sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Jota: só peca por tardio

Um pequeno salto até Setembro de 2014. O Paços de Ferreira vem jogar ao Olival, no campeonato de juniores. Um rapaz chamado Diogo Jota decide fazer isto.


Um mês depois, com 17 anos, já começava a jogar na equipa principal do Paços. Marcou logo na estreia. Um talento inato, que passou sempre despercebido aos olhos não só dos principais clubes nacionais mas também da FPF (nunca tinha sido chamado às Seleções jovens).

Chega então o mês de Dezembro, e com ele a quadra natalícia, em que somos todos tomados por um espírito de generosidade. Começa então o ataque a Jota, mas não por parte dos 3 grandes do futebol português, nem por parte de qualquer outro clube. Foram sim empresários a começar a comprar o seu passe.

O primeiro foi Teixeira da Silva, o empresário que ficou com direito a 10% da mais-valia numa futura venda de André Silva. A 5 de Dezembro de 2014, comprou 20% do passe de Diogo Jota por menos de 38 mil euros (IVA incluído).


Mas a 31 de Dezembro, já em vésperas de réveillon, Jorge Mendes volta a fazer a sua magia, ao comprar 40% passe de Diogo Jota por... 35 mil euros.


São 60% do passe de Jota vendidos por 65 mil euros (sem IVA incluído). Depois chega o Atlético, uma vez mais com a mão de Jorge Mendes, e paga isto pelo jogador.


Agora, Diogo Jota vai jogar no FC Porto, por empréstimo. Tal como já disse O Jogo, a opção de compra é de 22M€, com a coincidência imensa de ser o mesmo que o Benfica pagou por Raúl Jiménez, ou o mesmo que custaria Vietto quando foi hipótese. Um número mágico para o Atlético, aparentemente. Sendo um empréstimo, e tendo o Atlético que salvaguardar-se a todos os níveis, é também natural que o Atlético exija uma cláusula de compensação se o jogador não for utilizado com frequência. 

Diogo Jota é um jogador de enorme potencial. Fez uma grande época em Paços de Ferreira - possivelmente até mais proveitosa do que a de Rafa em Braga, embora em realidades distintas. 12 golos e 8 assistências na sua primeira época de sénior, e logo já na Primeira Liga, são números de excelência para um jovem português da sua idade. Curiosamente, de todos os jogadores que estiveram no jogo de juniores acima referido, só Diogo Jota já se afirmou numa Primeira Liga. Sobretudo porque não houve medo de apostar no seu talento. Os resultados estão à vista.

Sobre Jota, as únicas dúvidas que podem haver em relação à pertinência da sua contratação é se terá já o estofo competitivo para jogar e fazer a diferença no FC Porto a curto prazo. Jogadores por empréstimo, por norma, têm que ser jogadores para os quais o FC Porto tem planos de curto prazo. Jota tem 19 anos, vai fazer apenas a segunda época de sénior e a primeira num clube que luta por títulos. O FC Porto dificilmente pode, à data de hoje, fazer planos para o jogador para lá de 2017. Por isso, tem que ser um jogador para acrescentar algo no imediato. Não pode ser uma aposta de futuro, pois não sabemos se terá futuro no FC Porto para lá de 2017. 

O FC Porto precisa de extremos e é a possibilidade de ter uma solução barata e de qualidade. Jota começou por jogar a médio-ofensivo, mas no Paços subiu no terreno. É avançado, mas funciona muito bem jogando a partir de um flanco. Não é extremo de procurar a linha, mas sim de jogar sempre com maior proximidade de zonas interiores e da baliza. Caraterísticas que por certo agradam a Nuno Espírito Santo, que quer os extremos em zona interior.

Diogo Jota diz que se inspira em Griezmann na forma de jogar. É rápido, hábil, finaliza bem e é muito objetivo quando vai para cima do defesa. O talento está todo lá, resta saber como se adaptará aos comportamentos coletivos da equipa, sobretudo na transição defensiva e na pressão ao adversário. As suas caraterísticas são uma boa adição ao plantel, falta saber se já estará no ponto de maturação desejado. Se fosse uma contratação do FC Porto ao Paços de Ferreira, seria excelente. Assim, vindo por empréstimo do Atlético, a sua evolução vai ter que acelerar contra o tempo, pois não faz sentido trazer um jogador por empréstimo se for para andar só a jogar nas Taças e pouco mais.

Podemos ir ao elefante na sala, nomeadamente alguns comentários antigos de Diogo Jota nas redes sociais. Esta é primeira geração de jovens futebolistas que crescem com acesso permanente a redes sociais. E não há rapaz que abdique de mandar as suas postas clubísticas. Diogo Jota era um miúdo do Gondomar, nem sequer estava no Paços. Provavelmente nem imaginaria que, dentro de 3 anos, ia chegar até aqui. Fez o que qualquer rapaz da sua idade pode fazer: escrever parvoíces na internet.

É benfiquista? Não interessa. Ou pelo menos não interessou quando o Paços anunciou que tinha tudo feito com o Benfica para a transferência, mas Diogo Jota recusou. O portismo é um bem precioso, mas há um ainda maior. Chama-se profissionalismo. Todos os grandes portistas que já tivemos no clube eram grandes profissionais. Mas nem todos os grandes profissionais eram portistas. É possível ser-se profissional sem se ser portista, mas não é possível ser-se portista sem se ser profissional. A função do futebolista que chega não é ser portista, é fazer os portistas felizes. Diogo Jota tem é que ser profissional, lutar pela camisola que veste e fazer mais coisas destas: 


PS: Leicester, Club Brugge e Copenhaga. Resumidamente, o FC Porto já passou em grupos mais complicados e já foi eliminado em grupos mais fáceis. O objetivo é ir aos 1/8, algo que já foi assumido. No ano passado o FC Porto parecia ter feito o suficiente, mas 10 pontos não chegaram. Apontemos, pelo menos, aos 11 esta época, embora sempre com a intenção de ganhar todos os jogos. Será certamente um grupo competitivo. O FC Porto nunca ganhou em Inglaterra (15 derrotas em 17 jogos), não ganhou nas três últimas visitas à Dinamarca e na Bélgica perdeu seis jogos em sete. Leicester, Club Brugge e Copenhaga são campeões dos respetivos países e, muito provavelmente, cada uma destas equipas pensa o mesmo que o FC Porto: «O grupo podia ser muito mais complicado». Pois podia. E também podia aparecer um grupo mais fácil. Tipo com APOEL, Artmedia e Áustria Viena. Canja.

8 comentários:

  1. Sera que ja entramos no comboio dos milhoes da treta? Quem fara o caminho inverso para compensar oliver e este jota? Andre silva por 40?

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    1. Parece mais ou menos obvio que vamos abater com brahimi e dinheiro champions.
      E esperar fazer uma grande epoca para voltar a tirar as contas do vermelho.
      Ser campeao tuga, chegar aos 4 tos na champions (pelo menos) e tentar ganhar a taça de portugal ou ate da liga.
      A seguir a brahimi, se a coisa apenas apertar para o ano, Herrera deve estar primeiro ou Ruben neves e Danilo, penso que Andre silva se vai puxar para a clausula.

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  2. Tanta coisa pelo benfiquismo do Jota, como se costuma dizer "só não mas de ideias os burros", e espero que ele é o Porto (muito tarde como foi referido) tenham feito a escolha certa.

    Penso que o Porto pode aproveitar esta champions para fazer um bom cache, tem é que encarar todos os jogos como se fosse contra a Roma.

    Sobre Oliver e haver por aí portistas que comparam com o Rafa, quando não vale o carácter do jogador e a vontade de vestir a nossa camisola, como o Oliver disse "ou era o Porto ou ficava onde eatava"!

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  3. realmente e parecido com o lopes ou griezmann como ficou conhecido para o afastar de portugal. Preferia um medio mesmo bom mas pronto falta um def central.

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  4. O exemplo perfeito de que quem manda no mercado português são os empresários. Vêm contentores de nigerianos, colombianos, mexicanos, brasileiros e até belgas, mas controlar os jovens com potencial portugueses, está quieto.
    Aparentemente, qualquer empresa de agenciamento em Portugal tem melhor scouting que os grandes, e aproveitam-se da inoperância destes dentro de portas para controlarem tudo e fazerem dinheiro a seu bel-prazer... Connosco.


    AA

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  5. E falta outro avançado é bom não esquecer.

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  6. Aqui há gato! O jogador é comprado pelo Atlético de Madrid e no mesmo ano é emprestado com cláusula de compra?

    Mas, bom, se as coisas são realmente como dizem, e o Porto vai comprar um jogador ao Atlético de Madrid que já por cá andava, então é ridículo.

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  7. O Pedro Santos completaria o quadro de extremos, tem características de que eu gosto num extremo. Usa o remate em vez do drible, tem um remate forte, é veloz e raçudo, não é igual àquelas vedetas q preferem a fintinha em vez do remate. Gosto destas características
    Também gostava de ver o Atsu pois era um jogador muito veloz, coisa que os atuais extremos não têm em demasia. Por isso também seria uma boa adição.

    Quanto ao Jota, excelente contratação, mas podíamos tê-lo ido buscar ao Paços diretamente

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