Óliver Torres foi uma das melhores coisas que aconteceu este ano ao FC Porto. Não só pelo que faz em campo, mas sobretudo pela maneira como contribuiu para que (quase) todos os portistas chegassem à conclusão que ter jogadores por empréstimo talvez não seja assim tão má ideia.
Óliver ajuda à mudança |
Sobretudo desde a conquista da Champions enraizou-se a ideia de que o FC Porto tem que comprar-valorizar-vender. Conseguimos cumprir este ciclo durante 10 anos com grande sucesso e foi um modelo que funcionou, pelo menos tendo em conta aquilo que eram os seus objectivos - rendeu desportivamente, mas financeiramente manteve a SAD sempre ali pertinho do risco vermelho.
Tendo em conta que este modelo não é auto-sustentável, claro que a SAD vai ter que continuar a procurar vender jogadores. O que está aqui em causa é o pensamento errado de que, por termos que vender jogadores, não podemos beneficiar com outro tipo de negócios.
No início da época, muitos adeptos não queriam Óliver Torres porque defendiam que «o FC Porto não é barriga de aluguer para ninguém». Meus caros, é exactamente isso que o FC Porto é há anos. Cada época é um período de gestação. O FC Porto valoriza, o jogador sai, e o ciclo repete-se. A diferença é que estamos habituamos a que esta barriga seja alugada a troco de muito dinheiro. Mas há outras formas de se ser lucrativo.
Óliver Torres, por exemplo, está a valorizar o FC Porto, desportivamente. E é possível conjugar as duas vertentes. O FC Porto pode perfeitamente ter jogadores para valorizar com vista a uma transferência e simultaneamente ter outros jogadores que ajudam desportivamente.
Para render em campo, não na SAD |
Lucho González, quando regressou ao FC Porto, era exactamente com o mesmo propósito de Óliver Torres: valorizar a equipa desportivamente, sem pensar no modelo compra-venda. Claro que há os casos em que as duas vertentes se conjugam, com Jackson Martínez à cabeça - seja desportivamente, seja financeiramente, vai render sempre. Mas nem sempre é possível que essas coisas coexistam.
O FC Porto nunca tem, nem nunca teve, 11 titulares para vender. Da equipa que ganhou a Champions, em 2004, o FC Porto teve vários jogadores que saíram sem que houvesse preocupação em que não rendessem muito financeiramente. Casos de Nuno Valente, Costinha (ainda que num pacote com Maniche), Alenichev ou até McCarthy. Muito abaixo dos jogadores que saíram para manter a máquina a funcionar - Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Deco, Maniche ou Derlei.
Da equipa que ganhou a Liga Europa em 2011, o FC Porto livrou-se de Sapunaru, Varela, Belluschi e até Rolando (um caso algo à parte), e também quase ficava sem Fernando a custo zero. Álvaro Pereira, Otamendi e Guarín deixaram verbas que cobriram perfeitamente o investimento, mas vendidos à pressão. Quem manteve a máquina à funcionar? Essencialmente Moutinho, James Rodríguez, Falcao e Hulk. Quatro nomes numa equipa que ganhou uma competição europeia.
Tudo isto para dizer que o FC Porto dificilmente tem mais do que 5 ou 6 jogadores no plantel que possam ser candidatos às tais transferências que mantêm a máquina a funcionar. Então qual é o problema de haver 4 ou 5 emprestados num plantel de 24 jogadores? Todos os anos há jogadores que são contratados por uma quantia considerável, mas que depois não rendem. Meus caros, o problema é este, não é quem está emprestado.
É perfeitamente possível e admissível que o FC Porto passe a ter mais jogadores emprestados. Casemiro e Tello, por exemplo, têm sido algo criticados pela sua irregularidade no FC Porto. Imaginem que o FC Porto já tinha batido 18 milhões de euros pelos dois, que em conjunto custam mais de 5 milhões/época em salários? O empréstimo destes dois jogadores foi um grande mecanismo de defesa para o FC Porto.
Ádrian, caso para refletir |
E agora pensemos em Ádrian López. Independentemente do faseamento do pagamento da transferência defender o FC Porto, algo só ao alcance num pacote M&M, Mendes e Madrid (pausa para ver se por acaso há M&M's em casa; bingo!), se calhar hoje em dia todos os portistas preferiam que Ádrian López estivesse nos mesmos moldes de Casemiro e Tello: emprestado. Claro que dificilmente o Atlético emprestava um avançado de 26 anos, que de certeza que não veio para o rectângulo à beira-mar ganhar dois pires de tremoços, mas isto apenas para exemplificar que os empréstimos podem mesmo defender o FC Porto.
Podem até defender bem mais do que por exemplo os fundos de transferências. É uma utopia dizer que há partilha de risco. Não há. A única coisa que os fundos podem ajudar é através do financiamento da transferência a curto prazo, como por exemplo com Brahimi (e em boa hora, neste caso). Mas se o negócio corre mal, o fundo não fica a arder com prejuízo. Há mecanismos que defendem os fundos, e que muitas vezes obrigam a que coisas assim aconteçam. Claro que os Granadas não emprestam Brahimis ao FC Porto, mas isto apenas para exemplificar.
Para reforçar que podemos e devemos aceitar maiores números de empréstimos no plantel, qual é a diferença entre ter um plantel com emprestados e ter um plantel com jogadores que recebem contratos de 4 ou 5 anos, não passam da primeira época e depois têm que andar ao pontapé pelas Turquias do futebol à espera que alguém lhes pegue ou pague parte do salário? Com os emprestados, se ao fim de um ano não se gosta, adeuzinho. Nos restantes casos, olá e adeus; olá e adeus; olá e adeus; poça, ainda cá estás?
O importante, claro, é tentar salvaguardar a possibilidade de ficar com o jogador em caso de empréstimo. Opções de compra, percentagens do passe, direito de preferência em caso de dispensa futura, há várias maneiras de tirar proveitos de empréstimos. Não vamos ter todos os anos 5 ou 6 jogadores emprestados, claro que não, mas devemos ultrapassar o preconceito de ter jogadores cedidos e aceitar este modelo como uma mais valia para o FC Porto. Não há propriamente um mar de Ólivers à nossa espera, mas vale a pena o mergulho, apesar das águas de Janeiro serem sempre mais frias.
PS: Vale a pena ler esta entrevista a uma velha raposa do futebol europeu.
Portanto o ataque ao mercado neste momento vai ser através de empréstimos.
ResponderEliminarÉ isso que depreendo das suas palavras.
Não sabemos, penso eu, como foi concretizado o negocio com o Atlético, é possível que Oliver tenha sido emprestado por dois anos com a condição de o FCP comprar Adrian,,,, de qq modo mesmo com a lesão, continuo a acreditar em Adrian
ResponderEliminarTodo este post serviu como sugestão para um possível empréstimo do Bernard ou estou completamente enganado? :)
ResponderEliminarEsse chorão? Para quê?
EliminarAlém de ele precisar de se motivar para suar a camisola que veste, o Shakhtar tinha de patrocinar muito bem um empréstimo desses, onde é que o Porto lhe ia pagar 300 mil euros por mês?
EliminarJá há um tempo atrás comentei a dizer que o Adrián estava a ter pouca sorte e agora com esta lesão logo no momento da época em que mais vezes podia ser titular, com as ausências de Brahimi e Aboubakar, mais certezas tenho disso.
ResponderEliminarRecuperar em meados de Março e conseguir fazer até Maio o que não lhe saiu bem em meio ano... vamos ver, espero que sim, sou um fã do Adrián, mas realisticamente as coisas não costumam funcionar assim.
Quanto aos emprestados, a minha questão não é tanto do ponto de vista financeiro (não sou a melhor pessoa para falar de contas), mas sim desportivo. Temos 3 emprestados com presença assídua no XI (Óliver, Casemiro e Tello) mais um que está a aparecer cada vez mais (Campaña). Admitindo que Jackson sai de certeza e Danilo é forte hipótese, podemos perder quase meia equipa de titulares entre uma época e outra.
P.S. Estou disponível para participar numa "vaquinha" para comprarmos o Óliver, como os adeptos do Man Utd andam a fazer para comprar o Ronaldo lol.
O público geral (do qual me incluo) não sabe como funcionaram os negócios com o Atlético. Investimos 11 milhões no Adrián ou não? Temos preferência sobre Óliver? Temos alguma parte do passe de Óliver? Temos opção de extensão do empréstimo ou de compra? Sem saber isto é impossível tirar conclusões se o negócio Óliver é financeiramente responsável ou não.
ResponderEliminarO que parece ser opinião comum é que Óliver vale os 20 e tal milhões da sua claúsula - o que não quer dizer que o Porto possa pagar isso - e que Adrián não provou valer nem metade dos 11 milhões (quanto mais dos 18 em que foi avaliado).
Focando-me apenas no Porto e ignorando a vontade do jogador e do Atlético: Óliver tem tudo para ser o jogador mais caro do Porto, pois a sua avaliação não deve fugir muito aos 19 milhões que investimos em Hulk. Cerezo e JM não estão desatentos certamente, sabem o que têm em mãos e só a impossibilidade de figurar o puto no plantel madrileno permitiria um negócio a título definitivo mais lucrativo que a sua participação desportiva e posterior transferência. Aí sim, poderíamos contemplar uma partilha de passe ou uma negociação mais favorável que ainda assim implicaria uma boa parte dos valores que reservamos para o mercado anualmente.
Neste pressuposto, a grande pergunta é: Óliver serviria como único grande reforço de Verão? A viabilidade de contratar Óliver passa pela SAD considerar que o plantel não apresenta grandes lacunas, que o mercado não oferece oportunidades melhores e que a resposta a esta pergunta é afirmativa.
AA