A história é sempre a mesma. Na primeira jornada, não importa se há ópera [inserir estilo musical favorito], o que importa é ganhar. Na 2ª vai ser igual. E na 3ª. E em qualquer jornada em que seja essencial ganhar pontos, ora para aumentar ou encurtar distâncias em relação aos rivais, ora para mantê-las. Nunca chega a haver muito bem uma necessidade de futebol deslumbrante, mas sim de pontos e vitórias. Sabendo que bom futebol deixa sempre qualquer equipa mais próxima de vencer.
O FC Porto fez o que importava, estreando-se a vencer, mas sem deixar de espelhar as dificuldades próprias de uma pré-época que deixa imenso a desejar, inclusive e sobretudo na gestão de ativos. Os casos de Brahimi e Aboubakar, que deixam Nuno Espírito Santo a ter que responder perante questões incómodas, são ilustrativos. O FC Porto não deveria nunca deixar de tirar partido dos seus ativos, estando eles ou não próximos da saída. Vejam-se os casos de Falcao e Hulk, que iniciaram a época antes de serem transferidos.
Poderão dizer que Brahimi e, sobretudo, Aboubakar não têm a influência que Hulk ou Falcao tiveram. Mas outrora o FC Porto vendia jogadores quando atingiam o pico de valorização e já tinham ajudado a equipa a conquistar títulos. Nos casos de Indi, Brahimi e Aboubakar, não só não atingiram o tal pico como saem sem colaborar na conquista de títulos; além de que saem primeiramente pela necessidade do FC Porto de vendas, não por já serem, à imagem de Falcao ou Hulk, jogadores com imenso mercado e procura.
A 15 dias do final do mês, a construção e redefinição do plantel continua atrasada de forma muito preocupante (palavra mais simpática possível neste contexto), mas a primeira vitória já cá está. Com a balda defensiva já tradicional, mas com uma reviravolta, palavra essa tão estranha ao FC Porto no passado recente. Agora vamos ao mais difícil, com a certeza de que o FC Porto conseguiu responder às adversidades no primeiro jogo da época.
Otávio (+) - Num só jogo, Otávio quase consegue ir a mais disputas de bola do que Quintero em toda a sua carreira no FC Porto. E é aí que vai nascendo a diferença. Otávio tem a capacidade de conseguir colocar a bola onde quer, mas com o upgrade de saber ser agressivo no meio-campo adversário. Otávio fez 6 desarmes na partida, o que não é muito próprio num médio-ofensivo (emprestado à ala esquerda - o tempo o dirá se por convicção de NES, ou por ausência do substituto de Brahimi), pressiona, corre, não se esconde do jogo. Mais do que saber ler o jogo, sabe ler os companheiros - já sabe de cor as movimentações de André Silva. O seu talento nunca suscitou dúvidas, restava saber se haveria lugar para ele num contexto de equipa. Não só há como o FC Porto não pode, neste momento, dispensar o seu virtuosismo.
Efeito mexicano (+) - Mesmo encondendo-se do jogo muitas vezes, Corona foi objetivamente dos mais perigosos do FC Porto. Fez um bonito golo e procurou dar sempre o corredor a um algo desgastado Maxi Pereira, com quem nem sempre combinou da melhor forma. Ainda assim, meteu duas bolas em zonas de finalização e as vezes em que arriscou no 1x1 foram bem sucedidas (6 em 8). Quando Corona aparece, aparece bem. Mas precisa de aparecer muito mais. Já Héctor Herrera, numa posição mais recuada do que o recomendável (já lá vamos), foi o poço de energia habitual, abriu e transportou jogo, também faturou e foi o mais esclarecido do meio-campo.
Outros destaques (+) - Ao primeiro jogo oficial, um efeito positivo de meter os laterais a procurar a linha em vez do espaço interior (foi assim que Alex Telles cruzou para o 1x1). André Silva jogou com a disponibilidade e versatilidade habitual e marcou o ponto, mas se for para bater penaltys vai ter que praticar muito, pois nunca foram uma especialidade sua. Jogo bastante sereno e positivo de Marcano.
Meio caminho (-) - Resumidamente: André André não pode jogar tão à frente e Herrera não pode jogar tão atrás. Pode ser circunstancial, pois a chegada de um extremo pode levar NES a rever os seus planos para Otávio, mas André André é uma formiguinha de trabalho, talhado para jogar na posição 8 quando está bem fisicamente; mas nunca vai ter aquele palmo de criatividade necessária para jogar mais próximo de André Silva. Por outro lado, Herrera melhorou muito na segunda metade de 2015-16 por ter subido no terreno. É certo que Herrera, jogando mais recuado, tem mais soluções para pegar no jogo, mas não pode ficar tão próximo do raio de ação de Danilo. Além de que Herrera é o melhor médio do FC Porto a aparecer em zonas de finalização e também aquele que mais rapidamente consegue recuperar posição numa transição. Esta estrutura de meio-campo dificilmente desbloqueará jogos mais difíceis ao longo da época.
Passividade (-) - Os primeiros 30 minutos foram francamente maus para o FC Porto. A equipa melhorou, mas sem deixar de permitir ao Rio Ave mais ousadia do que seria admissível. O Rio Ave meteu 9 bolas em zona de finalização, contra 8 do FC Porto. Felizmente, a eficácia fez a diferença a favor do FC Porto. Além disso, por 29 vezes o Rio Ave conseguiu meter a bola na grande área do FC Porto (que meteu 30 na área adversária). No passado recente, vimos qualquer equipa a marcar facilmente ao FC Porto, nem que só atacasse uma vez. Dar tanta iniciativa ao Rio Ave (que fez 13 remates, contra 12 do FC Porto, ainda que grande parte de meia distância) não é um bom presságio.
A rever (-) - Não é que se possa esperar que Felipe, com 27 anos, pouco mais de dois de futebol a sério e em estreia na Europa, não vá ter algumas dificuldades na adaptação ao futebol europeu. Mas a insegurança e o nervosismo foram claros - e Felipe não tem em Marcano um central que vá, propriamente, assumir-se como patrão durante a sua adaptação. Felipe sentiu o dilema entre pontapear ou tentar construir. Coisas que terá que melhorar num ciclo de jogos dificílimo. Ingenuidade de Alex Telles na expulsão (e simultaneamente perceber que aqui pode ver cartões com muita facilidade), Maxi Pereira (13ª época sempre a jogar, sem lesões graves) acusou algum cansaço. É bom lembrar que Maxi Pereira recusou um período de férias, depois da Copa América, para começar a trabalhar mais cedo no FC Porto. Esperemos que o descanso não lhe faça falta, pois será difícil Maxi Pereira voltar a fazer uma época com 40 jogos. Por fim, pede-se um pouco mais de rapidez e destreza no ataque do FC Porto, que obrigue o Rio Ave a recorrer mais vezes à falta (o Rio Ave só fez 9 faltas em todo o jogo e 5 foram sobre Otávio, enquanto o FC Porto fez o dobro).
Análise perfeita
ResponderEliminarnem herrera nem André André são jogadores com qualidade para ser titular no FCP
ResponderEliminarFilipe e marcano, dois péssimos centrais.
o brasuca lateral esquerdo, nem vou comentar..
o nuno é um treinador competente, com péssimo plantel
Percebesses tu de futebol e isto ia mal parado. Felizmente há na SAD quem (ainda) perceba.
EliminarAlex Telles foi uma pechincha, Felipe tem características físicas ímpares para ser um centralão e já mostrou força mental para apanhar o ritmo europeu. Marcano é fraco mentalmente mas dentro de uma defesa bem rotinada chega e sobra para um campeonato tranquilo.
Não fazem tudo bem, mas o plantel tirando um extremo e um 8 (que gastem o dinheiro em Oliver, esse sem par, e não Rafa pois haverá certamente um extremo parecido no mercado mundial mais acessível) não deixa muito a desejar. Não falo do PL pois a aposta em André Silva é evidente ou não estivessem Paciência e Aboubakar descartados para já.
Não quero contestar a análise, ela é sua. Lembro porém que André² no Guimarães de Vitória - e mesmo sabendo que não é bem a mesma coisa ser titular do Vitoria e sê-lo no FC Porto - jogava numa posição parecida á de agora, marcando então uma série de golos. Sim, não esqueço serem de pénalti a metade, mas confirma que o moço tem faro de golo. Terá de ser NES a tirar o melhor partido dos jogadores á disposição neste momento, porque, igualmente, penso que Herrera rende mais se se adiantar uns metros. Por ultimo, em relação a Brahimi, não acredito que NES não o pusesse a jogar se o argelino fosse um profissional a sério. Não pudemos criticar o treinador ao não colocar um jogador que não rende por achar dificil a sua projeção neste clube e criticá-lo, na mesma, quando opta por outro que dá tudo pela equipa. Aliás, Brahimi, está naquele grupo de jogadores que nunca deveriam ter sido contratados pelo FC Porto.
ResponderEliminarO Otávio tem o perfil e o futebol que nos fará lembrar um craque de quem todos nós temos saudades!!
ResponderEliminarO Corona sobressai quando joga próximo do PL, onde a sua agilidade e técnica fazem a diferença em pequenos espaços. Colado a linha é mais um, e ainda por cima sempre a dormir...
Pedro
bom jogo do porto para começo. fora e com um jogo importantissimo na quarta. Os cancros estao dificeis de sair ninguem lhes pega pudera ( bhraimi, abou ) os cancrinhos idem herrera , layun, evandro e sei la. Paciencia tem lugar , andre 2 so estando no maximo da forma fisica se nota, precisamos de mauis um jogador mesmo bom para o meio , o 1o dos olimpicos ja chegava. Aproposito e olimpicos rui jorge arranjou emprego a andre e tentou arranjar a mane pretendendo queimar gonçalo, seguir a tatica de pbento e jogarem sempre os amiguinhos nao serve NUNCA GANHARA NADA E UM MEDROSO E UM MERDOSO. Temos boa equipa mas falta um medio a serio, mais um def central bom e o rafa dava jeito mas nao vale 20M
ResponderEliminar"o Rio Ave só fez 9 faltas em todo o jogo ... enquanto o FC Porto fez o dobro)"
ResponderEliminarCorrecção: "ao Rio Ave só foram assinaladas pelo árbitro 9 faltas em todo o jogo ... enquanto ao FC Porto foram assinaladas o dobro".
há que colocar as coisas na perspectiva Correcta ;)
Correctíssimo
Eliminarah e andre silva tem de se deixar de chutar em eslilo e ser mais objetivo exemplos o penalti e um remate de cabeça isolado
ResponderEliminarQuanto ao Herrera concordo falando na segunda parte, não deixa de ser verdade, que no que tocou à primeira, foi das coisas mais deprimentes que se assistiu até agora. Incapacidade de jogar dentro ou fora do bloco e numa fase de construção sem grande pressão, diga-se. Jogar mais adiantado não faz grande sentido também, porque é um jogador com uma capacidade de raciocínio bastante lenta, uma tomada de decisão que deixa a desejar muitas vezes muito devido também à sua lentidão de movimentos para não falar da pouca criatividade, ou seja, tem tudo o que é evitável ter para jogar na zona de criação onde a pressão é aglutinante. Mais adiantado faz sentido o Teixeira, que é 10x mais jogador que o André André, por exemplo, para não falar que a equipa grita por mais uma peça criativa em campo, porque o Otávio a assumir sozinho essa função, sem qualquer tipo de ajuda, acaba por ser manifestamente pouco. Quando James fazia a mesma posição há uns anos, tinha sempre a ajuda de um Lucho ou de um Bellusci, exatamente o que falta aqui. É, obviamente, apenas a minha opinião.
ResponderEliminarConcordo! Que bela análise. Saraiva
ResponderEliminarMais um jogo sem um minuto para Bueno. Vida difícil para o espanhol com a afirmação de Otávio e acima de tudo com o facto de Adrien por cá ter ficado.
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