O Football Leaks foi vítima do seu próprio mediatismo: começou a divulgar tantos documentos, alguns que nada acrescentavam, que a determinada altura as notícias que envolviam os leaks começavam a ser recebidas com alguma indiferença.
A imprensa portuguesa também ajudou, ao deixar de publicitar este blogue - quase todos os meios de comunicação desistiram, de um momento para o outro, de o fazer, exceção feita ao jornal Record. Quando foi para divulgar coisas como o contrato de Jorge Jesus e algumas transferências do FC Porto, até espaço em debates televisivos tiveram. Agora, fez-se silêncio.
A determinada altura muitos questionavam por que é que não apareciam informações sobre os negócios mais obscuros do Benfica, em particular o caso Roberto. Pois bem, apareceram informações bastante curiosas sobre o negócio Roberto. Viram-las em algum jornal ou meio de comunicação?
Houve apenas um jornal a escrever sobre isso: o Record, através do jornalista António Varela. Pois bem, mas acontece que o Record decidiu voltar atrás e apagou a notícia (o link original era este) que havia escrito sobre Roberto. Infelizmente para eles, ainda está disponível em cache. Passando a reproduzi-la abaixo:
Que se passou, Record? A notícia deixou de ter pertinência informativa de um momento para o outro? Ou será que a sua publicação chateou alguém? Por qué te callas, Record? Vá, para que o Record não esteja sozinho nesta guerra, vamos falar um pouco da transferência de Roberto.
A ver se ninguém se perde pelo caminho: Roberto foi transferido para o Saragoça em 2011, por anunciados 8,6M€, dos quais o clube na verdade só pagou 1%, ou seja, 86 mil euros.
Duas épocas depois, o Benfica, num brilhante ato de gestão desportiva, voltou a contratar/recuperar Roberto, alegando que o fez porque o BE Plan, a entidade que deveria ser responsável por 99% do pagamento, não o fez. Como todos saberiam, à partida, que não o faria, daí a expressão «milhões da treta» usada de pronto por Pinto da Costa.
O Saragoça estava falido, com uma dívida superior a 100 milhões de euros, e devia mais de 15 milhões a ex-jogadores. Não poderia nunca comprar um jogador por 8,6 milhões. Entrou então em cena a BE Plan, que incluía três sociedades comerciais: a BE Plan Energia 1, a BE Plan Energia 2 e a BE Plan Energia 3. Todas elas tinham como representante Agapito Iglesias, que, tal como Luís Filipe Vieira, se trata de um empresário da construção civil.
Ora, isso é ilegal, pois os dirigentes de clubes não podem ter participações em negócios de jogadores. Era claramente o caso de Agapito Iglesias em relação a esta transferência de Roberto.
De volta à cronologia da Robertada, o Benfica tinha informado a CMVM, em 2013, que recuperou o passe de Roberto devido a incumprimento do Saragoça. Mas a tal notícia apagada pelo Record, com base nos documentos da Football Leaks, mostra que o Benfica pagou 86 mil euros para voltar a ter os direitos federativos de Roberto.
E então Roberto assinou um novo contrato com o Benfica, válido até 2017. O Benfica não informou o mercado regulador sobre esta pertinente informação. O guarda-redes foi então emprestado ao Olympiacos, em 2013/14, após acabar a época no Saragoça. Até que a 4 de fevereiro de 2014 Roberto rescindiu com o Benfica; depois assinou pelo Atlético; e um dia depois estava a ser anunciado a título definitivo no Olympiacos.
Ora Saragoça, Atlético, Benfica, Olympiacos... Qual é o limite de inscrições por ano admitida pela FIFA? Por quantos clubes pode alinhar um jogador? Quais são as consequências em caso de incumprimento das regras? Podem perguntar ao Meyong e ao Belenenses, eles explicam.
O dinheiro de Roberto, que nunca entrou no Benfica, ficou então pendurado até fazerem de Pizzi o jogador mais caro da história do clube (14M€) e de terem avaliado Raúl Jiménez em 18M€ após uma época em que se só fez um golo em Espanha.
Todo este processo mostra como é fácil fornecer informação que não corresponde na íntegra à verdade. O Benfica não forneceu, como ordena a CMVM, informação de máximo grau de fiabilidade ao mercado durante o caso Roberto - até porque logo o primeiro comunicado anuncia um acordo com o Saragoça, e não com o BE Plan, por 8,6M€. Este tipo de negócios podem fazer as ações disparar e iludir os investidores. Que fez a CMVM? Estava muito ocupada, certamente.
Mas o mais curioso é que o Benfica vendeu Roberto a uma entidade que nada tinha a ver com futebol. A BE Plan foi criada em 2009, na altura no âmbito da construção de um parque eólico. A empresa de Agapito Iglesias estava registada no BORME como sendo uma entidade de «promoção e construção de todo o tipo de edifícios». Até que em setembro de 2011 decidiu mudar...
... Dois meses depois da transferência de Roberto, a BE Plan decidiu mudar e informou que passou a ser uma empresa «dedicada à representação de desportistas». Posteriormente, descobriu-se em Espanha que Agapito esteve envolvido, também com Jorge Mendes, em transferências de jogadores que nunca pertenciam efetivamente ao Saragoça, como foram exemplos Juan Carlos (Braga) e Tales (Sporting).
Sabemos que há alguns espaços na blogosfera que já debateram bastante a tendência/coincidência para o Benfica, que é presidido por um empresário da construção civil, adorar negociar com clubes que estão a construir novos estádios ou infraestruturas. Até onde se sabe, o facto de tanto Luís Filipe Vieira como Agapito serem empresários da construção civil e terem estado envolvidos nesta Robertada não é mais do que uma coincidência. Tal como foi coincidência que, depois da Robertada, Luís Filipe Vieira, na condição de empresário, tenha ido a Espanha fechar um negócio para um Complexo Turístico.
A ver se ninguém se perde pelo caminho: Roberto foi transferido para o Saragoça em 2011, por anunciados 8,6M€, dos quais o clube na verdade só pagou 1%, ou seja, 86 mil euros.
Duas épocas depois, o Benfica, num brilhante ato de gestão desportiva, voltou a contratar/recuperar Roberto, alegando que o fez porque o BE Plan, a entidade que deveria ser responsável por 99% do pagamento, não o fez. Como todos saberiam, à partida, que não o faria, daí a expressão «milhões da treta» usada de pronto por Pinto da Costa.
O Saragoça estava falido, com uma dívida superior a 100 milhões de euros, e devia mais de 15 milhões a ex-jogadores. Não poderia nunca comprar um jogador por 8,6 milhões. Entrou então em cena a BE Plan, que incluía três sociedades comerciais: a BE Plan Energia 1, a BE Plan Energia 2 e a BE Plan Energia 3. Todas elas tinham como representante Agapito Iglesias, que, tal como Luís Filipe Vieira, se trata de um empresário da construção civil.
De volta à cronologia da Robertada, o Benfica tinha informado a CMVM, em 2013, que recuperou o passe de Roberto devido a incumprimento do Saragoça. Mas a tal notícia apagada pelo Record, com base nos documentos da Football Leaks, mostra que o Benfica pagou 86 mil euros para voltar a ter os direitos federativos de Roberto.
«São milhões da treta». E eram! |
Ora Saragoça, Atlético, Benfica, Olympiacos... Qual é o limite de inscrições por ano admitida pela FIFA? Por quantos clubes pode alinhar um jogador? Quais são as consequências em caso de incumprimento das regras? Podem perguntar ao Meyong e ao Belenenses, eles explicam.
O dinheiro de Roberto, que nunca entrou no Benfica, ficou então pendurado até fazerem de Pizzi o jogador mais caro da história do clube (14M€) e de terem avaliado Raúl Jiménez em 18M€ após uma época em que se só fez um golo em Espanha.
Todo este processo mostra como é fácil fornecer informação que não corresponde na íntegra à verdade. O Benfica não forneceu, como ordena a CMVM, informação de máximo grau de fiabilidade ao mercado durante o caso Roberto - até porque logo o primeiro comunicado anuncia um acordo com o Saragoça, e não com o BE Plan, por 8,6M€. Este tipo de negócios podem fazer as ações disparar e iludir os investidores. Que fez a CMVM? Estava muito ocupada, certamente.
Mas o mais curioso é que o Benfica vendeu Roberto a uma entidade que nada tinha a ver com futebol. A BE Plan foi criada em 2009, na altura no âmbito da construção de um parque eólico. A empresa de Agapito Iglesias estava registada no BORME como sendo uma entidade de «promoção e construção de todo o tipo de edifícios». Até que em setembro de 2011 decidiu mudar...
... Dois meses depois da transferência de Roberto, a BE Plan decidiu mudar e informou que passou a ser uma empresa «dedicada à representação de desportistas». Posteriormente, descobriu-se em Espanha que Agapito esteve envolvido, também com Jorge Mendes, em transferências de jogadores que nunca pertenciam efetivamente ao Saragoça, como foram exemplos Juan Carlos (Braga) e Tales (Sporting).
Sabemos que há alguns espaços na blogosfera que já debateram bastante a tendência/coincidência para o Benfica, que é presidido por um empresário da construção civil, adorar negociar com clubes que estão a construir novos estádios ou infraestruturas. Até onde se sabe, o facto de tanto Luís Filipe Vieira como Agapito serem empresários da construção civil e terem estado envolvidos nesta Robertada não é mais do que uma coincidência. Tal como foi coincidência que, depois da Robertada, Luís Filipe Vieira, na condição de empresário, tenha ido a Espanha fechar um negócio para um Complexo Turístico.
Uaauuu !!!
ResponderEliminarSem mais comentários.
Ah ganda Vieira!
ResponderEliminarEu gostava é que me explicassem como é que alguém pode ganhar dinheiro numa transferência em que aparentemente não houve troca de dinheiro pois parece que apenas 86.000€ foram "rodados".
ResponderEliminarO dinheiro nunca entrou no Benfica mas parece que também nunca saiu para além do dinheiro do Pizzi. A única coisa que entrou foi o jogador Pizzi depois de sair Roberto.
Exactamente.. o dinheiro vivo, real, palpável nunca entrou nem saiu do clube. MAS o dinheiro real, vivo, palpável para as luvas, comissões, royalties ESSE saiu mesmo da Tesouraria, da gaveta!!
EliminarE por isso é que o SLB é um Entreposto de compra / venda de carne humana. E por isso é que o Passivo Acumulado é superior aos 620 milhões de Euros. E por isso é que se deve aos bancos e se pagam só de juros mais de 20 milhões por ano!!
O Alves dos Reis também fazia assim..
Acho que o tema clubes num ano, é se o jogador for inscrito na federação. De qualquer maneira excelente artigo (para variar). Obrigado pelo trabalho magnificamente feito aqui no blog.
ResponderEliminarMais uma das inúmeras notícias que vai ficar escondidas no fundo do baú para ninguém lhes pegar, porque não convém! Já agora, fala-se muito de quanto o Porto vai pagar ao Lopetegui pelo despedimento. Será que se vai saber ao certo quanto vai custar? Será dito nalgum comunicado à CMVM ou divulgado no relatório & contas?
ResponderEliminarA soma terá se ser incluida numa das rubricas do relatorio de contas da SAD, provavelmente virá somada ás despesas com o pessoal
Eliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=Ampdb98DEXg
ResponderEliminarVideo interessante ...
Eliminar....depois de Platini (Mixel pró Vieira) só falta apanhar este corrupto...
ResponderEliminarnão me admira em nada, mas como portista estou mais preocupado com o que se passa no porto do que no benfica.. espero q estejam todos contentes o porto cada dia q passa sem o lope cada vez joga melhor!? grande jogo o imbula é q é um jogador..grande treinador o rui barros para um grande clube..só espero é q o clube gerido desta maneira não acabe do tamanho do rui
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ResponderEliminarServiço público, obrigado.
LAeB : Do Porto com Amor
Tribunal do Dragão... Eu amo você!!!
ResponderEliminarAgapito foi condenado hoje a 4 anos de prisão por desvio de dinheiros públicos. #coisasdocarai
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