arruína-se a carreira (e a vida) de um jogador assim?
esqueci me de uma coisa, fiquei preocupado com corona, nao me pareceu jogador dos grandes jogos e jogos rasgadinhos, escondeu se sempre mesmo quando havia sururus, vamos ver quando estiver mais entrosado.
ResponderEliminar