Estar já descansado aos 56 minutos, com a equipa a vencer por 3x0 no Dragão e com o resultado controlado no Campeonato. Um luxo que já não acontecia há um ano e cinco meses. O problema resolveu-se com três golos no espaço de menos de 20 minutos, mesmo em lances que obedecem sempre a peripécias específicas (bola parada, remate desviado e auto-golo), com as limitações óbvias de uma equipa que jogou num novo esquema e com os malefícios provocados pela pausa para as seleções, antes da estreia na Champions.
Não foi brilhante, mas houve brilho suficiente para que todos regressassem a casa satisfeitos e com sensação de dever cumprido. Ganhar em casa ao V. Guimarães é normal (19 vitórias nos últimos 20 jogos). E ontem foi normal o FC Porto vencer. Como tem que ser em todos os jogos desta dimensão.
Óliver Torres (+) - É um daqueles predestinados que tem o tom de, além de acrescentar qualidade por si próprio à equipa, consegue libertar a qualidade dos que o rodeiam. A forma como oferece soluções aos colegas, une os setores e faz fluir o jogo, sempre com um acerto notável no passe (91%), não deixa dúvidas sobre a valia que é tê-lo no plantel. Jogou ligeiramente mais descaído para a faixa esquerda, mas com liberdade para pisar todos os terrenos. Se Nuno não cometer o erro de querer fazer dele mais extremo do que médio, será sempre Óliver e mais 10. Libertar Óliver é libertar o FC Porto.
Danilo Pereira (+) - Com os laterais muito projetados no ataque e com André André, Óliver e Otávio sempre a pisar terrenos mais adiantados, foi o tampão que manteve o FC Porto equilibrado e seguro na retaguarda. Essencial durante a primeira meia hora, na qual o FC Porto não esteve bem e permitiu que fosse o Guimarães a equipa mais perigosa até ao momento. Acerto em 94% dos passes, 6 desarmes e 6 recuperações de bola. Uma garantia de segurança, de regresso à boa forma, não esquecendo que teve uma pré-época atribulada.
Outros destaques (+) - Miguel Layún continua a ser o denominador comum na capacidade do FC Porto em criar perigo nas bolas paradas. Bateu o canto para o 1x0, atirou à trave e ainda fez o cruzamento para o 3x0. Jogando no lado direito pode não ser tão forte nos movimentos interiores, mas voltou a ser de uma disponibilidade imensa - incrível o sprint que faz aos 89 minutos, para tentar fazer o 4x0, depois de só ter chegado ao Porto na sexta-feira. Isto, meus senhores, é a definição pura de um jogador à Porto.
Alex Telles esteve bem na constante profundidade que deu ao flanco esquerdo e nos vários cruzamentos que tentou. André Silva teve um falhanço daqueles que ninguém perdoaria a um Marega, um Varela ou um Herrera (é a verdade, goste-se ou não), mas fez um jogo competente numa nova posição. É uma tarefa ingrata, pois até ao momento jogou sempre na posição da qual foi desviado para entrar Depoitre, mas garantiu sempre amplitude ao ataque do FC Porto e saídas rápidas na frente. Tem que melhorar o 1x1 para jogar mais vezes aqui, ainda que não haja dúvidas que a sua melhor posição é a 9.
Palavra então para Depoitre. Em termos práticos não criou muitos lances de perigo (um bom cabeceamento na primeira parte e uma chegada atrasada a um cruzamento de Óliver), mas destacou-se pela dimensão física que deu na hora de segurar e disputar a bola (ganhou todos os lances aéreos que disputou), além de ter penteado a bola para o golo de Marcano. Depoitre é isto: uma solução diferente na hora de tentar arrombar defesas, que não tem culpa dos custos e contornos da sua contratação. Mas que a sua titularidade não signifique um abuso da tentativa de jogo direto e bola para o ponta-de-lança, como se notou em vários momentos do jogo (pontapé de saída, bola no Alex Telles e balão para a frente? Really?).
Demasiada expetativa (-) - Com Nuno Espírito Santo, o FC Porto passa a ser uma equipa que aposta mais em transições rápidas. Mas isso não pode significar alergia à posse de bola, sobretudo na hora de gerir a vantagem. Depois do 3x0, o FC Porto entrega por completo a iniciativa de jogo ao Guimarães, deixando de pressionar e de querer ter bola no meio-campo adversário. O resultado era confortável, mas o FC Porto tem que ter a capacidade de descansar com bola, de manter a posse como forma de gerir a vantagem, ao invés de deixar de pressionar. Sobretudo porque fazer isto com 3x0 no marcador não será a mesma coisa do que tentar fazê-lo com 1x0. Livrem-se.
A demora em entrar (-) - Nos primeiros 25 minutos, só uma equipa tinha rematado à baliza, e tinha sido o Guimarães. Podemos já falar do golo anulado a André Silva: Nuno Espírito Santo diz que foi bem anulado, mas o lance é no mínimo duvidoso. Tanto que 2/3 d'O Tribunal O Jogo considera que o golo foi limpo, enquanto também identificam dois penaltys por marcar a favor do FC Porto e um vermelho por mostrar ao Guimarães. Jorge Sousa é, opinião, o melhor árbitro português. E é por isso que devemos estar preocupados: todos os lances que suscitam dúvidas estão a ser assinalados contra o FC Porto. Foi assim em Alvalade, foi assim ontem; foi assim com um internacional precoce, foi assim com o melhor árbitro português. Nuno quer ser politicamente correto, quer ser elegante, mas até Rui Vitória, o homem que não falava de arbitragens, percebeu que tinha que ter uma abordagem diferente. Não queiramos ser bons rapazes em demasia.
Quanto ao jogo propriamente dito, a primeira linha de pressão não estava a funcionar. O FC Porto pressionava com os primeiros 5 homens na frente, mas recuperou poucas vezes a bola perto da grande área do Guimarães. Pressionar só com uma primeira linha não funciona: a equipa tem que subir toda, de modo a obrigar o Guimarães a recorrer ao chutão ou a errar. Colocar André Silva, Otávio ou Óliver atrás do portador da bola, mas sem com isso encurtar o campo com a subida da linha defensiva, desgasta a equipa e não asfixia o adversário. Felizmente, uma bola parada e um remate feliz a abrir a segunda parte simplificaram tudo. Saímos satisfeitos no final dos 90 minutos, mas nem sempre poderemos contar que bons 20 minutos se sobreponham aos restantes 70. E isso vale já para quarta-feira.
Uma pena nao terem destacado o regresso de André André às exibicoes da época passada. Grande jogo de formiguinha trabalhadora no meio campo sempre a ir buscar jogo e lancar jogo. Gostei muito. É a melhor posicao para ele
ResponderEliminar....estava a ver que não falava do golo do André Silva, fez o quem tem sido hábito. Anularam-no miseravelmente. Ainda há pouco disse que em Portugal não há bons árbitros, mas quem fala melhor inglês e os que entregam a encomenda direitinha. Deixemo-nos de fantasias, mas a arbitragem em Portugal "stinks" e em matéria de denuncias passamos a ter Jorge Nuno em vez de Pinto da Costa. Temos de saber jogar contra 14, como ainda há pouco o demonstrou a B.
ResponderEliminarPor ultimo, temos um treinador, finalmente, que quer dar alternativas de jogo diferentes ao plantel e tentar surpreender os adversários. Merece ter exito.
Gosto muito deste blogue, acho o único na blogosfera azul e branca pela imparcialidade, pelos factos e argumentos. No entanto, não posso deixar de reparar numa certa antipatia para com Nuno, sendo bem mais áspero com ele do que era com Lopetegui (com quem simpatizava...). A análise ao jogo em alvalade traduziu isso, e esta é também uma análise algo dura. Pela minha parte, acho que com menos instrumentos (e menos apoio em termos de construção de plantel, duma direcção anárquica neste momento), está a fazer crescer uma equipa bem estruturada, que joga um futebol atraente por muitos períodos, e que tem margem para crescer bem mais. Acho que o balneário está com ele, e jogadores como Andre Silva, Felipe, marcano, Otávio estão a ter prestações bem agradáveis e em crescendo. Dou nota positiva ao Nuno, sem dúvida, e espero que a equipa continue a crescer.
ResponderEliminarDe resto, parabéns pelo blogue, e que continue(m?) o bom trabalho!
Concordo!
EliminarO Nuno tem-me surpreendido, tem feito um bom trabalho mas longe de ser perfeito. Merece muito crédito pelo que já conseguiu fazer. José Marques
EliminarPontapé de saída de Robson ? Really ?
ResponderEliminarO Fonseca é que era.
Engraçado que o não tenha ido ver o que dizia TODO o tribubal d'O jogo acerca dos dois golos em alvalade. Agora deu jeito ;) Na minha opinião são os 3 golos limpos.
ResponderEliminarhttps://www.facebook.com/TribunalDasAntas/photos/a.1522622914716835.1073741830.1515912312054562/1653076301671495/?type=3&theater
ResponderEliminarEste senhor.....
Mais uma vez continuo a axar que danilo nao é jogodador para jogar nos jogos em casa, precisamos de alguem mais roteador de jogo penso que os jogos em casa deveriam ser compostos por oliver andre andre e herrera ou oliver herrera e ruben neves
ResponderEliminarA abertura de jogo fez-me lembrar Robson...
ResponderEliminarAqui fica uma imagem https://www.facebook.com/PortalDragoes/photos/a.381076625447.166439.252332890447/10153657499490448/?type=3&theater
ResponderEliminarA utilização deste modelo de jogo torna ainda mais incompreensível a dispensa de Bueno. Se a aposta no 442 é para manter não mereceria pelo menos o beneficio da dúvida? E ter uma oportunidade (que não chegar a ter realmente) para mostrar o seu futebol?
ResponderEliminarBoa tarde, está é uma análise muito pouco fundamentada e pouco rigorosa. Em termos tácticos nao está correcta.
ResponderEliminarPenso que não tendo alternativas para jogar em 4x3x3 (Corona debilitado fisicamente, Jota pouco ambientado ao Dragão e Varela não sendo uma opção) o Nuno construiu bem a equipa. Claramente não tem rotinas neste sistema. Percebeu-se imensas vezes sempre que a bola entrava nos laterais que procuravam o apoio frontal que normalmente é o extremo. Não estava lá... E tinham de voltar a jogar para trás porque nem o André André, nem o Oliver estavam a procurar esses espaços. O Porto procurava o jogo exterior quando tinha de procurar o interior.
O golo trouxe estabilidade e na segunda parte a equipa já construiu a partir do meio permitindo aos laterais explorar o espaço dos corredores (o segundo golo nasce de uma situação dessas).
Para Copenhaga, com o Corona a 100%, vai voltar o 4x3x3.
E sim, Oliver não garante apenas isso. Tem inteligência em distribuir o jogo não no colega mais perto, mas no colega a sentir menos pressão adversária, com mais espaço.... Basta ver o jogo é perceber que nem sempre coloca a bola onde é esperado.
Post escrito sem dar a mão à palmatoria. Análises feitas de maneira a agradar os argumentos que defendeu anteriormente. Adoro as analises financeiras e politicas. Discordo com muito do que é dino nas analises desportivas. Não se conseguem libertar de preconceitos tendenciosos (prata da casa é má, só os nomes fazem equipas, o contra-contra exagerado (se existe uma parte dos adeptos que são injustamente contra determinados jogadores e a favor de outros, o tribunal do dragão toma normalmente posição contra (esses adeptos) exageradamente em vez de se ficar pelo meio. Generalidade dos adeptos critica demasiado herreras e Maregas e defende demasiado ASilva. Verdade. Mas não é ir pelo extremo oposto que também se demonstra ser correcto, apesar de parecer muito mais "sexy e intelectual"
ResponderEliminarJá o tinha dito e repito, Marcano e Layun são jogadores à Porto e devem ficar muitos anos, é com jogadores destes que se criam estruturas fortes.
ResponderEliminarO lance do André Silva tal como os golos do Sporting são lances válidos e aqui o Porto errou, primeiro porque tem obrigação de explicar aos adeptos as leis de jogo e dar informações correctas e depois devia—se queixar porque em lances semelhantes houve julgamentos diferentes e pedir explicações a quem de direito e estes por sua vez explicarem como é a lei de bola na mão.
Nas vitórias do porto nota se uma certa digamos "alegria" de quem escreve neste blogue..que continue assim por muito tempo..Eu não me importo. .
ResponderEliminar"pontapé de saída, bola no Alex Telles e balão para a frente? Really?"
ResponderEliminarNão tive oportunidade de ver o jogo contra o Guimarães, mas fazemos este movimento de saída de bola desde o início da época, embora nos últimos já fosse o médio a bombear a bola...
O jogo acabou por correr bem, mas ainda há muito trabalho pela frente, Nuno vai experimentando mas sobretudo a níve defensivo é preciso cimentar rotinas e tornar a equipa mais segura.
ResponderEliminarBolas paradas idem.
Neste jogo gostei sobretudo do André Silva, Oliver e Danilo.
Não gostei muito de Felipe nem do Jota.
O Copenhaga vai-nos trazer problemas. Têm um estilo diferente que nos vai colocar problemas.
Herrera.
Abençoado ver o mexicano na bancada e jogadores de futebol em campo, não é?
Pois ele, uma vez mais, vai ser martelado para o onze.
Um jogador de futebol, a jogar bem, terá de sair.
Este maçarico, porta-estandarte do desnorte e desvario deste FC Porto pré-apocalíptico, é capitão de equipa.
Para vergonha de muitos ex-capitães e de muitos adeptos.
Onde também me incluo.
Nuno tem aqui um dos principais capítulos da sua liderança.
Lembrar ainda que ainda andam Varelas e Adrians pelo plantel, não convém lembrar isso apenas quando se perde.
Era bom começar, porque não há momentos ideais e o clube precisa, discutir o futuro.
Villas-Boas, Baía, Antero, Oliveira, Gomes.
Villas-Boas é motivo de muitos suspiros entre boa gente.
"Jorge Sousa é, um dos melhores árbitros portugueses. E é por isso que devemos estar preocupados: todos os lances que suscitam dúvidas estão a ser assinalados contra o FC Porto. Foi assim em Alvalade, foi assim ontem; foi assim com um internacional precoce, foi assim com o actual melhor árbitro português. Nuno quer ser politicamente correto, quer ser elegante, mas até Rui Vitória, o homem que não falava de arbitragens, já percebeu que tinha que ter uma abordagem diferente. Não queiramos ser bons rapazes em demasia."
ResponderEliminarExacto.. este ano, esta época a Corporação APAF já decidiu. Depois de ter levado ao TRI um clube após 38 anos de fome, de seca extrema, tudo vai agora intentar e porfiar para fazer Campeão um clube que faz a sua travessia do deserto há 15 anos seguidos.. Que não haja dúvidas.
Não me canso de repetir, a ver se alguns entendnem: Um jogo de futebol tem 3 equipas não 2. E a 3ª equipa é a que decide a maior parte dos jogos a seu belo prazer.
São os elementos da 3ª equipa que inclinam os campos, que fazem vista grossa a uns e expulsam outros, que deixam passar os foras de jogo a uns e a outros não. E até inventam penaltis se for preciso.
Árbitros, fiscais de linha, 4º árbitro, delegados, observadores, nomeadores, ex-árbitros na sombra, toda uma teia de interesses obscuros que se movem por trás da cortina. E depois há ainda os interesses dos Mass Media, do tal Eco de 90% dos Jornais, Sites, Rádios locais, Tvs Regionais de Lisboa.. que tudo fazem tudo tentam para empolar os seus clubes e apagar o FCP.
Acorda Porto!!
Dirigentes, Treinadores, Sócios, Adeptos, Seguidores...